Uma mini salada, para usar os mini tomates e as mini mussarelas. Ficou uma mini caprese, adornada com mini folhas de manjericão fresco. Foi nosso almoço no feriado, acompanhado de uma focaccia com pesto e alcachofra, que compramos na padaria de Pescadero.
Autor: Fer GuimaraesRosa
[caranguejo]
the italian pantry I
Ingredientes fundamentais na cozinha italiana
segundo Marcella Hazan
Aliche/Anchovas/Anchovies
acciughe
Esse peixinho é um ingrediente básico em muitas receitas, geralmente escondida no meio de outros ingredientes, usados apenas para realçar o sabor. E como realça! As melhores anchovas são as grandonas, compradas inteiras, que você remove as espinhas, dessalga e põe de molho no azeite. Segundo Marcella, as em lata são aceitáveis, mas você deve escolher as de melhor qualidade. Quanto mais barato, maior será a quantidade de sal adicionada ao peixe e menor será o sabor. Então vale a pena investir num produto de qualidade, um pouco mais caro, mas que vai dar melhor resultado.
Vinagre Balsâmico/Balsamic
aceto balsâmico
Outro item que Marcella enfatiza que o mais caro é o melhor. Na década de 80 houve uma popularização desse tempero e o que se encontra hoje por aí à preços ridiculamente baratos é apenas um vinagre comum adicionado de açúcar mascavo para dar cor e sabor. Mas não tem nada a ver com o verdadeiro aceto balsâmico, que é um néctar que ficou envelhecendo por muitos anos e deve ser usado em gotas, apenas para realçar o sabor de alguns pratos.
Basilicão/Basil
basilico
Usar SEMPRE as folhas frescas, em temperatura ambiente. NUNCA as folhas secas ou em pó. O basilicão fresco tem um sabor especial, que o cozimento destrói. Acrescentar as folhas picadas com as mãos no último minuto ou imediatamente antes de servir. Se já não encontrar basilicão fresco, espere até a próxima temporada.
Louro/Bay
alloro
Um dos temperos mais versáteis da culinária italiana. Dá um sabor especial à pratos salgados e doces. Use sempre a folha inteira, quebrada com as mãos. Nunca use louro em pó.
Feijão/Beans
fagioli
Se não houver os feijões frescos, use os secos. Proceda deixando de molho e cozinhando lentamente, sem acrescentar sal.
* dicas para cozinhar feijão.
Farinha de pão/Breadcrumbs
pangrattato
Sempre feito em casa, sem temperos. Usar pão amanhecido, moer bem fininho e depois secar por alguns minutos no forno médio ou numa frigideira de ferro, no fogo.
Caldo/Broth
brodo
Fazer um caldo leve com legumes, carne e os ossos para dar substância. Não use carne de porco nem de carneiro. Use caldo feito com miúdos e ossos de frango com parcimônia, pois seu sabor interfere muito no resultado final do prato. O caldo italiano não é reduzido e pesado, como o francês, pois é apenas aromatizado com os legumes e a carne.
a cozinha da nossa casa
É notório o desdém que Julia Child tinha pela cozinha italiana, que ela considerava desinteressante. Mesmo assim, ela e Marcella Hazan sempre mantiveram um relacionamento amigável. Hazan é considerada uma autoridade em culinária italiana e a responsável por introduzir as técnicas tradicionais dessa cozinha nos Estados Unidos e Grã Bretanha. Hazan é para a culinária italiana, o que Julia Child é para a francesa. Com o pequeno—porém notável—detalhe que Julia não era francesa, mas Marcella é uma italiana, nascida em 1924 na vila de Cesenatico, na região da Emilia-Romagna.
Por mais que eu adore a Julia Child, tenho que discordar da opinião dela com relação à comida italiana e ficar totalmente ao lado da Marcella Hazan. Em The Classic Italian Cook Book, seu primeiro livro de culinária publicado em 1973, Hazan bota os pingos nos is com relação à mal interpretada comida italiana, que não consiste apenas do batido espaguete com porpetas ou da inevitável polenta. Ela afirma que o termo “comida italiana” é totalmente equivocado, pois a Itália é um país dividido em muitas regiões, cada qual com suas caracteristicas e sua cozinha especifica. Ela diz que a única cozinha que pode ser considerada a verdadeira cozinha italiana é la cucina di casa, ou seja, a comida que se prepara rotineiramente nas casas italianas. Nós, brasileiros, sabemos muito bem como funciona essa história de culinária regional, e eu que cresci numa casa brasileira totalmente influenciada pelos meus antepassados italianos da região da Basilicata do meu lado materno, percebi bem cedo a predominância dessa culinária regional italiana na minha família. Nas festas sempre apareciam muitos pratos tradicionais, adaptados aos ingredientes brasileiros.
