o prato ambulante

Eu não conheço muitos países e os que eu conheço só fui visitar, então não posso afirmar nada com relação aos outros, mas aqui no norte da América – EUA e Canadá, essa visão dos pratos ambulantes é muito comum. Digo pratos ambulantes para o pessoal que caminha em público carregando um prato e comendo com um garfo, como se estivesse numa festa, mas em movimento. Todo santo dia eu vejo muitos pratos ambulantes caminhando pelo campus da Universidade da Califórnia, onde eu trabalho. Vou ao banheiro, lá vem um prato. Vou ao correio, lá vejo outro prato. Vou esticar as pernas, mais outro prato no horizonte. Claro que esse fenômeno acontece mais próximo da hora do almoço, quando os enlouquecidos estudantes e professores mal têm tempo para bater um rango decente. Muitas vezes se alimentam andando e discutindo assuntos acadêmicos, ou sentados em qualquer cantinho ou janela, outras vezes comem na sala de aula. Pratos ambulantes competem com os estudantes munidos de laptops, livros e cadernos que infestam os cafés das cidades universitárias. Bom, pelo menos nos cafés eles sentam.

nº5

Minha amiga Eli e eu temos muitas coisas em comum, começando pelo dia do nosso aniversário. Duas librianas porretas, estamos sempre encontrando mais coisas em comum entre nós. A primeira delas, que descobrimos logo no início da nossa amizade e da qual nunca me esqueço, é a nossa paúra por estar/ficar cheirando a comida – roupa, pele, cabelo. Eu e a Eli temos uns rituais, umas maneiras de fazer as coisas na cozinha, de modo a estarmos sempre cheirosas. Acho que a maioria é como nós – uns mais obcecados, outros mais relax.

Com o meu olfato super apurado, eu sinto e cheiro de tudo e fico incrivelmente preocupada em não ser eu a figura com o cabelo fedendo a bife com cebola. Como a Eli, eu primeiro faço o rango e por último tomo um banho e lavo o cabelo. Faço verdadeiros contorcionismos e desenvolvo complicadas estratégias, pra não receber convivas cheirando a alho, ir a uma festa rescendendo a fritura, voltar pro trabalho denunciando que comi um misto quente, ou mesmo ir dormir com o cabelo cheirando a qualquer coisa que não seja shampoo e sabonete.

Já repararam que tem uns restaurantes de onde você sai fedendo? No inverno é pior, pois o casaco impregna, sem falar que nessa época os ambientes fechados abundam. Eu odeio sair de um lugar cheirando a comida. Quando faço o meu voluntariado no Mondavi Center – o teatro da Universidade – percebo quem chega vindo de um restaurante fumacê. Quando as pessoas entram no teatro e passam por você para serem levadas até as suas cadeiras numeradas, alguns cheiram a perfume, tem gente que capricha, uns cheiram muito bem, mas tem sempre aqueles que chegam parecendo que estão vindo do chinês da esquina, com um cheiro de fritura e molho de carne.

Hoje fiz um tofu frito pro jantar, dai pensei em dar uma passadinha no Co-op para pegar um pão. Cheirei e re-cheirei meu sueter de lã e decidi – no way, josé que eu vou dar esse bafão, aparecer em público cheirando a tofu frito. Fiquei em casa e fui tomar um banho – lavar bem o cabelo, que é como deve ser depois de lidar com uma frigideira!

over my dead body

overmydeadbody.jpg

Acho que tenho uma mentalidade infantil para algumas coisas, pois achei super engraçado e tive que comprar essa almofada de rato morto para o Roux. Fiquei rindo que nem boba na loja. Trouxe pra casa toda entusiasmada com o feito, pensando que iria ser hilário ver o Roux aconchegado nela. Mas quem disse que o gato tem a mesma opinião que a minha? Ele simplesmente se recusou a sentar-se na almofada e tem ignorado completamente a presença do rato morto numa de suas cadeiras prediletas. Joguei até um pouco de catnip em cima do rato, que é o que eu faço quando compro um scratching post novo pra ele, mas mesmo assim nada! Estou desapontada, esse gatonildinho não tem senso de humor!

O café, o café!

Eu me considero uma excelente anfitriã. Recebo meus hóspedes muito bem, com conforto e salamaleques. Preparo o quarto, a cama fofinha, ponho um vaso de flores na mesa de cabeceira, barrinhas de chocolate, toalhas macias no banheiro, carafe com água fresquinha, roupão e pantufas felpudas. Faço café da manhã caprichado, sempre procurando agradar – ovos mexidos e café para uns, chá e presunto com tomate e mostarda para outros. Mas todo mundo está sujeito a cometer aquela gafe histórica. A minha aconteceu na primeira vez que eu hospedei a sogra do meu filho. Ela não podia ficar com o Gabriel e a Marianne porque eles ainda moravam na minha guest house – que embora seja uma guest house, naquele momento não servia para acomodar nenhum guest.

