um banquete na era Tudor

Na sequência do documentário sobre a história da cozinha com a Lucy Worsley, assisti a essa outra realização de um grupo de arqueologistas e historiadores ingleses, que decidiram recriar um banquete da era Tudor. Eles fazem tudo numa cozinha da época, com ingredientes similares e usando as mesmas técnicas—desde trazer a água do corrego, até acender o fogo usando pedras, moer o açúcar, pescar, caçar, eteceterá. Cozinhar naquela época não era tarefa para os fracos. Na cozinha dos aristocratas abundava mão-de-obra, queimava-se muita madeira e algumas das mais simples tarefas poderiam levar muitos dias para serem concluídas. No final servia-se um banquete inigualável. Assista os quatro segmentos de 15 minutos cada para participar dessa excursão virtual pela cozinha laboriosa do século XV.

parte 1

parte 2

parte 3

parte 4

Toast

Me enchi de expectativas com relação a esse filme, pois acho o Nigel Slater super classudo. Talvez a leitura da sua auto-biografia fosse mais interessante, mas o filme é apenas bonitinho. A trama é cheia de clichês e resoluções óbvias, arrematando tudo num final completamente ridículo e sem muita sequência lógica. Fiquei muito decepcionada. Sem falar que com exceção da Helena Bonham Carter, que faz a madrasta cleaning & cooking freak do Nigel, todos os outros atores estão bem chatinhos e caricatos. Não gostei.

A história se divide praticamente em duas partes. A primeira relata a relação de Nigel com a mãe adoentada e apática, que não sabia cozinhar e preparava todas as refeições da família a partir de latas requentadas em banho-maria. Quando tudo dava errado na cozinha, o jantar acabava sento torrada [toast] com leite ou chá. Nigel tinha fome de ingredientes frescos e comida saborosa. Ele também queria cozinhar e sua primeira experiência foi fazer um espaguete a bolognesa, que pareceu uma comida marciana na mesa daqueles ingleses. Quando a mãe morre, ele tenta cozinhar para alegrar e conquistar a amizade do pai.

Nigel com a mãe
toast toast
toast toast
toast toast
toast toast

Na segunda parte do filme aparece a diarista maníaca que vai acabar casando com o pai e virando a madrasta de Nigel. Ela é ultra competitiva, cozinha e limpa como uma louca e entucha o marido de comida, que no inicio se empanturra, comendo tudo o que não comeu nos anos do casamento anterior. Nigel tenta competir com ela, fazendo delicias na aula de economia doméstica da escola. Mas ele precisa se esforçar muito, principalmente quando decide reproduzir [sem receita] a obra-prima da madrasta—a torta de limão com merengue.

O filme termina abruptamente com o pai morrendo e Nigel saindo de casa para ir trabalhar num restaurante. Tudo assim meio sem pé nem cabeça. TOAST tinha tudo para ser um filme super bacana, contando a história de um grande nome da gastronomia inglesa moderna, mas acabou sendo apenas um filme bonitinho. E um tantinho irritante.

Nigel com a madrasta
toast toast
toast toast
toast toast
toast toast
toast toast
toast toast
toast toast
toast toast
toast toast

a história da cozinha [inglesa]

a historiadora Lucy Worsley não é apenas a chefe curadora da organização Historic Royal Palaces, que cuida da Torre de Londres, do palácio de Hampton Court, dos apartamentos do Kensington Palace State, a casa de banquetes em Whitehall e do palácio Kew em Kew Gardens. Ela também escreve livros e protagoniza séries para a BBC. Worsley tem apenas 37 anos e está causando um furor nos meios acadêmicos britânicos pela casualidade com que ela aborda temas delicados como a história da intimidade da humanidade. Ela fala de camas, fogões, banheiras e privadas com a mesma naturalidade com que fala da arquitetura e arte. Fiquei absolutamente encantada com a figura dessa historiadora depois que ouvi uma entrevista com ela na rádio pública americana, a NPR. Fui procurar o livro dela—If Walls Could Talk, an Intimate History of the Home, e achei as séries que ela fez para a rede de televisão britânica BBC4. Escolhi colocar aqui o episódio sobre a evolução da cozinha, que é o mais interessante. Mas ela também examina a evolução do banheiro, do quarto e da sala de estar. Vale a pena ver todos os episódios, que estão disponibilizados no YouTube em sequências de mais ou menos 15 minutos cada.

parte 1

parte 2

parte 3

parte 4

The Trip

the trip the trip
the trip the trip
the trip the trip
the trip the trip
the trip the trip
the trip the trip
the trip the trip
the trip the trip
the trip the trip
the trip the trip
the trip the trip
the trip the trip

