moqueca de camarão & banana

camarao_moqueca_s.jpg

camarao_moqueca_banana_1s.jpg

camarao_moqueca_banana_s.jpg

Me inspirei nesta receita de moqueca de banana da Neide Rigo pra fazer a minha moqueca, onde adicionei alguns camarões. Fiz no estilo capixaba, com o urucum e sem leite de coco ou azeite de dendê. Não tenho a maravilhosa panela de barro do Espírito Santo, então adaptei usando uma frigideira de terracota. Usei tomate em lata, porque os frescos agora vêm de algum canto do mundo e têm gosto de nada. Os de lata que eu uso são tomates californianos enlatados no pico da estação, quando eles estão no auge da gostosura. Adaptações são necessárias, mas isso não significa perder em qualidade e sabor.

Refoguei um punhado de sementes de urucum numa boa quantidade de azeite. Deixei esfriar e removi as sementinhas. Adicionei cebolinha picadinha no azeite que ficou avermelhado pelo urucum. Usei a parte verde e a branca—minhas cebolinhas são gigantes, apenas uma bastou. Quando as cebolinhas estavam molinhas, acrescentei uma lata de tomate, deixei engrossar. Temperei com sal e pimenta vermelha seca. Quando o molho ficou grosso, afundei ali os camarões que tinham sido previamente temperados com sal, pimenta e suco de limão. Espremi por cima mais suco de limão. Cobri com rodelas de banana nanica e polvilhei com bastante coentro fresco. Tampei e deixei cozinhar por uns minutinhos apenas, com cuidado pros camarões não virarem chicletes borrachudos. Servi com arroz branco e uma salada simples de folhas de alface. Minha opinião sincera: os camarões poderiam ter ficado de fora. Só a banana já fez dessa moqueca o fino da bossa.

e foi assim que fiz mais um jantar

improviso2s.jpg
improviso4s.jpg

A semana começou no sábado e já num ritmo de ziriguidum. Vou confessar que tenho estado sempre exausta e que muitas vezes sinto um enorme vazio, na cabeça e no estômago. Fico extremamente feliz e realizada quando descolo uma receita antecipadamente, ou quando me dá aquela idéia brilhante no meio da tarde, e festejo quando abro a geladeira e está tudo ali na minha frente, só preciso juntar os ingredientes de uma maneira mais ou menos metódica—picar, juntar, misturar, refogar ou assar, e prontíssimo, o jantar está servido.
Mas tem dias que nem com a vaca tossindo o menu do jantar se concretiza. Eu até que tinha uma vaga idéia de um rango improvisado: iria ser um macarrão com brócolis. Mas tive que dar um pulo no supermercado e lá o tal macarrão com brócolis entrou num processo de metamorfose. Primeiro vi no olive bar uns pimentões vermelhos assados. Pensei, uhm, vou colocar tiras desse pimentão no macarrão com brócolis, estou ficando audáciosa! Virando no primeiro corredor, peguei vários pães, um de queijo asiago da padaria mais fofa de Davis, a Village Bakery. Na outra esquina do supermercado vi umas irresistíveis linguiças recheadas com erva-doce. Bom, vou ter que tomar uma decisão radical, saí o brócolis, excuse moi, entra a linguiça. Vamos ter então um macarrão com linguiça e pimentões assados, o menu estava ficando mais interessante. Mas foi daí que eu vi o grão-de-bico…..
Jantar da noite, chegamos num momento decisivo, é vai ou racha, o macarrão foi definitivamente eliminado. O menu será um refogado com linguiça, pimentão, grão-de-bico, mais um bulbo de erva-doce que lembrei ter na geladeira, temperado com a salsinha e cebolinha que colhi da horta ontem e um queijo feta grego que comprei outro dia e que é simplesmente o mais chic dos fetas, envelhecido em barril. Servirei acompanhado do pão de queijo asiago. Ale-luiah!!
Chegando em casa foi so get my mojo working e em menos de trinta minutos e jantar estava servido. Para evoluir da idéia de macarrão com brócolis para a concretização de um saboroso cozido de grão-de-bico com linguiça, só precisou de uma caminhada arejada de inspiração no supermercado mais próximo.

