da boca pra fora

* post velho reciclado

Pra quem ainda não sabe, comida é um dos meus assuntos favoritos, logo depois de cinema, é claro! Mas eu falo muito mais do que cozinho ou como. Falar é mesmo o meu ponto fraco!

Eu tenho duas amigas com quem converso muito e sempre sobre comida. Trocamos receitas, dissecamos ingredientes. Uma delas é da área de ciência dos alimentos, então eu aprendo muito com ela. Outro dia nós passamos umas duas horas caminhando pelos corredores do Corti Brothers em Sacramento, olhando ingredientes e comentando sobre eles. No Corti Brothers tem tanta variedade de feijões e lentilhas, além das massas, das latarias, dos vinhos…. Oh, é bom demais! Outra coisa que eu amo é ler livros sobre comida, de receita ou de história. Nem uso muito os meus livros pra seguir receita passo-a-passo, mas eles são uma fonte inesgotável de inspiração. Minha fascinação por esse assunto fica bem clara quando você entra na minha cozinha e vê logo ali no canto a minha biblioteca culinária . Eu posso nem cozinhar muito bem, mas estou incrivelmente bem informada!

choveu no meu churrasco

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No inicio do verão passado eu convidei duas amigas queridas e suas famílias para um churrasco aqui em casa. Quis retribuir os inúmeros convites que elas sempre me fazem, para rangos e regabofes. Planejei tudo nos micro-detalhes, arrumei a mesa com flores do meu jardim, toalha de verão, pratos de moscas para os guris, drumettes temperados, picanha, farofa, salada de batata, cerveja gelada, e….. CHUVA!!
Chover aqui no verão é uma coisa totalmente fora do normal. Passamos o verão todo com um céu incrivelmente azul sem nenhuma nuvenzinha. Mas no dia desse meu churrasco choveu, porque tem sempre que chover quando não é pra chover.

Ribollita
[sopa de feijão e pão]

Eu pertenço à um grupo de mulheres que se encontra uma vez por mês para um chá e muito papo. São mulheres dos vinte e tantos aos oitenta e poucos anos, todas muito cultas, algumas estrangeiras, super viajadas, algumas casadas com acadêmicos como eu, que falam várias línguas, já moraram em diversos países. É um grupo super interessante e eclético. Sábado passado tivemos o encontro de fevereiro, só que invés de chá tivemos uma sopa. Era na verdade uma soup party! Uma inglesa foi a anfitriã e fez a receita de Ribollita, uma sopa típica da Toscania, na Itália, onde ela morou por alguns anos. Foi uma noite super agradável, com sopa e vinho, numa casa super simpática cheia de mulheres matracando e os maridos, noivos, namorados não foram convidados!

A receita da sopa toscana:
Ribollita
4 colheres de sopa de azeite
1 cebola roxa picada
1 alho poró picado
1 dente de alho picado
4 cenouras em rodelas
4 abobrinhas picadas
1/4 de repolho picado fininho
1 maço de cavolo nero, que é uma couve beeeem escura
1 maço de espinafre picado
4 batatas descascadas e picadas
2 xícaras de feijão branco cozido e amassado
2 colheres de sopa de sal [eu uso o kosher/grosso]
4 colheres de sopa de pasta de tomate
1.2 quilo de pão italiano amanhecido cortado em cubos

Refogue a cebola e o alho poró, adicione o alho e frite por um minuto. Adicione todos os outros legumes e verduras. Salgue e cozinhe tampado por 20 minutos.
Cubra com bastante água e reduza o fogo. Adicione a pasta de tomate e mexa bem. Cubra e cozinhe por uma hora. Adicione os feijões e o pão. Essa é uma sopa bem grossa. Sirva com um fiozinho de azeite extra virgem por cima.

