menus antigos

Eu não me lembro exatamente onde eu achei isso – se foi na versão online da biblioteca pública de Los Angeles ou se foi na da UC LA. Achei e guardei. Esqueci. Hoje achei. Sou fascinada por essas coisas. Esses são menus da década de 30 de restaurantes californianos. A primeira coisa notável são os preços – infinitamente inferiores aos praticados hoje. Depois o menum que consistia de alguns itens diferentes como – fígado, miúdos e cérebro frito com ovos. Eca!
Alguns dos menus – Hotel Barbara WorthKing’s Tropical InnGlenn In Cafe.

em volta da mesa

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Lendo um capítudo de Serve it Forth da maravilhosa M. F. K. Fisher, onde ela descreve refeições feitas com amigos, pequenos grupos de seis no máximo, me lembrei com tristeza de alguns desfortunados jantares sociais que fiz na minha casa. Tirando a comida, preparada com carinho e esmero, todo o resto estava errado e o gosto que ficou foi amargo. Aprendi a lição e concluí com quase certeza que de todas as as refeições que fiz em família foram as melhores, sem comparação. Fisher diz que bons començais devem ter o desejo de permanecer sentados à mesa por muitas horas, mesmo no caso da refeição servida ter sido a mais simples – salada, pão, queijo, vinho. Essa façanha eu sempre consegui em almoços e jantares de família. Agora também com a nossa família agregada – americana e norueguesa. Esse é um conforto que substitui a lembrança daquelas migalhas na toalha branca de linho, o copo e a garrafa de vinho na mesa de madeira escura e riscada, a pilha de pratos que foram presente de casamento no buffet da sala.

norwegian toast

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Inspirada na Reidun, a sogra do meu filho, que é uma norueguesa do balacobaco, fiz um toast para meu snack de domingo à noite. Uma fatia de pão preto tostado, uma camada finíssima de mostarda, fatias grossas de queijo Jarlsberg, fatias grossas de tomate temperado com sal, pimenta do reino e um fio de azeite. Pra comer com garfo e faca, acompanhado de uma cerveja encorpada.

salmão deve rimar com precaução

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O salmão é para esta primeira década do século vinte um, o que o melão com presunto foi para a década de oitenta do século passado. Todo mundo acha que é chique! Então é um tal de fiz um salmãozinho pra cá, servi um salmãozinho pra lá, eteceterá, eteceterá. Mas duas coisas muito importantes que ninguém sabe, não quer saber ou finge que não sabe, é que esse salmãozinho que abunda nos supermercados é salmão criado, que vem com dois ingredientes invasores: cor artificial e polychlorinated biphenyls (PCBs). Isso quer dizer que esse salmãozinho comprado em oferta no super não nasceu cor-de-rosa e é contaminado por uma combinação de quimicos que podem causar câncer. Eu li sobre essa contaminação do salmão, descoberta por cientistas canadenses, anos atrás. Desde então só compro o meu salmãozinho selvagem – o wild salmon – que não está disponível no supermercado durante o ano todo, pois só é pescado durante uma certa temporada. Custa um pouco mais caro, mas nasceu assim vermelho e vai ficar mais vermelho ainda depois que você cozinhá-lo. Esse salmão selvagem tem um nível muito mais baixo de contaminação de PCBs e muito menos gordura que o salmão criado. Minha receita para o verão é tri-simples. Tempera as postas com sal grosso e pimenta do reino moída na hora. Embrulha num papel alumínio grosso e põe na churrasqueira em fogo médio por uns 20 minutos. Não tem coisa melhor, mas coma com moderação.

uma pizza improvisada

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Sábado é dia de pizza pra mim. Sempre foi, sempre será. Essa é uma tradição da minha família da qual não consigo escapar. Todo santo sábado estou eu às voltas com o dilema da pizza. Já fiz muita massa, na mão ou na máquina de fazer pão. Mas hoje ando terrívelmente preguiçosa, então improviso. Compro uma massa pronta, que não é a melhor mas quebra um galho, ou improviso – uso flat bread, pitta bread, o que tiver cara de que vai se transformar numa massa de pizza razoável. Procurando uma massa de pizza feita em casa, que às vezes tem pra vender no Co-op, me deparei com esse saquinho de tortilla bread. São tortillas gorduchas, macias, numa consistência muito mais adequada ao feitio de pizza do que as tortillas regulares – que não servem e pronto. Comprei e usei! Fiz as pizzas de ontem com as tortillas bread e ficaram bem gostosinhas!
A razão que me faz odiar as pizza daqui da North America é o molho. Pra mim eles não sabem fazer molho e ponto final. Tenho asco de certos molhos que são apresentados como molho de pizza. Por isso gosto de fazer o meu em casa. Pra mim o segredo da boa pizza está no molho. O meu é a coisa mais simples – tomate, alho, orégano, azeite, sal, pimenta do reino. Na safra dos tomates uso os próprios frescos. No resto do ano uso tomates em lata – prefiro os inteiros, que bato no liquidificador. Frito bastante alho em fatias em bastante azeite. Jogo o tomate, o orégano – fresco ou seco, tempero e deixo engrossar. Ontem fiz um montão, com uma bacia de tomates frescos, que cozinhei na água, bati no liquidificador, passei pela peneira e usei.
E minha pizza é sempre de queijo – mussarella, rodelas de tomate, azeitonas pretas, folhas de basilicão, raramente fatias de aliche, quando é tempo de rúcula, faço a pizza salada, com a verdura e tomates secos, que eu adoro, apesar de considerar isso uma aberração!