It’s cookie time [AGAIN?]

Mais ou menos nesta época, todo ano, elas chegam com a listinha de biscoitinhos pra vender. E elas estão decididas a fazer você comprar, pois têm uma meta para cumprir e alcançá-la ou não pode acrescentar ou custar uma medalha ou algum outro tipo de prêmio. Com a mudança de estação a cidade é logo invadida pelas garotas escoteiras vendendo caixas dos seus famosos cookies. O Uriel compra da filha de um dos seus colegas, eu compro da filha de um dos meus colegas, e nós dois compramos das nossas fofinhas vizinhas. Elas moram do outro lado da rua. Antes era só a mais velha que vinha com a lista de cookies, mas este ano a mais nova também estreou no oficio. O irmão vem junto, pra não perder os agitos. Quando vejo eles atravessando a rua já me preparo. Quando abro a porta faço aquela cara de surpresa depois digo—oh, it’s cookie time! E compramos duas caixas de cada. Assinamos a lista, que é longa. Não é fácil pras pequenas escoteiras cumprir a tal da meta. Elas precisam que os pais convoquem todos os parentes, amigos, conhecidos e vizinhos. E elas, com seu charme, precisam convencer todos a comprarem pelo menos DUAS caixas. É dureza. Precisa mesmo ser uma escoteira pra enfrentar essa maratona—com coragem, confiança e carater!

muitas maneiras de preparar

brocolis_alho_s.jpg
o brócolis

Anotei todas as deliciosas idéias que recebi no post do brócolis e vou tentar testar quantas der, enquanto a temporada do legume durar. A primeira foi a dica da Mariângela de POA, que contou sobre uma receita da mãe dela. Fiz parecido. Cozinhei os raminhos do brócolis no vapor. Deixei esfriar. Numa panela fritei lascas de alho no azeite, até elas ficarem crocantes. Ali mesmo juntei sal e pimenta do reino. Reguei os brócolis com esse azeite. Foi difícil parar de comer!

Ginger Elizabeth Chocolates

ginger_chocolates_1s.jpg
ginger_chocolates_10s.jpg ginger_chocolates_11s.jpg
ginger_chocolates_3s.jpg ginger_chocolates_5s.jpg
ginger_chocolates_2s.jpg
ginger_chocolates_31s.jpg ginger_chocolates_14s.jpg
ginger_chocolates_20s.jpg

O querido Garrett do blog Vanilla Garlic organizou um evento bem bacana para os food bloggers de Sacramento. Fomos fazer um chocolate tasting na chocolateria Ginger Elizabeth Chocolates em midtown Sac. Como eu não sou louca por chocolate, fui sem nenhuma expectativa. Tive uma surpresa incrivelmente agradável com a qualidade e a delicadeza dos bonbons que nos foram servidos pela chocolatier e proprietária da lojinha encantada. Ginger Elizabeth tem apenas 26 anos e confessou ter se iniciado no fascinante mundo do chocolate aos 16. Ela primeiro nos deu uma explicação minuciosa sobre as plantações, colheita e processamento do cacau. Até nos mostrou fotos dela em fazendas na América do sul e central. Depois contou detalhes da manufatura da matéria básica e finalmente a parte que é a sua paixão—transformar o chocolate em pequenas delicias que dissolvem na boca. Provamos desde o puro chocolate em micro pedacinhos, até a manteiga, que pura tem um gosto repugnante, mas é o que faz o chocolate ser tão gostoso e viciante. Depois fizemos o tasting de vários tipos de chocolate amargo, seguido dos mais delicados bonbons, feitos de uma massa sedosa de ganache e cobertos com uma crosta quase imperceptível de chocolate. Dois bonbons me encantaram—o de chocolate amargo com ganache de meyer lemon e o de chocolate ao leite com ganache de maracujá. Ginger diz que usa os melhores chocolates e somente suco ou polpa de frutas, nada de essências. O sabor é um nocaute! Depoiis ela ainda nos serviu um bolo de várias camadas com gianduia, que eu tive que partir ao meio para conseguir comer e um tipo de semifreddo, cremoso e gelado. Visitamos também a cozinha da pequena chocolateria, onde Ginger pratica sua arte. Alguém aí pensou no filme Chocolat? Eu estou pensando nele agora. Acho que temos a nossa versão da Madame Rocher, aqui no vale central da Califórnia.

