Chamadas de blood oranges por aqui, elas são pra mim a realeza das laranjas—não tem pra mais ninguém nos quesitos requinte e lindeza.
Categoria: frutas
um pomelo, dois pomelos
Os pomelos nem estavam muito atrativos, mas resolvi levar um. Era gigante e para servi-lo parti no meio—uma metade pra cada um. Foi só enfiar a colherinha cerrada na polpa que recebi uma esguichada de doçura no rosto. Devoramos nossas metades e na outra semana eu voltei pra comprar mais, desta vez um inteiro pra cada um. São pomelos praticamente do quintal da família que tem a banquinha de frutas na road 16, na saída da cidade. O mocinho que me atendeu se disse surpreso, até ele, com a doçura destes cítricos neste ano. Deve ter sido a abundância de chuva e o frio constante na medida certa. Não saberei exatamente a razão, mas aproveitarei para devorar esses pomelos enquanto eles durarem.
bolo de amêndoa & uva
Resolvi passar essa receita na frente das outras [ah, como se houvessem muitas!] porque precisava registrar o quando nós gostamos desse bolo. Gostamos porque tem fruta fresca, porque fica muito leve e não é muito doce. Quando olhei a combinação de ingredientes, pensei com meus botões—mas que mistura perfeita! E era mesmo. E pra melhorar mais ainda, esse bolo é feito numa única vasilha usando apenas um simples batedor de arame para misturar os ingredientes.
1 xícara de iogurte grego
1/2 xícara de azeite de oliva
3 ovos caipiras
1 limão [raspas da casca e suco—usei o limão meyer]
1/2 xícara de açúcar
1 e 1/4 xícara de farinha de trigo
3/4 xícara de amêndoas moídas (ou farinha de amêndoa)
2 colheres de chá de fermento em pó
1/4 colher de chá sal
2 xícaras de uvas sem sementes cortadas ao meio
azeite para untar a forma
Pré-aqueça o forno a 350ºF/ 176ºC. Unte uma forma de torta com fundo removível com azeite. Reserve. Numa tigela grande coloque o iogurte, o azeite, os ovos, as raspas de limão e suco de limão e misture bem com um batedor de arame. Adicione o açúcar, a farinha, a farinha de amêndoas, o fermento e o sal. Misture bem com o batedor e despeje a massa na forma untada. Pressione as uvas sobre a massa. Leve ao forno e asse por uns 50 minutos ou até o centro do bolo ficar bem cozido. Remova do forno, deixe esfriar, desenforme e sirva.
semifreddo de pera & framboesa
A outra sobremesa refrescante da ceia de Natal foi esse semifreddo tirado da edição de dezembro da revista Everyday Food. É ridiculamente fácil de fazer. A receita original era sabor limão e levava lemon curd, que eu não tinha, não quis comprar e nem fazer. Resolvi ser prática e substituí o lemon curd por uma geléia de pera muito especial que eu tinha na geladeira e voilá, deu certo e ficou delicioso. A geléia tinha pedacinhos de pera então o semifreddo ficou todo salpicadinho. As bolachas deveriam ter ficado numa só camada, fazendo uma linha no centro, mas eu sou a pessoa com a mão mais tenebrosa para trabalhos delicados e minhas bolachas ficaram tortas. Mas isso só afetou o visual, não modificou nem um pouco o sabor dessa sobremesa perfeita.
3/4 de xícara de framboesas descongeladas
2 colheres de açúcar
2 xícaras de creme de leite
1 xícara de geléia de pera [ou curd de limão]
10 bolachas champagne [ladyfingers]
Forre uma forma de assar pão com duas folhas de filme plástico, deixando uma parte do plástico sobrando dos lados. No liquidificador bata as framboesas e o açúcar. Passe por uma peneira e descarte as sementes.
