Onze anos, hein? Quem diria. Passei o marco da década e comemorarei o décimo primeiro ano do Chucrute já de cara nova, o que eu sempre achei que nunca iria acontecer. Mas é necessário mudar. E como teve mudança nestes últimos onze anos. Como eu mudei desde este primeiro post onde quase tudo que eu dizia já não é mais tão real. Hoje gasto muito mais tempo cozinhando do que precisaria, mas gosto tanto de cozinhar e de ficar praticando minha meditação preparando, descascando e picando ingredientes, que até aboli outros hobbies. Nestes onze anos posso dizer que evoluí e que fiz muito mais comidas gostosas do que gororobas. Mudou cidade, mudou casa, mudou gato na cozinha, mudou panelas, mudou louça, mudou objetivos, mudou rotina, mudou tanta coisa, mudou, evoluiu e melhorou, não concorda? Então, acho que onze é um excelente número pra se comemorar!
Categoria: datas comemorativas
h a p p y ◎ ◦ ● h a l l o w e e n
Estamos prontos, todo halloween é a mesma coisa, a mesma decoração, as mesmas balas e centenas de crianças batendo na nossa porta. A única diferença é que este ano vai ter chuva!
[mais um] bolo de aniversário
Pro aniversário do meu marido eu fiz este bolo. Foi um final de semana agitado, porque o parceiro do meu amigo também fez aniversário, um dia antes, e fui convocada para fazer um bolo para a festa. Dois bolos num final de semana. Dois bolos de festa. Os dois bolos iriam ser servidos pra pessoas que eu não conhecia muito bem, pois lembrem-se que eu levei o bolo pro Uriel na festa das vizinhas. Pensei bem e decidi fazer a receita deste bolo de festa que eu tinha certeza que daria certo. Aprendi minha lição de não inventar moda nessas ocasiões. Pro meu amigo recheei com as framboesas cozidas, como está na receita, e fiz a cobertura cor de salmão e decorei com confeitos verdes e rosas. Ficou mais bonito do que saiu na foto e fez muito sucesso com os convidados [ufaaaa!]. Pro bolo do Uriel caprichei um pouco mais e fiz um recheio mais elaborado, com uma camada de compota de morango feita com casa [cozinhei morangos frecos com açúcar de coco], outra camada de chantilly [adicionei um pingo de mel e outro de água de rosas] e outra camada de morangos frescos cortados em fatias finíssimas. Fiz uma pataquada absurda batendo o creme de leite em chantilly. Com a batedeira portátil ligada na tomada, fui ajustar os batedores, encostei no botão, o negócio ligou na velocidade máxima com um dos meus dedos enroscado num batedor. Levei um susto enorme, consegui desligar tudo e achei que meu dedo tinha quebrado, mas felizmente não quebrou, tive muita sorte. Assim aprendi outra lição––SEMPRE DESLIGUE todos os utensílios elétricos da tomada quando estiver mexendo nas partes! Depois dessa, com o dedo inchado e dolorido, terminei de fazer o bolo, com a cobertura na cor natural e confeitos multi-coloridos. Ficou absolutamente delicioso!
primeiro de janeiro
26 de novembro
Happy Thanksgiving!
—a dona do avental
D E Z
E não é que dia após dia, semanas depois de semanas, meses e mais meses, um bocado de anos, finalmente cheguei a esse milestone dos dez anos! E é justamente quando o Chucrute com Salsicha comemora dez anos que eu estou sem ter muito o que dizer. Só tenho que agradecer por tudo o que aprendi durante esses anos—cozinhando, escrevendo, fotografando e podendo oferecer este espaço para quem quiser frequenta-lo e usa-lo. Obrigada a todos que sempre aparecem por aqui, me deixam um recadinho, comentando nas minhas aventuras e desventuras. Espero que este blog seja tão útil e gostoso pra vocês quanto é para mim. Tenho usado muito os arquivos para refazer receitas e fico feliz que agora tenho DEZ anos de ideias diferentes e bacanas para relembrar e refazer. E como penso que não estou pronta para me aposentar, nem jogar esse chapéu, tenho certeza que muitas receitas boas ainda estarão por vir. Um brinde e vamos em frente!
