i hate mondays quiche

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—I hate Mondays!
—Today’s Tuesday..
(((((( happy face )))))))
—I must have overslept.

Pode ser que tenha sido apenas mais uma segunda-feira [treze]. Tudo foi um cansaço, uma dificuldade. Corri pra lá e pra cá no final do dia e quando terminei de lavar e guardar os legumes e verduras da semana, me senti esgotada. Perambulei pela cozinha como uma barata dedetizada por quase uma hora, abrindo armários, geladeira, livros. Procurei receitas, pensei em receitas, me irritei de tanto conjecturar o que vou fazer para o jantar?

Precisava usar muitas espigas de milho, muitas abobrinhas, algumas frutas, alguns queijos. Nenhuma idéia pintava, nenhuma receita agradava. Fui tomada por um imenso vazio existencial culinário e senti vontade de sentar no chão da cozinha e chorar. Leve-se em conta o cansaço do dia, os percalços do trabalho, a perspectiva do inicio da semana, algumas preocupações na cachola, a falta de apetite para comida comprada ou de restaurante, e teremos o exato panorama do entardecer da minha segunda-feira.

Resolvi que iria fazer algo, nem sabia exatamente o que. Mas fui em frente. Descasquei e piquei dois dentes de alho. Refoguei no azeite. Piquei duas abobrinhas e raspei os grãos de dois sabugos de milho. Refoguei com o alho. Salguei. Piquei um mini-pedaço de uma pimenta jalapeño, que foi a atração especial da semana na cesta orgânica. Juntei ao refogado. Desliguei o fogo. Piquei uma xícara de presunto cozido e juntei ao refogado. Piquei um queijo cambozola que tinha na geladeira [ou qualquer outro queijo forte] e incorporei ao refogado. Piquei um punhadinho de ciboulettes e joguei no refogado. Separadamente fiz uma mistura de 2 ovos, 2/3 xícara de leite integral e 1/2 xícara de farinha de trigo. Coloquei o refogado num refratário e joguei a mistura de leite. Assei em forno médio por uns 40 minutos. Servi com uma salada de folhas verdes.

Enquanto o prato de sei-lá-o-que assava, resolvi batizá-lo de I hate mondays quiche. Um nome bem apropriado, pois eu realmente detestoooo esse infame dia da semana.

Clafoutis de ameixa

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Me dá um desespero quando vejo qualquer alimento se estragando. Infelizmente isso sempre acaba acontecendo, pois nem sempre conseguimos fazer todas as receitas e usar todos os ingredientes. A situação emergencial desta semana incluia algumas ameixas. Metade delas foram para o lixo, pois já estavam podres ou ressecadas. Outra metade virou uma sobremesa, inspirada nessa receita de Clafoutis do Garrett. Aaah, me senti uma verdadeira heroína, salvando as roxinhas de um destino trágico.

6 ameixas sem a semente e cortadas em quatro
3 ovos
1/3 xícara de açúcar comum ou de baunilha
1 xícara de leite ou de creme de leite [ou uma mistura. usei só leite]
2 colheres de chá de extrato de baunilha
1 pitada de sal
1/2 xícara de farinha de trigo
Açúcar de confeiteiro para polvilhar

Pré-aqueça o forno a 350ºF/ 180ºC. Unte um refratário com manteiga. Eu usei forminhas pequenas. Distribua as ameixas na forma/ forminhas. Jogue um pouco do açúcar por cima das frutas.

Numa vasilha separada bata bem os ovos com o açúcar. Adicione o leite, o extrato e o sal e bata bem. Adicione a farinha peneirada e bata ate ficar bem incorporado. Coloque o liquido na forma/forminhas com as ameixas. Asse por mais ou menos 40 minutos. Como eu fiz nas forminhas, assou mais rápido. Polvilhe com o açúcar de confeiteiro. Sirva morna ou fria.

Samovar Tea Lounge

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Fomos até San Francisco para encontrar a nossa amiga Patricia, que morou aqui em Davis no ano passado e está agora nos EUA a trabalho. Além de rever uma pessoa tão querida, passamos uma tarde super agradável na cidade. Almoçamos no Samovar Tea Lounge, que era um lugar que estava na minha lista de places to go in San Francisco. O dia estava lindo, o que significa que não precisamos de cachecol, apenas um casaquinho de veludo deu pra segurar o vento. Eu teria optado por ficar no pátio, mas o Uriel e a Patricia preferiram ficar protegidos dentro do restaurante. O lugar é bem pequeno, no terraço no Yerba Buena Gardens. Nós sentamos numa mesa com banco cheio de almofadas e fizemos nosso pedido. Eu estava desembaraçada tirando fotos, o que é bem incomum. Eu tenho uma timidez um tanto irritante, que me limita pacas nesse negócio de tirar fotos em público. Mas eu estava felizona no click-click-click, quando o manager veio gentilmente me avisar que não era permitido tirar fotos no local. Fiquei espantada! E mais quando chegou o chazinho na bandeijinha de madeira e finalmente a comida, numa entrada triunfal. Estava tudo tão incrivelmente lindo, que num gesto de descarada ousadia eu chamei o manager e praticamente implorei pra ele me deixar tirar uma foto. Meu plá não colou e tive que me resignar e deixar a câmera dentro da bolsa. O rapaz foi extremamente gentil e me explicou que eles preferem que as pessoas não vejam fotos da comida, pois querem que a experiência no Samovar seja de surpresa. Realmente, ficamos com umas caras abobalhadas quando a comida chegou à mesa, pois tudo estava visualmente lindo, além de saboroso.
O Uriel pediu uma sea food bento box e um chá delicadíssimo de gengibre com laranja. A Patricia pediu o Russian tea service, que veio com panqueca [blinni] de truta defumada, russian tea egg com caviar, bergamot bread pudding, frutas frescas e lapsang souchong chocolate trufle, acompanhado de chá russo que ela mesma encheu a xícara no samovar prateado [*foto]. Eu pedi o Moorish tea service, que veio com chá de hortelã, grilled halloumi kebabs, mini mint salad, dolmas e azeitonas pretas secas, e tâmaras medjool recheadas com queijo de cabra.
Depois do almoço passeamos um pouco à pé pela cidade, e depois fomos ao Ferry Building Marketplace, que é sem dúvida um dos meus pontos favoritos em San Francisco. Fizemos comprinhas e nos deleitamos com os delicados macarons parisienses feitos à moda californiana, com ingredientes orgânicos e locais.

