
Eu já tinha visto as sementes de damasco sendo vendidas no Trader Joe’s e tinha deixado passar, sei lá por que. Mas outro dia comprei para experimentar. As sementes do damasco são também conhecidas por “amêndoas de pobre” ou “amêndoas amargas”. Elas são realmente amarguinhas. Quando você mastiga, sente a doçura que pode mesmo ser comparada com a da amêndoa, mas logo em seguida vem a amargura. Nada monstruoso, mas não é tão prazeiroso quanto comer as amêndoas, que são doces do inicio ao fim. Fui ler sobre as sementes de damasco e encontrei dois tipos de informação—uma, que o consumo dessas sementes previne certos tipos de câncer; outra, que as sementes contém amidalina e se consumidas em excesso podem provocar sintomas de intoxicação por cianido. Well, não sei como alguém poderia comer tantas dessas sementes a ponto de se intoxicar, já que elas não são nem tão saborosas assim. No meu caso, eu passo!
salada de beterraba & nozes

Às vezes recebo na cesta algumas beterrabas douradas [golden beets], mas desta vez chegaram beterrabas brancas e eu estava bem curiosa para prepará-las. Não fiz nada diferente do de sempre. Assei as beterrbas—as brancas e as comuns enroladas em papel alumínio grosso, as brancas separadas, para não manchar. Depois cortei em fatias e temperei com um vinagrete de nozes. As nozes combinam muitíssimo bem com as beterrabas. Numa vasilha coloquei flor de sal, bastante óleo de nozes, um pouco de vinagre balsâmico e outro pouco de vinagre jerez [sherry]. É sempre o dobro de óleo para quantidade de vinagre. Então é só misturar bem com um batedor de arame e temperar as beterrabas arranjadas no prato separadas por cores, para a vermelha não manchar a branca. Antes de servir, salpique com pedacinhos de nozes torradas. Eu usei as pecans. Achei que a beterraba branca tem o mesmo sabor da vermelha, docinha e aromática.
bolinho de macarrão


Pois então… cozinhei o macarrão feito de arroz, quinoa e amaranth. O resultado foi uma massaroca meio grudenta, os fios se quebraram em mil pedacinhos. Fiquei um bocado irritada, pois na primeira olhada aquilo só dava mesmo pra ser usado em sopa. Mas na segunda olhada, prestando atenção na textura da gororoba, aquilo me pareceu uma bela massa. Tive então a idéia de usá-la como base para fazer bolinhos.
Usei mais ou menos 2 xícaras da massa cozida, juntei dois ovos, 1 xícara de queijo de cabra, 1/2 xícara de queijo parmesão ralado e um punhadão de salsinha picadinha. Misturei bem com as mãos. A textura daria pra modelar os bolinhos, mas eu já estava pelas tampas, então soquei porções dela numa forma de mini-muffins untada levemente com azeite. Forno em 400ºF/ 205ºC por uns 15 minutos e voilá—realizou-se um milagre.
*o meu veredito sobre essa pasta multi-grãos bate mais ou menos com o que a Ana escreveu nos comentários do post da pasta. Realmente, não é nem de longe o fino da bossa. Mas os bolinhos feitos com ela ficaram muito bons!
spaghetti squash

Este foi o primeiro ano que recebemos a singular spaghetti squash na cesta orgânica. Eu já tinha visto receitas com ela, mas nunca tinha experimentado. Realmente, ela é única! Depois de cozida ou assada, a polpa fica toda fibrosa e é só raspar com um garfo que forma os fiozinhos do “spaghetti”. Eu assei uma pequena cortada e com o corte virado para baixo por uns 30 minutos em forno alto. Raspei a polpa numa vasilha e reservei. Numa panela derreti 3 colheres de sopa de manteiga e refoguei ali quatro dentes de algo ralados em lascas finas. Acrescentei sal e pimenta do reino branca moída a gosto, joguei a polpa da squash, misturei bem e depois juntei um bocado de salsinha picadinha. Foi um bom acompanhamento para uma carne assada. Como foi a primeira vez que fiz, raspei desordenadamente e os fiozinhos ficaram meio quebrados. Mesmo assim o prato ficou com uma cara bem espaguetosa.
a gala

