celebridades

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Na semana passada o Bill Clinton esteve aqui na UC Davis, fazendo campanha para a sua querida cara-metade que é candidata a candidata à presidência do país. O Uriel pensou em ir lá ouvir o que ele tinha pra dizer, eu descartei na hora, porque sinceramente abomino muvucas. Não fomos. Nesta semana recebemos o jornalzinho da universidade e quando vimos a foto ilustrando a matéria da visita do ex-presidente, quase caimos da cadeira. Quem é que está abraçada com o Bill, sorrindo com aquele sorrisão de ferrinhos prateado? Quem? Quem? Quem??
Ninguém menos que a nossa inquilina!
A inquilina da nossa guest house é uma figuraça extraordinária. Os assíduos deste blog já puderam ler histórias com ela, como esta aqui ou esta aqui. Agora estão tendo a oportunidade de ler mais uma, desta vez com ela arrasando Arkansas em chamas, abraçada ao Billy The Kid. Bom, pelo menos agora já sei quais são as inclinações políticas dela. Muito bem, garota!

foi uma explosão de sabores!!!

Depois de quase dois anos sem pôr os olhos nos programinhas do Food Network, resolvi mudar de canal e ver o que andava acontecendo por lá. Eu enchi do Food Network faz tempo. Peguei uma ojeriza de todos os chefes celebridades que têm programas naquele canal. Cheguei ao ponto de não suportar nem a voz dos cumpadres. Djezuis Craist, será que o pré-requisito pra ter um programa no FN é ter uma personalidade falsa e irritante? Por causa disso eu parei, há mais ou menos dois anos. Parei.

Então na minha clicada de retorno ao Food Network, eu esperava ver algo diferente. Mas que nada. Olha só que eu vejo—o temeroso e escabroso Iron Chef America, que é nada menos que a cópia avacalhada do fantástico Iron Chef , o original japonês, que era criativo e interessante. A versão americana é um festival de exageros e de egos. Eu nunca consegui assistir, porque me dava nos nervos, como quase absolutamente tudo naquele canal.

Podem jogar tomates e me chamar de chata de galochas.

O episódio do Iron Chef America que me recepcionou no FN era a batalha no kitchen stadium entre o chef Mario Batali—o responsável pela popularização e modismo horripilante dos sapatões Crocs pelo mundinho culinário; e o chef Jamie Oliver—o inglês queridinho de nove entre dez food blogs brasileiros. O lance, que eu pesquei rapidinho durante o primeiro comercial, é que os programas do Jamie vão estrear naquele canal. Já não bastava a Nigella lambendo os dedos, agora teremos o Jamie mordendo o pimentão e depois cortando em fatias e colocando na receita. Saliva deve ser um ótimo tempero—hmmm-hmm-hmmm!!

A batalha entre o Batali e o Oliver tinha como ingrediente secreto um peixe. Eles prepararam então vários pratos sofisticados e cheios de ingredientes com o tal peixe no período de uma hora. Daí serviram os pratos para os juizes—uma fulana de cabelão alisado, um cara de cabelo hipongo comprido ajeitado atrás da orelha e uma moça asiática com um batom cor-de-rosa que não perdeu o brilho nem mesmo quando ela comeu o macarrão saturado de molho grosso de tomate feito pelo Batali. O visual dos juizes era o de menos. Muda as caras, mas o esquema eh sempre o mesmo. Antes a bancada dos juizes tinha a presença do Jeffrey Steingarten, que desempenhava o papel de critico cri-cri. A função dele era basicamente detonar e amedrontar os chefs. Mas pelo jeito ele perdeu o emprego e agora todo mundo é bonzinho e só faz elogio. Essa é uma parte que me faz rir de nervoso, pois os juizes devem fazer um treinamento em adjetivologia para participar do programa. O palavreado que eles usam para descrever e elogiar as delicias não tem parâmetros. Nem de posse de um Thesaurus eu conseguiria tal façanha, e olha que eu acho que tenho a doença do bicho adjetivo.

A expressão que eu acho mais absurda e engraçada, nesse esforço descomunal que as pessoas fazem para descrever suas experiências com comida, é a tal de foi uma explosão de sabores! Como pode isso ser possiível? Quando eu leio e escuto essa pérola, logo penso naquela balinha em pó que foi bem popular nos anos 80 e que explodia na boca. Aquilo era uma explosão, de fato, mas era somente de um sabor. Essa tal de explosão de sabores eu ainda estou para experienciar.

