Ubuntu

Ubuntu—que significa “praticar atos humanitários em relação aos seus semelhantes” num dialeto sul africano—não é apenas mais um restaurante vegetariano onde não se serve carne, mas sim um espaço onde se promove a celebração das delicias dos ingredientes fresquíssimos, muitos cultivados na horta biodinâmica que o restaurante mantém, outros vindos de inúmeras fazendas da região. A cozinha do Ubuntu é extraordinária e lindíssima. Eu nunca tinha visto um uso tão extenso das flores comestíveis, que aparecem como ingrediente ou guarnição nos mais diversos pratos, dos frios aos quentes, até a sobremesa. E tudo é absurdamente fresco. Esqueça definitivamente que existem saladas pré-lavadas e vendidas em sacos. No Ubuntu cada folha é manipulada com um imenso cuidado. Vi um dos chefs espirrando cada folhinha verde com água e vi os pratos sendo preparados e montados como se cada um fosse uma jóia preciosa indo para um leilão.

Eu tinha esse restaurante marcado na minha lista de lugares para ir há muito tempo. Resolvemos almoçar lá no sábado. O Ubuntu restaurante e yoga studio fica no centro da cidade de Napa, instalado num prédio antigo que foi reformado com um design ecológico, usando madeira reciclada, transformada por artesões locais em pisos e móveis.

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A garçonete que nos atendeu primeiro nos contou sobre o significado da palavra Ubuntu, e sobre a horta biodinâmica de onde vem a maioria dos produtos fresquíssimos, de como a primavera era a melhor e mais excitante estação para os chefs e de como todos os pratos, servidos em pequenas porções, tinham sido preparados para que fossem divididos entre os comensais. Tivemos um pouquinho de dificuldade para entender o cardápio, cheio de nomes e ingredientes diferentes. Mas iniciamos com as três entradinhas clássicas—azeitonas castelvetrano marinadas num pesto de nasturtium [nastúrcio/capuchinha], as amêndoas marcona com açúcar de lavanda e flor de sal e os palitinhos de grão-de-bico fritos com molho romesco.

Depois dividimos uma salada de verdes da horta, chamada de gargouillou, com folhas verdes, flores, raízes e um pózinho de avelãs e beterraba. A salada quase não tinha tempero algum, para que se pudesse sentir o sabor de cada folhinha. Achei muito refrescante e adorei a quase ausência do molho.

Depois nós pedimos um mini-nhoque de cenoura com uma camada de pesto e mais outras coisas que não consigo lembrar, mas que estava uma delícia, leve e suave. E o prato final de couve-flor na panelinha de ferro, que chegou à mesa super pelando, com brotos de coentro e torradinhas de manteiga escura. Esse prato me encantou! Estava delicioso demais. Dividimos os dois pratos quentes, com nossas colherezinhas que vem com cada prato. Eles mudam os pratos e talheres a cada novo pedido. No Ubuntu não é permitido ser egoísta, você é incentivado de todas as maneiras a dividir. Gostei disso.

As sobremesas, também com colheres para dividir, fecharam nosso almoço com chave de ouro. Tivemos um sorvete de citros com rodelas de bananas com uma camada de caramelo por cima de cada uma e um micro bule com um leite de coco morno pra jogar em cima. Simplesmentedivinomaravilhoso! E depois um sorvete de lima keffir com tapioca de ruibarbo e uma soda sabor gerânio afogando tudo. Eu comi pronunciando mantras de alegria e prazer.

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Apesar das porçoes serem pequenas, achamos que comemos muito bem com três entradas, dois pratos quentes, uma salada e duas sobremesas. A conta ficou muito aquém do que eu imaginava que ficaria. No Open Table, onde fiz as reservas, a lista de preços indicava entre $31 e $50 por pessoa e é exatamente isso. E ainda bebemos prosecco, ginger ale natural e uma garrafona de água com gás.

O menu é sazonal e por isso muda constantemente. O David Lebovitz esteve lá no outono do ano passado e provou algumas coisas similares e outras diferentes. Gostei de ler a opinião dele [um chef] pois é quase a mesma que a minha [uma reles mortal].

12 comentários em “Ubuntu”

  1. Uau, que lugar bonito! Adorei o post, adorei as fotos, fiz questao de apreciar cada detalhe do lugar, das comidas… (é impressao minha ou a tábua na qual a couve-flor foi servida tinha formato de leitaozinho?)
    E por gentileza, o que é “flor de sal”? Já li este ingrediente várias vezes mas nao sei o que é!
    Nossa! Acabei de me lembrar, aos meus 8 anos minha vó me matriculou num curso de culinária e a professora sempre ditava na receita: “Sal agosto” (era assim que eu escrevia), e eu ficava pensando: “sal agosto”, será que é o sal produzido no mês de agosto? risos!
    Ai, espero nao ter te entediado com uma mensagem tao longa!
    R: Susana, sim a tabua era em formato de porquinho–uma ironia, ja que o restaurante eh vegetariano. 🙂 Veja AQUI o que é flor de sal.

  2. Legal! Ai só servem comida Open-Source com licença GPL. O cliente mais aciduo deve ser o Stallman. XD
    PS: se você não intendeu, procure por Ubuntu Linux no Google.
    R: Entendi sim, pois ja fui usuaria do Linux e meu filho é ha mais de dez anos. 🙂

  3. Fer, quer dividir tb a inveja que estou sentido agora?
    Que maravilha dos céus!!
    Adorei toda a descrição, e depois as fotos me levaram até lá, em sonhos.
    A couve flor, as azeitonas, o pesto, as sobremesas, ai, adorei tudo.
    Beijinhos e você merece desfrutar refeições assim!
    🙂

  4. E eu que pensei que UBUNTU era apenas meu Sistema Operacional, totalmente livre.
    Ai que delícia tudo isso que vc mostrou (pra variar né ).
    Beijo grande….breve estarei passando sobre as águas do Rio Verde….feriadão prolongado e devidamente emendado pela family.

  5. Ahh, eu ia perguntar, voce gostou dos palitinhos de grao de bico Fer? Eu a-m-o grao de bico!
    Eu faco aqui em casa um prato q chama “socca”, eh como se fosse uma panquecona feita com chickpea flour, eh taaaao bom! E eu ja vi fazerem tipo fries com essa mistura de socca, vai ver era assim q eram os palitinhos!
    Fiquei curiosa aqui!
    Beijos!
    Ana
    R: Ana, eles eram bem parecidos com os panisses. uma delicia total! 🙂 beijo, Fer

  6. Oi querida,
    Noossa comi com os olhos..
    hehehe
    Tb nunca comi flores, embora tenha vontade.
    Meu sonho sempre foi ter uma hortinha em casa, mas eu moro em apto.
    Ainda tenho que pesquisar pra ver se existe alguma forma de plantar uns temperinhos aqui..
    ehehehe
    Grande abraço
    Kaka
    R: oi Kaka, acho que eh bem viavel uma hortinha em vasos, viu? boa sorte, abraco, Fer

  7. Caramba, tem uma distribuição Linux que chama-se Ubuntu.
    Achei que era um post um tanto diferente 🙂
    R: é, eu sei! bem legal. 😉

  8. Esse é o meu tipo de restaurante, a minha ideia de comer com satisfação sem ter que sacrificar nenhum animalzinho (embora eu coma carne!), porque os pratos têm um visual simplesmente divinal 🙂

  9. A apresentação dos pratos é realmente divina!
    Incentiva a querer comer. Eu nunca comi flores, acho que teria pena, pois são tão lindas!
    Bjs 🙂

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