Mustard Seed

Foi uma experiência legal. Eu convidei o meu marido para jantar num restaurante fino da bossa. Fiz as reservas e paguei a conta! Ele se sentiu todo pimpão e eu fiquei toda contentona, afinal é bem legal poder convidar.
Escolhi um restaurante bem charmoso no centro da cidade, o Mustard Seed, que fica numa pequena casinha a três quadras de onde moramos. O Mustard Seed é especializado em California Cuisine e tem uma pequena adega de vinhos californianos. O restaurante é classificado de “wine bistro”. Como fiz reserva, sentamos imediatamente numa mesa bem localizada na sala principal [a lado de uma parede de vinhos] e com uma janela com vista para a rua de moldura. Eu pedi carne – angus steak beef, e ele peixe – ahi tuna steak. De entrada uma salada de verdes com cogumelos pra mim e uma sopa de alcachofra pra ele. Os pratos estavam deliciosos e bem servidos. De sobremesa fomos de creme brulée, que foi flambado na mesa com grand marnier. Meu marido não bebe mais alcóol, então deliciou-se com água pellegrino. Eu bebi um pinot noir californiano simplesmente delicioso. Na hora da conta, eu fui a pagadora. Agora eu posso!

arroz doce

* uma receita publicada no The Chatterbox em agosto de 2003.
arroz doce

Às vezes me dá uma vontadezona de comer arroz doce. Eu já fiz algumas receitas que eu pego aqui e alí, mas nem sempre elas ficam boas. Finalmente entendi que se deve cozinhar o arroz com pelo menos o triplo de água do que se cozinharia normalmente. Nessa semana fiz uma receita que deu certo. Quer dizer, a ‘receita’ foi uma invenção minha.

Eu usei o arroz basmati, que é o arroz indiano que eu uso regularmente aqui em casa. Eu acho esse arroz perfeito: fino, seco e aromático.

Então cozinhei uma xícara de arroz basmati em duas xícaras de leite e duas xícaras de água. Coloquei uns cravos da índia para aromatizar. Quando o arroz secou, desliguei o fogo e acrescentei uma lata de leite condensado e três colheres de sopa de creme de leite. Voilá! Ficou ótimo, morno ou gelado!

quiche de salmão

Aproveitando a onda – é também porque estou sem inspiração – vou colocar aqui uma receita de quiche que fiz há uns dois anos para um encontrinho com amigos. Foi durante o verão, quando eu faço churrasco de salmão e sempre sobra. A receita pedia salmão enlatado, mas eu usei sobras de churrasco, que faço sempre só com sal grosso e pimenta do reino. Nas anotações dessa receita escrevi que não pus queijo cheddar no recheio porque não tinha, e usei menos maionese e mais sour cream [sempre adaptando, isso é um vício!]. O resultado ficou excelente, desculpem a falta de modéstia, mas é a mais pura verdade!

A receita:
Quiche de Salmão
Para a massa:
1 xícara de farinha de trigo integral
2/3 xícara de queijo ralado
1/4 xícaras de amendoas em fatias finas
1/4 colher de chá de paprica
1/2 colher de chá de sal
6 colheres de sopa de óleo ou azeite
Misture tudo muito bem e forre uma forma de torta. Asse em forno alto [400ºF/200ºC] por 10 minutos.
Para o recheio:
1/2 quilo de salmão cozido
3 ovos batidos
1 xícara de sour cream
1/4 xícara de maionese
1/2 xícara de queijo cheddar ralado
1/4 colher de chá de de erva doce [dill weed]
3 pitadas de Tabasco

Misture todos os ingredientes – pode misturar no liquidificador ou food processor se quiser. Coloque na massa pré-assada e leve ao forno médio [325ºF/165ºC] por 45 minutos. Servir fria.

Queijo Duro com Vinho & Pão

Li na revista…

“Camponeses suíços criaram o fondue séculos atrás e transformaram numa refeição o queijo que ficou duro, misturado com o vinho de mesa. Já o fondue de chocolate foi uma invenção americana, que ficou muito popular nos anos sessenta.”

Essa é a prova de que nem todo prato servido hoje em restaurante caro ou que a plebe pensa que é chique teve suas origem em sofisticados salões das cortês reais. Muita coisa era comida de camponês, de gente pobre, pra aproveitar restos, usar os ingredientes da estação ou da ocasião – que nem sempre era de fartura.

Eu quase não faço fondue porque o Uriel detesta, mas de vez em quando no inverno até que me dá vontade. Nunca me esqueço de um fondue que fiz uma vez pra um casal de amigos, quando aconteceu um forrobodó inexplicável na hora de sentarmos, acho que alguém esbarrou na fonduzeira sem querer e ficamos olhando petrificados a toalha de mesa [novinha!!] PEGAR FOGO!! Eu acordei do transe letárgico de incredulidade à tempo de correr pra cozinha, encher uma vasilha com água e CHUÁÁÁ! Não consegui salvar a toalha, que foi pro lixo.

