La Cazuela de la Espartería

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No dia em que chegamos, fomos comer tapas numa taberna típica de Córdoba com nossos amigos. São dezenas de tapas, eu não iria saber escolher, um por não saber o que era o que, e dois por estar uma zumbi depois de tantas horas de viagem—entra em avião, sai de avião, aquela via crucis de sempre pra gente viajar do fim do mundo [Califórnia] até o planeta Terra. Tudo o que comemos estava uma delícia. Era quase tudo fritura—talvez por isso tão delicia! Só não comi um tapa de lula, porque não gosto desses bichos do mar. Mas o resto eu comi tudo—berinjela frita, peixe frito, croquetes de carne, um enrolado com presunto que parecia uma alheira portuguesa, um salmão com molho bechamel e berinjelas, que a primeira vista pode parecer uma mistura esdrúxula, mas é uma delicia. Eu bebi um vinho branco frutado delicioso que o Sérgio escolheu pra mim e depois fui na indicação da Esther e bebi um tinto de verano, que é vinho tinto misturado com soda de limao, que eu adorei e vou fazer em casa. A taberna fica cheia, todo mundo mandando bala nos tapas, sentados ou em pé, em bancadas. A Angela me contou que por causa das tabernas os espanhóis são considerados o segundo povo mais barulhento do mundo, perdendo o primeiro lugar para os japoneses e seus divertidos karaokês. Realmente, estava animado. O Uriel ainda pediu um azeite pra gente molhar o pão. Tudo estava uma delícia. Depois dessa verdadeira comilança, fomos a uma padaria comer doces! Aguardem o próximo capítulo.

Il Fornaio – Sacramento

Quando recebemos visitas, sempre acabamos deixando um passeio à Sacramento para o último dia, o que passa a impressão equivocada de que lá não tem nada de interessante—o que não é absolutamente verdade. Sacramento não é San Francisco, mas certamente tem o seu charme particular. Fizemos uma tour pela pitoresca Old Sac e depois demos um pulinho no imponente e nobre Capitol, já que Sacramento é a capital do estado e o escritório de trabalho do nosso mais intrigante governador, o senhor Arnold Schwarzenegger. Lá fizemos um passeio pela parte antiga do prédio, que é muito bonita, mostrando escritórios preservados do inicio do século vinte [1916], e depois demos de cara com uma comoção jornalistica na porta do escritório do nosso atual governador. Eram muitos reporteres de tevê, rádio e jornal, esperando para entrevistá-lo. Nós ficamos super animados com a perspectiva de poder ver o super astro-político assim cara-a-cara e nos prostramos lá também, câmeras em punho, animação evidente. Mas depois de meia hora começamos a sentir fome e o bafão da muvuca foi nos dando uma agonia. Eu sugeri irmos almoçar e a idéia foi acatada unanimamente.

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Eu adoro o restaurante Il Fornaio, um italiano que fica bem no centro financeiro de Sacramento. Ele é parte de um franchising, mas isso não importa. A comida é realmente boa, sem muitos tererês de restaurante modernê. O serviço é sempre bacana, com aqueles garçons vestidos à antiga, com blaser branco e gravata borboleta preta. O prédio onde fica o restaurante pertence ao Wells Fargo, o banco mais antigo da Califórnia, que chegou no oeste junto com a corrida do ouro. O espaço do restaurante é aberto, com pé direito altíssimo e muita claridade, o que deixa o lugar com uma atmosfera extremamente agradável. Eu me sinto feliz quando vou ao Il Fornaio e nem sei explicar muito bem por que.

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Lá matamos nossa fome, que estava descabelante, com os pãezinhos fresquinhos e maravilhosos que a famosa padaria do restaurante produz. Também pedimos bruschettas al pomodoro, que vieram com azeitonas extras. Meu irmão e minha cunhada beberam um zinfandel californiano. Eu bebi água com gas, já que estava dirigindo. A comida estava deliciosa e nós comemos até dizer chega. A Lívia pediu um macarrãozinho simples com um molho de tomate tão saboroso, que eu não resisti e molhei meu pão nele—com a permissão dela, é claro! Eu devorei um peito de frango num molho picante de peperoncino, servido com purê de batata e espinafre. Meu irmão comeu um scaloppine com marsala e funghi, servido com polenta e broccolini. E minha cunhada foi de ravioli recheado com linguiça italiana, ricota e erva-doce. Depois ainda tivemos coragem de dividir uma sobremesa, que foi uma daquelas muitas sobremesas italianas que eles trazem pra gente escolher num carrinho. Saimos do Il Fornaio com a pança cheia e tão felizes que até esquecemos da frustração de não ter conseguido falar um oi para o governator!

