Para estrear o The Perfect Scoop do David Lebovitz que ganhei da querida Bri, decidi fazer a receita do sorvete de damasco seco com pistacho. Adoro esses dois ingredientes e acho que eles casam muito bem. Como o Lebovitz relata, os damascos secos da Califórnia são imbatíveis e foi o que usei. Também os pistachos são californianos. Aliás, o assunto aqui em casa agora é pistacho, já que o Uriel já está passando dias lá na fazenda dos dito cujos, preparando a maquinaria que vai ser testada durante a colheita. O sorvete ficou divino pro meu gosto, com a acidez adocicada da fruta misturada com a crocância dos verdinhos. Mas não foi sucesso absoluto de público e crítica, pois alguém não gostou e não comeu. Azar o dele, sobrou mais pra mim!
Dried Apricot-Pistachio Ice Cream
140 g/ 5 ounces de damascos secos cortados em quatro
[use os da California, se for possível]
3/4 xícara / 180 ml de vinho branco, seco ou doce
1/2 xícara / 70 g de pistacho sem a casca
2/3 xícara / 130 g de açúcar
2 xícaras / 500 ml de half-and-half *creme de leite diluído
Algumas gotas de suco de limão fresco, espremido na hora
Numa panela coloque os damascos picados e o vinho. Deixe cozinhar por 5 minutos, desligue o fogo, tampe a panela e deixe descansar por mais ou menos uma hora. Pique os pistachos com uma faca.
Bata os damascos no liquidificador com o açúcar, half-and-half e suco de limão. Deixe a mistura gelar um pouco e então coloque na sorveteira. Quando o sorvete já estiver cremoso, adicione os pistachos picados.
Autor: Fer GuimaraesRosa
sorvete de damasco seco
Mousse de chocolate
Peguei essa receita de mousse de chocolate no jornal Folha de São Paulo. Gostei dessa versão, que eles chamam de “light”, por não conter as gemas, mas sim as claras de ovos. Resolvi experimentar. É um doce que vai agradar muito aos chocólatras e que de light só tem o nome. Achei bem forte e não consegui comer nem um potinho inteiro. Tem que ser servido com frutas frescas, pra contrabalançar a robustês do chocolate. Usei uma barra de Lindt 85% cacau e não coloquei as raspas de laranja, pois elas estavam na lista de ingredientes, mas não apareceram no modo de fazer, portanto eu deixei passar. Mas acho que as raspas adicionariam um toque elegante extra. Como fiquei com medo de misturar o chocolate nas claras muito vigorosamente, o mousse ficou com brancos do suspiro visíveis. Mas não comprometeu em nada o sabor, só o visual que ficou funky.
Mousse de chocolate
Tempo de preparo: 20 minutos, mais 2 horas para resfriar
Rendimento: 4 porções
100 g de chocolate escuro [com, pelo menos, 70% de cacau] quebrado em pedaços
3 claras de ovos
1/2 colher de chá de vinagre de framboesa ou de maçã
100 g de açúcar de confeiteiro
raspa da casca de 1 laranja
morangos ou framboesas, para decorar
Ponha o chocolate em uma vasilha refratária, sobre uma panela de água fervente. Aqueça-o até que derreta, mexendo de vez em quando.* pode derreter no microondas também.
Misture as claras de ovos, o vinagre e o açúcar em uma vasilha refratária, colocada sobre uma panela com água começando a ferver. Bata a mistura com uma batedeira elétrica de mão, por 5-8 minutos, até que fique firme. * não deixe a água ferver, nem a vasilha encostar na água—esse processo vai cozinhar as claras, o que é muito importante [lembrem-se da odiosa salmonela!]
Tire as claras em neve do fogo, depois misture com cuidado o chocolate derretido, até que fique homogêneo. Coloque em 4 forminhas. Deixe esfriar, depois refrigere por, pelo menos, 2 horas. Decore com os morangos e sirva.
receba as flores
bacalhoada fresca
O bacalhau salgado é uma iguaria cara e não muito comum por aqui. Mas o bacalhau fresco é abundante. Então decidi fazer uma bacalhoada fresca. Não fica a mesma coisa, mas quebra um galho e ajuda a amansa as lombregas, que já ouviam um fado e bebericavam vinho verde por antecipação da comilança.
Fiz no fogo. Numa panela de ferro coloquei uma camada de cebola em fatias finas, uma camada de batata em fatias finas, dois filés de bacalhau [Rock cod] temperados com sal marinho e pimenta do reino moída, por cima do peixe mais uma camada de cebola, outra de batata, uma camada de pimentão verde em fatias finas e azeitonas pretas. Salpiquei um pouco de sal e pimenta e reguei com bastante azeite. A panela tampada ficou em fogo médio por uns 15 minutos.
pêra asiática
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a hora e a vez do bolo
Quando me dá aquela vontade de comer algo gostoso lá pelas três da tarde, eu caminho até a Coffee House da UC Davis e invisto $1.25 numa fatia de bolo. Não é qualquer fatia de bolo, mas um bolo, aquele bolo, o bolo especial, que pra mim é bem parecido com o bolo feito em casa—feito por alguém com mão boa pra fazer bolo. Eles não têm nada de especial, são branco, com poppy seeds, ou com limão, com purê de maçã, de chocolate, receita especial da tia de alguém, sempre com uma cobertura de açúcar e manteiga, que eu cuidadosamente romovo com o garfo antes de comer. Eu adoro esses bolos, porque eles são feitos from scratch pelos estudantes que trabalham na Coffee House, com ingredientes locais e fresquinhos. Pra mim é sem dúvida o melhor bolo da cidade! A Coffee House tem um profile bem interessante, pois é administrada por estudantes, que fazem de tudo, desde organizar o cardápio, fazer a comida e vendê-la diáriamente para os milhares de outros estudantes que passam por lá. A CH consome toneladas de ingredientes fresquinhos adquiridos de business locais. A fazenda da UC Davis, onde eu pego meus legumes e verduras orgânicos semanalmente, é um dos fornecedores.
