oito limões — açúcar & suco

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Admito que peguei muitos limões Meyer quango a colega trouxe uma sacola deles para desovar no trabalho. A desculpa é que eu *A M O* esse limão [e quem não ama?] e não podia deixar passar essa oportunidade, pois agora acho que só verei meyer lemons no final do ano. E para não correr o risco de perder uma gota dessa preciosidade e usar quase tudo o que fosse possível, resolvi raspar a casca de oito deles e espremer o suco. Com as raspas eu fiz um açúcar de limão, que ficou super forte e aromático. Eu já tinha feito outros açúcares assim, mas esse ficou diferente pois usei muito mais raspas e não deixei secar, então ficou um açúcar úmido. Foram raspas de 8 limões bem grandes e 4 xícaras de açúcar super fino, daqueles próprios para bebidas que dissolvem mais fácil. E o suco eu guardei na geladeira e fui usando. Uma boa oportunidade para usar o açúcar e o suco é fazer uma limonada. Num copo alto coloque um dedo de suco, complete com água gasosa, adoçe com o açúcar, misture bem e beba.

The Tennessee Shirley Temple

Tennessee Shirley Temple
Fui até o supermercado com a única intenção de comprar aquele vidro lindo de booze com fruta que eu tinha visto no livreto que é distribuído mensalmente para os clientes. Era o Moonshine—o famoso e ilegal whiskey de milho do Tennessee, que agora podemos comprar normalmente nos supermercados sem precisar se sentir um fora da lei. E esse ainda vem com cerejas imersas. Tive que esperar quatro dias para poder provar as frutinhas, porque a tampa do vidro estava tão atarracada que não consegui abrir e precisei da ajuda do Uriel. Olha, vou dizer sinceramente, as cerejas não são doces. Elas realmente são o PURO ARCO! Mas achei uma receita para usar o Moonshine e estou desde então bebericando esse delicioso cocktail.
1 colher de sopa de suco de limão [tahini]
2 colheres de sopa de Moonshine
1 xícara de ginger ale
2 cerejas
Num copo pequeno e largo coloque o suco de limão, encha com pedras de gelo, complete com o ginger ale, o Moonshine e com as duas cerejas.

Moonshine Moonshine

Shed — Healdsburg

Coincidentemente eu já tinha planejado uma visita à vinícola Quivira nos arredores de Healdsburg naquele final de semana, quando vi uma menção ao Shed na revista Sunset. Foi super providencial, pois decidi que ali seria o nosso lugar de almoçar para não irmos bebericar vinhos de estomago vazio. O que me chamou a atenção no pequeno paragrafo publicado na revista foi o fato do lugar ter um shrub bar. Me entusiasmei ainda mais quando olhei o website deles. Mas só consegui entender o conceito do Shed quando cheguei lá e entrei no prédio, que parece uma mistura de hangar de avião com um celeiro. O lugar é bem pequeno mas é praticamente um parque de diversões pra foodies. Tem tanta coisa pra se olhar, num ambiente absolutamente impecável e altamente fotogênico, que tenho certeza que daria para passar um dia inteiro lá dentro, só comendo e bebendo coisas gostosas, olhando coisas bonitas, fazendo comprinhas e até participando num evento no andar de cima.

shed shed
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Como chegamos famintos, entramos e fomos direto pedir comida e bebida, eu de olho nas bebidas de vinagre—os shrubs, é claro. Eu pedi um prato de mezze e shrub de pera, o Uriel pediu macarrão com berinjela e o Gabriel e a Sarah pediram uma pizza cada um. Bebemos vinho rosé produzido no local, os vinagres e o kombucha. Eles também oferecem cerveja artesanal feita lá, mas não provamos. Adoramos o sorvete deles e o sabor mais comentado e apreciado foi o de mel com manjericão. Me arrependi de não ter comprado mais coisas de comer e beber, principalmente a bebida fermentada de chocolate que parecia muito boa.

shed shed
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Bom, se eu descrever o que tem no Shed, muita gente não vai acreditar que o lugar é bem pequeno. O andar de cima [onde não entramos] é reservado para eventos e estava anunciado um jantar japonês com produtos locais. No andar de baixo tem a parte de bebidas, vinhos, cervejas e café, uma mercearia com produtos locais frescos, legumes, verduras, ovos, produtos em conserva, feijões secos, farinhas moídas no local, charcuterie, queijos, eleteceterá. Uma balcão com comida para levar pra casa e outro balcão de pedidos para a cozinha. Uma geladeira com bebidas, manteigas, queijos, leite, frios e coisinhas boas para picnics, um balcão de chá e café, sorvete e o bar de fermentados, onde sentamos e batemos papo com o chef das bebidas. Achei os shrubs deles especialmente delicados. Tudo uma delícia.