Tudo bonitinho, arrumado, a sogreta instalada e confortável, fomos dormir. No dia seguinte acordei com o som da voz da minha hóspede – ela fala alto e acorda cedíssimo. Pensei, vou levantar e descer pra fazer o café. Mas juro – J-U-R-O – que ouvi a voz do Uriel no meio do blábláblá. Fechei os olhos e resolvi dormir por mais alguns minutos, reconfortada pela idéia de que ele estava na cozinha e iria pelo menos fazer o café, colocar as xícaras na mesa, me daria um tempo extra curtindo a cama. Quando finalmente levantei e desci, crente que a minha hóspede já estava bebendo o seu sagrado café preto, encontrei as duas – mãe e filha, conversando na cozinha e combinando um lugar para sair e tomar o café da manhã. Não era o Uriel dialogando com ela, pois ele tinha acordado mais cedo que todo mundo e já tinha saído. Quase enfartei de vergonha!! Preparei um super café e aprendi a minha lição – anfitriões TÊM que levantar ANTES dos hóspedes.

Mas a história não acabou aí. A gafe teve repercussão, pois da próxima vez que a sogra do meu filho veio passar a noite na minha casa, ela trouxe uma GARRAFA TÉRMICA CHEIA DE CAFÉ na mala. Pra se garantir na manhã seguinte.

Farofa a bordo

Assim que o comandante avisou que teríamos que esperar por pelo menos uma hora e meia, até os mecânicos terminarem o conserto do problema no avião, eu ouvi o barulho de desembrulhar de pacotes de papel e plástico nas cadeiras atrás de nós, onde sentava um casal de americanos. Senti cheiro de pão sendo cortado e barulhinho de vinho enchendo copos. Pensei, essa gente trouxe um farnel? Sim, trouxeram! Não olhei pra trás, é claro, mas fiquei invejando a idéia. Estamos acostumados com a falta de rango nos vôos domésticos, quando sempre garantimos comendo antes ou levando alguma coisinhas na mala de mão, mas para esse vôo internacional atravessando o Atlântico, eu só tinha trazido o básico: água, bolacha e umas barras de chocolate—o que não era nada comparado ao que eu ainda iria ver.

Eu ainda estava inebriada pelo cheiro do pão e vinho dos americanos, quando um espanhol que sentava com a esposa na fileira ao nosso lado se levantou. O fulano era uma figuraça de calça Calvin Kline e camiseta do sindicato Solidariedade. Tira coisa dali, tira coisa de lá, se vira, se revira e então eu comecei a sentir um cheiro maravilhoso de pão com queijo e presunto. Virei a cabeça e vi com meus dois olhões esbugalhados os espanhóis devorando enormes sanduiches embrulhados em papel branco. Em seguida os vi brindando com copos cheios de vinho tinto. Eu salivava de inveja. E pra completar a farra gastronômica, o espanhol começou a descascar laranjonas suculentas com um cortador de unha. Picnic completo! Levantei pra esticar as pernas e vi os americanos sentados atrás de nós guardando uma caixa de plástico com presunto cru e retirando do farnel uvas gigantonas verdes e potinhos com algum creme de sobremesa, que eles comiam com uma colherzinha descartável—gente organizadíssima! A mulher me ofereceu umas uvas, que eu recusei gentilmente por educação. Eu já tinha dado bandeira suficiente da minha dor de cotovelo por não ter tido essa idéia também.
Quando o avião finalmente decolou—quatro horas mais tarde, eu já tinha bebido toda a água, perdido todo o meu humor, estava descabelada e quase a beira de ter um dos meus ataques claustrofóbicos de avião, mas os sabidos americanos e espanhóis estavam felizões, dormindo refastelados de bucho cheio. Da próxima vez que eu fizer uma viagem internacional, vou ser esperta como esse pessoal e levar uma farofinha. Comida de avião é uma droga mesmo e pelo que eu percebi ninguém regula a entrada de comida clandestina a bordo!