A hora do bolo é uma hora auspiciosa. Caminho até a Coffee House, escolho o bolo, volto caminhando, removendo a cobertura e devorando o bolo fofinho e macio, no mais popular estilo dos pratos ambulantes. Quando chego no meu prédio, com o prato vazio, apenas o garfo e o creme da cobertura amassarocado num canto, estou feliz, extremamente feliz!
mais ou menos normal
Foi uma recepção matinal muito mais simpática, com o meu novo IMac me esperando. Ele é um pouco maior que o meu velho-surrupiado, portanto vou poder me espalhar mais. O porém é que apesar de todos os files terem sido restaurados, algumas preferências se perderam e passei a manhã colocando tudo no lugar. Tive que trocar alguns passwords e foi mais trabalhinho chato. Eu sou daquele tipo acomodado, que deixa tudo salvo pra nãoo precisar me preocupar. Bom, hoje tive que rebolar um pouquinho. Felizmente tenho ajuda de uma técnica e de um programador, e aos poucos voltarei à rotinazinha de sempre.
para beber com os amigos
Fomos ao restaurante italiano com os dois casais de professores espanhóis. Foi interessante ouvir os comentários deles sobre a comida. Sem empáfia nenhuma, somente com aquele conhecimento de quem viaja muito, por ter mais facilidade para viajar. Nós, habitantes do vasto continente americano, ficamos embasbacados com a possibilidade de dirigir por algumas horas e mudar de país. Aqui levamos o mesmo tempo para cruzar um estado. Os espanhóis podem facilmente comer comida italiana na Itália, o que é bem diferente de comer comida italiana aqui. Mas eles gostaram, overall. Eu sugeri um vinho zinfandel para acompanhar as massas, somente porque é uma variedade muito comum na Califórnia. Na hora da sobremesa, ao invés de pedir aqueles doces meia-boca de sempre, resolvemos pegar doces caprichados do Ciocolat e degustá-los em casa, acompanhado de alguma bebida. No meu esquemão, já fui sugerindo um café, um chá? As caras não disfarçaram um muxoxo. Ah, mas vamos tomar um Porto. As faces alegraram-se. Bebericaram Porto , Amarula e Pinga de Banana. Eu fui de Pastis e o Uriel de Ginger Beer [ele não bebe mais álcool]. Um encontro assim animado, no meio da semana, não é muito comum. Conversamos muito, o Roux tentou fazer amizade com todos, até com quem disse na bucha que não gostava de gatos [taí a prova de que ele é uma criatura não muito inteligente]. Falamos até de política. O casal mais velho chegou em Davis pra fazer seu doutorado durante o Summer of Love—quarenta anos atrás. Ele nos contou algumas coisas engraçadas. Depois confessou que tinha três detalhes no seu currículo acadêmico dos quais ele não se orgulhava muito.
—meu diploma de graduação assinado por Francisco Franco; meu diploma de mestrado assinado também pelo Francisco Franco; e meu diploma de doutorado assinado pelo Ronaldo Regan!
—Ha Ha Ha Ha!
—Salud! Tin-tin! Cheers!
ziriguidummmm
Cheguei no trabalho às oito da manhã e a policia já estava no prédio. Criminosos adentraram o recinto e levaram o meu computador, o da jornalista e o do estagiário—os três IMacs sem torre e portanto fáceis de carregar. Tudo meu lá dentro, trabalho e pessoal. Eu já tinha sido avisada que iria ganhar um computador novo, com monitor maior e mais memória, mas nao seria hoje. O roubo só apressou o processo. Estou usando um MacBook, onde não tenho nada e ainda estou completamente perdida. Até a tarde tudo estará resolvido, mas o gosto amargo de ter sido roubada permanecerá por um tempo. A Universidade da Califórnia está revendo e implementando medidas de segurança mais rígidas, porque esse tipo de roubo tem acontecido com certa frequência.
* amanhã cedo já terei meu computador novo, com tudo o que tinha e que preciso dentro. felizmente, os meliantes praticaram o furto depois do back up semanal do sistema, então tudo vai ser facilmente recuperado. senão eu teria perdido parte do trabalho que fiz nesta semana. isso sim iria ser um pêoherreerreêh.
** o mundo está se brutalizando e trancar virou imposição.
roxo, da cor da violeta
Foi um montão de blueberries, raspas de limão, Limoncello, o licor de limão italiano, açúcar demerara e creme de leite diluído, o half-and-half. Mesmo assim não empolgou. Por quê? Não sei. Pra mim pode ter sido as blueberries, porque não acho que elas são o fino da bossa, muito pelo contrário. Acho essas frutinhas muito das sem graça. Também pode ter sido o half-and-half, que não ajudou a dar corpo ao sorvete. Deu pra comer—como diz o meu marido, mas não nos arrebatou em entusiasmo, não nos fez murmurar hmmms e owhhhs. Houve um momento de silênco, mas foi de constrangimento: devo confessar que não gostei? Mas a cor ficou linda, uma coisa toda violeta, bem ornamental.