Li brevemente sobre esse filme inglês em algum lugar, talvez tenha mesmo ouvido sobre ele na rádio pública [NPR] que eu escuto todos os dias. Não sei. Só sei que guardei o filme na minha gaveta de possíbilidades, nada urgente nem especial, e esqueci. Numa das minhas horas de almoço durante esse tedioso inverno, quando tenho assistido filmes no meu ipad para distrair já que não consigo fazer meus picnics no lado de fora, The Trip apareceu numa das colunas de sugestão da Netflix. Escolhi assistí-lo e tive um lunch break repleto de gargalhadas. Terminei de ver o filme quando cheguei em casa à noite e tive que rever algumas cenas que achei absolutamente geniais. Os atores Steve Coogan e Rob Brydon fazem versões ficcionais deles mesmo—dois atores bem estabelecidos e já quarentões. Coogan é divorciado com filho adolescente, namora uma americana bem mais nova que ele, mas pula a cerca adoidado. Brydon é bem casado, tem uma bebezinha, faz programas infantis de tevê e é um tipo completamente bonachão. Os dois são colegas, mas não são amigos. Coogan marca uma viagem gourmet pelo norte da Inglaterra para fazer com a namorada. Quando a namorada precisa voltar de repente para os EUA e ele não acha ninguém que queira fazer a viagem com ele, faz o convite para Brydon. Os dois passam cinco dias viajando por estradinhas, comendo em restaurantes e falando muita abobrinha. Quando os dois estão nos restaurantes, as cenas com eles comendo, comentando a comida e falando todo tipo de tolices são intercaladas com cenas na cozinha, com os chefs preparando o que eles vão comer. Mas a comida não é o centro da história. Na verdade, o centro de tudo são as conversas sem pé nem cabeça entre os dois personagens, que falam, falam e não dizem realmente nada. Há momentos onde fatos da vida dos dois personagens dariam pano pra manga pra um papo mais aproximador, mas nada disso acontece. O que eles mais fazem durante a viagem e durante as refeições é reproduzir de maneira impagável a voz e falas de outros atores, como Sean Connery, Michael Caine, Anthony Hopkins e até Woody Allen. Eles discutem superficialmente a carreira de ambos e citam inúmeros filmes durante a viagem. Nessa sequência de fotos eles estão provando um tasting menu no segundo restaurante da viagem. Os comentários que eles fazem sobre a comida são os mais espantosos, engraçados e inesperados. Mas quando eles começam um duelo de quem reproduz melhor uma frase do Roger Moore como James Bond e outra de Christopher Lee como o inimigo de Bond em The Man with the Golden Gun, é simplesmente o fino da bossa do humor. Pra ver e rir, rever e rir, rever mais uma vez e rir novamente.

jantando chucrute com salsicha

Cary Grant come chucrute com salsicha Cary Grant come chucrute com salsicha
Cary Grant come chucrute com salsicha Cary Grant come chucrute com salsicha
Cary Grant come chucrute com salsicha Cary Grant come chucrute com salsicha
Cary Grant come chucrute com salsicha Cary Grant come chucrute com salsicha
Cary Grant come chucrute com salsicha Cary Grant come chucrute com salsicha
Cary Grant come chucrute com salsicha Cary Grant come chucrute com salsicha

O filme era até um pouco chato—People Will Talk [1951], mas tem essa cena em que os dois médicos amigos, Cary Grant e Walter Slezak, discutem o caso da paciente Jeanne Crain, que estando grávida sem ser casada tenta se matar. Enquanto eles conversam, devoram pratos cheios de chucrute com salsicha, além de pedaços generosos de pão com manteiga. Deu até vontade!

um ovo pra dois

Copacabana
Copacabana
Copacabana Copacabana
Copacabana Copacabana
Copacabana Copacabana

Carmen Miranda e Groucho Marx são romanticamente noivos e profissionalmente parceiros em Copacabana, um filme super divertido de 1947. Nesta cena Carmen e Groucho estão desanimadíssimos porque ninguém quer contratá-los para fazer shows e por isso estão paupérrimos, devendo o aluguel e tais. Portanto o jantar deles é apenas um ovo e uma fatia de pão, que eles dividem meio a meio. Groucho está um pouquinho repetitivo com suas frases e cacoetes cômicos, mas nem por isso menos engraçado. E Carmen está fantástica. Ela é a estrela do filme e brilha do começo ao fim, com seu sotaque fortíssimo, as caretas, as plataformas, os chapéus e os rebolados chicka-chicka-boom-boom.