Em uma tigela grande bata o creme de leite em ponto de formar picos moles. Com uma espátula adicione a geléia de pera [ou o curd de limão]. Coloque 2 xícaras da mistura de creme na assadeira e alise bem com a espátula. Molhe as bolachas no puré de framboesa e coloque por cima do creme na forma, ajeitando de duas em duas em fileiras paralelas. Despeje restante purê de framboesa sobre as bolachas. Cubra com o restante da mistura de creme e alise com a espátula.
Cubra a forma com o plástico que ficou sobrando nas bordas e leve ao congelador por no mínimo 8 horas. Na hora de servir, abra o plástico de cima, e remova da forma invertendo num prato. Corte fatias com uma faca molhada e sirva.
it’s citrus time!
o doce que vem no figo
Parti figo ao meio e a polpa era o doce mais doce dos doces. Neste verão posso dizer que me esbaldei de comer figos. Comi de todas as variedades que achei pra comprar. Só não tive ânimo de me enfiar debaixo daquela árvore de ninguém onde todo ano me aventuro colhendo uns figos diferentes, verde claro por fora e um marrom pálido por dentro. Esses super doces comprei da mocinha que vem de Esparto vender os produtos mais bonitos no Farmers Market de Woodland. Ela já me conhece de outros carnavais e este ano teve até a audácia de guardar figos pra mim, na certeza de que eu compraria. E eu comprei. Voltei lá depois de comer os figos com doce dentro e mostrei essa foto para ela. Disse—seus figos vêm com doce de figo dentro. Ela riu com uma cara de bocó, porque muitos dos produtores do nosso pequeno Farmers Market parecem ser pegos de surpresa pelas coisas que eu falo pra eles. Sem mencionar a complexidade inovadora do discurso que vem sempre acompanhado de material ilustrativo. Saco o telefone da bolsa, mostro as fotos e falo coisas elogiosas, como se eu estivesse falando dos filhos deles, dizendo como são bonitos, inteligentes e talentosos. Eles sorriem agradecidos ou ficam com cara de abobalhados, com certeza pensando de onde saiu essa mulher que vem toda semana aqui com esse papo. Outro dia fui mostrar umas fotos dos figos pra um casal de quem eu sempre compro frutas e com quem sempre converso um bocado. Eles se entreolharam estupefatos. Num outro dia mostrei a foto das peras e das maçãs. E ainda no outro a das berinjelas rajadas. Nesse dia o moço não se aguentou e me disse entusiasmadamente—você deveria estar aqui deste lado junto com a gente, ajudando a vender nossos produtos. Ele falou isso num impulso, mas não parecia estar brincando.
torta de frutas frescas
[com creme italiano]
Essa torta aconteceu por mero acaso, porque minha intenção era mesmo fazer um tipo de trifle com camadas de bolacha, frutas e creme. Mas durante o processo a receita tomou outro rumo e virou torta. Quando é assim, penso que era como deveria mesmo ser. Não imponho nenhuma resistência nem me arrependo. Sem falar que essa torta ficou uma delicia. Eu quis gastar muitas frutas que estavam acumuladas—melão, pêssego, mirtilo e uva. A massa foi aquela feita com bolacha e manteiga, acrescentei também um pouquinho de noz pecan. Fiz no olhão, mas essa mistura não tem muito erro. É bolacha da sua preferência e manteiga. Usei umas bolachinhas de amêndoa. É só pulsar tudo no processador até obter uma farofa bem grossa. Pressionar essa farofa no fundo de uma forma de aro e fundo removível e assar por uns 15 minutos em forno pré-aquecido a 375ºF/ 200ºC. Depois foi só picar e misturar as frutas e fazer o creme. Procurei muito por que não levasse zilhões de gemas de ovos e creme de leite e achei essa receita super fácil e praticamente perfeita. Fiz metade da quantidade, que foi suficiente para cobrir a base da torta. Remova a massa do forno, deixe esfriar, transfira para um prato ou travessa, cubra com o creme italiano, depois com a mistura de frutas e leve à geladeira até a hora de servir.