Os ingredientes que sempre predominaram na cozinha e na despensa na casa dos meus pais e dos meus tios e tias, são os mesmos que Marcella Hazan explica em detalhes no seu livro. Estou encantada. Vou comentar sobre o que já li até agora, na sequência.
gelado de morango
Os morangos da Swanton Farm que nós não devoramos puro, viraram sorvete. A receita é a basicona—uma parte de creme de leite fresco, meia parte de leite integral, os morangos cortados ao meio, mel a gosto e uma dose de licor Grand Marnier. Bater tudo ligeiramente no liquidificador e colocar na sorveteira. Não bata muito, para que os morangos não se desfaçam totalmente e o sorvete ganhe pedacinhos da fruta aqui e ali. Foi um dos sorvetes mais elogiados que eu já fiz!
Duarte’s Tavern
Depois de colher os morangos na Swanton Berry Farm o GPS nos levou até Pescadero para um almoço na Duarte’s Tavern. Chegamos na minúscula cidade e fomos direto para o restaurante, que estava lotado, com muita gente esperando na porta. Colocamos o nosso nome na lista de espera e recebemos o aviso de que teríamos que esperar por 45 minutos. Achei que valeria a pena e para passar o tempo fomos visitar as lojinhas de antiguidades e de artes da rua principal da cidade. A história do restaurante é interessante e começou em 1894 quando o patriarca Frank Duarte trouxe um barril de whiskey de Santa Cruz até Pescadero e vendia as doses em cima do balcão do bar, que ainda é o mesmo. A família Duarte tem tocado o local desde então. Hoje eles têm muitos funcionários, mas os membros da família continuam trabalhando lá. Vimos alguns deles, apressados, servindo pratos, conversando com os comensais.
Nós sentamos no balcão, o que nos poupou alguns minutos de espera. Eu confesso que adoro sentar nos balcões de restaurante! Acho o atendimento mais cuidadoso, não sei o que é. No Duarte’s não foi diferente. Eu levei um tempão pra decidir o que pedir, pois as opções eram imensas, com muito peixe e frutos do mar. Acabei optando por uma sopa de chili verde, que pedi com um pouco de medo, pois as pimentas ainda me assustam. A sopa acabou sendo a melhor escolha, um creme suave e delicado, com uma deliciosa surpresa picante no final. Também pedi um sanduíche de caranguejo, que estava recheadão de carne macia e bem temperada. O Uriel pediu um ravioli de alcachofra. Os pratos com alcachofra são a assinatura do restaurante. Muita gente pedia a sopa de alcachofra, que é bem famosa. Eu bebi um vinho espumante da Mumm Napa, que veio na garrafinha super charmosa. Até o pão estava especial, vindo semi-assado da padaria da outra esquina e terminado de assar nos fornos do restaurante, chegou à mesa quentinho e crocante. De sobremesa dividimos uma torta de morango com ruibarbo que chegou quentinha e derretia na boca. O restaurante é bem simples, mas a comida é de primeira, como também o atendimento extremamente simpático. Saímos de Pescadero felizes da vida e rumamos para Half Moon Bay pela Highway 1, que tem uma das mais belas paisagens daqui do norte da Califórnia.
the rainier cherry
swanton berry farm
Em junho de 2004 nós dirigíamos pela Highway 1 na costa do norte da Califórnia, procurando pela casa do Neil Young, quando passamos em frente dessa fazenda de morangos orgânicos. Na época, ficamos encantados com os produtos que consumimos lá e com a filosofia do lugar, que além das técnicas de produção sem agrotóxicos, ainda não usa mão de obra ilegal, todos os trabalhadores têm benefícios e salários justos. Eles também usam o sistema da confiança [honor till] na lojinha, que vem funcionando muito bem por anos e anos. Você pega o que quer e paga, pega o troco, ninguém confere nada. Fomos lá desta vez para fazer o u-pick, isto é, colher os morangos nós mesmos. O preço é três dólares por cestinha, pegamos três cestinhas, jogamos uma nota de vinte na caixa, pegamos onze em notas de um de volta.
Clafoutis de cereja
As cerejas frescas estão abundantes, presentes em diferentes cores e variedades. Estão dulcíssimas e irresistíveis. Algumas teriam que virar um doce. Procurei e achei algumas receitas legais, mas como não estive no meu cem por cento neste final de semana, decidi por uma bem fácil. E não tem nada mais fácil que um clafoutis. Esse, de cereja, é um clássico. E essa receita é da avó da francesinha Fanny, que escreve um blog delicioso chamado Foodbeam.
Clafoutis de Cereja
[le clafoutis de ma grand-mère]
200g de farinha de trigo
120g de açúcar
Uma pitada de sal
3 ovos
80g de manteiga derretida
250ml de leite integral
500g de cerejas descaroçadas
Pré-aqueça o forno em 200°C /400ºF e unte uma forma de torta de 30 cm com bastante manteiga.
Na batedeira coloque a farinha, o açúcar e o sal e incorpore bem. Junte os ovos, um de cada vez, batendo em velocidade média. Quando a massa estiver macia, coloque a manteiga. Continue batendo, em velocidade baixa e vá colocando o leite. A massa deve ficar bem lisa.
Espalhe as cerejas pela forma untada. Coloque a massa por cima e leve ao formo por 30 minutos ou até o clafoutis ficar firme e dourado. Deixe esfriar e sirva. Nós gostamos mais no dia seguinte.
A massa desse clafoutis ficou com um amarelo intenso devido aos avos que use, todos da Felizberta!
