back to my sweet home

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Acho que nunca fiz uma viagem que envolveu tantos meios de transportes diferentes. Desta vez só faltou andar de bonde, de carroça e no lombo do camelo. Pra quem detesta ficar confinada em ambientes fechados, foi um festival de lamúrias. Mas em duas semanas visitamos dois países lindos e conhecemos sete cidades. Adorei a Espanha e preciso voltar à Itália, por onde passeamos meio desorganizadamente. O roteiro na Itália foi na verdade uma excursão pessoal do meu marido, buscando pelo ponto de partida, o local de origem da sua família.
O jet lag me derruba sempre na volta, quando regressamos nas horas. E ainda peguei uma gripe, com certeza dentro de um dos aviões que me carregou de lá pra acolá. Hoje estou na bolha, mas amanhã recomeça a minha rotinazinha, com a adição de que fui convocada para servir como jurada na Superior Court of California do meu condado.
Ainda tenho muitas fotos e histórias da viagem. Mas logo voltaremos à programação normal.

La Paella

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[e ainda na Espanha…]
Pensaram que eu ia sair da Espanha sem provar uma paella, hein? Oh—no! Combinei de jantar com nossos amigos, mas no meu portunhol miseraver, hablando por teléfono, não saquei que era almoço e não jantar. Segundo a tradição, come-se paella normalmente para o almoço, por ela ser um prato pesado e indutor de siestas. Mas nos comemos num quase jantar, pois estavamos em Granada e viemos dirigindo alegremente e tranquilamente sem pressa, achando que estávamos no horário. Mas estavam todos nos esperando já no restaurante. Big bafão! Mas fomos perdoados e a paella estava deliciosa. Era uma de pescados, com peixe, frango, merluza e camarões gigantes. Essa paella leva duas horas pra ficar pronta e é cozida numa forma funda de barro, onde é servida. Eu adorei o sabor do arroz e comi o peixe e o frango. Mas esses bichos com olhos, eu coloquei elegantemente e disfarçadamente de lado. Ninguém reparou, porque a conversa estava animada, regada a sangria e tudo mais.

churros y cortado

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[ainda na Espanha…]
Em Granada corri para poder experimentar os churros, mas o restaurante não estava mais fritando nenhum, porque já era hora de servir o almoço. Mas o garçon foi com a minha cara e me deu uns de brinde, que ajudaram a matar as lombrigas. Olhei pro panelão de óleo onde os churros são fritos e pensei que não era possível que aquilo fosse azeite, mas ERA! Segundo minha amiga Angela, na Espanha frita-se tudo com azeite. Pudera! O cortado é uma dose de um café forte diluído com um pingo de leite.

Bodega Las Mercedes, Montilla

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[ainda na Espanha…]
Na tarde de domingo visitamos uma bodega [vinícola] na cidade de Montilla, nos arredores de Córdoba. Os vinhos são bem interessantes. Eles fazem um vinho verde, com as uvas imaturas, muito parecido com o português. E também fazem o Pedro Ximenez, que é um vinho no estilo do Porto. Eu comprei o vinho e o vinagre feito com esse vinho. Eles também fazem o vinho branco Fino, que todos os andaluzes bebem durante a tarde acompanhando os tapas. É um vinho bem seco. Outro é o Amontillado, que achei seco demais e forte demais, quase um brandy. E o Oleroso, que é mais adocicado, muito saboroso. A bodega era muito bonita e bem cuidada, apesar de pequena. O guia, señor Francisco, foi muito gentil e atencioso, contou piadas, que eu e o Uriel rimos fingindo que entendíamos tudo! ha ha ha! Os barris são feitos de carvalho americano—informacao que nos deixou de boca aberta—e muitos têm mais de cem anos. O señor Francisco nos deu uma prova da primeira etapa da fermentação do vinho, que ficam numas caçambas enormes de barro. É bem gostoso. Mas o legal foi ver ele tirar o liquiido do fundo do pote com um apetrecho especial com uma haste compridona e por o vinho nos copinhos com um movimento bem habilidoso, fazendo o liquido voar no ar, de um copo para o outro.

