pudim de caqui

No outono passado eu colhi muito caqui e ganhei outros muitos de amigos. Ainda estou comendo caqui todo santo dia! Por isso achei que seria muito legal se eu achasse uma receita natalina com caquis. A primeira coisa que pensei foi naqueles pudins ingleses cozidos no vapor. Foi tudo muito auspicioso, pois não só achei duas receitas perfeitas, escolhi essa da Martha Steward, mas também calhou que eu tinha a forma de pudim perfeita, que tinha arrematado por meras patacas numa loja de segunda mão há muito tempo e nunca tinha usado. Minha forma alemã vintage era exatamente igual à da Martha Steward! Nunca tinha tido um alinhamento de circunstancias favoráveis tão perfeito como esse. Fiz o pudim pra ceia de Natal, gastei alguns caquis [que precisam estar maduríssimos] e arrasei Péris in Chammas com essa sobremesa linda e deliciosa. Gostei imensamente da textura e o creme chantilly com calvados é um complemento perfeito.

4 e 1/2 colheres de sopa de manteiga sem sal amolecida
2 xícaras de farinha de trigo
2 e 1/4 colheres de chá de canela em pó
3/4 colher de chá de noz-moscada ralada na hora
1/4 colher de chá de sal
1/4 de copo Calvados ou outro tipo de conhaque
1/4 xícara de sultanas [passas brancas]
3 a 4 caquis hachiya bem maduros
1 xícara de leite integral
1 e 1/2 xícaras de açúcar
3 ovos caipiras grandes
1 e 1/2 colheres de chá de extrato de baunilha puro
1 colher de sopa de suco de limão
1 e 1/2 colheres de chá de bicarbonato de sódio, dissolvido em 1 e 1/2 colheres de sopa de água quente
1 xícara de nozes, torradas e picadas grosseiramente
1/4 de xícara de gengibre cristalizado finamente picado
Fatias de caqui secas para enfeitar
Creme de Calvados para servir

Unte bem com manteiga uma forma de pudim onde caibam 12 xícaras de liquido [meça com água]. Encha uma panela bem grande com água até a metade, coloque uma grade ou uma cesta de cozinhar no vapor dentro. A panela tem que ser grande o suficiente pra caber a forma de pudim dentro. Peneire a farinha, as especiarias e sal numa tigela e reserve. Coloque o calvados e as passas em uma panela pequena e leve ao fogo até ferver. Retire do fogo e deixe descansar por 15 minutos. Escorra as passas e reserve.

Descasque os caquis ou apenas corte a ponta e esprema a polpa numa tigela. Meça 1 e 1/2 xícara de purê de caqui. Bata no liquidificador com o leite e reserve.

Coloque manteiga e açúcar na batedeira. Misture em velocidade média até ficar um creme pálido e fofo. Adicione os ovos, a baunilha e o suco de limão. Adicione a mistura de caqui em 2 vezes. Junte a mistura de bicarbonato de sódio e água. Adicione a mistura de farinha e misture delicadamente apenas para combinar os ingredientes. Junte as nozes, as passas e o gengibre. Despeje na forma preparada, cubra com uma folha de papel vegetal untado com manteiga com manteiga.

Na panela preparada com água, ligue o fogo alto até a água ferver. Reduza para fogo baixo. Coloque a forma de pudim dentro da panela com água. A minha forma tem uma tampa, mas para as que não tem tampa, feche com papel alumínio, lacrando bem dos lados. Cozinhe em fogo baixo por 3 a 3 horas e meia, verificando ocasionalmente para se certificar que nível da água dentro da panela não baixe muito. Adicione mais água quente se achar necessário.

Abra a tampa e teste para verificar se o pudim está cozido. Remova a forma de dentro da panela e coloque sobre uma grade para esfriar. Retire a tampa [ou papel alumínio] e o papel vegetal. Deixe esfriar mais 15 minutos. Vire o pudim sobre uma travessa e decore com caquis secos. Sirva com um creme com Calvados.

Cozinhei o pudim numa forma antiga de metal com uma tampa. Mas uma outra forma de pudim coberta com o papel vegetal e com folha de papel alumínio também funcionará.

Os caquis secos eu já tinha feito, cortando as frutas em fatias bem fininhas e secando num desidratador. Mas isso pode ser feito no forno, temperatura 250ºF/ 122ºC por 2 horas.

