rocambole de omelete com espinafre

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Passei o dia em casa, deitada, tentando me recuperar da gripe morfelêntica que eu trouxe como souvenir de viagem. Por isso tive tempo de ler uma parte das revistas que chegaram durante a minha ausência. Numa delas, a Everyday Food, encontrei a receita que eu precisava para acabar com os ovos caipiras que tinham ficado na geladeira—e eu tenho uma certa aversão à guardar ovos por muito tempo. Ela ainda ajudou a detonar uns queijos remanescentes e um pacote de espinafre que estava esquecido no fundo do congelador.

1 xícara de leite
1/2 xícara de farinha de trigo
Azeite para untar
8 ovos
1 colher de sopa de mostarda Dijon
Sal grosso e pimenta do reino moída
2 pacotes de espinafre congelado picado [descongelar e espremer antes]
1 1/2 xícara de queijo cheddar [*usei uma mistura de provolone e fontina defumado]

Pré-aqueça o forno em 350ºF/ 176ºC. Unte uma forma retangular e rasa com azeite e cubra com papel vegetal, deixando papel extra nas duas beiradas do lado mais curto da forma. Unte o papel vegetal também com azeite e reserve. Misture o leite com a farinha e bata bem com um batedor de arame. Numa outra vasilha bata os ovos, a mostarda, o sal e a pimenta. Junte a mistura de farinha com a mistura de ovos e coloque na forma forrada e untada. Salpique com o espinafre e leve ao forno por 15 minutos ou até as beiradas da omelete ficarem firmes. Salpique o queijo sobre a omelete e deixe no forno por mais uns 5 minutos, até ficar derretido. Remova do forno e segurando a parte extra do papel vegetal, vá enrolando a omelete firmemente, até formar um rocambole. Corte em fatias e sirva.

»para duas pessoas essa receita é um exagero e pode muito bem ser reduzida pela metade.

celery root rémoulade

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Há duas semanas que uma raiz totalmente funky começou a chegar na cesta orgânica. Eu já conhecia de fotos, receitas e de ouvir falar, mas nunca tinha tido nenhuma experiência culinária com ela. A celery root, também conhecida como celeriac, é a raiz do salsão. Tem uma aparência muito áspera, mas por dentro ela é macia como a seda. E tem um sabor extremamente delicado, como um salsão bem leve e cremoso. Usei uma delas para fazer uma receita de rémoulade que tirei do livro da Alice Waters—Chez Panisse Vegetables.
1 raiz de salsão de tamanho médio
Sal e pimenta moída a gosto
Suco de 1 limão
3 colheres de sopa de mostarda Dijon
1/2 xícara de maionese
2 colheres de sopa de creme de leite fresco
Salsinha picada para enfeitar
Descasque a raiz de salsão e corte em tiras bem finas [use o mandoline ou o processador com a lâmina de fatiar]. Numa vasilha pequena dissolva o sal no suco de limão, moa um pouco de pimenta e junte a maionese, a mostarda e o creme de leite. Bata bem com um batedor de arame. Junte esse creme a raiz já cortada e misture bem. Acerte o sal se precisar e deixe descansar por no mínimo 15 minutos antes de servir. Decore com a salsinha picada e sirva.

noodles com brócolis

A frase pode até ser chavão, mas é verdadeira—cozinhar é uma arte. Muitas vezes percebo minha cozinha como uma oficina, onde vou criar um prato comestível, o produto final que poderia ser um quadro, uma escultura, uma peça de cerâmica, uma colagem ou uma montagem interativa. Eu não entendo muito de arte, nem do processo da sua produção ou análise. Mas tenho essa inclinação natural para apreciar e admirar a beleza extraordinária da materia prima que usamos para cozinhar. Nunca me canso de contemplar as lindas formas e cores das verduras, legumes, grãos e frutas, que metaforicamente são minhas tintas, quando me ponho a pintar o canvas em branco do jantar do dia.

Para o jantar desse dia a inspiração era, como sempre, zero! Não é muito comum eu chegar em casa já com uma idéia para o jantar. Normalmente fico o dia inteiro bloqueada, até entrar na cozinha no inicio da noite e começar a abrir armários e geladeira. Também não sou organizada o suficiente para planejar o menu da semana e comprar ingredientes de acordo. Meu guia é o conteúdo da cesta orgânica semanal. É a partir dali que escolho seguir um caminho ou outro. São os legumes e verduras que estão na bancada da cozinha ou na geladeira que definem o menu do dia.