uma história que não tem nada a ver com comida

Cheguei do trabalho ontem com uma lista de intenções para o meu final de tarde e início de noite – ia tirar umas fotos, escrever uns textos, tentar fazer algo na cozinha e, principalmente, sair do quarto de hóspedes e me mudar de volta para o meu querido quarto. É uma longa história, que se arrastou por cinco meses e que finalmente vai ter um fim. Mas porque o fim não aconteceu quando deveria acontecer fui engolfada por um ziriguidum total e não fiz nada do que planejava fazer.

Minha casa tem uma guest house no fundo. Meu filho e a namorada moraram lá, até comprarem a casinha deles. Depois disso nós só tivemos problemas. Primeiro alugamos o lugar para o casal geek orgânico, que fez da casa um cortiço, nunca limparam nada, deixaram tudo um lixo e ainda não pagaram o último aluguel. Daí contratamos o serviço de uma imobiliária, pois não temos tempo, nem saco pra lidar com essas chatices. A casa foi alugada para a mulher mais rude e sem consideração que eu já tive o desprazer de lidar. Ela ligou o ar condicionado da casinha – que dá para o meu quintal e fica diretamente em frente às janelas do meu quarto – em março e não desligou mais – dia e noite, dia e noite, dia e noite. O aparelho é enorme e faz um barulho dos diabos. Pedir por favor para ela desligar o treco pelo menos à noite não adiantou, então tivemos que esperar o contrato vencer pra ela se mudar. E o dia dela se mudar era ontem. Cheguei em casa depois das cinco e o a/c estava ligado, as janelas abertas – como ela andava fazendo ultimamente – o cachorro dela correndo pela calçada, ela visitando a vizinha, tudo no seu devido lugar, como se nada fosse acontecer! A casa deveria estar vazia. Tive um treco! Meu marido ficou ligando pra imobiliária lá da fazenda, avisando que eu iria desligar a eletricidade e o gás da casa. A figura da imobiliária – cujo serviço vai ser dispensado – barganhando mais dois dias pra fulana grossa e sem consideração se mudar, porque é lógico que ela quer mudar sossegada no final de semana. No way, José! Meu filho e minha nora ficaram comigo, conversando até as dez da noite, porque eu estava muito louca da vida. A incompetente da funcionária da imobiliária foi ajudar a lacraia a empacotar as tralhas e ficou pelo telefone pedindo por favor pra gente não desligar a eletricidade à noite porque a geladeira da figura estava cheia de comida. Hoje de manhã já desliguei o gás – ninguém vai tomar banho quente às nossas custas. E hoje na hora do almoço eu e o meu filho vamos desligar a eletricidade. Tão gostando da novelona mexicana??

Ao menos a lambisgóia finalmente desligou o a/c e eu pude dormir na minha cama, em silêncio, pela primeira vez em cinco meses! Agora vou pensar o que fazer com a minha guest house. Durante o mês de setembro ela vai ficar vazia, preciso me recuperar dessa experiência traumática. Talvez eu mobilie e alugue para estudantes ou pesquisadores estrangeiros que vem pra ficar apenas alguns meses. Minha casa fica a dois blocos da universidade, e o mercado imobiliário aqui em Davis está super aquecido, é muito difícil arrumar lugar pra morar – e nós com essa total falta de sorte com a nossa casinha!

* adendo explicativo – como não tem como medir os gastos de água, gás e eletricidade da casinha, e separar dos gastos da nossa casa, quem aluga não paga por essas utilidades. então além de aturar a barulheira, nós que pagamos a conta do arzinho night and day da inquilina dos infernios…

spicy green salsa

A receita desse molhinho veio numa Everyday Food especial sobre carnes grelhadas. Ele é um excelente acompanhamento para qualquer carne feita na churrasqueira ou no forno. Quando eu faço churrasco de tri-tip, que eu chamo de picanha, preparo esse molho pra acompanhar. Meu filho adora!
1/2 xícara de coentro fresco
1 colher de sopa de pickles de jalapeños [encontra na seção de comida mexicana dos supermercados – inteiro ou em fatias, em lata ou em vidro]
3 colheres de sopa de azeite de oliva
1 colher de sopa de água
1 colher de chá de vinagre de vinho tinto
1/4 colher de chá de sal grosso [coarse]
Bata tudo no food processor ou liquidificador. Guarde na geladeira. Dura três ou quatro dias refrigerado.

a melhor pipoca do planeta

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Essa pipoca é a melhor que eu já comi. Compro sempre que vou ao Farmers Market, na barraquinha do Gold Rush Kettle Korn. Eles fazem a pipoca num caldeirão imenso de metal, e ficam mexendo com uma colherzona de pau enquanto a pipoca estoura. Adicionam uma mistura de açúcar com sal que é simplesmente perfeita. A pipoca é crocante, nem doce nem salgada, se conserva fresquinha por vários dias. Eu compro um pacote que eles chamam de “pleaser”, que custa $5 e dura três ou quatro dias. Sou viciada nessa pipoca… Adoro!