creme italiano:
1/2 xícara de açúcar
1/4 xícara de farinha de trigo
1/8 colher de chá de sal
1 e 1/2 xícara de leite integral
2 gemas de ovos caipira
1 e 1/2 colheres de sopa de manteiga sem sal
1 colher de chá de estrato puro de baunilha
1/2 colher de sopa de rum
Numa panela sobre fogo médio coloque o açúcar, farinha de trigo, sal e leite aos pouquinhos misturando bem com um batedor de arame até formar um creme. Diminua o fogo e mexa por mais 2 minutos. Adicione as gemas batidas ao creme bem devagar, batendo sempre com o batedor. Adicione a manteiga, a baunilha e o rum e mexa por mais 2 minutos. Desligue o fogo e deixe o creme esfriar totalmente antes de rechear a torta.
os figos de agosto
crostata de pêssego
Os pêssegos do Farmers Market estão simplesmente maravilhosos. Com o entusiasmo desembestado comprei tantos que não conseguimos comer todos al natural ou com iogurte e mel como sempre fazemos. Felizmente me lembrei desta receita super simples que eu tinha guardado para quando os pêssegos chegassem. Ficou um lanchinho super especial para a noite de domingo.
3 colheres de sopa de iogurte natural
1/3 xícara de água gelada
I xícara de farinha de trigo
1/4 xícara de cornmeal
1 colher de chá de açúcar
1/2 colher de chá de sal
7 colheres de sopa de manteiga gelada cortada em cubos
1 colher de sopa de sementes de erva-doce
2 colheres de sopa de açúcar
6—7 pêssegos grandes cortados em fatias ou cubos
Para fazer a massa misture o iogurte com a água numa tigelinha e reserve. No processador de alimentos misture a farinha, a cornmeal, o açúcar e o sal. Pulse e vá adicionando a manteiga em cubos até obter uma farofa. Aos poucos vá adicionando colheradas da mistura de iogurte [pra mim 3 colheres foram suficientes] até a massa ficar firme, mas não muito úmida. Coloque a massa sobre uma folha de filme plástico, achate bem, embrulhe e leve à geladeira por duas horas ou de um dia para o outro—essa massa pode ser congelada e descongelada por 20 minutos antes de abri-la.
No mini processador ou no pilão pulse/soque o açúcar com as sementes de erva-doce. Reserve. Pré-aqueça o forno em 400ºF/ 205ºC. Numa superfície enfarinhada abra a massa num círculo de uns 30 cm e coloque sobre uma forma forrada com papel vegetal. Coloque os pêssegos picados bem no centro, dobre as margens da massa sobre as frutas e salpique com o açúcar moído com as sementes de erva-doce. Leve ao forno e asse por uns 40 minutos ou até a massa ficar bem dourada e os pêssegos meio caramelizados no centro. Remova do forno, deixe esfriar e sirva.
gelado de figo & balsâmico
A estação dos figos por aqui tem duas etapas—a primeira no inicio de julho e a segunda no final de agosto. Não sei por que isso acontece, mas acho que é uma coisa boa, já que podemos aproveitar essa fruta deliciosa em dose dupla. A primeira fase já se encerrou e os últimos figos que comprei estavam ultra maduros. Tive que guardá-los na geladeira e achar um uso rápido pra eles, além de comê-los puro, com queijo, com mel ou iogurte, como normalmente fazemos. Não ando muito animada com tortas e bolos, porque meu fogão a gás é super potente e nesses dias quentes não quero transformar a cozinha numa sauna. A opção escolhida neste caso foi fazer um sorvete de figos.
6 a 8 figos bem maduros
1/3 xícara de creme de leite fresco
1 splash generoso de vinagre balsâmico
[* usei esse com frutas—tangerina e figo]
Açúcar de maple a gosto [ou outro adoçante da sua preferência]
Bata tudo no liquidificador, coloque na sorveteira, rode até o creme ficar bem firme, coloque numa vasilha de vidro com tampa e guarde no congelador até a hora de servir.