era uma vez um bom japa

Era nosso restaurante japonês favorito aqui em Davis. E como tem restaurante japonês aqui em Davis! Mas esse era caprichado, um lugarzinho pequeno, dois sushi men, um cozinheiro mal humorado, a gerente e as mocinhas garçonetes, todas asiáticas, todas vestidas de cor-de-rosa, todas chamando a gente de ‘guys‘ e fazendo os salamaleques na entrada e na saída. O serviço era meio desorganizado, talvez devido ao mau humor do cozinheiro e à imaturidade das meninas garçonetes, então às vezes a entrada chegava depois do prato principal, mas tudo bem, a gente nem ligava e pedia sempre a mesma coisa—o Uriel um prato com peixe e eu um sushi de camarão com lagosta, mais a sopa de missô, a salada de pepino e o tofu frito, que dividíamos.

Mas num fatídico dia o Uriel resolveu pedir sushi. E vocês não sabem dessa praga carmica, mas coisas estranhas se materializam no prato dele, sempre no dele—pelo de animal, cabelão afro ou loiro, cascas, insetos, objetos alienígenas de todos os tamanhos, cores e aspectos. Dá até raiva. Ele faz aquela cara e você já sabe, ele achou algo. E nesse dia ele fez uma cara torta de quem mastigou algo estranho, daí cuspiu discretamente os mastigados do sushi no cantinho do prato e eu já revirei os olhos pensando lá vem coisa, e era uma pedra. Uma pedra dentro do sushi.

Chamamos a gerente e mostramos a pedra. A reação dela foi o que mais nos surpreendeu, muito mais do que achar a pedra dentro do sushi. Ela disse—ah, desculpa, é uma pedra, é do arroz, desculpa às vezes acontece. se tivessemos visto, teríamos tirado, desculpa mas acontece, às vezes acontece de ter uma pedra no arroz.

ACONTECE? Às vezes ACONTECE?

O nosso japa favorito virou história. Depois de tantos anos frequentando o lugar assíduamente não poderemos voltar mais lá, infelizmente, porque se acontece de ter pedra no arroz, não dá mais pra confiar, né?

Delfina Restaurant

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Eu tinha o Delfina Restaurant na minha lista de lugares para ir em San Francisco há muito tempo. Já tinhamos testado a pizza do Delfina Pizzeria, que é a irmã siamesa do restaurante, pois os dois são colados parede a parede, com a diferença que a pizzaria é menor, mais casual e não faz reserva. No restaurante, reserva é estritamente necessária e o cardápio é mais extenso e sofisticado. Combinei com a Maryanne de jantarmos lá no sábado à noite e ela fez a reserva. Nos encontramos no restaurante já lotado às seis da tarde, para um jantarzinho muito agradável—excelente comida e excelente companhia.

Pedimos entradas, prato principal e sobremesa. Dividimos as azeitonas castelvetrano servidas mornas e o azeite olivestri olio extra virgine 2008, que veio numa latinha muito simpática com bico para servir, acompanhado de bastante pão quentinho. Eles mergulharam no grilled fresh calamari with warm white bean salad e na ribollita, que eu pensava ser uma sopa, mas o que chegou à mesa foi um tipo de bolo. Eu e o Uriel pedimos a mesma salada de puntarella alla romana with salt-packed anchovy, extra virgin olive oil and parmigiano. Puntarella é um tipo de chicória, uma verdura meio amarguinha muito boa. Depois eu comi o roasted fulton valley chicken with olive oil mashed potatoes and king trumpet mushrooms, que estava perfeito, o Uriel mandou bala num prosciutto-mascarpone ravioli with lemon-herb burro fuso e nossos amigos pediram o gnocchi al ragu e a pancetta-wrapped sonoma rabbit saddle with saba roasted fennel and carrots. Eles beberam dois diferentes vinhos italianos e eu um cabernet savignon do Napa Valley. Dividimos a sobremesa—uma delicada panna cotta de laranja vermelha e profiteroles. Foi um jantar realmente delicioso, num restaurante charmoso no distrito da Mission em San Francisco.

*Único porém foi que esqueci minha câmera em casa—fato totalmente incomum e inexplicável. Mas confiei que a Maryanne fosse levar a dela, já que ela também está sempre numa missão blogueiristica. Portanto, as fotos deste post são dela, que também escreveu sobre o Delfina, num texto com muitos outros detalhes interessantes, além da experiencia gastronômica. Não deixem de ler!

