cabelo de anjo com ervilha & bacon

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Receita da revista Everyday Food para se fazer em vinte minutos. Frite umas fatias de um bom bacon cortado em quadradinhos, até eles ficarem crocantes. Escorra e reserve. Na gordura que ficou na panela—que se o bacon for dos bons, não vai ser muita, apenas o suficiente—refogue uma enchalota [shallots] picadinha até ela ficar macia. Jogue um saquinho de ervilha congelada, refogue até a ervilha ficar macia. Enquanto isso já vá cozinhando um punhado de macarrão cabelo de anjo em bastante água salgada. Jogue meia xícara de half and half [um creme de leite diluído] no refogado de ervilhas, tempere com sal a gosto. Escorra o macarrão e junte ao refogado de ervilha. Salpique com o bacon frito e sirva com bastante queijo parmesão ralado na hora.

The Big Tomato

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A Ashley tinha me dado um toque, que haveria um evento do tomate aqui em Davis, mas ela não sabia onde, era pra eu ficar de olho. Eu fiquei interessada, mas esqueci de ficar de olho, pois fui carregada na avalanche dos zilhões de acontecimentos da semana e nem lembrei de pensar no tomate.
Mas como se diz por aí, se Maomé não vai até a montanha… O evento do tomate simplesmente apareceu na minha frente, enquanto eu fazia a minha caminhada semanal do sábado pela manhã no Farmers Market. O tal evento do tomate estava bem ali, no meio do gramado do parque. E parecia animado, lotado de gente. Fui lá checar.
O evento, batizado de Big Tomato, foi uma iniciativa do Yolo County Agricultural para promover uma conexão entre a população e a produção número um do nosso condado de Yolo, o tomate. A UC Davis desenvolveu pôsteres com informação sobre a cultura do tomate, e havia distribuição de livretos de receitas e mudinhas de plantas de tomate—eu peguei uma, que vai ficar num vaso, dentro de casa, até meio de abril, quando já vai estar quente o suficiente para plantá-lo na horta. Mas o que estava fazendo sucesso com o público eram os inúmeros restaurantes, entre os melhores da região, oferecendo amostras de comidas preparadas com o ingrediente astro. Eu não provei nenhuma, porque não curto muito essa coisa de pegar amostra de comida em lugares públicos, mas a paella de inverno do Tuco’s, um dos meus restaurantes favoritos aqui em Davis, estava muito bonita e chamativa. Encontrei alguns conhecidos lá, entre eles uma escocesa com quem trabalhei na International House e ela estava animadíssima, provando todas as coisas deliciosas e lambendo os beiços.

um repolhão para dar, não vender

Eu comprava duas cebolas e ela comprava dois repolhos, pequenos. Ela tinha chegado primeiro, já estava pagando e fez o que eu acho o fim da picada de se fazer num Farmers Market, ela barganhou. Cada repolho custava setenta e cinco centavos e ela pediu pra levar os dois por um dólar porque eles eram pequenos. Virei meu pescoço e encarei, sem nem procurar disfarçar. Queria mesmo era ouvir o diálogo que ela travava com o fazendeiro, ou melhor, o monólogo, que era mais ou menos assim: eu ADOOOROOO repolho, você não tem repolhos maiores, esses são muito pequenos, porque eu AMOOO repolho, faz os dois por um dólar, ah, eu realmente AMOOO repolho! Por um momento eu quis interferir, convidando a referida para dar uma passadinha na minha casa, pois eu tenho lá um repolhão encalhado, repolhão que eu DETESTO, não AMOOO nem um pouco e estou tentando me livrar. Doaria de bom grado, sem cobrar, o que seria um lucro duplo, pois eu não teria que comer nada e ela comeria sem desembolsar nem um centavo.

urucum?

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Muita gente deve estar se perguntando como foi que apareceu urucum na minha cozinha californiana. Um ingrediente realmente improvável, a não ser que você tenha uma mãe como a minha, que me envia pelo correio as coisas mais inusitadas. Quando eu me comprometi a dar aquela aula de moqueca na International House, no ano passado, minha mãe não só recomendou que eu fizesse a moqueca indígena, também conhecida como capixaba, mas também providenciou o ingrediente indispensável—o urucum. Eu pensei e repensei, mas decidi fazer a minha infalível receita de moqueca de salmão, que é sempre sucesso absoluto em todas as paragens. A aula foi bem bacaninha, apesar da minha horrível timidez, a moqueca foi devorada até pela prefeita de Davis, e no fim me sobrou o urucum, que eu guardei na esperança de um dia usar. Pois então.

moqueca de camarão & banana

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Me inspirei nesta receita de moqueca de banana da Neide Rigo pra fazer a minha moqueca, onde adicionei alguns camarões. Fiz no estilo capixaba, com o urucum e sem leite de coco ou azeite de dendê. Não tenho a maravilhosa panela de barro do Espírito Santo, então adaptei usando uma frigideira de terracota. Usei tomate em lata, porque os frescos agora vêm de algum canto do mundo e têm gosto de nada. Os de lata que eu uso são tomates californianos enlatados no pico da estação, quando eles estão no auge da gostosura. Adaptações são necessárias, mas isso não significa perder em qualidade e sabor.