Foi o brócolis que orientou a concepção desse prato de massa. Usei um maço de brócolis, que separei os floretes e folhinhas e ralei os talos no mandoline. Usei um restinho de frango assado, que piquei em cubinhos bem pequenos. Depois foi natural juntar um punhadinho de tomates secos, também picados. Pensei um pouco se deveria ou não acrescentar um outro punhadinho de azeitonas pretas. Decidi por acrescentar e não me arrependi. Numa panela grande e funda coloquei bastante água com sal para ferver e cozinhei ali uns noodles feitos com farinha de spelt. Enquanto os noodles cozinhavam, refoguei o brócolis em bastante azeite. Só o tempo suficiente para os floretes cozinharem, mas sem deixá-los perder a crocância. Acrescentei os outros ingredientes, mais sal grosso e floquinhos de pimenta vermelha a gosto. Depois foi só juntar o refogado de brócolis aos noodles cozidos e escorridos, ralar bastante queijo parmesão para salpicar por cima do prato, servir e comer.

Pena que essas obras de arte diárias que produzimos nas nossas oficinas-cozinhas não são preservadas e têm um tempo de existência bem curto. Como os minuciosos mandalas de areia tibetianos, nossos lindos pratos coloridos também desaparecem, mastigados e devorados avidamente pelos comensais famintos. Para rebater esse ritual cíclico de impermanência, temos a sorte de poder usar nossas câmeras fotográficas e assim registrar a beleza desse nosso trabalho, que é o resultado de toda a nossa dedicação, para a posteridade.

que venham mais verduras!

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radicchio com laranja

Elas continuam chegando, mas eu estou aqui firme—dois pés no chão, colher de pau e frigideira empunhadas, refogando todas elas lindamente. Temos comido muitas verduras, até aquelas que eu já cometi o crime de desprezar no passado remoto.

»»O chard eu tenho feito bem simples, refogado no azeite, temperado com sal e na hora de servir, suco de limão fresquinho espremido. Fica tão bom que nem sei. Já me dei chicotadas por todas as vezes que fiz pouco caso dessa verdura.

»»Tentando reproduzir a escarola que comi na pizzeria Delfina, preparei um bok choy assado, salpicado com sal grosso e um fio de azeite e levado para assar em forno alto. Preparei um molho no pilão com dois filés de aliche/ anchova, suco de limão e azeite e reguei a verdura com ele. Mais uns minutos no forno e ela foi avidamente devorada.

»»A outra parte daquele radicchio recebeu um tratamento de azeite na frigideira de ferro, depois ganhou sal grosso e suco de meia laranja vermelha espremida no final.

couve de bruxelas com nozes

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Essa é mais uma receita muito simples que foi fisgada do livro Chez Panisse Vegetables da Alice Waters. Lave bem as couvezinhas e corte cada uma ao meio, abrindo um pouco para poder lavar bem. Escorra. Numa frigideira robusta prepare um pouco de brown butter, que é a manteiga cozida em temperatura média, até tornar-se amarronzada. Na manteiga, refogue as couves por uns minutos. Junte um punhado de nozes tostadas e um tantinho de caldo de legumes [ou frango] e deixe cozinhar até as couves ficarem bem macias—questão de minutinhos. Tempere com sal grosso, esprema suco de limão e sirva imediatamente.

risoto de erva-doce & laranja

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Foi a Marianne que me deu a idéia desse risoto, quando ela contou que tinha feito um com a metade do bulbo da erva-doce que ela tinha levado na outra semana. Fiz seguindo a receita básica—quatro xícaras de liquido, para cada xícara de arroz. Refoguei a erva-doce na manteiga. Cortei o bulbo no mandoline e usei também os caules e os raminhos. Depois refoguei o arroz e acrescentei uma xícara de suco de laranja [substituindo o vinho]. Depois as três xícaras de caldo de legume quente, até o arroz ficar pronto. Juntei raspas da casca de duas laranjas pequenas. Daí foi só acertar o sal, deixar descansar uns minutinhos e servir, com ou sem queijo parmesão ralado.