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—mas isto aqui está um té-éé-di-oo, hein?
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Não deixe passar despercebidos os pequenos detalhes na composição de uma bela garrafa.
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No domingo eu empilhei várias berinjelas, pimentões e pimentas numa vasilha imensa e pedi para o Uriel tostar na churrasqueira. Essa foi a única maneira que encontrei de tentar salvar os tais legumes que acumulavam na geladeira. Quando ele trouxe a vasilha de volta cheia dos tais legumes chamuscados, despelei tudo e guardei em containers na geladeira. Por isso pude facilmente fazer uma sopa na segunda-feira, com a polpa da berinjela assada. Procurei por receitas de sopa de berinjela e a maioria que encontrei levava tomate. Os tomates ainda estão chegando na cesta orgânica, mas não têm mais nem a sombra da beleza, sabor e exuberância que exibem durante o verão, pois chegam queimados pelas temperaturas baixas das noites frias de outono. Esses tomates só servem para molho, não dão mais pra serem comidos crus. Então bati alguns tomates feiosos no liquidificador com um pouco de água e depois passei pela peneira. Voltei o purê para o copo do liquidificador e acrescentei a polpa de duas berinjelas pequenas assadas. Bati bem. Numa panela fritei uns três dentes de alho picadinhos num tantinho de azeite. Acrescentei a mistura batida de tomate e berinjela, adicionei uma pitada cuidadosa de pimenta chipotle—a jalapeño seca e defumada. Salguei a gosto. Deixei ferver, desliguei o fogo e servi logo em seguida.
Eu gosto de marcar datas, especialmente para poder ter alguma referência e poder relembrar e recontar quando a memória começar a falhar. O marco importante que quero frisar hoje é que completo oito anos escrevendo blogs ininterruptamente. Oito anos de textos diários sobre a vida, sobre comida, filmes, música, gentes, gatos, meu cotidiano aqui nas terras californianas, como também pequenas e grandes viagens.
Quando eu comecei minhas blogagens, os blogs não eram conhecidos, muito menos populares. Meu e-mail chegava nas caixas dos meus amigos com a assinatura que eu uso até hoje [leia o meu pensamento] e os que iam lá checar o que os meus pensamentos poderiam ser, voltavam encantados e entusiasmados. O meu primeiro blog, The Chatterbox, foi mãe de muitos blogs nos primórdios da blogolândia, assim como o Chucrute com Salsicha também acabou sendo mãe de alguns blogs de culinária.
Eu e o meu The Chatterbox saimos em muitas reportagens sobre blogs em quase todos os jornais e revistas brasileiros. Estávamos lá nos primeiros relatos, que acabaram dando inicio à febre blogueira que se alastrou pela internet no inicio deste novo século. Era muito engraçado ganhar aquele tipo de destaque, já que eu estava apenas escrevinhando os meus pensamentos sobre o meu cotidiano e sobre a vida. E é isso que venho fazendo até hoje. São três blogs ativos, oito anos de vida, muitos textos, muitas fotos, informação à beça que já dá pra fazer de arquivo da memória, somado à muitos amigos, muitos encontros e alguns desencontros, pois eles também fazem parte. A soma dos oito é extremamente lucrativa, pois desde o inicio que eu tinha absolutamente certeza de ter encontrado a mídia perfeita para por em prática o que eu sempre quis fazer: escrever para quem quiser me ler.
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Sobre uma cama de rúcula, rodelas de batata doce cozidas e salpicadas com ciboulettes [chives]. O tempero foi vinagre de vinho, flor de sal e muito azeite.
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A dutch baby é uma panquecazona alemã que é um coringa nas minhas noites de domingo. Ela é fácil e rápida de fazer, e fica deliciosa. Eu faço sempre que não tenho nenhuma gostosura para o nosso lanchinho de encerramento do final de semana e não estou nos ânimos de fazer nada mais demorado. A dutch baby fica pronta num piscar de olhos. Desta vez eu inovei fazendo com fruta no meio da massa e ficou muito bom. Essa receita serve muito bem duas pessoas com fome.
3 ovos caipiras
3/4 xícara de leite integral
3/4 xícara de farinha de trigo
1 colher de chá de extrato de baunilha
2 colheres de sopa de manteiga
2 pêras
1 colher de sopa de açúcar baunilhado
Açúcar de confeiteiro para decorar
Pré-aqueça o forno em 425ºF / 220ºC. Numa frigideira de preferência de ferro e que possa ir ao forno, derreta duas colheres de manteiga. Coloque as pêras cortadas em cubinhos e refogue na manteiga. Acrescente uma colher de açúcar baunilhado. Enquanto isso bata no liquidificador os três ovos em velocidade máxima, Acrescente o leite, sempre batendo. Desligue, acrescente a farinha e ligue novamente em velocidade máxima. Por último coloque o extrato de baunilha. Quando as pêras estiverem douradas, desligue o fogo, jogue a massa batida por cima e leve ao forno. Asse por uns 20 minutos, ou até a massa crescer e ficar dourada. Retire do forno e polvilhe com açúcar de confeiteiro. Sirva em seguida.