Refoguei um punhado de sementes de urucum numa boa quantidade de azeite. Deixei esfriar e removi as sementinhas. Adicionei cebolinha picadinha no azeite que ficou avermelhado pelo urucum. Usei a parte verde e a branca—minhas cebolinhas são gigantes, apenas uma bastou. Quando as cebolinhas estavam molinhas, acrescentei uma lata de tomate, deixei engrossar. Temperei com sal e pimenta vermelha seca. Quando o molho ficou grosso, afundei ali os camarões que tinham sido previamente temperados com sal, pimenta e suco de limão. Espremi por cima mais suco de limão. Cobri com rodelas de banana nanica e polvilhei com bastante coentro fresco. Tampei e deixei cozinhar por uns minutinhos apenas, com cuidado pros camarões não virarem chicletes borrachudos. Servi com arroz branco e uma salada simples de folhas de alface. Minha opinião sincera: os camarões poderiam ter ficado de fora. Só a banana já fez dessa moqueca o fino da bossa.

e foi assim que fiz mais um jantar

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A semana começou no sábado e já num ritmo de ziriguidum. Vou confessar que tenho estado sempre exausta e que muitas vezes sinto um enorme vazio, na cabeça e no estômago. Fico extremamente feliz e realizada quando descolo uma receita antecipadamente, ou quando me dá aquela idéia brilhante no meio da tarde, e festejo quando abro a geladeira e está tudo ali na minha frente, só preciso juntar os ingredientes de uma maneira mais ou menos metódica—picar, juntar, misturar, refogar ou assar, e prontíssimo, o jantar está servido.
Mas tem dias que nem com a vaca tossindo o menu do jantar se concretiza. Eu até que tinha uma vaga idéia de um rango improvisado: iria ser um macarrão com brócolis. Mas tive que dar um pulo no supermercado e lá o tal macarrão com brócolis entrou num processo de metamorfose. Primeiro vi no olive bar uns pimentões vermelhos assados. Pensei, uhm, vou colocar tiras desse pimentão no macarrão com brócolis, estou ficando audáciosa! Virando no primeiro corredor, peguei vários pães, um de queijo asiago da padaria mais fofa de Davis, a Village Bakery. Na outra esquina do supermercado vi umas irresistíveis linguiças recheadas com erva-doce. Bom, vou ter que tomar uma decisão radical, saí o brócolis, excuse moi, entra a linguiça. Vamos ter então um macarrão com linguiça e pimentões assados, o menu estava ficando mais interessante. Mas foi daí que eu vi o grão-de-bico…..
Jantar da noite, chegamos num momento decisivo, é vai ou racha, o macarrão foi definitivamente eliminado. O menu será um refogado com linguiça, pimentão, grão-de-bico, mais um bulbo de erva-doce que lembrei ter na geladeira, temperado com a salsinha e cebolinha que colhi da horta ontem e um queijo feta grego que comprei outro dia e que é simplesmente o mais chic dos fetas, envelhecido em barril. Servirei acompanhado do pão de queijo asiago. Ale-luiah!!
Chegando em casa foi so get my mojo working e em menos de trinta minutos e jantar estava servido. Para evoluir da idéia de macarrão com brócolis para a concretização de um saboroso cozido de grão-de-bico com linguiça, só precisou de uma caminhada arejada de inspiração no supermercado mais próximo.

It’s cookie time [AGAIN?]

Mais ou menos nesta época, todo ano, elas chegam com a listinha de biscoitinhos pra vender. E elas estão decididas a fazer você comprar, pois têm uma meta para cumprir e alcançá-la ou não pode acrescentar ou custar uma medalha ou algum outro tipo de prêmio. Com a mudança de estação a cidade é logo invadida pelas garotas escoteiras vendendo caixas dos seus famosos cookies. O Uriel compra da filha de um dos seus colegas, eu compro da filha de um dos meus colegas, e nós dois compramos das nossas fofinhas vizinhas. Elas moram do outro lado da rua. Antes era só a mais velha que vinha com a lista de cookies, mas este ano a mais nova também estreou no oficio. O irmão vem junto, pra não perder os agitos. Quando vejo eles atravessando a rua já me preparo. Quando abro a porta faço aquela cara de surpresa depois digo—oh, it’s cookie time! E compramos duas caixas de cada. Assinamos a lista, que é longa. Não é fácil pras pequenas escoteiras cumprir a tal da meta. Elas precisam que os pais convoquem todos os parentes, amigos, conhecidos e vizinhos. E elas, com seu charme, precisam convencer todos a comprarem pelo menos DUAS caixas. É dureza. Precisa mesmo ser uma escoteira pra enfrentar essa maratona—com coragem, confiança e carater!