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Na entrada tem uma lojinha com livros e utensílios de cozinha arranjados de maneira tão linda e delicada que me causou uma paralisia de encantamento. Eu adorei as marmitas de enamel, que pesavam [e custavam] mais do que deveriam mas mesmo assim conquistaram a simpatia da minha vênus em virgem. E atrás do shrub bar você pode comprar ferramentas pra sua pequena produção, desde sementes pra plantar, como material pra apiário, pra fermentação de vinagres e pickles, enxadas, foices, alcinhos. Nem consegui ver tudo, porque queríamos ainda visitar a vinícola e tinhamos que voltar para Davis antes do final da tarde. Mas não tem problema porque o Shed será um lugar em que voltarei sempre que for à Healdsburg na região de Sonoma.

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affogato com earl grey

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A ideia é genial e não é minha, mas sim da rainha de todas as boas ideias—Martha Stewart. É só substituir a dose forte de café por uma dose forte de chá earl grey [eu fiz uma xícara com dois saquinhos]. Adquirir um sorvete de baunilha da melhor qualidade e afogar algumas bolas com o chá quente. Não pode ficar enrolando, o sorvete tem que se manter um pouco inteiro enquanto é devorado.

chá preto gelado

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Eu já tinha feito chá de frutas dessa maneira, mas nunca o chá preto. Como sempre há uma primeira vez pra tudo, fiz o primeiro chá infuso na água fria depois de ler uma micro matéria da revista Bon Appetit sobre os chás gelados do Sul dos EUA. Faz todo o sentido fazer o chá sem ferver a água, já que nos dias quentes de verão não dá muito ânimo de botar uma chaleirona de água no fogo, esperar ferver, esperar esfriar [suadeira!]. E fazer chá assim além de pratico fica muito bom. Numa jarra coloque 10 saquinhos de chá preto, junte 8 xícaras de água gelada, cubra e leve a geladeira por no mínimo 4 horas. Servir sobre gelo e fatias de limão. Adoce levemente se quiser. Eu quis.

»as marcas de chá preto de saquinho recomendadas pela revista para fazer esse chá gelado são—PG Tips, Luzianne, Tetley ou Twinnings. Eu usei o Irish Breakfast da Twinnings.

bebidas de vinagre [shrubs]

Voltei de Portland com apenas um objetivo na minha lista de afazeres—replicar a bebida de vinagre que provei no restaurante Pok Pok. Eu já sabia que os asiáticos eram fãns dessas misturas de vinagre ou apenas do vinagre puro acrescentado na água e que é visto como um elixir revigorante. Mas basta você googlar drinking vinegar para encontrar zilhões de referências aos shrubs que é exatamente a mesma bebida e muito consumida na América colonial e durante o final do século 19 e início do 20. Esses também eram considerado elixires e usados como remédios para recuperação das forças e das energias. São inúmeras receitas, com as frutas cozidas ou cruas, misturadas ao açúcar antes ou adicionadas ao xarope, usando todo tipo de fruta, com ou sem ervas, simplesmente uma cornucópia de possibilidades. Marquei muitas receitas e comecei com duas, uma de framboesa macerada no vinagre sem cozinhar e outra de gengibre que vai ao fogo. Já tenho outra de nectarina macerando e me animei para usar umas amoras com ainda mais uma outra receita. Esse xarope pode ser usado como bebida refrescante misturado com água gasosa ou como parte da mistura de um cocktail alcoólico. Pode também ser consumido sobre frutas frescas ou sorvetes. Uma sorveteria que visitamos em Portland oferecia um milkshake feito com o Pom, a versão do vinagre do Pok Pok vendida lá e que eu comprei um de romãs para trazer pra casa.

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bebida de vinagre de framboesa
2 xícaras de framboesas frescas
2 xícaras de vinagre de maçã [*usei um orgânico sem filtrar]
1 e 1/2 xícaras de açúcar

Num vidro grande com tampa misture as frutas [lavadas] e o vinagre. Tampe e agite vigorosamente por 10 segundos. Deixe em infusão por uma semana em temperatura ambiente, agitando diariamente. Depois de uma semana coe o liquido usando uma peneira coberta por pano de queijo [gase]. Com a ajuda de um funil despeje o vinagre em um frasco de vidro limpo. Adicione o açúcar e agite para misturar. Leve à geladeira por uma semana antes de usar, agitando diariamente até que o açúcar esteja completamente dissolvido. Para servir coloque uma parte do vinagre em um copo com gelo e adicione quatro partes de água com gas.