Portobello com alcachofra

portobello_fases_10s.jpg
portobello_fases_1s.jpg portobello_fases_2s.jpg
portobello_fases_6s.jpg portobello_fases_7s.jpg

Uma invencionice bem sucedida. Quatro cogumelos, retirado a haste e refogados levemente no azeite, frente e verso, por uns minutos. No final, jogue uns pingos de vinagre balsâmico na base da frigideira, para dar uma caramelizada. Recheie com uma mistura de queijo de cabra [ou outro similar] e corações de alcachofra picadinhos. Tempere essa mistura com sal, pimenta branca, azeite e ervas provençais. Recheie os cogumelos, cubra cada um com uma fatia de queijo derretível [usei mussarela] e coloque no forno médio até o queijo gratinar. Sirva com uma salada simples de folhas. Eu fiz tudo numa frigideira só, que foi ao fogo e ao forno, só não foi à mesa.

Maple rice pudding

arroz_tempos_guerra_s.jpg

O Projeto Gutenberg oferece acesso gratuíto à muitos livros de culinária antigos, alguns verdadeiras pérolas, como esse—Foods that will win the war and how to cook them. Eu tenho uma fascinação por este tema, especialmente em como se faziam adaptações ao racionamento de produtos durante a guerra. Esse livro foi publicado em 1918, portanto encara as mazelas da Primeira Grande Guerra e ensina muitas coisas bacanas que poderiam ser adaptadas ao nosso tempo sem problemas. Os autores se concentram na falta de farinha de trigo, açúcar, carnes e gorduras. Logo no inicio, duas ilustrações dão uma aula de economia doméstica que poderia muito bem fazer parte da nossa rotina de hoje.

COMIDA
1.Compre com consciência
2.Cozinhe com cuidado
3.Sirva apenas o suficiente
4.Guarde o que não vai estragar
5.Coma o que vai estragar
6.Colhido da sua horta é o melhor
NÃO DESPERDICE!

Adorei as receitas, com substituições e dicas. Escolhi para testar, a receita de um tipo de arroz doce, sem açúcar, usando o xarope de maple e as uvas passas como adoçante. Fiz uma pequena burrada inicial, pois a receita pede cozimento no vapor, usando um double boiler, onde uma panela com água fica embaixo e outra em cima com o arroz. Usei uma vasilha de vidro, que achei que era refratária, mas nos primeiros minutos ouvi um sonoro CRACK e a vasilha tinha rachado de cabo a rabo. Tristemente e contrariando todo o propósito desse livro, tive que jogar tudo fora e começar de novo. Da segunda vez fiz algo mais seguro e usei duas panelas. O pudim demorou muito mais que 35 minutos pra ficar cozido e ficou muito doce pro meu gosto. Talvez, naqueles tempos duros de guerra, os desejos de comida doce eram mais acentuados, porque comia-se muito menos açúcar.

maple rice pudding—arroz doce dos tempos de guerra
1/2 xícara de arroz
1 1/2 xícara de leite
1/4 colher de chá de canela
1/8 colher de chá de sal
1/3 de xarope de maple—maple syrup
1/2 xícara de passas
1 ovo

Bata bem o ovo com um batedor de arame, acrescente o leite, o sal, canela, bata bem para não ficar pedacinhos de gema [eca!] e para a canela se incorporar. Acrescente o arroz e as passas e coloque para cozinhar num double boiler por 35 minutos.