sopa de lentilhas

Um dilema na sexta-feira à noite: ir à um restaurante ou comer em casa? O cansaço era grande, a fome era enorme, mas fiquei pensando onde ir? Onde? Peguei um enjôo da maioria dos restaurantes de Davis – e olha que eles abundam, principalmente os asiáticos. Sinceramente, pra comer uma comida como a feita em casa, só mesmo indo num lugar excelente, desses que não usam salada de saco e são bem mais caros. Estou ficando uma chatonilda de galochas. Assumo. E por isso decidi que comeríamos em casa. Fiz um rango simples, uma sops prática, rápida e nutritiva. A sopa de lentilhas.

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a lentilha beluga

Minha receita de sopa de lentilha não tem segredo e fica pronta em menos de uma hora. Eu uso a variedade beluga, que acho gostosa. Quando você lava, fica mesmo com cara de caviar! Eu então lavo uma xícara de lentilhas, deixo escorrer. Refogo uns três dentes de alho cortadinho num tanto de azeite. Acrescento a lentilha, refogo um pouquinho. Ponho uns tomates picados. Refogo mais um pouquinho. Jogo três partes de água e deixo ferver, abaixo o fogo, deixo a panela meio tampada. Quando a lentilha ficar molinha e o caldo ficar grosso, acrescento sal, pimenta do reino. Não se cozinha nenhum grão com sal, pois ele não amolece direito. Na hora de servir jogo bastante salsinha fresca picada. Sirvo com torradas feitas na frigideira de ferro, regadas com um fio de azeite.
* se quiser pode usar bacon invés do azeite – fritar o bacon e no óleo que soltar fritar o alho. pode acrescentar os tomates, ou nao. fica uma sopa bem saborosa.

sopas de fevereiro – pro frio que vai chegar

O livro foi publicado em 1931 na Inglaterra e chama-se The Gourmets Almanac. O autor, Allan Ross Macdougall, deu uma de modernex e escreveu um livro pretendendo ser divertido, com histórinhas, curiosidades, poesias e até cifras e letras de músicas. Dividiu o livro em meses do ano e para cada um colocou uma ilustração chamativa. Fui fisgada pelo capítulo das sopas, estratégicamente colocadas no mês de fevereiro. Ele vai escrevendo sobre isso e aquilo e vai dando as receitas, daquele jeito beeeeeem pré-Martha Stewart, quando não tinha medida de nada, exatidão nenhuma e salvasse-se quem pudesse. Tudo era sugerido no olhomêtro. O almanaque era para gourmets, bem lembrado. Então nenhuma mocréia ou estrupício sem talento [cof cof] ousaria abrir, ler ou muito menos tentar trêmulamente fazer uma dessas receitas. Esclarecido esse detalhe vamos às sopas, que hoje, excuse moi, até eu que não sou gourmet nem nada me atrevo a fazer. Desejem-me sorte!
Chana Orloff’s Vegetable Soup
[O autor primeiro explica quem é Chana Orloff, mas sinceramente, não interessa… cut!] Ela tem uma sopa de legumes que eu adoro, por sua suculência e simplicidade. Ela cozinha todos os legumes cortados em pedacinhos da maneira usual e quando estiver quase pronto, ela corta uma cebola grande e frita numa manteiga até ficar marrom. Daí ela adiciona a cebola à sopa, que deve cozinhar um pouco mais. A sopa é servida assim como está, com uma colherada de creme de leite espesso em cada prato.
Rameno À L’Oignon
Essa sopa é uma variação desenvolvida pelo escultor Despiau à meira como o povo de Les Landes fazem. Você corta as suas cebolas e frita numa frigideira até ficarem marrons numa bolota de gordura de ganso [substituir esse item vai ser lasquera!]. Quando a cebola estiver boa e escura, cubra até a beira da frogideira com água fervendo e deixe ferver devagar. Adicione temperos a gosto [deve ser sal e pimenta do reino]. Torre algumas fatias de pão, uma para cada prato, e cubra cada uma com queijo ralado, colocando elas numa sopeira. Quebre um ovo e separe a gema da clara. Coloque a clara na sopa, e quando tiver coagulado tire a frigideira do fogo e só então adicione a gema. Despeje a sopa na sopeira e sirva imediatamente.
Snert or Dutch Pea-Soup
Essa excelente e inesquecível sopa de ervilhas é uma receita que vem do famoso restaurante Port Van Clef de Amsterdã. Pegue um pound de ervilhas e deixe de molho por vinte e quatro horas. Faça um caldo com um osso de rabo e adicione as ervilhas. Adicione também dois talos de salsão, três alho proós e alguma salsinha picadinha. Adicione temperos a gosto e deixe a sopa ferver ao lado do fogo por cinco horas, mexendo frequentemente. Mais ou menos duas horas antes de servir coloque na sopa várias fatias de linguiça defumada. A substanciosa mistura deve então ser servida.
Cherbah
Todos os visitantes que chegam até as não-turisticas regiões do Norte da Africa, se eles são aventureiros gastronômicos devem conhecer essa sopa. Corte um número igual de tomates e cebolas em pedaços. Frite em manteiga com um maço grande de hortelã selvagem picado grosseiramente e três pimentões vermelhos pequeno. Adicione sal e pimenta a gosto. Quando estiver escurecendo adicione 2 pints de água, um pedaço de carneiro e 4 ounces de damasco seco. Cozinhe bem devagar. Antes de servir, retire a carne e corte em pedaços pequenos, adicione vermicelli e sirva.
Mint Soup
Esta sopa é comum na Tunísia. Frite um dente de alho e algumas folhas de hortelã no azeite. Adicione água suficiente e um pouco de semolina. Vá mexendo enquanto cozinha. Bata dois ovos e coloque numa sopeira. Coloque a sopa na sopeira e sirva.