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bebida de vinagre de gengibre
1/2 xícara de gengibre descascado e picado bem fininho [eu ralei no microplane]
1 xícara de vinagre de maçã [*usei um orgânico e não filtrado]
1/2 xícara de açúcar

Numa panela pequena [não use de alumínio] coloque o gengibre ralado e uma xícara de vinagre. Leve ao fogo alto até ferver. Desligue o fogo e transfira imediatamente a mistura para um recipiente de vidro. Deixe esfriar, cubra e deixe descansar em temperatura ambiente por 24 horas.

Coe a mistura em uma peneira fina sobre uma tigela e deixe o gengibre escorrer por cerca de 5 minutos, sem pressionar. O liquido coado deve medir pelo menos 3/4 de xícara, se não, adicione mais um pouco de vinagre. Descarte gengibre e transferir líquido para uma panela pequena. Misture o açúcar e coloque em fogo alto até ferver, mexendo ocasionalmente. Assim que ferver reduza imediatamente para fogo baixo e deixe cozinhar por 2 a 3 minutos, mexendo uma ou duas vezes ou até que o açúcar se dissolva completamente. Deixe esfriar, coloque num vidro limpo, cubra e leve à geladeira até a hora de usar. Para servir coloque uma parte do xarope de vinagre num copo com gelo e adicione quatro partes de água com gas.

bolo de Kentucky bourbon

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Passei umas boas horas da tarde do sábado, véspera de Páscoa, procurando uma receita interessante pra fazer pro almoço de domingo e que não levasse chocolate. Abri e fechei praticamente metade dos livros que tenho numa estante. Nada me interessou. Fui pra a infalível dábliu dábliu web, onde acabei aportando nesta receita tradicional num website da Oprah Winfrey. A boozy cake! Nada mais atrativo pra mim do que receitas que levam bebida alcóolica. O Kentuky bourbon é um aromático whiskey americano feito de milho.

para o bolo:
3 xícaras de farinha de trigo para bolo peneirada
1 colher de chá de fermento em pó
1/2 colher de chá de bicarbonato de sódio
1 colher de chá de sal
1 xícara de manteiga sem sal em temperatura ambiente
1 e 1/2 xícaras de açúcar [*diminuí para 1 xícara]
1/2 xícara de açúcar mascavo
4 ovos caipiras em temperatura ambiente
1/4 xícara de Kentucky bourbon
1 xícara de buttermilk em temperatura ambiente
para o glacê:
6 colheres de sopa de manteiga sem sal [*diminuí para 4 colheres]
3/4 xícara de açúcar [*diminuí para 1/2 xícara]
1/4 xícara de Kentucky bourbon

Manteiga, ovos e buttermilk precisam estar em temperatura ambiente, então retire da geladeira com bastante antecedência. Unte uma forma com um furo no meio [Bundt] com manteiga, coloque a grade no centro do forno e pré-aqueça em 350°F /176ºC.

Peneire a farinha de trigo, o fermento, o bicarbonato e o sal em uma tigela, misturando bem com um batedor de arame.

Na batedeira com a pá instalada, bata a manteiga e os açúcares juntos em velocidade média-alta até ficar bem cremoso, por cerca de 5 minutos. Nesse tempo pare a batedeira e raspe bem os lados da tigela com uma espátula. Misture então os ovos, um de cada vez. Combine o bourbon e o buttermilk em uma tigela pequena. Com a batedeira em velocidade baixa, adicione a mistura de farinha em três partes, alternando com a mistura de buttermilk e bourbon em duas partes, começando e terminando com a farinha. No final desligue a batedeira e misture a massa com uma espátula antes de despejar tudo na forma untada. Leve ao forno e asse até que o bolo esteja dourado e bem firme, por cerca de 40 a 45 minutos.

