Gourmet — primeira e última

Gourmet Gourmet
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Quem não lamentou o fechamento da Revista Gourmet? A notícia foi uma grande surpresa e deixou muita gente triste e atônita, pois a revista tinha história. Ela não era apenas uma revista lançada ontem, mas uma publicação com sessenta e oito anos de currículo. Pelas páginas da Gourmet passaram muitos nomes famosos, entre eles o de M.F.K. Fisher. A Gourmet era única e vai deixar um imenso vazio. Quando recebi meu último exemplar, levei uns dias para abrí-lo, pois me senti um pouco melancólica. Deu pra perceber que a decisão da editora foi súbita, pois nada nessa edição tem cara de despedida ou de fim. Confirmei essa sensação quando ouvi a entrevista com a Ruth Reichl na NPR onde ela relata a surpresa e a tristeza do encerramento inesperado da revista.

Anos atrás eu tinha corrido os olhos pela coleção da Revista Gourmet da biblioteca da UC Davis. Eles têm lá TODOS os exemplares, desde o número um, publicado em janeiro de 1941 até este último, datado de novembro de 2009. Pra mim resta o consolo de poder rever qualquer número da revista a qualquer hora. Publiquei minhas impressões dos primeiros números da Gourmet de 1941 e as da Gourmet de 1971, que já tinham uma cara bem diferente.

Hoje escolhi publicar, junto com a capa e umas páginas do último número, a capa e o conteúdo do primeiro número, para dar uma idéia do quanto a revista evoluiu nos últimos sessenta e oito anos. O número um trazia um desenho de uma cabeça de javali assada na capa e as páginas internas eram na maioria em preto & branco. Percebe-se no conteúdo a clara e onipresente influência francesa, que naquela época parecia ser a única referência para a alta gastronomia mundial. Hoje não é preciso mais colocar menu em francês para parecer chique e sério. Os EUA já fixaram terrítorio no mundo gatronômico e mesmo sem a preciosa contribuição da revista Gourmet, acredito que vamos continuar evoluindo, sempre para melhor.

arroz, feijão, banana frita

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No dia em que fui visitar o Old Town em San Diego, peguei o trolley e marquei de encontrar a Brisa por lá. O lugar é super bonitinho, cheio de museus, lojinhas e restaurantes. É uma réplica túristica de uma cidadezinha do tempo das missões, muito no estilo da nossa Old Sacramento, que reproduz uma cidade da corrida do ouro. Em Old Town abundam restaurantes mexicanos—dos que clamam serem tradicionais, com os atendentes vestidos em trajes tipicos dos pueblos mexicanos, até os super modernês, que transformam o ambiente e o cardápio numa fiesta hip-hop para atrair a turma jovem e pop. Estava um calorão, eu já estava com uma fome daquelas e não gastamos muito tempo escolhendo um lugar pra comer. Avistamos uma pequena casinha com um cardápio de comida latinoamericana. Resolvemos testar. Era uma opção diferente. O restaurante estava vazio e a atendente nos paparicou, conversando bastante. Ela, mexicana, nos contou que a cozinheira dedicadíssima era chilena. No cardápio tinha pelo menos um prato de cada país, desde Chile até Peru e Venezuela. O Brasil figurava com um vatapá. Era tanta opção diferente, que minha librianice emergiu me prevenindo de fazer qualquer escolha. Como a Brisa é vegetariana, resolvemos ir de feijão com arroz e banana frita. Pedimos também uma salada de laranja com azeitonas espanholas, que estava uma delícia, apesar de um pouco alhuda demais pro meu gosto. O prato principal veio com arroz, feijão, salada de repolho raladinho, banana frita e salsa. De quebra ganhamos tortillas com salsa verde. Comemos muito. Eu devorei as bananas de uma maneira beirando a falta de modos. Foi uma refeição muito boa, que nem sobrou espaço pra sobremesa. O restaurante, que leva o nome da cozinheira, se chama Berta’s.

coconut bliss

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Sou daquelas que não pode ver nada diferente ou inusitado, que já me dá os siricoticos de provar. No meu Co-op, o freezer de sorvetes abunda com idéias interessantes. Sempre vejo sorvetes feitos com todo tipo de ingrediente alternativo, como este feito com leite de arroz. Desta vez parei nesses feitos com leite de coco, oferecido em vários sabores. Comprei o de cereja com amaretto. Na primeira colherada já se percebe o sabor do leite de coco, que é muito forte para ficar apenas como ingrediente de base. Infelizmente pra mim, o gosto do coco se destacou mais do que os outros sabores. Não achei o melhor sorvete do mundo, mas o meu marido não teve a mesma opinião e devorou tudo sozinho.