tem de tudo

As inúmeras visitas que eu faço ao Co-op durante a semana sempre acabam me mostrando o caminho para algumas novidades. Normalmente eu compro os mesmos produtos de sempre, os que já aprovei e gosto. Mas mantenho minha mente aberta para coisas diferentes. Eu adoro massa integral, apesar que nem todas são muito saborosas. Achei interessante a de multi-grãos—arroz, quinoa e amaranth. E a feita com farinha de jerusalem artichoke foi realmente uma surpresa!
dia feijão com arroz
Não quero de jeito nenhum ficar só reclamando das segundas-feiras, porque não é justo. Mas que nesses dias eu me sinto mais desgastada, isso é verdade. Faz tempo que o Uriel vem sugerindo que eu arrume uma pessoa pra dividir a cesta orgânica, mas eu sempre respondo exaltada—mas QUEM?QUEM?QUEM? Não tenho muita paciência de sair por aí perguntando e buscando por alguém. Mas uma cesta inteira por semana para uma família de dois está se tornando um estresse. Neste momento, além das abundantes folhas verdes, muitas cenouras tomaram conta das gavetas da geladeira. E eu vivendo essa fase desânimo.
Como ainda estamos em janeiro, muitas resoluções de ano novo ainda estão na roda, sendo planejadas, administradas e colocadas em prática. Portanto, quase que meio sem querer, arrumei uma partner para dividir comigo a opulenta cesta de verduras e legumes. A Marianne chegou logo depois das cinco e meia da tarde daquela segundona, empunhando uma sacolinha de pano. Discutimos sobre algumas idéias, eu fiquei feliz pois ela aceitou levar um maço de chard e metade do brócoli romanesco, que pra mim não é apenas um legume esdrúxulo de outro planeta, mas um troço realmente dos infernos, que não sei como fazer e não gosto de comer.
—leva essas cenouras coloridas… elas são bem doces…
—okay.
—e o brócoli?
—sim, posso levar tudo.
—e esse lindo legume fractual [o monstro romanesco]?
—tem gosto do quê?
— uma mistura de brócolis com couve-flor.
—detesto couve-flor.
—okay, mas o sabor mais evidente é de brócolis.
—okay.
—e aquele repolho gigante?
—odeio repolho!
—okay.
Ficamos um tempo conversando sobre receitas, ela tentando me dar idéias de como detonar o repolhão, levou bastante coisa e combinamos de fazer um teste. Ela decidiu que precisa se alimentar melhor, embora não tenha muita paciência com cozinha. E eu preciso desesperadamente dar vazão para a imensa quantidade de legumes e verduras superdesenvolvidas que recebo toda semana. It’s a done deal.
Feliz da vida, lavei apenas metade das verduras e legumes que costumo lavar sempre. Será que esse nosso acordo vai vingar? Tomara! E mesmo sendo uma segunda-feira, precisei pensar no que fazer pro jantar. O feijão já estava cozido, só precisei temperar. Fiz um arroz vapt-vupt. Refoguei folhas de chard no azeite e depois espremi um limão por cima e salpiquei com flor de sal. Esse foi o nosso jantar, que o Gabriel também acabou levando pra casa dele—arroz, feijão e verdura, cuidadosamente ajeitados numa marmitinha de vidro.
peixe era

Foi o Gabriel quem arrumou a mesa deste modo minimalista para o jantar no sábado. Não sei quem fotografou. Achei as fotos na câmera. O menu foi bacalhau fresco assado em pacotinhos individuais.
pinot noir da Meridian

Como eu não entendo muito de vinhos, uso a técnica do gostei-não gostei para fazer minhas escolhas. E sigo as recomendações de quem entende um pouco mais. O pai da Marianne sempre que vem nos visitar traz vinhos da vinícola Meridian que fica na região da costa central, onde ele vive. Eu gostei muitíssimo do pinot noir deles, então ele já foi pra minha lista de compras. Essa região mais para o sul da Califórnia é bem famosa por seus vinhos, apesar de não ser tão conhecida internacionalmente como o Sonoma e o Napa Valley.
a prima caipira

Ela chegou no trem do domingo, toda arrumadinha com seu vestido de flores, sandalhinha de saltinho branca combinando com o cinto branco e a bolsa também branca, forte no penteado kanekalon e no batom cor de laranja da Colorama. Ela veio visitar as primas chiques da cidade grande e trouxe uma cestinha cheia de gostosuras preparadas pelas tias lá do interior—queijo fresco, biscoitos de manteiga, geléia de frutas, picles de legumes, pão feito em casa. Foi muito bem recebida, a festiva e querida prima caipira.
