Littorai — Forchetta Bastoni

Qualquer convite dos amigos Hegui & Stevie é sempre certeza que vamos nos divertir na companhia deles e descobrir lugares super bacanas, beber bons vinhos e conversar muitos assuntos. Desta vez fomos à um wine tasting na vinícola Littorai, perto de Sebastopol no Sonoma County. Foi a nossa primeira vez, mas o Hegui e o Stevie já estiveram lá outras vezes— para um outro tasting pos-colheita como fizemos no sábado e antes disso para um tour primaveril pela pequena e belíssima vinícola. A Littorai é uma produtora de pinot noirs e chardonnays e usa técnicas de biodinâmica no cultivo das uvas. Enquanto provavamos os nove diferentes tipos de pinots, acompanhados de uns deliciosos acepipes que até incluia um queijo português St. George de Santa Rosa, ouvimos muitas explicações sobre terreno, solo, clima, névoa, sol, variações de temperatura, uvas, eteceterá. Eu consegui provar os nove tipos de vinho, comer um pouquinho e conversar à beça, sem tropeçar, nem derrubar o queijo dentro do copo alheio, nem falar nenhuma gafe. Quando o tasting terminou saimos para dar uma volta pela vinícola, ver os jardins onde eles plantam as flores e ervas que usam no controle das pestes e as casinhas das abelhas que fazem a polinização das videiras.

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Os tastings e tours na Littorai são feitos apenas com reservas. Mesmo para eventos como este que fomos é preciso ser convidado. A vinícola é bem escondida entre muitas curvas tortuosas e não tem placa anunciando no portão de entrada, que aliás só abre com o código que os convidados recebem.
Da vinícola seguimos para o centro da cidade de Sebastopol porque naquela altura precisavamos comer. O Stevie sugeriu um restaurante que acabou nos surpreendendo. No andar de cima o Forchetta Bastoni [Fork Sticks] é um tailandês e no de baixo é um italiano. Nunca tinha visto esse tipo de combinação, que nem pode ser chamada de fusion já que os menus, cozinha e ambientes eram separados.

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No andar tailandês fizemos uma happy hour com drinks e petiscos para acompanhar. O lugar é bem informal, com sofás feitos de caixotes e almofadas, mas nós ficamos nas mesas e cadeiras. Depois descemos para o andar italiano, que é maior e mais bem decorado, com um bar, uma cozinha aberta e um forno a lenha pilotado pelo pizzaiolo mais simpático, fotogênico e charmoso que já conheci. Pedimos vinho, antepasto e prato principal—nós optamos pela pizza que não estava nota dez, mas estava boa. Dividimos algumas garrafas de vinhos locais, dois tintos e um branco. Mas eu bebi somente um sauvignon blanc da vinícola Quivira, outra biodinâmica que faz vinhos deliciosos que eu adoro e que será a próxima que iremos visitar. Pisc!

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pudim morno de vinho marsala

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Puxei da estante o livro What we eat when we eat alone da Deborah Madison para emprestar para uma colega no trabalho. Pra mim é impossível pegar um livro que eu não abria há anos e não dar uma relida rápida ou pelo menos uma folheada. Nesse ínterim avistei uma receita e quis fazê-la imediatamente. Muito fácil, com poucos ingredientes, esse pudim ficou pronto numa piscada. A autora recomenda que ele seja comido morno e foi o que fizemos. Frio ele já não fica tão bom. E pra ser absolutamente sincera, nem morno eu gostei tanto assim. Achei que fica um pouco forte, talvez por causa da mistura de vinho com as gemas. Mas isso é só porque eu sou uma chatoronga e não curto muito sobremesa com ovos. Mas certamente agradará comensais menos fricoteiros.
1 xícara de creme de leite fresco
3 colheres de sopa de açúcar
3 gemas de ovo caipira
1/3 de xícara de vinho marsala
Coloque uma chaleira com água para ferver. Arrange 4 ramequins, potinhos ou xícaras numa forma grande e funda. Reserve. Pré-aqueça o forno em 325ºF/ 162ºC. Numa panela pequena coloque o creme de leite e o açúcar e leve ao fogo médio até quase ferver. Mexa para ajudar a dissolver o açúcar. Numa vasilha média coloque as gemas e bata levemente. Despeje o creme de leite sobre as gemas bem devagar e mexendo delicadamente, com cuidado para não formar muita bolha. Adicione o vinho marsala e passe essa mistura por uma peneira, colocando numa jarra medidora. Divida o liquido entre os quatro ramequins colocados na forma. Encha a forma com água fervendo numa altura até a metade dos ramequins. Cubra tudo com uma folha de papel alumínio e leve ao forno por uns 25 minutos ou até os pudins ficarem firmes. Desligue o forno e deixe os pudins descansarem até ficarem mornos. Remova a forma do forno com cuidado, retire os ramequins da água e sirva.
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Iria ser mais um final de semana com temperaturas acima dos 40ºC e decidimos sair de casa. A melhor pedida seria ir para o lado do litoral, mas ficamos um pouco apreensivos de pegar congestionamento na estrada. Afinal, não deveríamos ser os únicos querendo fugir do bafão. De manhã cedo nadei e depois fui ao Farmers Market, onde acontecia um festival do tomate. Como cheguei tarde e o calor já estava piorando, fiz rapidamente minhas compras da semana, adicionada do convercê que sempre tenho com alguns dos fazendeiros, dei um rolê pela festa tirando algumas fotos e casquei fora. Fiquei sabendo depois que o evento foi um sucesso, com muita gente prestigiando. Vi mesmo que estava animado, com música, dança, comida, até concurso de chef preparando pratos com tomates e tasting de um monte de variedades da frutinha verânica mais popular da região.

