favoritos

Reler, rever, é sempre bom. Ou ler e ver pela primeira vez, para os que ainda não frequentava essa chucrutaria. Uma listinha de alguns favoritos:
»Um texto sobre um livro simplesmente adorável – The Alice B. Toklas Cook Book.
»Comprei o saco de batatas só pra escrever esse post – ha ha ha!
»O ritual da fadinha verde – tintin!
»A Arte de Comer – uma das fotos que eu mais gostei, por causa das cores, do livro, não sei explicar bem por que.
»Essa vai pro Hall of Fame – na mosca!
»Uma receita que eu amei – sopa fria de pepino. Enjoy it!

o prato está vazio

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Perdi o apetite lendo uma notícia horrorosa logo pela manhã. Fiquei nauseada, abalada e o dia ficou escuro. Não consegui nem almoçar, só pensava em como é possível se chegar a esse nível de desumanidade, de crueldade e descaso pela vida alheia.. Comida pra mim tem a ver com alegria, um estado de espírito positivo, e hoje estava tudo triste e pesado. Estou há tempos muito pessimista com relação ao futuro dos habitantes do nosso planeta, e tem dias que sinceramente preferiria não estar nele.

saladoca

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No meio do inverno, vejo a salada da e tenho uma epifania – é chegada a hora, irmãos e irmãs! Vamos recomeçar o culto aos frios e crocantes!
Pra essa saladoca colorida usei os ingredientes encontráveis nesta época fria: pepinos japoneses com casca e tudo, cenoura em lascas, figos secos cortados em cubos, uma tangerina cortada em pedacinhos e lâminas de amêndoa tostadas. Temperei com pimenta do reino moída, muito azeite do bão, um pingo – um pingo mesmo – de vinagre de vinho Chianti, uma frescura que não resisti e salpicos de Flor de Sal.

Lemon Confit Shortbread Tart

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Lemon Confit Shortbread Tart
Receita retirada do jornal The NY Times
massa:
3 xícaras de farinha de trigo
1 colher chá de sal
2 tabletes de manteiga sem sal cortada em pedacinhos
1 1/4 xícara de açúcar
1 ovo grande
1/8 to 1/4 de colher de chá de extrato de amêndoa
2 colheres de sopa de suco de limão
recheio:
8 limões, de preferência os de casca fina – usei os delicados Meyer lemons
3/4 xícara de açúcar
Faça a massa:
Misture a farinha, sal, manteiga e 1 xícara de açúcar numa vasilha. Misture bem com as mãos, até a manteiga se incorporar nos ingredientes secos. Fica bem farinhento. Adicione o ovo, o extrato de amêndoa e o suco de limão. Continue amassando com as mãos. Fica uma massa muito estranha, mas não desanime, não tem nada errado. Ela vai ficar mais macia conforme for amassando. Forme uma bola, envolva em filme plástico e ponha na geladeira por no mínimo meia hora.
Faça o recheio:
Remova a casca e as sementes de 5 limões. Corte em fatias bem finas. Coloque numa vasilha. Remova a casca dos outros 3 limões e pique a casca bem fininho. Acrescente 3/4 xícara de açucar, misture bem e deixe descansar por no mínimo 30 minutos. * Eu fiz um pouco diferente, cortei todos os limões em fatias finérrimas com casca e tudo – sem as sementes. O resultado foi um doce mais amarguinho, mas eu gostei. A casca do Meyer Lemon é macia o suficiente. Se fizer com limão siciliano, talvez seja melhor seguir a receita à risca. Mas às vezes vale a pena experimentar.
Coloque a mistura de limão e açúcar numa panela e deixe ferver. Abaixe o fogo e cozinhe até virar um doce – mais ou menos uns 15 minutos, mexendo de vez em quando. Reduza o liquido até ficar como um xarope grosso. Deixe esfriar.
Retire a massa da geladeira, corte em duas partes. Abra uma parte e forre uma forma redonda [9″/22cm] com ela. Essa massa é super antipática, difícil pacas de abrir com o rolo, pois fica grudenta. Para a parte de baixo tudo bem, pois dá pra ir pressionando com as mãos. Mas para a parte de cima eu passei farinha no rolo, mesmo assim foi duro. Coloque o recheio na forma forrada com massa, cubra com a outra parte e asse em forno pré-aquecido em 350ºF/176ºC por uns 35 minutos. Retire do forno, salpique com açúcar – eu usei o demerara – e recoloque no forno por mais 10 minutos.
Deixe esfriar. Desenforme e sirva. Eu usei uma forma de torta com fundo removível e ficou fácil de tirar a torta.

