Um menu tradicional—crudités com patês, salame e bolachinhas, salada, purê de batata, refogado de batata doce, vagens e tomates assados com cobertura de pão torrado, brócolis cozidos no vapor, cranberry sauce, stuffing, gravy e o peru. sobremesa pecan pie e lemon almond tart.
Categoria: família
Thanksgiving is just around the corner
E eu num suplício porque ainda não decidi que sobremesa vou fazer para o nosso almoço de família. Pelo menos já decidi que será algo com limão, por causa do meu surplus de frutas citricas. É de conhecimento geral que meu nome do meio é desastre quando se trata de fazer sobremesa. Mas eu estou me esforçando pra mudar isso.
Todo ano comemoramos o Thanksgiving na casa da sogra do Gabriel, que geralmente também convida amigos e é sempre uma reunião muito agradável, com comida simples e boa. A Marianne é a encarregada do peru. Eu sempre levo vinho e sobremesa. Antes eu costumava passar o feriado inteiro lá, fazendo compras no Marin county, mas agora eu prefiro voltar pra casa. O Thanksgiving é um dos meus feriados favoritos, deixando o Natal bem lá pra trás. Pra mim o Thanksgiving faz muito mais sentido, pois é uma festa de agradecer o que temos, comer, beber, passar o dia com a família. Nada de dar presentes, que é o que—na minha opinião, faz o Natal uma festa cansativa e irritante.
hoje eu lembrei
Acho que é hoje que faz dois anos. Não costumo ficar marcando e relembrando datas tristes, mas tenho quase certeza que foi no dia de hoje, há dois anos, que ouvi o recado do meu pai na secretária e depois o som abafado de quem não consegue mais falar. Eu chorei por um tempão, porque ela era uma das minhas pessoas favoritas neste mundo, aquela que eu admirava e imitava, reparava nas parecências e até me assustava. Ela dizia com a sua voz potente e alta—nós duas somos dois livros abertos!
Por tudo isso e mais um pouco, numa época em que meu irmão ainda morava em Los Angeles, nós decidimos que iríamos fazer uma compra mensal de gostosuras pra ela através do supermercado online que entregava tudo direitinho lá no sitio onde ela vivia. Ela amava gostosuras, chocolates, bolachas, geléias. Mas ela tinha aquela doença traiçoeira chamada diabetes. Então minha missão mensal era fazer uma compra de gostosuras que não deixasse ela mais doente. Por três anos, todo final de mês eu me logava e fazia uma comprinha. Era legal, porque durante esses anos eu me inteirei das novidades nas prateleiras do supermercado brasileiro. Via produtos novos aparecendo, marcas novas, diversidade, variedade. Algumas coisas eu queria comprar pra mim, ficava empolgada. Mas a compra era para ela e tinha que ser especial. Eu comprava também sabonetes variados, porque eu sabia que ela iria adorar. Éramos iguais nisso também, loucas por banho, por cheiros, por perfumes.
Faz dois anos então hoje que eu parei de fazer as comprinhas no supermercado online, faz dois anos que acabou a minha diversão de encaroçar pelas prateleiras virtuais, pensando e escolhendo as coisas que eu sabia que ela iria gostar e depois ficar me sentindo imensamente feliz imaginando a alegria dela ao receber a entrega. Outro dia minha irmã disse que a ausência dela é como se nunca mais tivessemos ido ao sitio visitá-la, no que eu concordei. Dois anos depois eu ainda penso nela sempre que vejo chocolates, bolachinhas e geléias gostosas, sabonetes e perfumes, ou todas as outras coisas que ela adorava. Fico olhando e matutando—hmm, será que compro pra enviar, pois ela iria amar!
where the buffalo roam
*Vida nas pradarias canadenses: Uriel e Gabriel providenciando a CARNE pra Fer poder fazer o jantar. Bufalo ou bisão, honey?
No menu do restaurante da floresta de Apple Hill tinha a opção de hamburguer de carne de bufalo—cem por cento orgânica. Eu apontei o item do menu para o Uriel e nós dois fizemos aquela cara de bleargh. Eu não sou uma pessoa essencialmente carnívora. Eu como carne, mas tenho crises de consciência e de asco muito frequentes. Nunca quis provar cozido de coelho, que se preparava em festas de família ou o hamburguer de avestruz, que é famoso aqui em Davis. A carne de bufalo, porém, eu provei. Foi uma experiência inesquecível, no mais amplo sentido da palavra inesquecível. Meu paladar para carnes é bem sensível, carnes muito fortes me entojam fácil e a carne de bufalo não é coisa pra amadores. Pra mim foi mais do que eu consigo suportar.