A cozinha da Alice

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Alice Waters vive na mesma casa há 23 anos. É uma casa pequena e estreita, construída em 1908. O coração da casa é com certeza a cozinha—um espaço que reflete o compromisso de Alice com a simplicidade. Ali não há forno de microondas, nem mesmo um processador elétrico de alimentos. O utensílio mais moderno presente na cozinha de Alice é um pequeno forninho elétrico, que ela pintou de verde escuro, para combinar com a cor das paredes.
Os dois fornos à lenha e o forno aberto tipo lareira, instalados na parede de um dos lados da cozinha no espírito de Lulu Peyraud, são os itens favoritos de Alice. Ela também gosta dos batedores de arame, das facas de qualidade, das caçarolas de terracota, das panelas não aderentes, especialmente as de cobre e ferro. Mas a peça que Alice mais adora é o pilão. Alice não vive sem seu pilão.
No lado mais ensolarado da cozinha fica uma mesa grande e oval, com tampo de mármore, rodeada de cadeiras de madeira descombinadas. Num canto, um armário alto abriga uma coleção de pratos grossos de cerâmica e cumbucas francesas para café com leite, em diferentes estilos, mas combinando harmoniosamente. Uma janela tripla oferece uma visão do quintal e da horta de Alice. Livros antigos de culinária, livros de arte, cestas e garrafas de vidro ajeitam-se numa prateleira logo abaixo das janelas. Nas paredes há pinturas e fotografias—uma delas do elenco original da trilogia de Marcel Pagnol.
No meio da cozinha fica uma bancada pequena, estreita e ergométrica, com uma pia funda de cobre e prateleiras cheias de vasilhas, pratos e panelas. Ao lado do enorme forno profissional, uma grande superfície de trabalho com espaço para os convidados de Alice, que sempre acabam ajudando a preparar a comida. A cozinha também tem um piso de carvalho tingido de verde oliva, que é a cor favorita de Alice.
*Fotos do livro Great Kitchens – At home with America’s top chefs.

California rock ‘n’ roll

O primeiro restaurante de sushi nos Estados Unidos abriu na região de Little Tokyo, centro de Los Angeles, sul da Califórnia, em 1960. Era um pequeno bar com seis banquinhos chamado Kawafuka. Logo em seguida surgiram outros dois outros restaurantes, o Eikiku e Tokyo Kaikan. Os sushi chefs do Tokio Kaikan, Ichiro Mashita e Teruo Imaizumi receberam os créditos pela criação do primeiro sushi cross cultural, adaptado ao paladar ociental—o California roll. Na época o atum fresco em Los Angeles era sazonal, disponível somente durante o verão. Os chefs começaram a pensar no que mais poderiam usar pra fazer os sushis. E encontraram uma abundância de abacates produzidos localmente. Fresquinhos e cortados em cubos, a polpa dos abacates têm uma oleosidade natural que se aproxima muito da textura do peixe gordo. Combinado com king crab, pepino e gengibre, o sushi California era servido para ser comido com as mãos. O novo sushi se tornou bem popular e serviu de estímulo para os clientes ocidentais do restaurante, enquanto iam desenvolvendo coragem para provar os sushis autênticos, com peixe cru. Durante os anos 70, o sushi ainda era considerado uma iguaria exótica. A popularidade veio somente nos anos 80, com o estrondoso sucesso da mini-série Shogun, que colocou o país numa mania coletiva por coisas japonesas. Hoje, o sushi já entrou no cardápio oficial norte-americano e Califórnia virou sinônimo de sushi vegetariano. Não poderia ser mais apropriado!

the pizza revolution

Quando o chef austríaco Wolfgang Puck abriu o Spago, seu restaurante na Sunset Boulevard de Hollywood em 1982, ninguém esperava que o centro do menu fosse a pizza. Com um poderoso forno à lenha italiano instalado em frente ao bar, o restaurante foi um sucesso instantâneo. Puck inovou o cardápio de pizza da América, colocando sobre os discos de massa ingredientes como camarões frescos de Santa Barbara, prosciutto, scallops, queijo de cabra de Sonoma, alcachofras, berinjelas, flores de abobrinha, ou qualquer tipo de produto fresco que por ventura o chef achasse no mercado do dia. A pizza mais famosa do Spago era a recheada com salmão defumado, caviar, cebola roxa e creme fraiche aromatizado com dill.

O restaurante Spago atraia foodies e celebridades. Frequentadores assíduos eram Billy Wilder, Warren Beatty, David Bowie e Jack Nicholson, que sentavam-se às mesas cobertas por toalhas impecavelmente brancas onde talheres de prata da Christofle e pratos imensos da Villeroy & Boch eram arranjados com classe e harmonia.

meu encontro com a Alice

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O motivo da minha ida à Berkeley foi o book signing da Alice Waters. Claro que eu já tinha comprado o livro novo dela—The Art of Simple Food, e até usado nos preparos do Thanksgiving com a receita do lemon curd. Mas não dava pra perder essa oportunidade de ficar frente a frente com uma das minhas musas. Comprei outro livro lá, que também recebeu dedicatória e vai ser enviado para uma querida amiga. Nem preciso dizer que como fanzoca boba que sou, fiquei totalmente emocional na frente da Alice Waters. Ela é bem petit, e linda, e delicada. Eu precisava falar algo, porque a gente se sente meio pateta ali na frente da pessoa que você admira, então eu disse—thank you so much, Alice, you’re such an inspiration to me!. Ela sorriu. Deve ouvir isso o tempo todo, mas tudo bem, não importa, eu tinha que falar alguma coisa!

caçarola musical

Quando o sofisticado e excêntrico Jeremiah Tower tomou posse como chef da cozinha do restaurante Chez Panisse em meados da década de 70, ele imediatamente determinou—chega de Led Zeppelin tocando nesta cozinha, de agora em diante só ouviremos música clássica enquanto trabalhamos.