sopa cremosa de cogumelos

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Fazia tempo que eu queria tentar fazer em casa a sopa de cogumelos que comemos num restaurante no Napa Valley. Comecei a buscar por uma receita que tivesse o profile que eu precisava. Procurei, procurei e tudo que eu achava ia creme de leite, sherry. No final achei uma receita no French Country Cooking da Elizabeth David, que eu usei como base. Ela pedia bacon, que eu eliminei. E não pedia cebola, que eu adicionei, pois precisava gastar uma metade que estava na geladeira.
300 gr. de cogumelos crimini
2 xícaras de água
2 1/2 xícara de leite
3 colheres de sopa de farinha de trigo
2 colheres de sopa de manteiga sem sal
sal e pimenta do reino a gosto
1/4 de uma cebola branca.
Coloque os cogumelos limpos numa panela com a água e deixe ferver. Enquanto isso refogue a cebola bem picadinha [pode moer, se quiser, pra não ficar pedaços na sopa] na manteiga. Dissolva a farinha no leite e acrescente à cebola refogada. Vai mexendo com o batedor até engrossar ligeiramente. Bata os cogumelos cozidos no liquidificador até eles virarem uma pasta bem leve. Acrescente a pasta de cogumelo e a água do cogumelo ao molho branco. Mexa bem para incorporar e cozinhe por um minuto. Adicione sal e pimenta do reino a gosto. Desligue o fogo, acrescente chives picadas e um fio de azeite de trufas brancas. Sirva quente ou morno.
Mas posso acreditar que essa sopa ficou parecidíssima com a do restaurante, muito deliciosa, com um sabor bem pungente dos cogumelos crimini. Missão cumprida!

Ribollita
[sopa de feijão e pão]

Eu pertenço à um grupo de mulheres que se encontra uma vez por mês para um chá e muito papo. São mulheres dos vinte e tantos aos oitenta e poucos anos, todas muito cultas, algumas estrangeiras, super viajadas, algumas casadas com acadêmicos como eu, que falam várias línguas, já moraram em diversos países. É um grupo super interessante e eclético. Sábado passado tivemos o encontro de fevereiro, só que invés de chá tivemos uma sopa. Era na verdade uma soup party! Uma inglesa foi a anfitriã e fez a receita de Ribollita, uma sopa típica da Toscania, na Itália, onde ela morou por alguns anos. Foi uma noite super agradável, com sopa e vinho, numa casa super simpática cheia de mulheres matracando e os maridos, noivos, namorados não foram convidados!