sorvete de damasco seco
[ com pistacho ]

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Para estrear o The Perfect Scoop do David Lebovitz que ganhei da querida Bri, decidi fazer a receita do sorvete de damasco seco com pistacho. Adoro esses dois ingredientes e acho que eles casam muito bem. Como o Lebovitz relata, os damascos secos da Califórnia são imbatíveis e foi o que usei. Também os pistachos são californianos. Aliás, o assunto aqui em casa agora é pistacho, já que o Uriel já está passando dias lá na fazenda dos dito cujos, preparando a maquinaria que vai ser testada durante a colheita. O sorvete ficou divino pro meu gosto, com a acidez adocicada da fruta misturada com a crocância dos verdinhos. Mas não foi sucesso absoluto de público e crítica, pois alguém não gostou e não comeu. Azar o dele, sobrou mais pra mim!
Dried Apricot-Pistachio Ice Cream
140 g/ 5 ounces de damascos secos cortados em quatro
[use os da California, se for possível]
3/4 xícara / 180 ml de vinho branco, seco ou doce
1/2 xícara / 70 g de pistacho sem a casca
2/3 xícara / 130 g de açúcar
2 xícaras / 500 ml de half-and-half *creme de leite diluído
Algumas gotas de suco de limão fresco, espremido na hora
Numa panela coloque os damascos picados e o vinho. Deixe cozinhar por 5 minutos, desligue o fogo, tampe a panela e deixe descansar por mais ou menos uma hora. Pique os pistachos com uma faca.
Bata os damascos no liquidificador com o açúcar, half-and-half e suco de limão. Deixe a mistura gelar um pouco e então coloque na sorveteira. Quando o sorvete já estiver cremoso, adicione os pistachos picados.

Mousse de chocolate

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Peguei essa receita de mousse de chocolate no jornal Folha de São Paulo. Gostei dessa versão, que eles chamam de “light”, por não conter as gemas, mas sim as claras de ovos. Resolvi experimentar. É um doce que vai agradar muito aos chocólatras e que de light só tem o nome. Achei bem forte e não consegui comer nem um potinho inteiro. Tem que ser servido com frutas frescas, pra contrabalançar a robustês do chocolate. Usei uma barra de Lindt 85% cacau e não coloquei as raspas de laranja, pois elas estavam na lista de ingredientes, mas não apareceram no modo de fazer, portanto eu deixei passar. Mas acho que as raspas adicionariam um toque elegante extra. Como fiquei com medo de misturar o chocolate nas claras muito vigorosamente, o mousse ficou com brancos do suspiro visíveis. Mas não comprometeu em nada o sabor, só o visual que ficou funky.
Mousse de chocolate
Tempo de preparo: 20 minutos, mais 2 horas para resfriar
Rendimento: 4 porções
100 g de chocolate escuro [com, pelo menos, 70% de cacau] quebrado em pedaços
3 claras de ovos
1/2 colher de chá de vinagre de framboesa ou de maçã
100 g de açúcar de confeiteiro
raspa da casca de 1 laranja
morangos ou framboesas, para decorar
Ponha o chocolate em uma vasilha refratária, sobre uma panela de água fervente. Aqueça-o até que derreta, mexendo de vez em quando.* pode derreter no microondas também.
Misture as claras de ovos, o vinagre e o açúcar em uma vasilha refratária, colocada sobre uma panela com água começando a ferver. Bata a mistura com uma batedeira elétrica de mão, por 5-8 minutos, até que fique firme. * não deixe a água ferver, nem a vasilha encostar na água—esse processo vai cozinhar as claras, o que é muito importante [lembrem-se da odiosa salmonela!]
Tire as claras em neve do fogo, depois misture com cuidado o chocolate derretido, até que fique homogêneo. Coloque em 4 forminhas. Deixe esfriar, depois refrigere por, pelo menos, 2 horas. Decore com os morangos e sirva.

bacalhoada fresca

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O bacalhau salgado é uma iguaria cara e não muito comum por aqui. Mas o bacalhau fresco é abundante. Então decidi fazer uma bacalhoada fresca. Não fica a mesma coisa, mas quebra um galho e ajuda a amansa as lombregas, que já ouviam um fado e bebericavam vinho verde por antecipação da comilança.

Fiz no fogo. Numa panela de ferro coloquei uma camada de cebola em fatias finas, uma camada de batata em fatias finas, dois filés de bacalhau [Rock cod] temperados com sal marinho e pimenta do reino moída, por cima do peixe mais uma camada de cebola, outra de batata, uma camada de pimentão verde em fatias finas e azeitonas pretas. Salpiquei um pouco de sal e pimenta e reguei com bastante azeite. A panela tampada ficou em fogo médio por uns 15 minutos.