um jantar [quase] perfeito

Como descrever uma tarde na cozinha preparando um jantar para amigos, que me deixou imensamente frustrada? Resolvi fazer frango à caçadora com polenta. Acrescentei ao menu o famoso carpaccio de abobrinha e uma torta de limão meyer que vi no NY Times. Parecia tudo muito simples, tudo muito fácil. O problema é que sou uma pessoa rebelde e mereço muitas chibatadas por isso.

Migrei da receita do The Silver Spoon para outra do The New Best Recipe by Editors of Cook’s Illustrated Magazine, porque ela parecia mais bem explicada, com mais detalhes ilustrativos e portanto dando menos chances para erros. Escolhi fazer o frango com vinho branco, porque ainda tinha muitas garrafas que sobraram do Natal.
Li e reli a receita, as micro-explicações dadas pelo livro, tudo parecia sob controle, sopa no mel. Mas dei um pequeno passo em falso – me rebelei nas quantidades dos ingredientes. Ingenuamente pensei que poderia passar a perna nas onces, xícaras, unidades, gramas. E sei exatamente onde errei: coloquei muito vinho e muito tomate, o que causou uma profusão de molho que não engrossou com o tempo regular no forno e eu tive que apurar no fogo, até o ponto desastroso em que a carne do frango descolou dos ossos e virou uma gororoba assustadora, cheia de pedaços alienígenas, ossos pelados boiando, cogumelos quase irreconhecíveis, uma aparência realmente tétrica. Deu vergonha de servir aquilo aos meis convidados.

Ninguém falou nada e todo mundo comeu a sopa à caçadora, que ficou saborosa. Mas aprendi a minha liçao. Quando decidir usar uma receita, siga os ingredientes à risca [siga os ingredientes à risca, siga os ingredientes à risca, siga os ingredientes à risca, siga os ingredientes à risca,siga os ingredientes à risca, siga os ingredientes à risca, siga os ingredientes à risca, siga os ingredientes à risca, siga os ingredientes à risca, siga os ingredientes à risca, siga os ingredientes à risca!], tamos combinados?

8 comentários em “um jantar [quase] perfeito”

  1. fer, o jantar pode não ter dado certo, mas o texto tá ótimo, como sempre, aliás. tô aqui rindo porque eu também sou muito assim, acho que posso sempre subverter a ordem estabelecida no planeta terra e aí já viu, né? caos!!!!kkkkkkkk! se bem que, devo confessar, às vezes eu até acerto… bjks
    off topic: estou meio fora do ar por conta da tese. nem o meu blog eu tenho atualizado mais… o almazen tá por conta da reilla. mas daqui a pouco melhora e eu volto.

  2. Fer,
    Que situacao, heim…
    Quando as coisas dao errado ja e chato so a gente, imagina com visita. Eu tento fazer um test-drive antes de cozinhar alguma coisa pra visitas. Mas eu vou receber uns amigos esses dias e vou testar receitas novas neles. Vou ter a mao uns telefones pra pedir pizza se as coisas derem muito errado :o)

  3. Menina,eu estou rindo de me acabar mas não é do acontecido, não. É das “chibatadas”. Você tem coragem “mermo”. Minha mãe chama essa fusão de “angú de caroço”. Eu me pelo de medo quando vem gente comer aqui. Às vezes, até seguindo as instruções ao pé da letra não dá tudo certo… Mas sua mesa estava linda e maravilhosa e com tanto bom gosto tenho certeza que nada apagou o brilho da noite.

  4. Eu aprendi essa lição à segunda tentativa. Hoje em dia, quando tenho visitas, e quero fazer algo diferente, faço um teste na véspera ou uns dias antes. Para não passar por alguns “apuros” como já passei… riso

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