pudim morno de vinho marsala

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Puxei da estante o livro What we eat when we eat alone da Deborah Madison para emprestar para uma colega no trabalho. Pra mim é impossível pegar um livro que eu não abria há anos e não dar uma relida rápida ou pelo menos uma folheada. Nesse ínterim avistei uma receita e quis fazê-la imediatamente. Muito fácil, com poucos ingredientes, esse pudim ficou pronto numa piscada. A autora recomenda que ele seja comido morno e foi o que fizemos. Frio ele já não fica tão bom. E pra ser absolutamente sincera, nem morno eu gostei tanto assim. Achei que fica um pouco forte, talvez por causa da mistura de vinho com as gemas. Mas isso é só porque eu sou uma chatoronga e não curto muito sobremesa com ovos. Mas certamente agradará comensais menos fricoteiros.
1 xícara de creme de leite fresco
3 colheres de sopa de açúcar
3 gemas de ovo caipira
1/3 de xícara de vinho marsala
Coloque uma chaleira com água para ferver. Arrange 4 ramequins, potinhos ou xícaras numa forma grande e funda. Reserve. Pré-aqueça o forno em 325ºF/ 162ºC. Numa panela pequena coloque o creme de leite e o açúcar e leve ao fogo médio até quase ferver. Mexa para ajudar a dissolver o açúcar. Numa vasilha média coloque as gemas e bata levemente. Despeje o creme de leite sobre as gemas bem devagar e mexendo delicadamente, com cuidado para não formar muita bolha. Adicione o vinho marsala e passe essa mistura por uma peneira, colocando numa jarra medidora. Divida o liquido entre os quatro ramequins colocados na forma. Encha a forma com água fervendo numa altura até a metade dos ramequins. Cubra tudo com uma folha de papel alumínio e leve ao forno por uns 25 minutos ou até os pudins ficarem firmes. Desligue o forno e deixe os pudins descansarem até ficarem mornos. Remova a forma do forno com cuidado, retire os ramequins da água e sirva.
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Mastering the Art of French
Cooking [versão para tablet]

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No dia quinze de agosto o mundo comemorou o aniversário de 100 anos da Julia Child. Homenagens abundaram em sintonia com a amplitude da sua influência. Ninguém pode negar que a magnitude do marco de referência que essa mulher se tornou na cultura gastronômica mundial é algo incomensurável. Eu não vou fazer homenagem, porque nem é necessário. Mas como pessoa totalmente favorável às novas midias, quero contar que a editora Knopf Doubleday/Random House Digital lançou em julho deste ano um app para ipad e nook—Mastering the Art of French Cooking: Selected Recipes. A editora já tem os dois volumes do clássico Mastering the Art of French Cooking em versão e-book. Mas nesse app, que tem apenas uma compilação das receitas mais famosas e algum excertos dos livros, traz umas fotos bem legais, tem lista de ingredientes e equipamentos culinários, um depoimento com a Judith Jones que foi uma grande amiga e a editora da Julia, muitos daqueles vídeos pioneiros com a Julia preparando as receitas e a até audio com pronúncia dela para os nomes dos pratos em francês. Não é comparável ao volume massivo dos dois livros, mas custa apenas $2.99 e é bem divertido.

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Iria ser mais um final de semana com temperaturas acima dos 40ºC e decidimos sair de casa. A melhor pedida seria ir para o lado do litoral, mas ficamos um pouco apreensivos de pegar congestionamento na estrada. Afinal, não deveríamos ser os únicos querendo fugir do bafão. De manhã cedo nadei e depois fui ao Farmers Market, onde acontecia um festival do tomate. Como cheguei tarde e o calor já estava piorando, fiz rapidamente minhas compras da semana, adicionada do convercê que sempre tenho com alguns dos fazendeiros, dei um rolê pela festa tirando algumas fotos e casquei fora. Fiquei sabendo depois que o evento foi um sucesso, com muita gente prestigiando. Vi mesmo que estava animado, com música, dança, comida, até concurso de chef preparando pratos com tomates e tasting de um monte de variedades da frutinha verânica mais popular da região.

