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como rechear um cabrito
outono em Paris
todos os dias
Pleasantville não existe
Passei a manhã fora, pondo em dia minhas consultas médicas. Quando cheguei no trabalho à tarde fui avisada por um dos meu colegas, em tom pesaroso, que talvez eu me chocasse com os acontecimentos mais recentes. O que foi, por acaso roubaram os computadores de novo? A resposta foi afirmativa. Quer dizer, desta vez roubaram só o meu computador no nosso prédio e outros trinta num prédio próximo. Pelo menos agora a polícia mexeu a bunda e tirou impressões digitais do local. Meu desk ficou uma nojeira, até a minha caneca de beber água estava cinza do pó que eles usam pra coletar as evidências. Eu não testemunhei o forrobodó e quando cheguei já tinham montado um esquema provisório com um laptop e um monitor e até o meu computador novo já tinha sido encomendado. Vou ganhar o novíssimo IMac, mas desta vez nem estou festejando, pois parece que os criminosos estão atrás mesmo é desses Macs super condensados, fáceis de carregar, sem torre e com um bom valor de mercado. Santa sacanagem! Fiquei praticamente a tarde toda arrumando zilhões de coisas que ficaram zoneadas, sem falar que dessa vez perdi trabalho de dois dias. O trabalho eu refaço, mas não consigo me conformar com a facilidade com que essa gente entra e rouba coisas numa universidade dessa magnitude. O segundo roubo em pouco mais de um mês. Somos uns iludidos. Melhor todo mundo começar a acordar, pois não vivemos em Pleasantville—local que na verdade nunca existiu.
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muitos achados nos perdidos
Diz o ditado que quem procura acha e eu vivo achando gratas surpresas nas minhas procuras por coisinhas bonitas nas lojas de segunda mão. Tenho um monte de histórias de achados. Os mais recentes, umas cumbuquinhas de madeira super lindas, com aquela cara de que foram muito usadas na cozinha de alguma senhora muito prendada. E uma assadeira redonda e funda de cerâmica esmaltada, que me pareceu ter produzido muito suflê bem-sucedido em alguma cozinha bem equipada.
Nas minhas garimpagens, eu não vou comprando qualquer coisa. Aprendi algumas regras básicas com a sogra do meu filho que é uma antique dealer. Olho muitas coisas no achado, mas a primeira coisa que eu faço é virar e olhar a base. Ali pode estar toda a informação que você precisa. Se estiver escrito made in china eu descarto imediatamente, mesmo se a coisa for linda prá lá de metro. Procuro por porcelanas inglesas ou japonesas, que são as melhores. Cerâmicas francesas ou italianas. Muitas vezes acho utilitários escandinávos, muito populares por aqui, ou alemães. E tem os produtos made in USA, que são quase sempre bacanérrimos. É só ter paciência, muita paciência e um bocado de determinação.
Quando vi a palavra Munising engravada na base das cumbuquinhas de madeira, o final quase ilegível pelo desgaste do tempo, tive a intuíção de que ali estava um achado. Faço uma pesquisa descubro a Munising Wood Products, em Michigan, que produziu utilitários lindos de madeira entre 1911 e 1955. Dá pra calcular mais ou menos a idade das minhas cumbuquinhas. Vou chutar 1930, pois é a minha década favorita.
A assadeira vitrificada mostrava o nome Guernsey no fundo e quando fui atrás de informação, descobri com grande surpresa que ela foi feita por uma cerâmica chamada Guernsey Earthenware Company, que produziu peças utilitáras de mesa e cozinha em Cambridge, Ohio, entre os anos de 1909 e 1924. Posso dizer com certeza que essa peça que eu comprei na loja de segunda mão por duas patacas de dólar tem entre 80 e 90 anos. Como aqui na América qualquer coisa com mais de cinquenta anos já pode ser considerada antiguidade, esses foram grandes achados, sem dúvida alguma!
$3.80
Meu jantar custou três patacas e oitenta centavos e consistiu de uma porção de batata frita, uma pequena salada que pedi sem aqueles molhos enjoativos e temperei em casa, e uma lata de limonata Sanpellegrino. Era o que eu precisava, com exceção da salada, que pedi já sabendo que iria ser uma experiência frustrante, como quase toda salada de restaurante. Não estou cozinhando muito, porque simplesmente não sei como cozinhar em porções para uma pessoa e não quero acabar com um monte de sobras na geladeira. O lado bom é que estou detonando um estoque de veggie burgers que eu acumulei no congelador—nem me perguntem por que eu comprei tantos deles, de sabores diferentes, porque eu não me lembro. Também tenho usado os tomates. Esse é basicamente o panorama desses últimos dias: pão, queijo, tomate, e batata frita de restaurante, quando preciso compensar por um dia não muito bom.