that’s the name of the game

Nesses tempos em que somos todos super modernex com nossas sacoletas reusáveis, surfando na crista da onda da modinha eco-lógica, me lembrei do supermercado canadense onde eu fazia minhas compras semanais, no inicio dos anos 90. O Real Canadian Superstore já tinha naquela época, e com certeza muito antes de eu aterrisar no Alaska-toon, um sistema de sacola reusáveis que era muito bem bolado e implementado. Pensando no esquema de hoje, eles ainda estão a frente de todos os supermercados norte-americanos que eu conheço. Notem bem, lá no Superstore não havia a opção ou domínio das sacolas de papel, como existe aqui. O que imperava lá era o seguinte: eles tinham umas sacolas de plástico amarelo muito das vagabas, que não seguravam nada, rompiam facilmente e que eram vendidas por unidade—acho que custavam dez centavos cada. E eles tinham as sacolas reusáveis, também de plástico, mas aquele plástico resistente, as ditas seguravam mesmo, eu tive as minhas por muitos anos e nunca precisei repôr. Essas, que você usava e re-usava, custavam vinte e cinco centavos. Pescou a estratégia? Gasta quinze centavos a mais agora, mas economiza dezenas de patacas futuro adentro. O lema do Superstore era exatamente esse: economia! E funcionava. Eu, por exemplo, carregava comigo as sacoletas robustas toda vez que ia às compras, mesmo durante aquele inverno miseráver que fazia a gente esquecer até quem era, o que estava fazendo ali, o endereço, o passado, os pecados, mas as sacolas reusáveis nunca eram esquecidas.

Outro esquema muito bem bolado desse supermercado era o dos carrinhos no estacionamento. Imaginem semanas de frio intenso, tipo mais frio que um deep-freezer. Seria desumano botar um funcionário vestido de astronauta, recolhendo carrinhos espalhados pelo lugar. O Superstore tinha um estacionamento interno, mas tinha dias que não se achava lugar e tinha-se que estacionar o carro lá fora mesmo. Então pra evitar o caos de carrinhos abandonados pelos clientes ansiosos para se mandarem dali e não precisar torturar nenhum funcionário, o supermercado adotou o seguinte sistema: os carrinhos ficavam presos numa estrutura, você ia até lá, enfiava um quarter—uma moeda de vinte e cinco centavos, e retirava o carrinho, que automáticamente se soltava do mecanismo. Quando você terminava, levava o carrinho de volta, encaixava e plic, pegava de volta seu quarter. O que um ser humano não faz por vinte e cinco centavos, hein? Os carrinhos voltavam direitinho para o seu lugar. Era muito raro ver um carrinho solto, porque também se aparecesse um ele iria ser logo agarrado por alguém saltitante de alegria por ter lucrado um quarter!

Incrível como se pode alcançar a ordem, o progresso e a civilidade apenas mexendo no bolso do povo. E nem precisa ser com altas somas. Uns centavos já são mais do que suficientes.

15 comentários em “that’s the name of the game”

  1. Quando era criança, na França, não era um quarter que precisava colocar no carrinho (até porque não existe quarter de nada na França), mas 10 francos, então equivalente a 5 reais. Aí garante mesmo a colaboração do cidadão, certo ?

  2. Aqui em Sampa o Carrefour tentou esse truque. Depois fez “moedas” presas ao cartão do estacionamento, já que as pessoas têm preguiça de carregar moedas na carteira e as deixam em casa, E depois desistiu e o uso dos carrinhos voltou a ser livre…

  3. Fer , quando vi este sistema na Italia achei , super legal e força as pessoas a serem civilizadas , já que não vai pela consciência , vai pelo bolso mesmo ! Seria muito bom por aqui , porque mesmo com boys, recolhendo os carrinhos , não fazendo zero graus , as ” pessoas ” não andam nem 1 metro para devolver seu carrinho , deixam em qualquer lugar e sempre atrás do carro de outra pessoa , eu fico simplesmente perplexa com tal atitude falta de educação ! Pois é realmente aqui no Brasil teremos que evoluir muiiiito …..
    grande beijo

  4. Aqui na Espanha o sistema da moeda é vital em todos os supermercados, o das sacolas em poucos. Eles abusam do uso do saco plástico na maioria dos estabelecimentos. Eu assumi uma postura sustentável de levar o carrinho de compras (muito usado na Europa pelo costume de comprar em mercados de bairro) ou mesmo uma sacola de vime. Já fico imaginando que se surge o sistema da moeda ou de cobrar pela sacola de plástico no Brasil o problema social que ía gerar, quantos empregos seriam eliminados??? Sou da partidária da ações sustentáveis mas sempre que sustente um equilíbrio social e ambiental.
    Fer, muito legal este teu tópico e pelo que venho te conhecendo pelo blog és uma eximia defensora do meio ambiente com os teus produtos orgânicos, reaproveitamento de alimentos,…
    PS: tenho uma foto de um mercado em Viena com um tonel gigante cheio de chucrute, como faço para te mandar?