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Fomos para Sacramento almoçar por escolha do Uriel no Andy Nguyen, um restaurante vegano na Broadway que apesar de fazer aquelas tchonguices de carne, frango e até e peixe de soja, tem um cardápio super gostoso. Como nós sempre escolhemos tofu e cogumelos quando comemos em qualquer asiático, não mudamos nossa rotina. Esse restaurante tem um ambiente moderno, chão sem carpete [que eu abomino nos restaurantes asiáticos daqui] e serve uns sucos de frutas, legumes e gengibre simplesmente deliciosos. E a comida é delicada e gostosa, com alguns pratos bem criativos. Raramente pedimos sobremesas, mas eles oferecem umas opções interessantes, tipo a banana frita e o sorvete de coco.

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Já estava um bafão descomunal e saimos rumo à lugar nenhum—que é o passeio favorito do meu marido. Decidimos subir mais pro norte e a temperatura foi também subindo com os quilometros rodados. Saimos de Sacramento com 40ºC e quando chegamos ao nosso destino estava 43ºC—em Fahrenheit 104º e 109, que parece ainda pior. Aportamos na pequena cidadezinha de Auburn, que faz parte do circuito da corrida do ouro no norte da Califórnia. Eu adoro essa região que fica no pé da serra e tem toda uma atmosfera de velho oeste. Auburn tem uma downtown histórica bem bonitinha, como as outras cidades da região, mas tem também uma parte mais antiga chamada de Old Town. São basicamente duas ruas compridas com muitas lojinhas, galerias de arte, bares e restaurantes. Quando chegamos já estava quase tudo fechado porque o bafão não estava fácil. Só os bares e restaurantes estavam abertos e procurando por um lugar para tomarmos um sorvete entramos no Carpe Vino, um wine bar com um restaurante muito bacana. Sentamos para tomar uma taça de vinho branco gelado e pedimos para acompanhar um pan con chocolate temperado com flor de sal, raspas de laranja e azeite. Ficamos lá até criar coragem pra sair na rua novamente e dirigir de volta para Sacramento, onde decidimos parar novamente para jantarmos uma pizza margherita assada no forno a lenha, num lugar legal que conhecemos em downtown.

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No domingo saimos rapidamente só para almoçar num restaurante mexicano que gostamos aqui em Woodland. Não teve aqua fresca de hibisco suficiente para me hidratar. Bebi água mineral resto do dia, enquanto descansei, assisti alguns filmes e li um tanto de revistas, trancada seguramente dentro da casa climatizada.

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the dancing coyote

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Li no jornal que a vinícola que produz um delicioso Alvarinho aqui na Califórnia tinha agora um tasting room aberto para o público. No mesmo minuto mandei um e-mail com o endereço para o Uriel dizendo—quero ir lá! Desde que comprei uma garrafa desse Alvarinho da vinícola Dancing Coyote no inicio do ano passado, que nunca mais achei esse vinho pra vender em lugar nenhum. Voltei no supermercado, fiz mil perguntas, mas ninguém sabia de nada. Depois dessa visita entendi a razão. O pequeno tasting room deles fica no condado de San Joaquin bem próximo da cidade de Lodi, numa área com muitas vinícolas pequenas mas com uma cultura de vinho bem forte. É um pouco mais longe de Clarksburg, no condado de Yolo, onde ficam os vinhedos da Dancing Coyote e onde o vinho é produzido.
Logo que chegamos fomos recebidos por um cachorro que pertence a um artista morador do local. O prédio principal fica numa antiga destilaria de brandy e o tasting room é todo modernizado, você pode sentar nas mesas ou ficar no bar conversando com o bartender, que foi o que fizemos. O dono do cachorro, que é um artista hiponga que trabalha com metal reciclado, nos contou um pouco da história da vinícola, do local e do proprietário que não está interessado em fazer nenhum marketing dos vinhos nesse mercado altamente competitivo. Ele prefere que as pessoas comprem o vinho diretamente deles. Achei super justo. Eles também vendem online. Comprei o Alvarinho que já conhecia e provei o Verdelho, que achei muito bom, o Moscato, que não me entusiasmou e o Gruner Veltliner, que adorei e também comprei umas garrafas. O bartender me disse que esse último, feito com uma variedade de uva austríaca, é o favorito de um dos nossos ex-governadores—adivinha só quem? O Arnold Schwarzenegger.

crostata de pêssego

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Os pêssegos do Farmers Market estão simplesmente maravilhosos. Com o entusiasmo desembestado comprei tantos que não conseguimos comer todos al natural ou com iogurte e mel como sempre fazemos. Felizmente me lembrei desta receita super simples que eu tinha guardado para quando os pêssegos chegassem. Ficou um lanchinho super especial para a noite de domingo.