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Fomos para Sacramento almoçar por escolha do Uriel no Andy Nguyen, um restaurante vegano na Broadway que apesar de fazer aquelas tchonguices de carne, frango e até e peixe de soja, tem um cardápio super gostoso. Como nós sempre escolhemos tofu e cogumelos quando comemos em qualquer asiático, não mudamos nossa rotina. Esse restaurante tem um ambiente moderno, chão sem carpete [que eu abomino nos restaurantes asiáticos daqui] e serve uns sucos de frutas, legumes e gengibre simplesmente deliciosos. E a comida é delicada e gostosa, com alguns pratos bem criativos. Raramente pedimos sobremesas, mas eles oferecem umas opções interessantes, tipo a banana frita e o sorvete de coco.

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Já estava um bafão descomunal e saimos rumo à lugar nenhum—que é o passeio favorito do meu marido. Decidimos subir mais pro norte e a temperatura foi também subindo com os quilometros rodados. Saimos de Sacramento com 40ºC e quando chegamos ao nosso destino estava 43ºC—em Fahrenheit 104º e 109, que parece ainda pior. Aportamos na pequena cidadezinha de Auburn, que faz parte do circuito da corrida do ouro no norte da Califórnia. Eu adoro essa região que fica no pé da serra e tem toda uma atmosfera de velho oeste. Auburn tem uma downtown histórica bem bonitinha, como as outras cidades da região, mas tem também uma parte mais antiga chamada de Old Town. São basicamente duas ruas compridas com muitas lojinhas, galerias de arte, bares e restaurantes. Quando chegamos já estava quase tudo fechado porque o bafão não estava fácil. Só os bares e restaurantes estavam abertos e procurando por um lugar para tomarmos um sorvete entramos no Carpe Vino, um wine bar com um restaurante muito bacana. Sentamos para tomar uma taça de vinho branco gelado e pedimos para acompanhar um pan con chocolate temperado com flor de sal, raspas de laranja e azeite. Ficamos lá até criar coragem pra sair na rua novamente e dirigir de volta para Sacramento, onde decidimos parar novamente para jantarmos uma pizza margherita assada no forno a lenha, num lugar legal que conhecemos em downtown.

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No domingo saimos rapidamente só para almoçar num restaurante mexicano que gostamos aqui em Woodland. Não teve aqua fresca de hibisco suficiente para me hidratar. Bebi água mineral resto do dia, enquanto descansei, assisti alguns filmes e li um tanto de revistas, trancada seguramente dentro da casa climatizada.