* quando escrevi esse texto, em outubro de 2005, dava pra contrabandear garrafas de vinho para o avião. fosse hoje, com todas essas medidas extremas de segurança, essa turma iria ter que comer os sanduíches à seco.

eu, a fer e o bob

ilovedylan.jpeg

Ele vem sempre em outubro, e eu considero isso um presente. Sou fã dele desde que eu tinha uns quinze anos e nem entendia o que ele cantava. Sempre detestei línguas e digo pra quem quiser ouvir que uma das minhas motivações para aprender o inglês foi para entender o que Bob Dylan cantava. Sou uma mulher realizada! Hoje vou vê-lo em Sacramento, pela quinta vez. Só que vai ser um pouco diferente, pois o Uriel não vai comigo. Ele está na fazenda e eu convidei uma amiga para ir ao show comigo. Eu e o Uriel temos muitas histórias com o Dylan. Apesar de que eu já era uma fanzoca do Mr. Zimmerman antes de conhecê-lo, foi com ele que vi o Dylan pela primeira vez, sem contar que considero o meu marido my private Bob Dylan. Ele detesta quando eu falo isso, mas eu tinha essa foto do Dylan colada na parede do meu quarto, e um dia olhei pra ela e tive uma luz—eu conheço esse cara! Era o Uriel! Ele nega, recusa, abomina, rejeita. Eu acho que minha vida não seria a mesma sem os meus dois Bobs. Hoje vou sentir falta dele falando as coisas engraçadas, tentando me distrair, demonstrando ciúmes de um cara completamente inatingível e que não tem a menor idéia que eu existo. A melhor história que tenho com o Uriel e o Bob foi na nossa lua de mel. Fomos pra Ilha Bela com a Caravan do meu pai—éramos dois pirralhos e estudantes pobres—e eu levei todos os meus k7s do Dylan, que tocaram sem parar no tape do carro. Na volta, um amigo do Uriel fez uma pergunta bem cretina—e ai, Uriel, como foi a Lua de Mel? E ele respondeu prontamente—ah, foi ótima, eu, a Fer e o Bob!

quando nós fomos lá longe…

» Deixando um comentário no blog lindinho da Dani e Márcia sobre a lista de compras da Márcia que incluia Nescau, lembrei dessa história, que é velha e já foi publicada anos atrás no The Chatterbox. Ela fez muita gente sacudir a pança, porque não é todo dia que se pode ler um relato assim, de um autêntico passeio de indio!
update: está todo mundo comentando sobre acampamento, mas gentes, nós não acampamos, ficamos num hotel muito bom, muito confortável, com lareira nos quartos, banheiro limpinho, tudo normal. La Ronge é uma cidade como outra qualquer. aliás um erro muito comum é pensar que as reservas indígenas são acampamentos com tabas, chão de terra, pau a pique, essas coisas. não é nada disso, pelo menos nas reservas da América do Norte. só pra esclarecer…

– – – –

No inverno de 1994, minha irmã foi nos visitar em Saskatoon, Saskatchewan, Canadá. Foi uma delícia para nós – a parte da família que estava isolada lá nas planícies canadenses. Não sei se foi tão delícia pra ela, que escolheu a pior época do ano para um passeio por aquelas bandas. Mas mesmo assim nos divertimos com o que havia pra se divertir por lá durante o inverno: nadar nas piscinas internas da cidade, ir à biblioteca, patinar no gelo, visitar os amigos, ir ao teatro e ao cinema, sair pra comer, pra beber, pra ver shows e dançar. Até que a vida era bem agitada, mas fizemos tudo isso na cidade, não viajamos.
Então num belo dia, o Uriel ficou indignado – “Como? não levamos a Le pra viajar ainda? mas ela tem que viajar, conhecer outros lugares, ver outras paisagens!”. Mas viajar pra onde, se tudo lá era tri-longe e não tínhamos tempo, nem dinheiro para planejar uma viagem decente, pras Rocky Mountains, pro extremo oeste [Vancouver] ou pro extremo leste [Montreal ou Toronto]?

“Vamos para La Ronge!” foi a idéia brilhante do Urso, achando que estava abafando e fazendo um super agrado para a cunhada.

La Ronge é uma reserva indígena, mais para o norte de onde estávamos. Deixa eu explicar – mais norte do que onde estávamos, era exatamente a fronteira entre o mundo semi-normal e o desconhecido inabitável. Mas não conseguimos argumentar com o Urso e como minha irmã concordou, nos aboletamos no carro com o imprescíndivel kit de inverno [cobertores, chocolates, velas, isqueiros] e fomos para La Ronge.

Passamos por Prince Albert, uma cidadezinha a uma hora e meia de Saskatoon, ouvindo Bob Dylan no tape do carro, comendo snacks e conversando alegremente. Ainda não tínhamos saído da normalidade. De Prince Albert até La Ronge foram três horas de estrada deserta, ladeada de pinheiros e tudo mais coberto de neve. Nosso entusiasmo de desbravadores começou a arrefecer. Eu, que me transformo num monstro em viagens, já fui ficando calada e de mau humor.