3 colheres de sopa de iogurte natural
1/3 xícara de água gelada
I xícara de farinha de trigo
1/4 xícara de cornmeal
1 colher de chá de açúcar
1/2 colher de chá de sal
7 colheres de sopa de manteiga gelada cortada em cubos
1 colher de sopa de sementes de erva-doce
2 colheres de sopa de açúcar
6—7 pêssegos grandes cortados em fatias ou cubos

Para fazer a massa misture o iogurte com a água numa tigelinha e reserve. No processador de alimentos misture a farinha, a cornmeal, o açúcar e o sal. Pulse e vá adicionando a manteiga em cubos até obter uma farofa. Aos poucos vá adicionando colheradas da mistura de iogurte [pra mim 3 colheres foram suficientes] até a massa ficar firme, mas não muito úmida. Coloque a massa sobre uma folha de filme plástico, achate bem, embrulhe e leve à geladeira por duas horas ou de um dia para o outro—essa massa pode ser congelada e descongelada por 20 minutos antes de abri-la.

No mini processador ou no pilão pulse/soque o açúcar com as sementes de erva-doce. Reserve. Pré-aqueça o forno em 400ºF/ 205ºC. Numa superfície enfarinhada abra a massa num círculo de uns 30 cm e coloque sobre uma forma forrada com papel vegetal. Coloque os pêssegos picados bem no centro, dobre as margens da massa sobre as frutas e salpique com o açúcar moído com as sementes de erva-doce. Leve ao forno e asse por uns 40 minutos ou até a massa ficar bem dourada e os pêssegos meio caramelizados no centro. Remova do forno, deixe esfriar e sirva.

bread & gravy

[Ethel Waters — 1935]

♪ ♫ Bread and gravy, lots of bread and gravy
beans and bacon, lots of beans and bacon
no more frettin’ since I’ve been gettin’
lots of bread and gravy all the time
Peace and quiet, lots of peace and quiet
friends and money, lots of friends and money
no more ramblin’, I’m through with scramblin’
keep up with the Joneses all the time ♪ ♫
♪ ♫ Got no reason to be swell
and my clothes all fit me well
and I wear a nice ring
i’m as free as I can be
and my honey’s lovin’ me
so I just can’t keep from singin’
Bread and gravy, lots of bread and gravy
goodnight kisses, my love never misses
no more blues now, no bad news now
just lots of bread and gravy all the time ♪ ♫

a feirinha da vila

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feira-vila feira-vila

Outro dia minha amiga me contou que um dos vizinhos dela era o jardineiro com o dedo mais verde que ela conhecia e me fez um convite para conhecer as maravilhas que ele planta, colhe e agora também vende, numa feirinha improvisada num gazebo no gramado central da Village Homes em Davis. Essa comunidade, construída nos anos 70, já foi um exemplo de pioneirismo ecológico, numa área com mais de 200 casas planejadas e construídas como modelos de sustentabilidade e preservação ambiental. As casas são bem bacanas, mas é a área externa que se destaca, com jardins, hortas e pomares coletivos. Um paraíso para quem gosta de plantas e jardinagem e onde todos que quiserem podem usufruir da vantagem de ter terra disponível para plantar seus legumes e frutas. E é exatamente o que esse moço faz com prazer e dedicação. Os produtos que ele oferece são absolutamente perfeitos. E tão lindamente expostos, que comecei a tirar fotos assim que cheguei [e perguntei primeiro se podia]. Comprei um monte de coisas e fiquei lá mais tempo do que deveria para um dia de semana, conversando com quem entende do assunto. Uma pena que a Village Homes fica completamente fora de mão pra mim, senão eu viraria freguesa sem a menor dúvida.

salada de repolho & cenoura

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Era o último repolho. E felizmente era bem pequeno. Por isso virou salada. Casado com cenouras. Tudo ralado no mandoline. Mais um punhado de currants. E outro punhado de salsinha picada. Temperado com suco de limão. Azeite extra-virgem. Sal maldon. Pimenta do reino moída na hora. E umas colheradas de sour cream. Foi um farewell ao repolho. Embora sabendo que ele voltará. Porque repolho sempre volta. Eu querendo ou não.

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