Óleo Cultura

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[ainda na Espanha…]
No último dia em Córdoba fomos almoçar com todos os nossos amigos no Restaurante Óleo e Cultura, que fica na pequena cidade de Castro del Rio, instalado num antigo moinho de azeite. A comida estava impecável. De entrada tivemos umas tostaditas com fatias finérrimas de bacalhau, outras com pimentão vermelho e berinjela, mais pão fresco com azeite orgânico para molhar, croquetas de bacalao e o delicioso salmorejo, que é uma sopa de tomates do outro mundo. De prato principal eu pedi um bacalau que veio misturado com ovos, cebolas e batatas, como num mexido, feito com muito azeite. O Uriel pediu um peixe espada. De sobremesa eu pedi fatias de laranjas regadas com mel. Adorei essa opção de pedir fruta fresca como sobremesa.

Nas estradas que percorremos na Espanha—de Madrid a Córdoba, depois até Sevilla, até Granada e nas redondesas de Córdoba, só o que se vê são oliveirais. Árvores de azeitonas a perder de vista. Fiquei com a impressão que o país é todo coberto de oliveiras. Disso para o paraiso, falta pouco!

La Antigua Bodeguita

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Mais tapas, desta vez em Sevilla. O Sergio nos recomendou comer nas tabernas da praça onde se comem tapas em pé, em mesas altas sem banco, com apenas uma prateleirinha para se colocar bolsas. Às 3pm a taberna estava lotada de gente bebendo vinho e cerveja e comendo os tapas. Nós despirocamos na comilança—eu queria provar TUDO! Você ia até o balcão do minúsculo estabelecimento e pedia bebida e tapas, carregava tudo lá pra fora. Eu bebi um vinho branco e depois um tinto de verano. Comemos as gigantescas azeitonas sevillanas, bacalhau frito e com molho de tomate, atum, tortillas de camarão, bocadillos de bacalhau e queijo manchefo. O pessoal que estava com a gente [um cara da fazenda das azeitonas da Califórnia e a sobrinha dele] pediram camarões gigantes [gambas], presunto ibérico, lombo de porco e mais bacalhau. Comemos muito e depois fomos fazer a digestão visitando a magnifica catedral de Sevilla.

Tetería del Hammam

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No meu primeiro dia em Córdoba, camelei como uma condenada, me perdi, nem vou contar as trapalhices, que são típicas de turista em país estrangeiro. Ainda estava tentando me localizar—depois de ter entrado numa avenida enorme, sem volta para as ruazinhas e que acabou desembocando numa outra avenidona, o que me causou um quase pânico—quando reentrei novamente na parte histórica da cidade pelo bairro judeu e vi que estava passando em frente dos banhos árabes, o único lugar de Córdoba que eu tinha lido à respeito antes de viajar. Para experienciar os banhos, que simulam os rituais de limpeza feitos pelos califas nos magnificamente engenhados banheiros [que pode-se visitar as ruínas], precisa ter hora marcadas, mas para o restaurante e casa de chá ao lado dos banhos, é só entrar. E eu entrei, completamente exausta e descabelada, e pedi por um almoço. Passei pela sala dos chás e fui levada às mesas do restaurante, num ambiente lindo e relaxante. Levei um tempão pra escolher o que comer, pois tudo me parecia delicioso. Como tinha enfrentado uma camelagem homérica sob um solão de trinta e um graus, resolvi pedir coisas frias. Pedi uma salada de alface fresquissima com pinoles, nozes, passas, cubos de maçã verde e ameixa seca, temperada com um molho de mel e amêndoas. E depois pedi o salmorejo cordobês, um prato típico local, que é uma sopa fria de tomate estilo gazpacho salpicada com presunto ibérico em cubinhos e fatias de ovos cozidos. De entrada vieram azeitonas temperadas com os pimientos ahumados, que eu não conseguia parar de comer, e um pãozinho árabe quentinho e crocante. Para refrescar a moringa, bebi uma limonada com hortelã que estava perfeita—gelada, cítrica e mentolada no ponto, sem estar muito doce. Eu adorei tudo o que pedi e comi com gosto. Mas a sopa de tomate foi uma surpresa deliciosa. Tive um surto de alegria quando sorvi a primeira colherada. Minha busca pela sopa de tomate perfeita terminou naquela segunda-feira, no salão de almoço do restaurante e tetería del Hammam, na cidade de Córdoba.