Eu acredito que ouvir música na cozinha deve ser um fato unânime e universal. Todo mundo ouve alguma coisa enquanto corta cebolas e refoga o molho. Eu sempre tive uma boombox na bancada da cozinha, onde ouvia meus cds. Mas como já mantenho o meu laptop na cozinha há um bom tempo, acabo ouvindo música nele. Ouço os cds que copiei pro computador ou as rádios do iTunes ou websites ecléticos como o Pandora. Eclético é também a melhor palavra pra definir meu gosto musical. Eu ouço muita coisa diferente. Algumas coisas muito diferentes, como hits dos anos 20 e 30.

Eu cresci ouvindo todo tipo de música, providenciadas pelo meu também eclético pai, que comprava de tudo e nos expôs à uma variedade enorme de estilos musicas. Meu pai ouvia de Mozart, a Nina Simone, a Jimi Hendrix. Mas ele se concentrava muito mais na música clássica, que eu passei a infância escutando. Fui amplamente exposta, mas não desenvolvi gosto pelos clássicos. Como também nunca fui a maior fanzoca da MPB. Eu sempre gostei mesmo foi de old Blues, old Jazz, Bob Dylan, a música negra norte-americana em geral e o bom e velho Rock ‘n’ Roll. Eu sou uma pessoa totalmente Led Zeppelin e iria ser forçada a pedir demissão se por acaso trabalhasse na cozinha do Chez Panisse durante o reinado clássico do chef Jeremiah Tower.

at the greenmarket

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Descobri abismada que tenho muita coisa em comum com a Alice Waters. Fazemos nossas compras no farmers market da mesma maneira metódica. Eu chego e caminho olhando todas as bancas, esquerda e direita, vou até o final do mercado, analisando o que está na estação, traçando uma estratégia, escolhendo mentalmente o que vou comprar, o que me agrada mais, o que me chama atenção, tentando pensar no que fazer com os ingredientes. Também como a Alice, eu sempre converso com os fazendeiros, comento e pergunto o nome das coisas, e sempre encontro amigos pelo mercado. No caso dela são fãs. Vamos comprando os ingredientes mais frescos da estação ou aquele um que está dando o seu último ar da graça, o último suspiro. Hoje fiz a minha caminhada pelo mercado, observando a chegada das inúmeras variedades de pêras e das romãs, pensando feliz que tenho esse hábito em comum com o mito da culinária californiana. Eu e Alice Waters, quem poderia imaginar uma coisa dessas?

fatos históricos que adoramos aprender

O restaurante Chez Panisse em Berkeley, Califórnia, serviu o seu primeiro jantar inaugural em 28 de agosto de 1971. O menu único teve pâté en croûte como entrada, canard aux olives e uma salada como prato principal, uma torta de ameixas de sobremesa e café. O preço, também fixo, era de $3.95. Alice Waters ainda estava martelando um tapete na escada quando os primeiros comensais começaram a chegar. Eram na maioria amigos e ela os recepcionou naquele dia usando um vestido antigo de renda beige. Um enorme vaso com flores decorava a entrada. Cinco garçons passaram a noite trombando entre si, enquanto tentavam servir os clientes jantando no pequeno salão, com poucas mesas arranjadas com toalhas xadrez de vermelho e branco, louça e talheres de segunda-mão descombinados. Os vinhos servidos naquela noite foram Mondavi Fumé Blanc, Mondavi Gamay e um Sauternes, Château Suduiraut, vendido por copo. A caótica cozinha foi comandada pela chef Victoria Kroyer. Antes de ser contratada por Alice, Victoria fazia pós-graduação em filosofia na UC Berkeley e nunca tinha trabalhado num restaurante. Sua única experiencia com culinária era os jantares que ela preparava na sua própria cozinha. No final da noite, 120 refeições foram servidas, nem todas foram pagas. Clientes aguardavam na calçada, quando Alice avisou—desculpem, mas não temos mais comida, voltem amanhã. Faltou talheres e no dia seguinte Alice percorreu todos os flea markets da cidade, buscando por mais talheres antigos e o número de garçons baixou para três, o que tornou o serviço mais eficiente. O nome Chez Panisse foi uma homenagem ao personagem Honoré Panisse da trilogia Marius, Fanny, and César do diretor francês Marcel Pagnol, de quem Alice era fanzoca.

no jornal da capital

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O jornalista Bob Sylva, que descende de portugueses do Açores, fez uma excelente reportagem sobre os blogs de culinária da região de Sacramento, para o jornal da capital* — o Sac Bee. O Chucrute com Salsicha está lá, junto com outros queridos bloggers que tive o prazer de conhecer pessoalmente. As fotos estão super bacanas e criativas. Eu fiz um clique das páginas do jornal — AQUI e AQUI.
* será que o governador Arnaldão Schwarzenegger lê o Sacramento Bee??