Pedimos um hamburgão de carne de bufalo cada um num passeio ao Wanuskewin Heritage Park em Saskatchewan, Canadá. Um lugar completamente apropriado para a experiência de provar o sabor da carne do bufalo, que é praticamente o simbolo do desbravamento do oeste norte-americano e canadense. Nem preciso dizer que não consegui terminar o meu sanduíche e que me concentrei nas batatas fritas. Será que os índios plantavam batatas? Se eu fosse uma índia no tempo dos bufalos vagando, certamente viveria plantando e comendo muitas batatas.
o tempo não pára
O telefone. Amanheci falando ao telefone na segunda-feira fatídica e ainda não parei. Cozinhar, como? Mas é muito importante falar. Quando comecei a pensar nos planos para o meu jantar—menu para um, o telefone tocou. Era a minha mãe. Com ela fico sabendo de todos os detalhes de tudo o que aconteceu ou está acontecendo. Eu batizei nossa conversa de fofocas funerárias, porque eu tenho esse senso de humor que insiste em tentar fazer tudo parecer menos pesado. Fiz as fofocas todas com a minha mãe, que me contou da emoção das netinhas, das últimas palavras da filha para a mãe, avisando que o filho querido estava chegando. Depois filosofei com o meu pai por mais uma hora. Falamos da vida, da morte, das fotografias. Eu não estava com fome, mas ele precisava ir dormir. Desliguei dizendo, amanhã te ligo para falarmos de política!. Preparei um macarrãozinho simples, com um molho de tomates frescos, manjericão, muito azeite e salpicado de queijo parmesão ralado fresquíssimo. Subi com a macarronada e uma taça de old vine zinfandel e fui ver um filme com William Powell e Mirna Loy na tevê. Assim que terminei de comer o telefone tocou novamente e embarquei em mais uma hora de papo, porque ele precisa conversar com todos, aqui e lá. Faz parte do processo do luto entender os porques, certificar-se de que ela era querida e especial, que foi-se tranquila e sem dor, guardar os pertences mais importantes, as fotos, os filmes, fazer um retrospecto, uma colagem de lembranças—somente as boas. Fazer tudo para garantir que o passado não será esquecido, que a memória não vai nos passar a perna, que tudo ficará preservado e assim, só assim, poder tocar a vida pra frente.
life is very short, and there’s no time for fussing and fighting, my friends
Do fundo do meu coração—muito obrigada à todos que deixaram recados aqui ou lá pelo dia de ontem! Não vou conseguir achar as palavras certas pra descrever a alegria e o conforto que cada palavra escrita me proporcionou. Sempre quis fazer um texto especial agradecendo à todas as pessoas que vem aqui, as que comentam, as que não comentam, mas que fazem meus textos e minhas fotos terem importância. Cada comentário recebido ontem chegava como uma gota de mel pra adoçar o dia amargo, nublado, triste. Felizmente fizemos uma comemoração no domingo, pois o dia primeiro de outubro não foi nem um pouco comemorativo. Minha sogra morreu no dia do meu aniversário. Passei o dia chateada e estressada, falando com pessoas da família e com o meu marido, que estava no sul da Califórnia. Ele está indo para Campinas hoje. A vida é curta meus amigos. Vamos aproveitá-la bem.
tal mãe, tal filho [tchin-tchin]
Gabriel “wine tasting” em Carmel, Califórnia |
chupando balinhas
Fiquei de fora dessa foto e não lembro por que. Esses são os meus irmãos: Lezoca, Paulo E. e Carlos A. Os três chupando balinhas e vestindo chinelinho havaiana com meias. Meus irmãos sempre com as roupas combinando, mas eles não são gêmeos—tem um ano de diferença entre eles. Com certeza eu também tinha um vestido como esse que a minha irmã está usando, tão rendado e tão curto. Vestir filhos de idades diferentes com roupas iguais deve ter sido alguma moda dos anos setenta.
**pensando bem, tenho quase certeza que eu não saí na foto porque estava na cozinha atormentando a Cida. querem apostar quanto?
ultra-mega-super improvisado
Domingo foi Dia dos Pais e nós fizemos um almocinho em casa, sem muito planejamento, nem estresse. Eu comprei os ingredientes e o fillho fez um churrasco para o papai. Foi tudo super simples, porque eu realmente não ando no humor de ficar fazendo nada mais sofisticado que uma salada. E foi o que fiz, salada de beterraba assada, outra vez, e salada de abobrinha, outra vez. De sobremesa preparei um bolo escalafobético, do qual todo mundo riu, pois ficou realmente um horrorrore! Eu cortei um angel food cake e recheei com chantily feito em casa e adoçado com néctar de agave e morangos. O nosso convidado de quinze anos não quis comer o bolo, recusou-se educadamente, mas mandou bala nos sorvetes!
Valeu a pena tanto arroz integral
Alegria de mãe natureba é ver o filho chegando do Farmers Market com sacolinhas de legumes, verduras e frutas orgânicas, além de pão integral e outras coisinhas boas. Ele me contou que agora dá uma passadinha no mercado das quartas-feiras. Pois comer bem é muito bom! Esse é o menino que foi intuchado de rango natural pela mãe que andava com os livros da Sonia Hirsch debaixo do braço. No final das contas, a boa semente plantada sempre dá frutos, não é mesmo? Ufaaaaaa!