almoço para três [sem gorjeta]
Essas fotos são de uma pequena viagem que fizemos com minha mãe em janeiro [sim, JANEIRO!] por Napa e Sonoma. Coloquei as fotos na lista de publicáveis e quis muito publicar, mas a carroça foi se movendo, o ano foi acontecendo, o tempo passou e nunca que consegui colocar as fotos e a história das fotos aqui. Sim, porque tem uma história, que eu achei que valia a pena contar. Como título eu poderia até sugerir “O Garção Punk” e subtítulo “Nossa Segunda Experiência dando ZERO de Gorjeta”. Quero destacar que realmente não é comum esse tipo de coisa acontecer com a gente por aqui, ainda mais neste país onde “O Consumidor Está SEMPRE Certo”.
Rodamos por Sonoma e paramos para almoçar num restaurante super fotogênico nas cercanias da cidade chamado The Fremont Diner. Tudo parecia perfeito, clima, locação, comida, tivemos que esperar um pouquinho, mas achamos que iria valer muito a pena. Eles servem lá uma comida caipira de raiz, com pratos típicos dos EUA, como frango frito, hamburger, grits, macaroni cheese, eteceterá. Achamos fofo que eles serviram nosso sparkling wine num copo de geléia. Estávamos escolhendo os nossos pratos e o Uriel sempre indeciso chamou o garção—um moço magro e alto vestido com camiseta de banda punk, jeans e jaqueta de couro.
U—quanto de frango vem no prato “meio-frango”?
G—meio-frango é…. MEIO FRANGO.
{risadas amarelas}
Fizemos nossos pedidos, incluindo um “pimento cheese” de entrada. Demorou um pouco e chegou uma sopa e um sanduíche de queijo. Confusa, chamei o garção.
F—desculpa, estou confusa, acho que pedi um pimento cheese…
G—EU TE PERGUNTEI, VOCÊ QUER UM PIMENTO CHEESE OU UM GRILLED CHEESE E VOCÊ DISSE GRILLED CHEESE!!
F—acho que você me confundiu com outra pessoa, eu pedi pimento..
G—VOCÊ DISSE GRILLED E AGORA VOU TER QUE RETORNAR ISSO PRA COZINHA, QUE BOSTA!
{silêncio mortal}
O garção levou o sanduíche de volta, trouxe o pimento, que foi bem decepcionante, trouxe a comida, que achamos mais ou menos, trouxe um outro prato que não pedimos, devolvemos, trouxe a conta errada cobrando ítens que não tínhamos pedido, voltou com a conta final. Até broxamos de pedir sobremesa, mas antes de pagar o Uriel chamou novamente o fulano.
U—o que foi que houve com os pedidos? teve algum mal entendido?
G—o problema é que ELA fala muito baixo, eu ainda perguntei se era grilled ou pimento cheese e ela fala muito baixo e eu ouvi grilled.
Okay, ele teve a chance de se desculpar, de se redimir pela grosseria, mas não aproveitou. Deixamos apenas o dinheiro para o total da conta. Sem gorjeta. No tip for you, asshole! Sonoma e Napa são regiões lindas, adoro passear por lá, mas nunca mais vamos parar nesse diner, que parecia muito legal, mas a experiência foi totalmente arruinada por um garção grosso e desequilibrado.
bolo maltado de chocolate
Meu marido é uma dessas pessoas que não liga para comemorações do próprio aniversário. Eu ligo muito, mas ele não se importa tanto. Mesmo assim eu tento sempre fazer um bolo. Este ano eu perguntei que tipo de bolo ele queria e a resposta foi bem simples e direta—chocolate. Então procurei por uma receita que fosse diferente de tudo que já fiz até hoje com chocolate e achei a desse bolo com leite maltado. Gostei que fez um bolo pequeno, assim não tivemos que ficar comendo sobras por dias e dias. Também gostei da ideia de usar pela primeira vez o malted milk, que faz parte há muitos anos da minha cultura musical através do meu bluesman ídolo, Robert Johnson.