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the dancing coyote

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Li no jornal que a vinícola que produz um delicioso Alvarinho aqui na Califórnia tinha agora um tasting room aberto para o público. No mesmo minuto mandei um e-mail com o endereço para o Uriel dizendo—quero ir lá! Desde que comprei uma garrafa desse Alvarinho da vinícola Dancing Coyote no inicio do ano passado, que nunca mais achei esse vinho pra vender em lugar nenhum. Voltei no supermercado, fiz mil perguntas, mas ninguém sabia de nada. Depois dessa visita entendi a razão. O pequeno tasting room deles fica no condado de San Joaquin bem próximo da cidade de Lodi, numa área com muitas vinícolas pequenas mas com uma cultura de vinho bem forte. É um pouco mais longe de Clarksburg, no condado de Yolo, onde ficam os vinhedos da Dancing Coyote e onde o vinho é produzido.
Logo que chegamos fomos recebidos por um cachorro que pertence a um artista morador do local. O prédio principal fica numa antiga destilaria de brandy e o tasting room é todo modernizado, você pode sentar nas mesas ou ficar no bar conversando com o bartender, que foi o que fizemos. O dono do cachorro, que é um artista hiponga que trabalha com metal reciclado, nos contou um pouco da história da vinícola, do local e do proprietário que não está interessado em fazer nenhum marketing dos vinhos nesse mercado altamente competitivo. Ele prefere que as pessoas comprem o vinho diretamente deles. Achei super justo. Eles também vendem online. Comprei o Alvarinho que já conhecia e provei o Verdelho, que achei muito bom, o Moscato, que não me entusiasmou e o Gruner Veltliner, que adorei e também comprei umas garrafas. O bartender me disse que esse último, feito com uma variedade de uva austríaca, é o favorito de um dos nossos ex-governadores—adivinha só quem? O Arnold Schwarzenegger.

Napa Valley [express]

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Nossos primos de Atlanta estavam a caminho de férias no Havai e deram uma parada na Califórnia para passar dois dias conosco. Fazia uns três anos que não nos encontrávamos, então gastamos muito tempo conversando. Dividimos o grupo em dois, os adultos na nossa casa em Woodland e os adolescentes na casa do Gabriel em Davis. Na organização do tempo com todo mundo acordando tarde e estendendo a conversa na mesa do café da manhã, mais os banhos e agrupamentos saindo de uma única cidade, acabamos chegando tarde para os nossos dois passeios. O do primeiro dia no Napa Valley, chegamos à uma da tarde e tivemos que condensar a programação ao máximo porque as vinícolas fecham entre 5 e 6 pm. Decidimos visitar apenas duas—a Mondavi, por razões óbvias e a Beringer, porque é uma das mais bonitas e fica bem no centro do vale. Dois clássicos do Napa. Na Mondavi fizemos o tasting dos vinhos vintages e reserve. Na Beringer fizemos o tour com tasting. Para um almoço rápido entre as vinícolas pegamos sanduíches, bebidas e chocolates no Dean & Deluca e depois de visitar a cidadezinha de Calistoga, voltamos para St Helena onde jantamos no Tra Vigne. Fizemos esse passeio com a cachorra Boo que está hospedada neste mês de agosto na casa do meu filho. Na vinícola Mondavi ela teve que ficar no carro, mas na Beringer as moças da recepção ficaram alegremente cuidando dela e no Tra Vigne ela não somente foi bem-vinda como recebeu um pote com água pra se refrescar. Até ela aproveitou muito o nosso passeio expresso.

na vínicola Clos Du Val
[um picnic na chuva]

Quando sugeri um picnic numa vinícola no Napa Valley para um encontro com Maryanne, Heguiberto & Steve, e Priscila, essa pareceu a melhor ideia do mundo já que o tempo estava lindo—florido e ensolarado. Três semanas depois as nuvens se acumulavam assustadoramente no céu do norte da Califórnia. Decidimos seguir em frente com nossos planos, no melhor estilo Keep Calm [Smile] and Carry On. Marcamos um tasting e um picnic na vinícola Clos Du Val para um sábado. No dia amanheceu cinzento e choveu canivetes por muitas horas. Pegamos muita chuva na estrada e apesar da perspectiva desanimadora, eu não esmoreci. Mantive um sorriso na cara e o espirito de antecipação no coração, também porque finalmente eu iria conhecer o Hegui e o Steve, meus vizinhos blogueiros, depois de praticamente três anos de enrolação [da minha parte, admito humildemente].

Fizemos um tasting super animado, mais pro bate-papo do que para o vinho, já que todo mundo queria conversar e se conhecer melhor. Eu escolhi fazer a prova dos brancos e bebi um Sauvignon Blanc, um Rosé de Pinot Noir e dois Chardonnays, um de barril de metal e outro de madeira. Meu favorito foi o Sauvignon e comprei uma garrafa para acompanhar o nosso picnic.