Para compensar o show de horrores que foi o nosso almoço no buteco da Susan, tivemos um jantar delicioso e elegante no Imperial Hotel em Amador City. A minúscula cidade de 150 habitantes abriga um restaurante realmente impressionável, pela qualidade da comida e serviço. O prédio construído em 1879 era um hotel para os mineiros, que infestavam a região durante a corrida do ouro. Hoje restaurado, o local ainda oferece hospedagem com seis quartos na parte de cima e o restaurante no andar de baixo. Tudo muito lindo, sem exageros, decoração e luz delicada, eu e o Uriel ríamos como bobos alegres, comparando as duas experiências do dia.
De entrada o Uriel pediu em roasted garlic and warm brie with olives, mixed greens and baguette, que foi o único prato que eu fotografei. Eu pedi uma salada com organic baby romaine with parmesan, crostini and creamy lemon dressing que estava leve e saborosa. Depois o Uriel foi de penne pasta with artichoke hearts and sun roasted tomatoes in a light cream sauce e eu de pork chop chili-rubbed pork chop with mango wine sauce served with basmati rice. Eu bebi um blend muito saboroso de uma vinícola que a garçonete disse ficar just across the street. A sobremesa foi cheesecake de café para o Uriel e bolo de maçã com calvados e sorvete de baunilha pra mim. O sorvete era feito em casa, nada de lata, nada de pacote, nada de vidro, nada semi-pronto e processado. Ufaaaa!
Eu detesto escrever pra esculhambar, mas muitas vezes é impossível evitar. E a Susan pediu pra levar chibatadas. Desculpa, Susan, mas você merece todas as palavras duras e todo o escracho, sinto muito.
Chegamos em Sutter Creek já passado do horário do almoço. Caminhamos pela rua principal até o information center, onde pegamos folhetos e conversamos com uma senhora que nos deu algumas dicas de visitas às minas, que era o passeio que o Uriel estava doido pra fazer. Sutter Creek e Jackson são as cidades principais naquela área do condado de Amador, que é famoso pela intensa corrida do ouro que trouxe gente à beça para a Califórnia em 1849.
Olhamos o panfleto dos restaurantes e enquanto eu fui encaroçar numa lojinha de antiguidades, o Uriel ficou analisando as possibilidades. Finalmente decidimos que deveríamos tentar um lugar chamado Susan’s Place, que servia Mediterranean/California cuisine. Ficamos animados. O restaurante fica num beco bem charmoso, numa construção antiga que nos pareceu ser um pequeno hotel. A entrada, apesar de emperequetada demais pro meu gosto, não nos assustou. Muitos comensais almoçavam no páteo, mas fomos levados para uma das partes internas do restaurante. Sentamos e fomos muito bem atendidos por uma garçonete gentil que me trouxe diversos samples de vinho até eu decidir por um Zinfandel da região. O condado do Amador tem muitas vinícolas e produz vinho de excelente qualidade. Eu quis beber o vinho da região. O Zinfandel não decepcionou. Mas o resto…..
Quando olhamos o cardápio percebemos que o rango californiano mediterrâneo era bem fraquinho. Pedimos juntos uma entrada de bruschettas, eu uma saladona e o Uriel um prato com frango. Dai começamos a observar a decoração do lugar. Sintetizando, tudo ali era OVER THE TOP. Muita luzinha, muitas plantas e flores falsas, um guarda-sol em cada mesa na parte interna, uma cafonice total com cortininha, abajour e livros antigos—realmente, um restaurante-biblioteca com livros de matemática de 1942 era tudo o que queríamos da vida. Havia também muitos quadros cafonildos nas paredes pintadas de roxo-lilás. As portas eram também pintadas de roxo e deu logo pra perceber que a Susan tinha uma preferência exagerada por essa cor, que abundava por todo o restaurante, entremeada pelo verde e o dourado, numa mistura extremamente cansativa. Pra completar, a cereja no topo do bolo, o fundo musical tocando no restaurante era música de elevador cantada, tipo Berry Manilow. Eu já estava quase chorando de arrependimento e antecipando o pior quando a comida chegou…
A bruschetta veio quente e com uma camada de pesto por cima da torrada. Comemos meio assim, achando que aquilo era muita invencionice e já começamos a ficar preocupados com o que viria dali pra frente. O prato do Uriel era uma coisa indecífravel. Eu perguntei umas dez vezes—mas você não pediu frango? Porque o que víamos ali era uma carne moída muito estranha por cima de um arroz, uma visão tenebrosa. A cara do Uriel demonstrava um horrível descontentamento. E a minha salada era a coisa mais buffet do Fresh Choice que eu já vi na vida! Tudo sem graça e coroado com muitas azeitonas DE LATA! Azeitona de lata é o fundo do poço, o fim da picada da baixa qualidade e total ausência de sabor. Fiquei revoltada, só conseguia balbuciar inconformada—AZEITONA DE LATA, AZEITONA DE LATA, AZEITONA DE LATA! E o molho da salada era ardido de tanto alho, daquele que deixa um gosto ruim na boca por 48 horas. Tudo horrípilesco, grotesco, monstruoso, pra combinar com a decoração. Só salvou-se o vinho e a delicadeza da garçonete, que no final me levou até a adega do restaurante para eu ver a garrafa do vinho que havia bebido. Lá estava, debruçada no balcão do bar, a Susan, uma loiraça de meia idade com um suéter beige de cashmere. Au revoir, Susan! Só queremos desesperadamente te esquecer.