Chegamos em La Ronge [que agora já chamávamos de Lá Longe] mortos de fome. Deixamos as malas no hotelzinho e fomos tentar achar um restaurante na rua principal da cidade, que parecia ser a única e era onde ficava tudo, o hotel, o posto de gasolina, o restaurante. Quando chegamos já estava escuro. E estava tremendamente frio…. Não vou lembrar quão frio, mas foi o suficiente pra assustar a minha irmã, que nunca imaginou que pudesse ter um frio mais frio do que aquele que ela enfrentou em Saskatoon.

Alguém nos disse que havia um restaurante do outro lado da rua. Ficamos animados. Mas atravessar a rua em La Ronge foi mais difícil que andar trinta quarteirões em San Francisco com vontade de fazer xixi. Parecía que estávamos atravessando um verdadeiro deserto de gelo….. e eram apenas alguns metros. E o restaurante estava fechado!! Voltamos, nos agarrando um nos outros, xingando, chorando, isso não é justo, que absurdo, minha retina está congelando, quem inventou essa merda de viagem imbecil?

Usamos o telefone do hotel e descobrimos que um Kentuck Fried Chicken estava aberto na esquina da mesma rua. Fomos novamente, heróica e bravamente, caminhando até lá. Devoramos uns pedaços de frango frito morno e batatas fritas murchas num restaurante cheio de índios. Eles chegavam dirigindo ski-doos, vestidos em roupas de astronautas, que tiravam no meio do corredor, transformando-se novamente em seres humanos normais, com suas calças jeans, botas de cowboy e camisas de flanela xadrez. Nós, os quatro brasileiros comendo o menu requentado do almoço, éramos verdadeiros ETs ali…. Nunca me senti tão estrangeira, tão peixe fora d’água.
Voltamos pro Hotel, onde dormimos como pedras. No dia seguinte, eu e a minha irmã tivemos um desentendimento no breakfast. Olhando o menu do restaurante, com ovos, bacon e um monte de ítens que ela nem conhecia e nem queria conhecer, minha irmã reclamou e disse que só queria um café normal, será que era tão díficil arrumar um simples copo de leite com Nescau pra beber no café da manhã naquele país? Estávamos numa reserva indígena, no norte do nada, e ela queria um copo de leite com Nescau! Saímos do restaurante de cara virada, ficamos emburradas e choramos dentro do carro, enquanto o Gabriel dormia no banco de tras e o Uriel dirigia pra lá e pra cá, num passeio bucólico pela linda cidade de La Ronge.

“Olha que paisagem linda!”

[tudo branco, cheio de neve, um índio cruzando o lago congelado num ski-doo]

“Grmpfg”

Resolvemos voltar pra Saskatoon mais cedo, quatro horas numa viagem em total silêncio, secretamente felizes por estarmos voltando à civilização. Só podia ser coisa de Urso, inventar um passeio de índio desses…….

nada a declarar

Minha cunhada pediu um vidro de peanut butter e uma caixa de taco shells. No inicio eu achei esse pedido meio bizarro, mas depois repensei e percebi que essas coisas são muito mais naturais quando estamos do lado requisitor do pedido. Quem não rola os olhos e faz aquela cara de deboche quando me ouve pedir um naco de goiabada cascão, um pacote de carne seca, envelopinhos de guaraná em pó, ou mesmo – o recorde da indignação e dos risinhos – uma lata de azeite Maria, que nem é azeite puro, mas misturado com óleo de soja. Ninguém explica essas bichas alimentares. Então quando alguém me pede algo, eu nunca questiono, vou comprar resignadamente.

Histórias de carregamentos estranhos de um país para o outro são super comuns.

Minha mãe é expert nesses contrabandos gastronômicos. Uma vez indo me visitar no Canadá ela enfureceu o meu irmão, quando enfiou DEZ sacos de farinha de mandioca na mala, para satisfazer o meu pedido de UM saco. Meu irmão ficou louco – mas que farofice, que coisa brega, que baixaria! Ela trouxe assim mesmo, junto com tuperwares cheios de maria-moles feitas em casa, pela empregada. Eu acabei virando a pessoa mais popular do pedaço, quando presenteei um monte de brasileiro com sacos fresquinhos de farinha. Nem se eu comesse farofa todo santo dia, iria dar conta dos dez sacos. Mas as maria-moles nós devoramos em minutos.