  5. Vim achando que era a última bolacha do pacote, mas as italianas, portuguesas e alemãs vieram na frente.
    Aqui na Bélgica, tem que levar a sacolinha de casa ou comprar o saquinho no supermercado. Mesmo esquema: o vagabundo custa 5 centavos, o resistente custa uns 15. Eu que não sou boba nem nada, levo uma mochila nas costas.
    Os carrinhos também, paga-se 50 centavos pra tirá-los do lugar, ganha 50 centavos de volta quem devolver.

  6. Oi!
    Aqui na Alemanha, também se usa o sistema de moedas para utilizacao dos carrinhos. Alem disso, paga-se sempre por sacolas de supermercado (e esse sistema existe a mais de 30 anos): as pessoas normalmente trazem de casa as suas sacolas (incluindo eu :o) ), sendo que as mais usadas sao as de pano -> sao super praticas, pois as alcas sao grandes o suficiente para pendura-las no ombro, o que ajuda quando a compra é grande :o) . Um supermercado belga em Aachen era o unico que eu conhecia que dava sacolas de supermercado de graca: mas, a dois meses atras, mudaram e adotaram a atitude alema. Agora, se voce traz sacolas de casa, voce ganha um brinde deles (um limao, uma barra de chocolate, e por aí vai). Nao é fofo? :o)
    Alem disso, as garrafas de vidro e PET vazias também sao recolhidas pelo supermercado: quando voce compra, voce paga o ‘pfand’ (embalagem), que normalmente é de 0,15 centavos. Quando a garrafa ou PET estiver vazio, é só passar no supermercado e devolver (numa máquina automatizada) as embalagens, que você ganha o ‘pfand’ de volta. Nao é o maximo? :o) Idéia simples e super efetiva!!!
    Abracao da terra do bratwurst :o) (e do chucrute, hehehe)
    Angela

  7. Tal como disse a witchie, aqui em Portugal há muito tempo que os carrinhos de supermercado são retirados com uma moeda, em relação aos sacos, em alguns são comprados mas na maioria são grátis e não reutilizáveis, está para ser adoptada a lei de todos os sacos serem pagos, há muita gente contra eu sou a favor os meus sacos estão sempre na mala do meu carro que só sai ao Sábado de manhã para ir ás compras e dá-me muito gozo andar a “cirandar” pelo mercado com o meu cesto de verga que já era da minha avó e voltar com ele cheio de hortaliça e fruta atá parece que tudo é bem mais fresco quando não está envolto em plástico.
    Beijocas

  8. Fer, aqui em Brasília, que teria que ser exemplo para o Brasil, infelizmente ainda estamos na era primitiva, muitas pessoas ainda usam sacos plásticos e carrinhos ainda são soltos no estacionamento e acabam arranhando carros por preguiça das pessoas. Beijos – Karla

  9. um adendo: isso acontecia há quase vinte anos, notem bem! acho que eles estavam bem a frente do tempo, embora o objetivo não fosse puramente ecológico, mas no fundo acabava também sendo, né? Não sei se ainda é assim, talvez quem more num lugar que tenha Superstore no Canadá possa nos atualizar. 🙂

  10. Pois é, só o bolso entende, incrível, tenho de concordar. qdo vieram as multas por não utilização do cinto de segurança, todo mundo tratou de utilizá-lo, sem nem saber que era para segurança do próprio condutor e demais ocupantes do veículo;
    qdo vieram as multas por colocar mesinhas e cadeiras nas calçadas, não tinha um barzinho que se aventurava em fazer… mudou prefeito, mudou regra, cadê a calçada para caminhar?
    e daí vai…
    sou adepta de multa, pra tudo, por 3 gerações no mínimo, daí as crianças vêem os pais e avós fazerem e acharão correto o que devem fazer!
    E que não chamem de multa, pois multa é castigo, chamem de economia…
    HUMPF!
    Beijinhos,

  11. Aqui na Italia os supermercados tambem tem esse sistema da moedinha para fazer com que as pessoas coloquem no lugar o carrinho… mas a diferença e’ que aqui e’ a moeda de 1 euro!!!!
    Os supermercados vendem os saquinhos por um preço mais baixo (4 ou 5 centavos). Eu os uso como saco de lixo porque sao sacos grandes e robustos. Os sacos do supermercado que vou sempre faz os saquinhos no mesmo material que se usa para recolher as garrafas de plastico para a reciclagem. Se nao me engano, os supermercados que estao nos paises que fazem parte da comunidade europea deverao começar a usar os saquinhos de carta ou biodegradavel. Nao sei exatamente quando isso acontecerà, mas achei uma boa ideia!

  12. Aqui em Portugal todo o grande supermercado (vulgo hipermercado) tem esse sistema de moedas nos carrinhos. E é muito raro eles ficarem abandonados no meio do caminho, o que é bom. Mas esses grandes supermercados têm todos sacos de plástico, e actualmente desses muito fracos, que não aguentam nada (mas são grátis) e que obrigam as pessoas a enfiar as latas e garrafas num saco e esse dentro de outro, só para aguentar até ao carro. Não há outra opção, é isso e pronto. A nova moda – que eu vi semana passada numa dessas superfícies comerciais – é os sacos que dizem que são “degradáveis”. É que degradável é tudo, não é? Eles não dizem que são biodegradáveis! Até o vidro é degradável, o xis da questão está no tempo. Espertos, os publicitários!

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