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o tasting

Assim que entrei na vinícola fui olhar a área de picnic—com mesinhas e cadeiras espalhadas sob um pomar de oliveiras. Super lindo! E ali vi um grupo de moças comendo e bebendo, cada uma segurando um guarda-chuva. Fiquei mais conformada, que não éramos os únicos enfrentando bravamente o mau tempo. Quando saímos do tasting, o tempo parecia ter firmado. Arrumamos alegremente nossa mesa, com nossos pratinhos, talheres, toalha, a vinícola emprestou taças par o vinho. No menu tínhamos uma broa de fubá com molho de goiabada e uma salada panzanella de aspargos feitas por mim. o Hegui trouxe uma salada de pasta com broccoli rabe, a Maryanne muitos queijos deliciosos do Cheeseboard, e a Priscila trouxe três caixas de pães maravilhosos, doces e salgados, que ela mesma fez no curso de bakery que ela esta fazendo no SFBI em San Francisco. Um banquete!

Quando a mesa estava pronta, a comida servida, os estômagos roncando, a fome apertando, começou a chover novamente—primeiro de leve, depois no estilo chuveiro. Por uns minutos ficamos lá, de capa e guarda-chuva, tentando comer nos pratos que estavam simplesmente alagando. Tivemos que pensar numa solução rápida e mudamos a mesa para um lugar um pouco mais seco. Nunca fiz um picnic assim tão molhado, mas a comida estava deliciosa, a companhia super agradável, o vinho tem sempre o dom de deixar tudo lindo e a conversa fluiu muito animada. No final parou de chover e voltamos para o pomar de oliveiras, onde comemos a sobremesa e conversamos bastante até a hora de nos despedir, fazendo planos para outros encontros.

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o picnic

project paso

Se você é um dos tradicionalistas da rolha, que acha que as dos vinhos têm que ser feitas de cortiça, vira os olhos pra lá ou fecha a página. Porque essa vinicola californiana não só substituiu a cortiça pelo plástico, como também aboliu o uso do saca-rolhas nessa linha de vinhos chamada de Project Paso. No website não tem nenhuma explicação do por que dessa inovação, mas posso testemunhar em favor da praticidade. É só puxar a ponta do zigzag de plástico e pleft—remover a rolha com a mão! Pra mim, que detesto abrir vinho com saca-rolha, foi uma revelação. Já o vinho, na minha escolha pelo Sauvignon Blanc, não arrasou Péris in chammas. Bebi uma parte e usei a outra parte para fazer risoto.

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gelatina de vinho moscato

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Usei um vinho branco bem doce, o Moscato d’Asti, para fazer essa gelatina. Como usei a agar-agar, ficou pronto rapidíssimo. Aproveitei um pouquinho dos morangos maduros que tinha comprado naquele dia e joguei na mistura. Foram 2 xícaras de vinho, 1 pacotinho de agar-agar em pó [2/3 colher de sopa] e um punhado de morango. O vinho é tão docinho que nem precisou de açúcar. Coloque 1 xícara do vinho numa panelinha, salpique a agar-agar por cima e leve ao fogo até ferver. Retire a panela do fogo, junte a outra xícara de vinho, misture bem e despeje numa forma molhada. Coloque os morangos e leve à geladeira até firmar. Desenforme e sirva.

a irmã do meio

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Sempre paro pra olhar as prateleiras dos vinhos em todo lugar que vou. Gosto de ver quais variedades são oferecidas, comparar os preços que podem variar muito e presto atenção também nas novidades e nos rótulos. E foi por causa dos rótulos que parei na seção dos vinhos da Target, porque esses da irmã do meio conquistaram o meu coração. Pudera, com esses rótulos fofíssimos, um para cada variedade e cada um engrandecendo uma caracteristica da referida moçoila. Parei pra fotografar enquanto dava muita risada sozinha no corredor da loja—acho que ninguém viu, abafa! Não comprei nem bebi nenhum desses vinhos, mas gostei da proposta divertida. Eu sou a irmã mais velha, mas tanto faz se somos a irmã do meio, a mais velha ou a mais nova, todas nós nos achamos criaturas especiais e queremos ser tratadas com tal distinção. A única dúvida que ficou no ar pra mim foi—será que a dona da vinícola é a própria [e exibida] irmã do meio ou são as irmãs [modestas] da irmã do meio?