Numa outra vez, quando eu já estava nos EUA, ela parou primeiro em Los Angeles, pra ficar umas semanas na casa do meu irmão. Na mala, seis ovos de Páscoa para as minhas duas sobrinhas. Também trouxe a máquina de fazer macarrão e preparou uma bela macarronada lá, e outra aqui, quando o Gabriel girou a manivela mais uma vez e nós devoramos aquela delicia feita com apenas farinha e ovos, temperada com um molho de tomates grosso que só ela sabe fazer e ninguém consegue imitar.

Nos aniversários do Gabriel e natais, chegam sempre umas caixonas vindas do Brasil. Elas vem carregadas com bandejinhas de quindim, queijadinha, pé de moleque, cocada, maria-mole, olho de sogra, cajuzinho, brigadeiro. Remetente: Dona Odette Guimarães.

Quando minha mãe vai a Portugal, volta parecendo uma quitanda, carregando vidros de pimenta em conserva e garrafas de vinho na mala de mão. Uma vez ela ganhou um bacalhau enorme da sogra portuguesa da minha irmã. Levou o bacalhau pro Brasil bem embrulhado e tal. Daí veio me visitar e sugeriu trazer o bacalhau com ela. Por mais que eu adore essa iguaria e sinta falta de uma bela bacalhoada, eu a proíbi categoricamente – NADA de trazer bacalhau nenhum! Imagina, passar com um bacalhau na alfândega americana? Onde já se viu, mamãe, tá louca? Mas ela ouviu? Obedeceu? Concordou? Claro que não! Quando ela chegou, abriu a mala e me mostrou morrendo de rir um pacotão comprido: era o bacalhau! Resignada, aceitei o fato de que teríamos bacalhoada no final de semana. E assim minha mãe preparou para o nosso deleite, a receita de bacalhoada da portuguesa Dona Rosa, mãe do Luís, marido da minha irmã.

manja, xuxu?

Estou escrevendo para encher linguiça, pois tenho uma batata quente nas mãos. Mas que belo abacaxi esse aparelho, hein? Não tem jeito, vou ter que descascar esse pepino…Mas é porque aquele fulano só fala abobrinha, embora seja um doce de coco. Mas tudo bem, isso vai ser sopa no mel, pois o Zé Mané é político café pequeno, o que já virou carne de vaca, não é mesmo? O cara se vende a a preço de banana. E o pior é que isso dá como xuxu em cerca. E ele se acha o rei da cocada preta, enquanto que ela pensa que é a rainha da carne seca. Mas é tudo farinha do mesmo saco e um osso duro de roer. Me deram um bolo, por isso ando pisando em ovos. Sei que nesse angú tem caroço… Eu estava com a faca e o queijo na mão, mas pisaram no tomate comigo! Não tem problema, sou café com leite e estou ralando o coco pelo pão de cada dia. Falei isso e ele ficou vermelho como um pimentão. Só não quero ficar enrugada como um maracujá de gaveta ou uva passa. Por isso que eu digo que enquanto você vem com o fubá, eu já estou voltando com o bolo. Embora eu seja sempre a primeira a chegar, o arroz de festa!

o dedo caolho

Queridos amigos e amigas que me lêem. Se vocês têm um olho bom para os detalhes, com certeza já perceberam a minha tendência para fazer typos e erros banais em frases. Não quero dar uma de sonsa e deixar todo mundo pensando que fugi da escola. A verdade é… bem, a verdade é… cof cof… a verdade é que eu NÃO SEI DATILOGRAFAR! Cato milho com um dedo só e olho para o teclado enquanto escrevo. É um péssimo hábito enraizado, coisa de gente turrona que sempre se recusou a aprender o bê-á-bá do teclado. E não insistam em dicas, não sugiram cursos online, porque eu não vou fazer, não vou fazer, não vou e pronto! Só queria explicar por que eu faço tantos errinhos.

Mas não bastasse ser dedológrafa, ainda ando meio cegueta. Preciso de óculos para ler e não uso, porque não gosto, me irrita, me dá tontura. Isso tudo somado ao fato de que escrevo a maioria – não todos – os meus textos num pequeno laptop, onde eu perco muito em visualização. Isso tudo tem me deixado imensamente preocupada. Será que vou virar um velhinha [velhona] cheia das teimosias, ameaçando os incautos com um guarda-chuva pontudo quando confrontada, com o batom borrado, uma meia de cada cor em cada pé, achando sempre que tem razão e escrevendo receitinhas de canja de galinha e bolo de cenoura cheias de teupos… tiupos… tiupos… TYPOS?