Faça o glacê combinando a manteiga, o açúcar e o bourbon em uma panela pequena em fogo baixo apenas até a manteiga derreter e dissolver o açúcar, mexendo para misturar bem. Retire o bolo do forno e faça furos em todo o topo do bolo com um espeto de madeira. Despeje três quartos do glacê lentamente sobre o bolo. Deixe o bolo esfriar totalmente e em seguida vire sobre uma travessa ou prato. Pincele o topo do bolo com o glacê restante. Se o glacê endurecer, reaqueça rapidamente numa panelinha.

limonada cabocla

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Essa foi a transformação completa que fiz naquela conhecida e popular limonada suiça. Troquei o limão tahiti pelo limão rosa e o leite condensado pelo dulce de leche. Espremi o suco de uns cinco limões rosa e bati no liquidificador com bastante doce de leite cremoso, até ficar adoçado no nosso gosto, que é mais para o acido do que pro açúcarado. O único problema com essa limonada é conseguir para de bebê-la. Que delícia!

bolo de chocolate com cerveja
[the snake bite]

Parei na receita desse bolo por causa da cerveja e da cidra de pera. Sou dessas, influenciada fortemente por um copo de bebida. O único problema é que fiquei tão animada com o booze factor que não atentei para o snakebite-cakedetalhe ostensivo dessa belezura usar um tablete de manteiga na massa, outro na cobertura, além da abundância de açúcar. O resultado foi um bolo DOCE, MUITO DOCE e com uma cobertura pesada. Não é o tipo de coisa que nos agrada. Mas se você curte algo mais substancioso, vai se animar com essa receita. Eu sinceramente achei que o bolo inteiro fosse encalhar. Guardei ele na geladeira coberto por uma folha de filme plástico e no dia seguinte decidi experimentar novamente, raspando parte da cobertura. Foi então que achei uma delicia! A massa do bolo gelada ficou muito mais gostosa e a remoção parcial de toda aquela cremosidade densa da cobertura deu um baita alivio. Deixo registrada aqui a receita para quem quiser testar, com o prestimoso lembrete que deve-se fazer o mise-en-place com bastante antecedência, pois vários ingredientes precisam estar em temperatura ambiente.

para o bolo
1 xícara de farinha de trigo
1 xícara de açúcar
1/2 xícara de cacau em pó
1 colher de chá de bicarbonato de sódio
1/2 colher de chá de sal kosher
1 ovo grande em temperatura ambiente
1/2 xícara de sour cream em temperatura ambiente
1 tablete de 113 gr de manteiga derretida e fria
3/4 xícaras de cerveja preta [Guinness] em temperatura ambiente
para a cobertura
1 tablete de 113 gr de manteiga sem sal em temperatura ambiente
225 gr de cream cheese em temperatura ambiente
1 e 1/2 xícara de açúcar de confeiteiro peneirado
1/4 xícara de cidra fermentada de pera [usei da marca Ace]

Pré-aqueça o forno a 350ºF/ 176ºC. Unte uma forma redonda de bolo com manteiga e polvilhe com farinha de trigo. Reserve.

Misture a farinha de trigo, o açúcar, o cacau em pó, o bicarbonato e o sal em uma tigela pequena. Na batedeira bata bem os ovos e o sour cream. Em seguida junte a manteiga derretida e a cerveja preta. Adicione a mistura de farinha à mistura de ovos e incorpore bem com uma espátula. Despeje na forma preparada e leve ao forno por 35 minutos ou até que o bolo esteja completamente cozido no centro. Deixe esfriar por 5 minutos, vire numa grade e espere esfriar completamente.

Enquanto o bolo assa prepare a cobertura. Coloque a manteiga e o cream cheese na tigela da batedeira equipada com a pá e bata bem em velocidade média até obter um creme, cerca de 2 minutos. Reduza a velocidade da batedeira e adicione o açúcar de confeiteiro aos poucos. Lentamente despeje a cidra de pera e misture bem. Deixe a cobertura firmar um pouco na geladeira antes de colocar sobre o bolo.

Quando o bolo estiver frio, transfira para uma travessa ou prato. Espalhe a cobertura no topo do bolo, tendo o cuidado de espalhar completamente até as bordas. Decore com uma fatia de pera seca se quiser e sirva acompanhado de um copo da cidra de pera, porque vai sobrar muito.

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float de gengibre

Vi essa ideia numa revista só não me lembro em qual. Prestei atenção justamente porque ainda tinha aquele xarope de gengibre que fiz para o ginger ale. Prestei ginger-floatatenção também porque esses floats—que na minha infância a gente chamava de vaca preta, vaca branca, vaca laranja, dependendo do sabor do refrigerante usado, sempre foram pra mim a epítome da delicia refrescante. Essas vacas foram protagonistas em muitas aventuras de verão que passei com meus irmãos e meus primos. E essa de gengibre fica absolutamente o fino da bossa. Use o xarope de gengibre, que será colocado no fundo de um copo alto. Por cima coloque uma ou duas bolas do melhor sorvete de baunilha que você puder comprar. Eu usei o da Straus Creamery. Depois é só colocar água com gás a vontade por cima, misturar com uma colher e aproveitar.