Pizzeria Delfina

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O nosso sábado foi gasto batendo perna e dando um extenso rolê por San Francisco. Quando a noite se aprochegou, a italianada quis comer pizza, é claro. Rumamos para o bairro da Mission, onde nos aconchegamos na minúscula Pizzeria Delfina que cheirava deliciosamente a massa assada e queijo derretido. O lugar é realmente pequeno e já estava lotado às seis da tarde, ou melhor, da noite do nosso inverno. Colocamos o meu nome na lousa—party of five, sem predileção para ficar fora ou dentro, pois tínhamos no grupo uma criança cansada e faminta. Esperamos uns trinta minutos e fomos colocados numa mesa na calçada, estratégicamente situada embaixo de uma fileira de aquecedores na borda do telhado. Jantamos no quentinho e olhando o movimento da rua. Quando a comida chegou tive uma paralisante amnésia fotográfica. Pedimos três antepastos, com três tipos de azeitonas marinadas e servidas mornas, uma salada de laranja vermelha com erva-doce e nozes, e o vencedor da noite, que eu comi entre murmuros, uma escarola grelhada com azeite de limão, nozes e um ingrediente que não consegui ler no menu da parede, mas que me pareceu ser aliche/anchovas. As pizzas foram a tradicional margherita e outra batizada de panna, assada com uma bolota de creme e lascas de parmigiano por cima, que foi eleita a mais gostosa. Cada pizza serve uma pessoa com muita fome ou duas com acompanhamento de antepastos variados.

*um relato ótimo sobre a Pizzeria Delfina foi publicado pelo No salad as a meal—um blog que eu adoro e uso como referência de restaurantes em San Francisco.

Le Petit Paris

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Seria possível encontrar delicados e finíssimos macarons estilo parisiense em Sacramento city? Oui, c’est possible! C’est possible, mes amis!

A Leila tinha mencionado um café estilo europeu em midtown, dizendo que eu iria adorar, além do fato do lugar ser lindo e muito fotografável. Combinamos então de ir juntas ao Le Petit Paris no domingo pela manhã. Chovia cântaros e eu me atrapalhei na hora de sair de casa e só fui perceber que tinha deixado minha câmera fotográfica em casa no meio da estrada. Fiz um retorno e fui buscar a câmera, decisão que se mostrou a mais acertada quando cheguei ao café e vi a todos os mil detalhes classudos e elegantes do lugar. Altamente fotografável de fato!

Mal entrei e já saquei a câmera da bolsa e comecei a clicar. Os proprietários do local, Ruben e Tassina, vieram nos recepcionar e perguntaram—essas fotos são pra quê? Quando eu falei que tinha um blog de culinária, o Ruben não ficou muito feliz. Acho que os blogs de culinária estão ficando famosos por não terem papas na língua e chegarem desavisados, de câmera em punho e senso crítico apurado. Mas quando eu revelei que meu blog era escrito em português e lido por pessoas de todos os cantos do mundo, ele relaxou. E me deixou à vontade para fotografar todos os milhares de detalhes do café.

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Le Petit Paris é um lugar amplo, com uma lojinha de coisinhas parisienses divinas de um lado e o café do outro lado. O café tem três ambientes. Logo na frente sofás, poltronas e mesinhas, mais mesinhas no corredor e outra área com sofás e mais mesas no fundo, com estante de livros, jogos, revistas e jornais. A decoração é toda feita com antiguidades que Tassina coleciona desde sua primeira viagem à França. O lugar é lindo, confortável, agradável, um ambiente onde você pode passar horas e horas e horas, lendo, conversando, bebericando algo…