A receita da sopa toscana:
Ribollita
4 colheres de sopa de azeite
1 cebola roxa picada
1 alho poró picado
1 dente de alho picado
4 cenouras em rodelas
4 abobrinhas picadas
1/4 de repolho picado fininho
1 maço de cavolo nero, que é uma couve beeeem escura
1 maço de espinafre picado
4 batatas descascadas e picadas
2 xícaras de feijão branco cozido e amassado
2 colheres de sopa de sal [eu uso o kosher/grosso]
4 colheres de sopa de pasta de tomate
1.2 quilo de pão italiano amanhecido cortado em cubos

Refogue a cebola e o alho poró, adicione o alho e frite por um minuto. Adicione todos os outros legumes e verduras. Salgue e cozinhe tampado por 20 minutos.
Cubra com bastante água e reduza o fogo. Adicione a pasta de tomate e mexa bem. Cubra e cozinhe por uma hora. Adicione os feijões e o pão. Essa é uma sopa bem grossa. Sirva com um fiozinho de azeite extra virgem por cima.

Tom Kah Gai

O nome dessa sopa em tailandês soa muito ridículo para nós luso parlantes, mas garanto que o sabor supera tudo. Eu e o Uriel adoramos comida tailandesa [e o Gabriel e a Marianne também, preciso dizer], então estamos sempre batendo ponto num dos cinco ou seis tailandeses daqui da minha cidade. Sempre que vamos, eu tomo essa sopa que é originalmente feita com frango, mas eu peço para ser substituído por camarão. Eu tenho um problema com frango em restaurante asiático, não consigo comer. Então vou sempre de camarão. Todas as sopas orientais que eu gosto, incluíndo a hot & sour chinesa, eu aprendi a fazer em casa. Fiz a Tom Kah Gai, ou Galangal, Chicken and Coconut Soup para um jantar tailandês para doze pessoas que fiz aqui em casa uns anos atrás. Ficou perfeita!

Aqui está a receita:
1/2 litro de caldo de galinha
4 folhas de limão kaffir [a folha da árvore do limoeiro mesmo]
um macinho de lemon grass – erva cidreira
um pedaço de três cm de galangal fresco picadinho
[esse ingrediente é típico e se não for encontrado pode ser substituído por gengibre, que tem um sabor similar]
4 colheres de sopa de molho de peixe – uma espécie de shoyo com um sabor e odor bem forte – cuidado, é bem salgado e não deve ser abusado
2 colheres de sopa de suco de limão
300 gramas de peito de frango cortado em pedacinhos – para a minha sopa eu uso camarão, que eu acho que fica muito melhor!
2 latas de leite de coco
uma pitada de pimenta vermelha – chili powder
1 xícara de cogumelos brancos e frescos cortados ao meio
50 gr ou 1/2 xícara de baby corn – mini milho cortados em quatro no comprimento
Coentro fresco à gosto para decorar a sopa

Aqueça o caldo de galinha e vá colocando todos os outros ingredientes nele, com exceção do frango ou camarão e do leite de coco. Deixe ferver e então adicione os dois ingredientes restantes. Deixe cozinhar por un minutos até a carne ficar cozida. Abaixe o fogo, cozinhe por mais uns minutos. Jogue bastante coentro picado antes de servir. Eu gosto dessa sopa pura ou misturada com arroz jasmine cozido somente com água e sal.

it’s all about the beer

Acho que foi anteontem que tive esse sonho estranho. Olhei para o outro lado da rua e vi o supermercado canadense que eu frequentava. Não era exatamente o mesmo, vocês sabem como as imagens dos sonhos nunca são exatas, mas eu sabia que era o Superstore. E estava coberto de neve, como costumava ficar – e ainda costuma, com certeza – durante oito longos meses. Mas por que estou contando isso? Não é só porque eu gosto de enrolar. O ponto é que depois do sonho fiquei o dia todo pensando naquele país gelado, onde vivi por alguns anos. Tirei do baú uma caderneta onde eu anotava tudo junto, receitas que eu pegava dos amigos, nas revistas ou na tevê e até dúvidas das aulas de inglês. Minha missão era encontrar nesse caderninho a receita de uma sopa de cevada que eu fazia sempre pra aquecer os ossos nos invernões. Não achei a receita, mas acho que me lembro mais ou menos como fazer. A receita original era beef and barley soup, que eu incrementei para beef, barley and beer soup. Excellent, eh?

