Passei por ela na lojinha de antiguidades e ganhei uma piscadela – hey, you’re a swell gal! No mesmo minuto decidi que ela seria minha. Impossível resistir à uma jarra com essa cor e esse design moderno – tão típico da década mais bacana do século vinte – os anos trinta.
sopa de couve-flor com gorgonzola
Li em algum lugar uma receita assim, de couve-flor com gorgonzola e fiquei bem animada, pois ainda tinha um buquê da couve que comprei para o risotto. Também tinha um tantinho de gorgonzola, que queria gastar, depois do trauma da abóbora! Não achei a receita, então foi sem mesmo.
Assei os floretes de uma couve-flor pequena regados com azeite em forno alto. Numa panela fritei um dente de alho num pouquinho de azeite. Juntei os floretes assados e 1 litro de caldo de legumes. Deixei ferver por uns minutos e então triturei a couve-flor dentro da panela mesmo, com o mini-mixer de mão. Voltei a panela para o fogo e acrescentei meia xícara de half-half [pode ser creme de leite fresco], o gorgonzola [que deu mais ou menos uma colher de sopa] e um cubinho de queijo brie que eu queria terminar. Deixei o queijo derreter, desliguei o fogo, coloquei sal e pimenta do reino moída na hora a gosto. Voalá! A sopa ficou cremosa com pedacinhos molinhos da couve-flor e como o gorgonzola desta vez foi discreto, o sabor predominante foi mesmo o do legume.
how to boil an egg
Na minha chumbada panelinha de cast iron. Comprada baratotalzinha na thrift store, mas que é simplesmente perfeita para cozinhar ovos!
cor-de-rosa & fumegante
Faz tempo que estou pensando numa coisa e hoje fui checar alguns websites listando cafés em Saskatoon, Saskatchewan. Num deles, cliquei num mapa e quando vi os nomes das ruas e dos parques da cidade onde morei por tantos anos, senti meu coração doer daquele jeito estranho que só as memórias do passado conseguem fazer doer. Isso aconteceu porque lembrei de uma coisa boa dos meus invernos em Saskatchewan. E era obviamente uma bebida: um leite fervendo aromatizado com um xarope de fruta e servido em tigelas brancas de cerâmica. Não me lembro como era chamado, só lembro que entrávamos num café de esquina no final da Broadway Ave e pedíamos o leite com sabor de morango ou framboesa, que vinha fumegando dentro da tigela e bebíamos segurando com as duas mãos. Era para aqueles dias frios, pra descongelar os ossos. Minha lembrança mais querida é do dia que fui lá com a minha irmã. Deusdocéu, ela sofreu naquelas cinco semanas de invernão que passou lá com a gente! Quando eu contava do frio de Saskatchewan, parecia tudo uma piada. Mas minha irmã sentiu na pele que nada daquilo era brincadeira. Um dia fomos fazer não-sei-o-que na Broadway e estacionamos o carro na rua. Era o tempo de atravessar a rua ou andar um mísero quarteirão e já estávamos com as pestanas cheias de gelo. Os olhos eram a única parte do corpo que ficava descoberta. Tínhamos que enxergar e iria ser o cúmulo da ridiculice, além de toda a fantasia de esquimó, ainda ter que usar goggles. Nesse dia entramos no tal café – que não lembro o nome e pelo jeito não existe mais – completamente transtornadas, com as pestanas cheias de gelo, e pedimos duas tigelas de leite com sabor de framboesa. Bebemos sentadas ainda de casacos, cachecol, touca, com as bochechas vermelhas, as pestanas molhadas. O leite fervendo foi esquentando o nosso corpo e a nossa alma. Fomos ficando mais relaxadas, menos transtornadas, fomos tirando os mil traquelaques invernais, tiramos o casaco e ficamos conversando por um tempao lá dentro do café aconchegante e cheio de gente tomando leite, chá, café, lendo livros ou jornais ou conversando, como nós.
te vi no jornal!
Acordei no domingo de manhã para a matéria da Claire no jornal Davis Enterprise, que já estava enroladinho no tapete da porta de entrada. Eu estava um pouco preocupada com relação ao texto e fotos, afinal falei até não poder mais, nem lembrava mais se tinha falado alguma abobreta comprometedora. Mas foi uma surpresa ler a excelente matéria da promissora jornalista. O fotógrafo também fez um trabalho caprichado e a edição foi bem criativa, ilustrando a história com a foto do Brendon cozinhando meticulosamente, eu comprando produtos orgânicos no Farmers Market e o Garrett sendo a criatura charmosa que ele naturalmente já é, sentado no café mais gostoso da cidade, o Ciocolat. Estava esperando os meus companheiros blogueiros escreverem sobre o evento, mas pelo jeito vou ser a primeirona!
Essa foi uma das poucas vezes que gostei ter sido colocada no spotlight. Meu vizinho veio me dizer – hei, te vi no jornal! É a primeira vez que saio numa matéria na cidade onde eu vivo, onde as pessoas podem me reconhecer. Thrilling!
* ainda não há versão online, mas tirei fotos da primeira e segunda páginas da matéria.