E a comida? O café serve sanduiches, quiches, sopas, além dos doces e macarons. Cafés, chás, vinhos, sodas italianas, muitas coisinhas diferentes. Eu e a Leila atacamos os macarons, mas eu gulosa e querendo saber se o lugar era mesmo bom, provei o quiche de três queijos e bebi um Pinot Noir francês [eles só servem vinhos franceses]. O quiche estava perfeito, muito leve e delicado, acompanhado de uma salada de folhas com um molho de mostarda, que estava na medida certa. Eu detesto saladas encharcadas de molho, como se costuma praticar muito por aqui. Depois do quiche e do vinho, fui atacar os macarons e dar meu veredito. Escolhi quatro sabores—lavanda-damasco, pistachio, framboesa e coco-maracujá. Não me decepcionei. Os macarons estavam perfeitos, derretendo na boca, levíssimos. Gostei mais dos que misturaram os sabores. O de lavanda com damasco estava no mínimo o máximo! A Leila também gostou. Três moças estavam bebendo a sopa do dia, acompanhada de fatias de baguete fresquinha, sentadas num dos sofás e eu pedi na cara-de-pau para fotografar. Era sopa de dumplings de frango. Conversamos com o Ruben e a Tassina, elogiamos a comida, o serviço e o lugar. Colocamos nossos e-mails na mailing list deles, pois o café promove um encontro toda noite de sexta-feira, quando os comensais chegam, sentam, bebem uma taça de vinho e conversam sobre política, local e mundial. O prefeito de Sacramento frequenta esses encontros. Senti uma vibe totalmente anos 60 e vou querer participar, quem sabe até me sentir dentro de uma música da fase Folk-Greenwich Village do Bob Dylan.

almoço no Seasons

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No dia seguinte ao Thanksgiving fui toda contentona pegar o Uriel no aeroporto e depois fomos todos almoçar juntos no Seasons. Esse restaurante já esteve por aqui um tempo atrás, quando comentei um jantar que tivemos lá com amigos. Nós vamos muito ao Seasons, porque ele serve uma comida de qualidade excepcional. Nesse dia eu e o Uriel pedimos sopas—de abóbora e bisque de abobrinha, e depois fomos todos de sanduíche e o Uriel de salmão selvagem. O sanduba mais interessante foi o Reuben pedido pela Reidun, feito com um pastrami de peru. Eu e a Marianne pedimos um frango com brie e aioli com limão e o Gabe um presunto com gruyere e geléia de frambosesa. Foi um almoço ótimo em família, para recepcionar o querido viajante.

No Tucos com Lud & Luis

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Desta vez eu não fui a lugar nenhum, fiquei aqui mesmo e foi eles que vieram até Davis pra me encontrar. A Ludmila e o Luis chegaram ainda pela manhã e sentamos na sala para conversar e bebericar limonada, até que o Uriel apareceu e fomos todos à pé até o Tucos, onde tínhamos combinado de almoçar juntos. O Tucos é o meu lugar favorito aqui em Davis para comida da melhor qualidade, então foi a escolha perfeita para recepcionar dois foodies on the road pela Califórnia! Nosso almoço foi longo, saboroso, com muitos pratos que devoramos com prazer, regado a uma garrafa de um delicioso syrah de Paso Robles. Eu tinha planejado levá-los para um tour pelo campus da UC Davis e depois dar uma passadinha no escritório do Schwarzenegger, o Capitol de Sacramento, e fazer uma caminhada pela sugestiva Old Sacramento, mas sentamos para tomar um chá e o conversê foi avançando animado, que quando vimos já era noite e hora deles pegarem a estrada de volta a Santa Rosa, onde estavam hospedados. Três jornalistas, duas blogueiras, deu pano pra manga pra muito papo divertido. O Uriel só nos acompanhou no almoço, atrapalhado que está na véspera de mais uma viagem. O Misty fez os salamaleques receptivos e o Roux se fingiu de difícil um pouquinho, mas acabou socializando com os donos do Gaston. Gostamos muito de conhecer pessoalmente a Ludmila e o Luis, um casal tão simpático e com tantas coisas em comum, que dá até pena pensar que eles moram tão longe—ou melhor, longe estamos nós, que viemos amarrar o nosso burro neste outro lado do mundo!

The Slanted Door

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A Mariana foi ao The Slanted Door e não só tinha me recomendado, como tinha me intimado a ir também. Então eu fui! A Maryanne fez a reserva para o domingo e nos encontramos lá para o almoço—eu, o Uriel, ela e o Paulo. O restaurante fica num dos meus lugares favoritos em San Francisco, o Ferry Building Marketplace, que era o antigo porto da cidade hoje transformado num espaço gastronômico fantástico.

The Slanted Door oferece delicias da culinária vietnamita com um toque moderno e coloca uma grande ênfase na qualidade dos ingredientes usados na elaboração dos pratos. Eles usam produtos orgânicos e fresquíssimos vindos de produtores da região da Bay Area que praticam agricultura sustentável. Administrado pela família Phan desde a sua inauguração em 1995, o restaurante tem um ambiente descontraído, num espaço enorme e cheio de luminosidade, com paredes de vidro que emolduram uma das paisagens cartão postal mais lindas da baia, com a Bay Bridge ao fundo.