Eu acho fondue uma comida meio cafonona, apesar de ser inegavelmente gostosa. Acho que é porque aqui, onde ele virou moda nos anos sessenta, vemos e revemos ad nauseam os resquícios dessa moda em centenas de fonduzeiras cor de abóbora e verde oliva à venda nas garage sales e thrift stores. Parece que todo mundo quer se livrar dessas aberrações, mas ninguém consegue, então elas permanecem firmes e onipresentes na sua feiura e insistência. Eu já tive uma dessas quando éramos estudantes e pobres no reino canadense. Mas hoje tenho uma normal – preta, com cumbuquinhas de cerâmica. Mesmo assim continuo achando o business do fondue uma coisa um pouco over the top, quando todo mundo come demais, se lambuza, queima os beiços e põe fogo na toalha.

Eu tinha uma receita de salada que eu servia com o fondue, pra contrabalançar as zil calorias do queijo e todo aquele pão. Não tenho mais a receita, mas acho que consigo lembrar…..

Salada Alice
Um pé de Alface cortado em pedaços
Um bulbo de erva doce picadinho em fatias
Uma laranja em gomos cortados em quatro
Cenoura ralada em fitas
Fatias finas de maçã
Misture tudo e tempere com o seguinte molho:
Sal/pimenta do reino
Azeite
Suco de limão/suco de laranja
semente de erva doce
iogurte natural
Bater bem e temperar a salada.

Quiches

Minha amiga Fabi me ligou para pedir as receitas de uns quiches que eu fiz para uma festa em novembro. Os quiches ficaram ótimos, mas como sempre tive que dizer que não tinha as receitas, pois inventei e não anotei. Mas no problema, pois com certeza fiz o meu ritual culinário de pegar uma receita básica e adaptar para os meus ingredientes e o meu gosto. Por exemplo, não vai queijo nenhum nas receitas que achei de quiche de cebola ou alho poró, mas no meu vai. E eu sempre uso o que tenho na geladeira. Aliás, os quiches são uma ótima pedida para desafogar a geladeira!
Então, pra querida Fabiana, duas receitas de quiches que peguei nos meus livros, mas que podem e devem ser livremente adaptadas.
Quiche de Cebola ou Alho Poró
Aqueça o forno em 450ºF/232ºC [alto].
Forre uma forma de 9 inch/23 cm com uma massa pronta de torta. Fure com o garfo e ponha na geladeira.
Corte em fatias finíssimas bastante cebola ou alho poró. Derreta numa panela 3 colheres de sopa de manteiga. Adicione as cebolas ou alho poró e cozinhe, mexendo em fogo baixo até ficarem translucidas. Misture numa outra panela 3 ovos, 1 xícara de sour cream, 1 colher de chá de sal, 1/4 de colher de chá de pimenta do reino, 1 colher de sopa de sementes de dill ou celery, ou as ervas frescas picadinhas se for possível. Misture tudo nas cebolas ou alho poró já cozidos, pincele o fundo da massa gelada com uma clara de ovo batida, coloque a mistura na massa. Asse por 10 minutos em 450ºF/232ºC, abaixe para 300ºF/150ºC e asse por mais meia hora. Sirva bem quente com uma salada verde. Receita do livro The Joy of Cooking.
Quiche de Queijo Suiço e Cogumelos
Aqueça o forno em 375ºF/200ºC.
Derreta 1 colher de sopa de manteiga, adicione 1 1/2 xícara de cebola picada, refogue bem. Adicione 14 lb de cogumelos, sal, pimenta do reino, tomilho e 1/2 coljer de chá de mostarda em pó. Refogue por 5 min e remova do fogo.
Misture 4 ovos, 1 1/2 xícara de leite e 2 colheres de sopa de farinha de trigo no liquidificador ou food processor, batendo muito bem.
Forre uma forma com massa pronta para torta e espalhe no fundo 1 1/2 xícara de qurijo suiço ralado no ralo grosso . Adicione a mistura de cebola e cogumelos, coloque a mistura de ovos por cima e salpique com paprika.
Asse por 35 ou 45 minutos ou até que o centro fique firme. Servir quente, morno ou na temperatura ambiente [ao gosto do freguês]. Receita do livro Moosewood Cookbook.