Operação Resgate: as pêras
Que atire a primeira pedra aquele que nunca deixou uma fruta estragar na cesta. Infelizmente eu faço muito disso, porque não guardo nenhuma fruta na geladeira, nem mesmo durante o verão. Então vira e mexe tenho que acionar a Operação Resgate para bananas, maças, morangos. Ontem foi a vez das pêras. As pobres coitadas estavam quase se desmilinguindo e achei que precisavam urgentemente virar uma torta.
Assim então, sem paciência de procurar receita de torta de pêra, resolvi fazer a minha própria, de cabeça – oh, não, DANGER WILL ROBINSON, DANGER!!
Peguei uma caixa de massa para torta pronta [usei Pillsbury, mas qualquer uma serve]. Forrei uma forma funda com uma das rodelas da massa. Descasquei e cortei todas as pêras quase desfalecidas em fatias. Preparei um molhinho com os seguintes ingredientes:
1 xícara de leite integral
1 ovo
1 colher de sopa de maizena
1/4 xícara de açúcar
1/4 xícara de vinho marsala seco
Engrosse num creme em fogo médio. Misture as pêras ao creme e coloque tudo na forma forrada com a massa. Cubra com outra rodela de massa, faça cortes com a faca e decore com açúcar demerara. Asse em forno pré-aquecido em 365ºF/180ºC por 45 minutos. Retire do forno e deixe esfriar. Essa torta fica melhor servida fria, de preferência no dia seguinte.
simples demais
Lave as amoras. Deixe escorrer. Bata bem batido com um batedor de arame, uma porção de um bom iogurte natural e integral com mel a gosto. Jogue as amoras no iogurte. Coma sentado ou em pé.
as pessoas nos restaurantes
Fomos jantar no grego que faz a salada mais honesta da cidade. Chegamos cedo e enquanto caminhávamos no estacionamento vimos duas senhoras entrando no restaurante. Uma delas era bem velhinha, ou a menos parecia, toda curvadinha. Meu marido brincou dizendo, olha a velhinha já passou na nossa frente, vamos correr! Nesse restaurante a gente sempre espera um pouquinho pra sentar, especialmente nos finais de semana. Até que não esperamos nada para sentar, mas esperamos muito para alguém finalmente pegar nosso pedido e a comida chegar. Com a volta das aulas, os restaurantes voltam a encher e ontem o grego estava particularmente lotado! Ao nosso lado uma mesa com um pessoal falando extremamente alto, tão alto que estava nos incomodando. E discutiam política. Troço mais chato, discutir num tom tão elevado um assunto que gera tanta controvérsia. Do outro lado uma família enorme com vários adolescentes comendo muito. Virava e mexia ouvíamos uma comoçao, um woooowww geral, viámos um clarão de chamas e sentíamos um cheiro bom de queijo derretido – era um prato de queijo flambado com uma bebida álcoolica que da próxima vez que formos lá eu vou pedir. O restaurante estava aconchegante, pedi um vinho super gostoso, a salada que eu adoro, a comida estava muito boa. Quando as mesas que nos rodeavam finalmente se esvaziaram, eu pude ver as duas senhoras que chegaram na nossa frente. Fiquei observando as duas quietinhas comendo, a mais velhinha ainda vestindo seu casaco de capuz, toda curvadinha e mirradinha pediu pra garçonete colocar o resto do seu prato numa caixinha, a mais nova depois olhava a conta, examinava tirando e colocando os óculos bem séria, enquanto a outra falava umas coisinhas. Fiquei hipnotizada pela visão das duas e de repente meus olhos começaram a encher de lágrimas, e tive que pegar o guardanapo para secá-las, disfaçadamente para ninguém perceber que eu estava chorando – e chorando sei lá por que. Estou sempre pagando esses micos em público e por motivos geralmente inexplicáveis.
tá esquentando?
A desova de inverno
Não sei por que nunca coloquei essa histórinha no Chucrute. É uma prática muito comum por aqui, a desova dos legumes, verduras e frutas. Acontece muito mais frequentemente no verão, mas por incrível que pareça, a turma do dedo verde é tão prolifica que temos a desova de inverno também. Hoje tivemos uma de limões—a variedade meyer de casca amarela, que é uma preciosidade! Quem trouxe foi um dos programadores com quem eu trabalho, e uma das escritoras do programa já passou por e-mail uma receita da tia dela, que vou tentar fazer amanhã e pedir permissão pra colocar aqui, caso dê certo. Mas hoje, já tinha engatilhada uma receita pra fazer com limão. Então fiz.
Pescada com limão
da revista Real Simple de maio/2006
1/4 xícara de farinha de trigo [usei integral]
4 filés de peixe [Pescada/Sole]
1/2 colher de chá de sal kosher
4 1/2 colheres de sopa de manteiga sem sal
2 limões amarelos
2 colheres de sopa de alcaparras
Tempere os filés de peixe com o sal. Num prato coloque a farinha e passe os filés por el,a cobrindo os dois lados. Reserve. Numa frigideira grande derreta 1 colher da manteiga e frite o limão cortado em rodelas. Separe. Frite o peixe, vá acrescentando mais manteiga. Retire. No final coloque o que sobrou de manteiga na frigideira, mais os limões e a alcaparra. Retorne os peixes e sirva quente.