Essa é a paisagem que eu vou admirar por muitos meses. Nosso inverno é cinza com pinceladas de verde desbotado. Chove bastante e fica assim, frio o bastante pra congelar meu cérebro de manhã cedo na bicicleta se eu insistir em não usar uma touca bem protetora. Hoje está um dia assim, gelinho nas gramas, transeuntes e bikers encapotados e também algumas criaturas provavelmente provenientes do Alaska, que acham que estão no verão. Parece brincadeira, mas ainda vejo gente de chinelo de dedo nas ruas. Pra mim é tempo de meia, tchau chinelinhos. Mas eu entendo, pois nos nossos anos no Canadá, quando fazia ZERO grau já tinha canadense nas ruas de camiseta sem manga, chinelo e shorts, aproveitandoooo o caloooorrrr, afinal…
Minha árvore ancestral, que fica entre a minha casa e o do meu vizinho, cobre praticamente todo o quintal, providenciando uma sombra muito importante e bem-vinda nos meses do verão. Agora ela não tem nem uma mísera folhazinha. Esse verdinho pendurado nela não é parte da árvore. É sim uma planta parasita muito comum e famosa chamada mistletoe. Ela suga a árvore que a hospeda e é parte de uma tradição de Natal, quando se pendura um galho de mistletoe no alto de uma porta e os casais que passarem pela planta pendurada têm que se beijar. Nós fazemos, quando lembramos. Minha árvore é muito alta para alcançarmos as parasitas e também não há muitas, pois temos um serviço de poda que acaba com elas todo ano.