Bem que eu vi o e-mail da secretária chegando, mas me fiz de sonsa e pensei alegremente—estou em férias, não preciso responder, não vou confirmar, portanto me livrei dessa! Bom se fosse. A danada querendo ser gentil e eficiente resolveu confirmar ela mesma a minha presença no fabuloso picnic anual dos funcionários da UC Davis, criativamente batizado de TGFS – Thank God For Staff.
E veio me trazer o ingresso, que eu aceitei com um sorriso amarelo. Conversei um pouco com ela sobre o evento, que na minha opinião é o mais completo acontecimento aborígene que a universidade organiza. Contei que fui ao picnic de 2006 e tinha jurado nunca mais cair nessa armadilha. Expliquei mais ou menos o esquema da coisa: camelar até o final do arboretum, ficar na fila pra pegar um sanduba e um garrafa de água, sentar no chão, pagar todos os micos possíveis com joguinhos infames, só porque você teve a sorte na vida de ser funcionário da grande Universidade da Califórnia. Eu, sinceramente, passo. Trocar meu tranquilo almoço em casa pra ficar lá na grama conversando amenidades sem importância com meus colegas, tentando comer sem ficar com fiapos de carne entre os dentes, ensovacando no sol do meio-dia, ouvindo o “agito” dos funcionários animados, que participam dos jogos com aquele entusiasmo irritante, não é a minha praia, não faz o meu estilo.
Segurei o ingresso imóvel por alguns minutos pensando na única vantagem de ir a esse picnic indigena—poder escrever sobre a famigerada experiência aqui. Sinto muito folks, mas optei por cascar-me fora dessa.
