receitas de família

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As conversas sempre giraram em torno do assunto comida, mas agora com o blog elas se intensificaram. E nem sou eu quem puxa o papo. As pessoas ficam entusiasmadas com o fato de eu ter esse espaço, então os convercês culinários acabam tomando uma dimensão mais ampla. Além do prazer de ver as pessoas falando mais sobre um assunto que eu adoro, ainda tenho a liberdade e o privilégio de poder fotografar mais, sob o pretexto de ter um blog. Às vezes as pessoas me olham fotografando algo inusitado e eu vou logo dizendo—I have a food blog! É uma excelente desculpa.

Então foi super natural nosso bate-papo ter estacionado na cozinha e permanecido nos assuntos culinários. Não lembro sobre o que estávamos falando, quando a sogra do Gabe sacou esse pequeno arquivo de receitas de família de dentro de um dos armários. Eu despiroco total quando vejo uma coisa dessas. Esse tesouro, minuciosamente organizado por categorias, contém receitas do lado americano e do lado norueguês da família. Receitas da avó, da tia, da madrinha. Fiquei tão entusiasmada com aquilo tudo—ou teria sido também o efeito do vinho—que me excedi. Sugeri que a Marianne escaneasse as receitas e que iniciasse um blog. Ela foi bem direta, dizendo na lata—eu não quero ter um food blog! Mas bem que essas receitas de família mereciam a luz do spotlight e serem divulgadas pelo mundo.

os espaçosos

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Finlandeses Arabia vintage—nunca vi pratos tão pesados e tão grandes. Muito espaço para a comida. Nada de pratinho todo abarrotado, aquele amontoado de rango se misturando. Mara-valhosos!
No menu super simples—perna de carneiro cozida, purê de batata com alho, brócolis no vapor, salada de tomate e um cozido de legumes com uma farofinha de pão.

eles agradecem!

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Dei um pulinho na minha thrift store favorita aqui em Davis, a que ajuda o SPCA – Sociedade Protetora dos Animais. Já comentei outras vezes aqui sobre as minhas garimpagens a achados nas lojas de segunda mão. Fazia meses que eu não dava uma passadinha na lojinha dos bichinhos, porque meu nome do meio é “falta de tempo”. Mas toda vez que eu vou lá, volto carregada! Fiquei simplesmente louca despirocada por uns dez minutos, enchendo uma cestinha de coisas bacanas pra cozinha! Depois eu lavo tudo muito bem com água fervendo, ou na lava-louça e os objetos reciclados ficam prontos para a nova vida, na nova casa. Adoro ir lá, não só pelas coisaradas legais que eles têm às pencas pra vender, mas também porque eu ajudo de certa maneira os bichinhos órfãos. Sempre coloco um dinheirinho na jarra de doações e compro o que gosto sem piscar, porque sei que toda a grana vai pra uma linda causa.

* Pra você que mora no Brasil e quiser ajudar uns bichinhos, talvez mais necessitados ainda que os daqui, a minha amiga querida Gabriella Galvão organizou uma rifa para ajudar as centenas de gatos que a mãe e o padrasto dela cuidam, em Salvador na Bahia. O website da rifa explica tudo. E o prêmio é um lindo oratório de São Francisco de Assis. Podre de chique!

Gourmet – 1941

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A técnica precisava fazer alguma coisa no meu computador e me mandou passear por quinze minutos. Eu corri pra biblioteca da universidade, pra aquelas prateleiras da seção TX, no terceiro andar. Fui olhar os livros de culinária. Parei numas encadernações cor de laranja e ali fiquei – exemplares da revista Gourmet da década de 40 até hoje. Peguei o volume de 1941, que fui ler em casa, à noite. Comparada com a revista de hoje, aquelas eram realmente simples, pra não dizer simplérrimas. Pouquíssimas fotos, muitas ilustrações e as receitas inseridas no meio dos textos, o que dificulta muito a seleção e mesmo a execução. Uma revista bem textual, o que hoje seria completamente irreal, já que as revistas de gastronomia pecam pelo exagero visual. Mas pra compensar, a Gourmet de 1941 tinha textos da M.F.K. Fisher – e seu livro anunciado por $2! Manual para domésticas, presentes para gourmets, muita propaganda de bebida e muitas páginas com texto, texto, texto. Interessante comparar como muita coisa mudou – melhorou ou piorou. Agora quero pegar os volumes de 1943, 44 e 45, quando os EUA já estavam na guerra, pra ver como as restrições impostas pelo conflito refletiu nas páginas da revista.

Garimpagem

Os objetos mais interessantes que eu tenho na minha cozinha são achados de thrift stores – como uma chaleirinha francesa vermelha sapicada de bolinhas, inúmeras jarras e saladeiras artesanais de cerâmica, panelas Le Creuset, xícarazinhas italianas para café, travessas vintage ou os impagáveis pratos decorados com moscas! Eu passo de vez em quando nas lojinhas da cidade. Gosto da loja do SPCA, porque sei que o dinheiro que eu gasto lá ajuda os cães e gatos orfãos e abandonados. E é lá que eu acho as coisas mais bonitas e diferentes. Quando vi esses pratos das moscas não acreditei…. agarrei todos bem rapidinho e fiquei com uma risada besta na cara. Geralmente é assim, eu passo os olhos pelas prateleiras e vou agarrando tudo o que eu gosto. É gostou, pegou, porque se você não pegar, alguém que virá logo depois de você com certeza pegará e então é byebye forever, porque você não encontrará algo similar tão cedo. Fico pensando em quem doa essas coisas diferentes pra lojinha. Será que comprou e não gostou? Ou enjoou? Muitas vezes são coisas lindas e novas. Eu acho que as thrift stores são uma das poucas conseqüências positivas do consumismo desenfreado que se pratica aqui. Pelo menos essas pessoas doam as tralhas, não vendem, como outras pessoas fazem em garage sales. E eu vou lá e compro, o que não deixa de ser consumismo também, mas pelo menos eu me concentro na boa causa, de ajudar os bichinhos, e me sinto muito mais leve, sem culpa.