Mildred Pierce é um melodrama clássico dirigido pelo Michael Curtiz em 1945 e estrelado pela divina Joan Crawford, que na época estava com a popularidade em pouco em baixa. O filme começa com um crime e a história é contada em flashback. Mildred é casada desde os 17 anos com um marido corretor de imóveis, tem duas filhas e uma vida simples. Ela faz e vende bolos para juntar uma grana extra. O marido, pulador de cerca, casca fora logo no inicio do filme, deixando a pobre Mildred não só numa situação financeira delicada, mas naquela condição desconfortável de “largada”.
Mas Mildred não se faz de rogada e sai à procura de um emprego. Como a única coisa que ela sabe fazer é cozinhar, servir, limpar, arrumar mesa, acaba de garçonete num restaurante durante o dia e fazendo tortas na cozinha da própria casa, com a ajuda da empregadinha, para fornecer ao restaurante e ajudar no orçamento. Mildred não dorme, não come, não descansa. Tudo porque sua filha mais velha Veda [Ann Blyth] precisa ter tudo do bom e do melhor. Mildred não conta para a garota que trabalha como garçonete.
Joan Crawford com seu rosto rígido e olhos esbugalhados é a epítome da determinação e do sacrificio, a mãe que faz o possível e o impossível pelas filhas. Quando a mais nova morre de pneumonia, Mildred fica devastada, mas não desiste nos seus planos de abrir um restaurante. Ela compra uma propriedade de um ex-ricaço e também se envolve romanticamente com ele.
O restaurante de Mildred se torna um sucesso. Ela mesma serve mesas, frita o frango e só descansa depois de anotar todos os detalhes financeiros do dia. Mas apesar de toda riqueza e sucesso, a filha Veda nunca está cem por cento contente. Ela quer mais e mais e rejeita as origens humildes e o trabalho honesto e braçal da mãe.
Tudo o que Mildred toca vira ouro e logo ela tem uma cadeia de restaurantes espalhados pela região. Mas a vida amorosa da magnata está no limbo e a filha Veda continua gastona, arrogante, ambiciosa e sem escrúpulos. Os embates entre mãe e filha são dramaticos e novelescos.
O filme trouxe um Oscar de melhor atriz para Joan Crawford e é até hoje um marco da melodramaturgia noir. Divertido de assistir, especialmente para se prestar atenção nos detalhes das cozinhas da Mildred, na casa e no restaurante. Comida é o que não falta nessa rocambolesca história.
O buxixo agora é com o remake de Mildred Pierce, transformado numa mini-série pela HBO, com Kate Winslet como Mildred e Evan Rachel Wood como Veda. Eu li que a reconstituição de época—os anos 30 no sul da Califórnia, é perfeita e preciosa nos micro detalhes. E também que a série mostra todo o sexo que fica totalmente abafado pela moralidade rígida da época do filme. E não seria uma grande idéia se a série disponibilizasse um food blog com as fantasticas receitas da Mildred?

