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Nossa reserva era para as 2 horas da tarde, o que somado à mudança de horário [saimos do daylight saving times] me colocou num estado de fome alucinante. Um dos problemas do The Slanted Door foi, para uma libriana típica como eu, o menu incrívelmente extenso. Fiquei numa dificuldade lancinante para decidir o que pedir. A carta de vinhos era basicamente francesa, o que me colocou numa outra enrascada, já que eu estou ficando com prática de escolher vinhos californianos, mas saiu da minha pequena bolha eu já fico atrapalhada. No final pedi um bourgogne pinot noir rosé francês que estava bem leve. A Maryanne pediu um pinot noir de Oregon que ela gostou bastante também.

Quando finalmente decidimos sobre os pratos, a garçonete gentilmente nos avisou que tínhamos pedido muita comida. Realmente as porções servidas lá são bem generosas. Então decidimos enxugar nossa lista de entradas. A Maryanne e o Paulo pediram os famosos rolinhos frios vietnamitas, com camarão e molhinho de amendoim. Depois ele comeu um frango com capim-santo e ela um prato bem picante de berinjela japonesa, que eu provei e estava uma delícia. Eu e o Uriel dividimos uma salada muito refrescante de papaya verde e tofu e depois ele comeu um halibut do Alaska com um molho picante de gengibre e eu comi um catfish cozido no pote de barro com coentro e gengibre. As porções eram grande e acompanhamos tudo com arroz jasmine. Só eu—a esfomeada e gulosa—que pedi sobremesa, um doce de abóbora kabocha com um creme de menta e sementes de romã, que apesar de parecer uma combinação um pouco estranha, funcionou muitíssimo bem.

Saímos do restaurante super tarde, quando quase todos os funcionários já estavam comendo nas mesas do fundo e o local se preparava para o inicio dos serviços do jantar. Adorei a experiência no The Slanted Door e recomendo. Para nós, que vivemos aqui na Califórnia, os sabores asiáticos não são nenhuma novidade, nem nada muito exótico, já que temos um restaurante desses em cada esquina. Mas nem todos com a qualidade do The Slanted Door, onde o que importa não é somente a comida e o quanto se paga por ela, mas também toda a política que envolve comer bem, com qualidade, apoiando a agricultura local e sustentável e a criação de animais sem crueldade.

* A Maryanne dá mais detalhes sobre o restaurante. Não deixe de ler a review dela lá no Hotel California.

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Fomos à San Francisco encontrar com o nosso amigo Fernando e almoçamos com ele no SPQR, uma pequena osteria na Fillmore Street. As referências do restaurante eram as melhores possíveis—trocentas reviews ultra-positivas, cheias de elogios e salamaleques para o local que serve uma adaptação californiana de um menu romano. As reviews falavam de filas quilométricas na porta e esperas intermináveis, já que o restaurante não aceita reservas. Fomos com duas outras opções de back up, mas encontramos tudo razoavelmente vazio para um horário de almoço no domingo. O SPQR está instalado num prédio pintado de preto, sem placas piscantes anunciantes, o que nos fez passar por ele sem perceber que era ali o lugar. Lá dentro, num ambiente aconchegante e bem estreito, ficam as poucas mesas e um bar, de onde pode-se assistir aos preparativos do chef. A primeira coisa que eu reparei quando coloquei os pés dentro do SPQR foi que eles usavam as cerâmicas da Heath de Sausalito, a mesma que fornece as louças para o Chez Panisse—mais chique que isso não há!

O almoço estava muito bom. Pedimos um trio de antipasti que estava fantástico: uma salada de erva-doce com atum em conserva, ervas, pimenta e bottarga; cogumelos chanterelle com espinafre e pancetta; e mussarela bocconcini com tomates. O ponto forte do lugar parece ser os antipasti, porque a pasta, fatta in casa, me decepcionou um pouco. Deve ser por ter crescido comendo a melhor pasta feita em casa que sei muito bem a diferença entre uma pasta caseira e outra nem tanto. Mas esse pequeno detalhe não comprometeu. Eu comi um canelloni com linguiça de porco, ricotta, espinafre e pecorino, O Uriel comeu um rigatoni amatriciana e o Fernando um rigatoni aglio e olio. Eu fiquei um pouco atrapalhada com a carta e vinho, que só tinha italianos, e acabei pedindo um rosato que estava uma delicia. Decidimos não pedir sobremesa e fazê-lo em outro lugar, mas me arrependi de não ter provado as que eles ofereciam por lá. Fica pra próxima vez!