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Muitas vezes sinto pena da segunda-feira—o dia mais odiado da semana. Gostaria que as segundas tivessem o espírito das sextas, assim seríamos todos muito mais felizes. Mas desafortunadamente segundas são segundas, então temos que enfrentar o dia número dois com coragem e determinação, pois ele realmente pesa. As minhas segundas são completamente atrapalhadas e é nesse dia que eu me sinto muito mais cansada. Essa segunda não foi diferente. Quando li a lista dos legumes e verduras da cesta orgânica já previ meu desalento de final da tarde. Primeiro tendo que lavar tudo aquilo. Segundo tendo que bolar maneiras criativas de usar os tais onipresentes do inverno—bok choi, red Russian kale, Carinata Kale, [as temidas verduras], beterrabas, uma alface monstra, cenouras, o horrorildo broccoli romanesco, rabanetes, alho-poró, endro e alecrim, sun-dried tomatoes e uma quantidade absurda de brócolis.
Quando tirei a alface da cesta quase desfaleci. Quem tem aquela idéia estereotipada de que produtos orgânicos são feios, pequenos e minguados, precisa dar uma olhada na minha cesta! O solo de Davis deve ser muito bom, porque eu recebo coisas gigantes. O monstro da semana foi a alface, que parecia ter saído do seriado Terra dos Gigantes. Lavei pacientemente 287654322098 folhas, não só as da alface turbinada, mas também as das couves e do bok choy. Quando acabei, olhei pros brócolis, o romanesco e o comum, e senti uma vontade de chorar. Nem vou contar o que tenho acumulado nas gavetas da geladeira, pra não deixar ninguém angustiado. Bom, tenho que usar todas essas maravilhosas verduras e legumes, então vamos lá, cozinhar esse brócolis, fazer algo legal. Pensei em sopa. Nannn. Pensei em cozinhar no vapor. Então cozinhei no vapor e quando os raminhos ficaram tenros, coloquei numa saladeira e deixei esfriar.
Decidi que os brócolis cozidos iriam virar salada. No momento que tomei essa decisão, lembrei da salada de brócolis cozido que se fazia na casa dos meus pais e que eu comi praticamente a minha vida toda. Nada complicado, nada exótico, nada especial. Mas como tem gosto de memória, é sem dúvida a melhor. Apenas tempere os brócolis cozidos com sal, azeite e vinagre de vinho tinto. O vinagre de vinho tinto é o que dá o gostinho especial. Pode não ser especial pra ninguém, mas é especial pra mim. E nessa odiada e cansativa segunda-feira, comer essa salada de brócolis da minha infância, pegando os raminhos com as mãos mesmo, me proporcionou uma sensação imensa de conforto.