“Baby, fix me one more drink, and hug your daddy one more time. Keep on stirrin’ my malted milk mama, until I change my mind”
para o bolo:
1 e 1/3 de xícaras de farinha de trigo
1/4 xícara de cacau em pó sem açúcar
1/4 xícara de leite em pó maltado [malted milk powder]
1 colher de chá de sal kosher
1 colher de chá de bicarbonato de sódio
1/4 colher de chá de fermento em pó
2 ovos caipiras grandes
1 gema de ovo caipira grande
1 e 1/2 xícara de açúcar
1 xícara de buttermilk
1/3 xícara de óleo vegetal
1/2 colher de chá de extrato de baunilha
3/4 xícara de café esfriado
2 colheres de sopa de açúcar mascavo
para a cobertura
85 gr de chocolate amargo picado
1/2 colher de chá de extrato de baunilha
1/2 xícara de creme de leite
1/4 xícara de leite em pó maltado [malted milk powder]
1/4 colher de chá de sal kosher
Pérolas de chocolate e bolas de malte picadas grosseiramente para decorar
Preaqueça o forno a 350°F/ 176°C. Unte uma forma de pão com óleo e forre com papel vegetal, deixando uma aba extra dos lados. Misture a farinha de trigo, o cacau em pó, o leite em pó maltado, o sal, o bicarbonato de sódio e o fermento em pó em uma tigela grande. Numa outra tigela bata os ovos, a gema de ovo e 1 1/2 xícaras de açúcar apenas para misturar. Adicionar o buttermilk, o óleo, o extrato de baunilha, e 1/2 xícara de café, mexendo apenas para misturar. Aos poucos, adicione a mistura liquida aos ingredientes secos, mexendo delicadamente com uma espátula de borracha ou uma colher de pau. Coloque a massa na forma preparada mas não encha até o topo ou o bolo vai transbordar. Eu enchi e transbordou muito! Se a forma ficar muito cheia, coloque o restante da massa numa outra forma pequena. Leve ao forno e asse por 60-70 minutos ou até que a massa esteja completamente cozida no centro.
Misture o açúcar mascavo, o 1/4 de xícara de café restante, mexendo para dissolver o açúcar. Transfira bolo para uma grade e pincele com a mistura de café e açúcar. Deixe o bolo esfriar completamente na forma antes de desenformar. Prepare a cobertura. Coloque o chocolate e baunilha em uma tigela média. Numa panelinha colocar o creme de leite, o leite em pó maltado e o sal e levar ao fogo. Quando estiver quase fervendo retire do fogo e despeje sobre a mistura de chocolate. Deixe descansar por 5 minutos. Mexa delicadamente com uma espátula de borracha até que o chocolate esteja totalmente derretido e mistura bem lisa. Despeje a cobertura sobre o bolo desenformado e colocado num prato ou travessa. Decore com as bolas de malte e pérolas de chocolate. Eu usei somente as bolas de malte. Deixe o bolo descansar por 30 minutos antes de servir.
primeiro dia
No primeiro dia nós acordamos tarde e eu fiz café, tostei pão de queijo asiago e pimenta na frigideira. Estava frio, o Uriel lavou a louça e começamos a fazer o almoço. O Scott chegou ao meio dia com um carro esporte cor de laranja, eu coloquei o almoço na mesa e eles foram conversar com a vizinha. Nós almoçamos conversando em inglês e português, o vinho excepcionalmente não era californiano, porque achei um neozelandês com toques de grapefruit que combinou muito bem com o presunto assado. Acendemos a lareira, minha mãe tirou uma soneca na companhia do Roux, eu fiz coisas no laptop e tirei fotos. Fomos caminhar, estava muito frio, voltamos e fomos beber café mas eu escolhi tomar uma ginger beer. Compramos pão fresquinho, fizemos sanduíches com as sobras do presunto, todos quiseram uma xícara de chocolate quente, lavamos e guardamos a louça, abrimos o facetime e estamos na sala neste momento esperando para falar com o Gabriel, que está em Portland. Pretendemos dormir cedo.