Dicionário Português-Português

Gostei imensamente da iniciativa da Elvira de colocar no final da receita um pequeno glossário de português de Portugal e Brasil. Por incrível que pareça, apesar do Português dos dois países ser oficialmente o mesmo, na prática há inúmeras diferenças que podem atrapalhar na hora de interpretar uma receita.
Também a Smas do Experiências na Cozinha, que está em Macau, preparou uma lista de tradução de termos culinários aqui e aqui. Achei muito bacana e extremamente útil!

(eu adoro esse lugar!)

Fui até Sacramento porque encasquetei que precisava ir ao Trader Joe’s. Se você não mora na Califórnia, nem em nenhum dos outros estados com a sorte de ter uma das lojas dessa rede, vai precisar primeiro entender o que significa fazer compras lá. É uma experiência única, diferente da que temos em qualquer outro supermercado comum, não só pela atmosfera do lugar, mas também pelos preços e produtos incríveis que eles oferecem. TJ vem tentando abrir uma loja em Davis há anos e não consegue. Dizem as más línguas que é pressão pesada do Co-op, que manipula o City council. A unanimidade dos habitantes da cidade quer um TJ aqui, mas enquanto isso não acontece, temos que ir até Sacramento, vinte minutos até a loja da Folson Ave.
Fui depois do trabalho, porque quero fazer um jantar no sábado e as coisas que compro lá não se acha em lugar nenhum. Peguei a hora do rush, às 5:30 na highway mais pesada do norte da Califórnia – a I80. Quase não dirijo, porque minha vida é basicamente casa-trabalho-casa, e esse trajeto eu faço de bicicleta. Na hora do rush na I-80 indo ao Trader Joe’s vi aquele monte de luzes – de um lado vermelha, do outro branca – na estrada abarrotada de carros e pensei o quanto eu sou brejeira, vivendo uma vida brejeira, numa cidade brejeira. Fiz minhas comprinhas e voltei feliz da vida, dirigindo a 80 milhas por hora pela pista da esquerda , ouvindo música e cantando bem alto, porque brejeira quando dirige na estrada sempre canta:
“Hm, my lord (hare krishna)
My, my, my lord (hare krishna)
Oh hm, my sweet lord (krishna, krishna)
Oh-uuh-uh (hare hare)”

all I got was this lousy t-shirt

Uma das coisas boas de viajar é poder provar comidas diferentes. Eu não sou fã de viagens, especialmente do trajeto ida-volta e dos confinantes avião, carro, trem, navio. Mas curto ficar uns dias fora, deixo bem claro: UNS DIAS! Quando viajo – e até que tenho viajado, pois apesar de cabrita empacada quero conhecer o mundo, me divirto com a parte de alimentação. No Brasil é sempre uma farra gastronômica, um empanturramento pantagruélico. Em outros países é aquele excitante e zeloso pisar em ovos, um cuidado com o que pedir, decifrar os hieróglifos da escrita e fala desconhecida, morder com curiosidade e temor, se surpreender e se deleitar com novos sabores. Sempre que viajo faço uma visita ao supermercado local. Pra mim é uma diversão, tanto quanto bater ponto nos cartões postais turísticos, ou pensando bem, melhor! Fico horas vagando pelos corredores, olhando ou lendo embalagens, descobrindo coisas novas, ou até mesmo a grande surpresa: isso tem lá em Davis!
Mas minha visita mais longa e inesquecível à um supermercado, foi a segunda que fiz ao Real Canadian Superstore. Na primeira, fui acompanhada pela pentelhuda da prima do meu marido, que deu palpite em tudo e me guiou pelo supermercado conforme o esquema dela, jogando coisas que ela comprava mas que eu nunca compraria no meu carrinho, falando pelos cotovelos e não me deixando ver, nem decidir nada. Fomos pra casa, eu guardei as trancas que ela me fez comprar e no dia seguinte voltei lá de bicicleta. Passei quase três horas dentro do lugar, que era enorme, olhando corredor por corredor, prateleira por prateleira, produto por produto, tentando me familiarizar com as diferenças, me inteirar das novidades, decifrar ingredientes e planejar os novos rumos da minha maneira de cozinhar dali pra frente.