Para fazer o creme com cavados, bata 1 xícara de creme de leite fresco com 1 colher de sopa de açúcar de confeiteiro até formar picos moles. Junte 2 colheres [ou menos, se preferir menos forte] de Calvados e sirva.

doze!

doze anos

Doze meses multiplicado doze vezes, nem quero fazer as contas, mas já é bastante tempo. E é um tempo corrido, sem descansos, férias, sabáticos ou sumidas. Estou por aqui há 12 anos e isso é realmente notável. Até pra mim mesma isso é surpreendente! Nestes anos todos acho que já escrevi tudo o que poderia ter escrito sobre mim, minha cozinha, meus livros, meus métodos não ortodoxos, meu amadorismo culinário, meus fracassos, meu incessante levanta a poeira e dá a volta por cima, meus ingredientes, a fonte desses ingredientes, minha vida bucólica na minha pequena cidade norte-californiana, meus gatos, minha discreta família, meu apetite insaciável, minha política, meu liberalismo, meu trabalho que não é no blog e que eu adoro, minha vida social, meus amigos, minha história, minha herança, meu italianismo, meu portuguesismo, meu americanismo, as incertezas, as mudanças, as estações do ano e o que vem com elas, os aspargos da primavera, os tomates e figos do verão, as abóboras do outono, os cítricos do inverno, a louça vintage, as danças sozinha ou acompanhada na cozinha, o vinho, os brindes, as pequenas viagens, a paisagem da roça, os campos agrícolas, as colheitas, as folhas caindo, a falta que a chuva faz, o calor intenso, o frio cinzento, as caminhadas matinais, os cachorros agregados, todos os animais que eu amo e pelos quais eu sofro, um pêssego, um morango, uma cereja, uma maçã, o que eu fotografo, o que eu vejo, o que eu penso, o que eu sinto. Bem-vindos ao Chucrute com Salsicha, puxem uma cadeira, fiquem à vontade, vou servir um café, ou chá, ou uma taça de vinho, o que você prefere?

dei um pulo [no hemisfério sul]

Saímos de uma onda de calor fenomenal e embarcamos rumo ao inverno no hemisfério sul para ver toda a família e participar do casamento da nossa sobrinha. Foi uma viagem rápida e a agenda ficou lotada, com muitos eventos com as duas famílias e alguns reencontros de amigos. Não fiz muito, além de comer e conversar. Minha mãe achou muitos desenhos e rascunhos de pinturas do meu pai e eu trouxe alguns comigo. Me apego à coisas que me lembram da presença dele. Ele tinha muitas câmeras fotográficas e de filmagem, equipamento de imagem, muitas fotos, slides, filmes, CDS, K7s, livros, discos, um mundo de coisas, tudo muito bem organizadas. Trouxe comigo uma das maletas de fotógrafo dele, com câmera, lentes, flash, geringonça de fazer fotos com timer. Tudo muito bem arranjado dentro da maletinha de couro. Revi minha amiga de infância, que não via há 20 anos. Revi outra amiga de longa data. E o resto foi só família e comilança. Me esbaldei e comi tudo o que vi pela frente. Ganhei três quilos, mas valeu a pena! Comi maracujá, atemoia, muita banana, goiaba, carambolas docinhas, uva Niágara [fora de época, mas mesmo assim boa!], bala de coco, bananinha, beliscão, biscoito de polvilho, sequilhos, pipoca doce, bolo de fubá, pamonha, bolinho de bacalhau, mandioca frita, coxinha feita em casa, pudim, manjar, picanha, bacalhau, tutu de feijão, pão de queijo, palmito, empadinha, esfirra, nhoque de mandioca, macarronada e feijoada! Cheguei cansada e detonada por uma gripe. De volta para o verão tórrido, pros pêssegos e tomates, vamos retomar de onde parei.

CIA at Copia

Visitamos o antigo Copia— The American Center for Wine, Food & The Arts algumas vezes de 2002 à 2008, quando o local foi fechado por causa da crise econômica. Fiquei super triste e algumas vezes visitando o Ox Bowl Market em Napa, paramos no prédio do Copia para olhar como tudo estava. Por anos o prédio ficou fechado, com tudo intacto lá dentro. Até o mês passado, quando foi reaberto, agora incorporado pela CIA, o Culinary Institute of America.

O CIA at Copia vai ser um pouco diferente, pois vai oferecer aulas de culinária em cozinhas auditórios, mais ou menos no esquema da escola de culinária e usando os seus próprios recursos. No final de semana da abertura pudemos assistir a uma das classes e vimos que mais duas cozinhas estão sendo construídas. As aulas começam no final do verão. Fiquei extremamente feliz em ver esse espaço reaberto. O jardim que eles tinham, com uma horta e um pomar que abasteciam o restaurante Julia’s Kitchen, já não é tão prolífico. O restaurante mudou, o jardim também, mas o Copia está de volta e é isso o que mais importa.