A receita:
Sopa de Cevada com Carne e Cerveja
Refogue no azeite ou óleo meio quilo de carne para refogado [stew] cortada em cubinhos. Acrescente cebolas e cenouras picadinhas. Acrescente a cevada lavada e escorrida, refogue por um minuto. Jogue um litro de caldo de carne ou legumes, deixe cozinhar até a carne amaciar e a cevada ficar bem cozida e molinha. Acrescente mais liquido se precisar. No final acrescentar uma lata ou garrafinha de cerveja – de preferência uma bem forte e encorpada, testar o sal e acrescentar mais à gosto. Pode pôr um pouquinho de pimenta do reino se quiser. Deixar ferver por mais um minutos e servir fumegando.

Sopa Indiana de Batata Doce

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Peguei essa receita na revista REAL SIMPLE. É facílima de fazer e muito saborosa. Só precisa ter cuidado com a quantidade de curry, senão fica muito apimentada.
2 batatas doces grandes cozidas e cortadas em cubinhos
1 cebola media cortada em pedacinhos
1 colher de óleo para refogar
um pedacinho de uns 2cm de gengibre fresco, descascado e picado bem fininho
1 colher de sobremesa de PASTA VERMELHA DE CURRY [nao é o curry em pó, nem o amarelo, é um curry vermelho e molhado, como uma pasta de tomate – cuidado, pois é HOT!]
1 lata de leite de coco
3 xícaras de caldo de galinha
sal à gosto
suco de um limão
coentro fresco
Refogar a cebola e o gengibre no óleo até ficar macio. Acrescentar a pasta de curry vermelho. Refogar por um minuto. Acrescentar o caldo de galinha e o leite de coco. Deixar ferver, abaixar o fogo e cozinhar por cinco minutos. Acrescentar a batata doce. Cozinhar por mais cinco minutos. Desligar o fogo. Acrescentar sal à gosto, espremer um limão. Na hora de servir, decorar com o coentro fresco picado.

caldos para sopa

Preguiçosa e distraída como eu sou, preciso pensar em maneiras eficientes de fazer coisas na cozinha, que me permitam poder fazer outras mil coisas e ter esquecimentos. Com a chegada do inverno ficamos pedindo por sopas. Elas são fáceis de fazer e sustentam, acompanhadas de uma boa salada e pão fresquinho. Mas depois que eu li este livro maravilhoso [que ainda vou comentar extensamente], fiquei encantada com os caldos que ela cita como base de tudo – sopas e molhos. Fazer um caldo me faz pensar imediatamente num panelão cozinhando por intermináveis horas sobre a chama do fogão. Não daria certo pra mim, que estou sempre entrando e saindo de casa em mil atividades e tarefas. O caldo levaria dias pra ficar pronto, se eu fosse seguir as regras de segurança básicas de não deixar fogo ligado sem vigilância na minha casa de madeira.
Mas como tudo pode ser adaptado, descobri uma maneira eficiente e segura de fazer caldos base para as minhas sopas. Espanei as teias de aranha da minha panela elétrica, chamada aqui de crockpot ou slow cooker. Ela cozinha em baixíssima temperatura num pote de cerâmica. Você joga lá os ingredientes e deixa cozinhando o dia inteiro ou a noite inteira e depois de muitas horas, voilá, é só coar o caldo.
Tenho feito caldos ótimos com os inúmeros legumes e verduras que teimam sobrar da minha cesta de segunda-feira. O básico é:
cenoura, salsão, pimentão, uma cebola espetada com cravos, basilicão fresco, ervas secas amarradas com um barbantinho, batata doce ou abóbora, nabos e verdura verde em fatias. Se tiver resto de frango ou carne, para um caldo de frango ou carne. Senão somente os legumes dão um caldo ótimo. Adiciona água, vinho branco, um pouco de sal e deixa cozinhar por pelo menos doze horas. Eu tinha esse crockpot há um ano e ainda não tinha achado um utilidade pra ele, que estava entrevado junto da máquina de fazer pão, da fazer macarrão e da centrífuga. Mas nada como um dia após o outro…