vou ali e já volto

Vou tomar a liberdade de enviá-los, sem guia, para as catacumbas do Chucrute. Podem explorar, sem medo, pois lá só tem coisa boa. Enquanto isso eu vou sair numa micro-férias. Divirtam-se e até breve!
ler.jpgMy many colored days
ler.jpg educando fezoca
ler.jpg o prato ambulante
ler.jpg thank you, miss carousel
ler.jpgquatro musas
ler.jpgo pudim & o Oscar
ler.jpgsomos nozes, castanhas & amêndoas
ler.jpgninguém engana o lobo

[presente de grego]

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ou melhor—presente de uma norueguesa engraçadinha…
Fomos jantar com a Reidun, o Idar e a Marianne e a Reidun me trouxe presentes, como ela sempre faz. Desta vez foram mudas de gerânio e de suculentas e este magnifico livro. Todo mundo deu risada porque me dar um livro desses é realmente uma galhofagem. A Marianne sugeriu que eu preparasse um jantar completo usando as receitas do livro e depois colocasse aqui, só para ser do contra. Sabendo da minha relação controversa com o tal do microondas, vocês podem imaginar a minha cara.
O Livro é de 1987, quando os microondas eram o triunfo da modernidade na cozinha, e tem mais de seissentas receitas. Barbara Kafka explica tudinho nos micro detalhes, os truques, os utensílios, as estratégias para abandonar o fogão comum definitivamente. A onda dos microondas deve ter sido poderosa por aqui, pois a autora tinha uma coluna sobre como cozinhar com microondas no jornal New York Times e nas revistas Vogue e Family Circle.
Microwave Gourmet deve ter sido um must. Esse exemplar tem de lambuja anotações feitas a lápis com uma letra de mão primorosa em várias receitas e alguns recortes de jornais da época, completamente amarelados, cheios de receitas e idéias revolucionárias. Microondas economiza energia e tempo! Felizmente mudamos nossa maneira de pensar e de cozinhar e hoje tudo isso só serve para nos fazer rir e nos espantar.

The Natural

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Esse assunto já é recorrente por aqui, mas eu não poderia deixar passar mais essa bufonice sem comentar. Vimos pra vender a nova Pepsi-Cola chamada de Pepsi Natural. Ela vem na garrafinhas de vidro, como era feito nos tempos longínguos e é adoçada com uma mistura de açúcar de cana e de beterraba.
Sim, vocês leram corretamente: essa Pepsi ganhou o adjetivo de NATURAL porque não é adoçada com o vilão da hora—o high fructose corn syrup [HFCS], mas sim com o ex-vilão regenerado, o nosso velho conhecido AÇÚCAR. É claro que a Pepsi Natural custa mais caro, pois afinal ela lhe dá aquela sensação de tranquilidade, que só os produtos naturais podem oferecer.
Ufa, não tem HFCS! Que alivio, hein? Voltamos para o ponto em que estavamos trinta anos atrás, só que agora com um atestado de confiança, pois essa Pepsi é Natural.
»o Uriel não aguentou a curiosidade e provou a nova bebida, que ele disse ter gosto de—Pepsi. eu passei, porque na minha cabeça essa troca de ingredientes simplesmente não faz diferença.

A evangelização segundo MP

Enquanto procurava por um itém da minha lista de compras pelas prateleiras de um dos corredores do Co-op, vi uma menina analisando uma dessas caixas tetrapak de leite de aveia ou arroz com grande concentração. Passei por ela e ainda na busca do que queria comprar, ouvi ela perguntar para um cara mais velho, que eu assumi ser o pai dela:
[garota]: o que você acha deste aqui?
[pai]: você não sabe que não devemos comprar nada que tenha componentes que você não entende o que é e nem consegue pronunciar na lista de ingredientes de um produto?
[garota]: mas eu conheço esses ingredientes e consigo pronunciar todos!
[pai]: bom, compre então só pra você, que eu não vou consumir isso.
[garota]: não parece nada mal.
[pai]: você não sabe que não deve comprar produtos que a sua avó não reconheceria como comida?
[garota]: mas minha avó com certeza reconheceria isso!
[pai]: você que sabe…
Não pude prolongar mais a minha parada ali com o ouvido esticadão. Segui em frente a contragosto e não vi o final da história—se a menina levou ou não o leite de caixinha que o pai criticava. Reconheci o discurso do pai, que não citou nenhuma fonte, mas que certamente saiu da leitura dos livros do Michael Pollan.