fourth of july

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Hoje comemoraremos a [minha] independência. Bem que eu vi ela chegando ontem com um monte de gostosuras. E cheirei um salmão, tenho certeza! Também vi tomates, vi figos e vi vinho. Os dias estão calorentos e modorrentos, mas eu realmente não sinto nenhuma diferença de temperatura, pois nunca saio lá fora. Mas eu vejo a lebre, o esquilo e os passarinhos. Eles me atormentam, pois estão lá fora no quintal e eu não. Tudo bem, pelo menos aqui dentro tem água fresca, comida a vontade e mil lugares confortáveis pra se dormir. Só não consigo ficar muito tempo naquele sofazão, pois ela chega e me tira de lá. Tudo bem, eu volto, pois não sou gato de desistir fácil. Agora ela comprou uma escova super poderosa pra nos escovar e eu me sinto muito mais leve, sem todos aqueles pelos extras. E facilita nas minhas pulações brincando com meus ratinhos de pano. A vida é bela, eu sei, pois vejo tudo pela janela. Hoje vai ser um dia de churrascos e picnics e ao anoitecer vai ter fogos de artificio pipocando no horizonte. Eu com certeza não vou participar de nada, pois vou estar desligado sonecando ou distraído brincando, como sempre faço, o dia todo, todos os dias.

meu animal exterior

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[os postes—misty & roux]

Durante uma caminhada cruzei com uma mulher pequena acompanhada do seu cachorro pequeno, para os quais eu sorri e depois abaixei a cabeça, imersa no pensamento de que é verdade que os animais se parecem com seus donos ou vice-versa. No meu caso, gosto sempre de supor orgulhosa que o animal perfeito para me retratar seria o cavalo. Me identifico fisicamente com esse animal grande que carrega seres humanos nas costas. Só que não posso ter um cavalo. Então me resigno e aceito o fato incontestável de que meus dois gatos malucos, dorminhocos e cheios de manias me representam muito bem.

o melhor lugar, aqui e agora!

Gatos são animais fofinhos, que ficam lindos deitados sobre uma almofada no sofá ou enrolados no tapete em frente à lareira, dormindo aos pés da cama, rolando e desenrolando novelos de lã. Gatos não têm absolutamente nada o que fazer na cozinha. Mas é na cozinha que meus dois gatos passam um bocado de tempo, muito mais tempo do que deveriam.

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O gato mais novo é um espevitado que chamamos de Roux—embora estejamos inclinados a acreditar que ele não sabe que se chama Roux, pois nunca responde quando solicitado pelo nome. Esse faz da cozinha o seu lugar de gastar tempo de bicho entediado. Quando ele não está dormindo e fica naquele trancetê sem ter o que fazer, a cozinha vira um parque de diversão. Ele corre para lá e para cá aos pinotes, dando botes em qualquer coisa que se movimente, real ou imaginária. Ele come as flores e as ervas nos vasos, tenta abrir as portas dos armários para ver o que tem dentro e se eu abrir gaveta ou porta e ele estiver pelos arredores, vai vir correndo para bizoiar curiosamente. Não sabemos exatamente o que ele faz na cozinha quando não estamos em casa ou quando as luzes se apagam e nós vamos dormir, mas temos suspeitas que ele dorme em cima da mesa e desfila pelas as bancadas da pia, xeretando em absolutamente tudo.

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O outro gato é um senhor austero e obcecado por comida chamado Misty Gray. Esse nunca sai da cozinha. Se eu estou lá, ele está lá. Se eu não estou, ele continua lá. Ele dorme nos tapetes da cozinha, especialmente nos tapetes por onde eu circulo. Tenho que ter um cuidado enorme para não pisar no rabo e não tropeçar no animal. Criamos o hábito de dar uma comidinha especial para ele num canto da cozinha. Então toda noite temos o que chamamos de “o ritual do snack”. O gato fica esperando, fica pedindo, se coloca em posição estratégica de frente para a parede e enquanto você não abre o pacote e ele não vê os biscoitinhos ali no chão, não há condições de se fazer muito na cozinha, porque ele não dá sossego. Se eu pego o abridor de latas, abro um saquinho de algo ou destampo qualquer coisa, ele olha para cima com aquele carão de pidão, na esperança de que vá sobrar algo para ele. É de comer—é pra mim? Pelo menos este não dorme na mesa, nem deixa marcas de patas na bancada da pia. Ou assim acreditamos.

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Meus gatos ficam à vontade na cozinha, como se ali fosse o ambiente natural deles. Assistem a vida passar pelas janelas e fazem a festa quando estão sozinhos. Mas pensando bem, não poderia ser diferente, pois é na cozinha que se concentra toda a ação da casa. Eu que o diga, pois apesar de não ser um gato, também não saio de lá.

são rosas

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O legal de viajar durante mudança de estação, é que quando você volta encontra muitas diferenças na paisagem. Eu cheguei para encontrar as rosas já pipocando, no jardim da frente e no quintal da casa. Minhas rosas não são muito bonitas, daquela beleza clássica que as rosas costumam ter. Elas abrem de uma maneira deselegante, se despetalam fácil, são espinhudas, sempre infestadas com pulgões, mas são rosas de fato. E já estão enchendo os vasos e trazendo alegria pra vida do gato Roux.

meditamentos

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[[ o-mmm ]]

Acordei no meio da noite para a remoção automática da água do joelho da madrugada e demorei um bocado para pegar no sono novamente. Enquanto isso meu pensamento escapou e divagou, correndo entusiasmado pelos campos das idéias do que fazer para o jantar de Natal. Rechearei o frango com quartos de limão e dentes de alho ou com uma farofa feita com farinha de pão? Acho que usarei grits ou polenta para fazer uma farofa. E será uma farofa de banana! Farei um doce com as nectarinas congeladas e usarei aquela massa fantástica de cream cheese do Greens. Foi assim por uns tantos minutos, até que consegui controlar o desmiolado e finalmente voltei a dormir.

Foi então que sonhei que tinha feito uma burrada com uns arquivos, nomeando um novo com o mesmo nome do velho e apagando praticamente os dois últimos anos de convercê e fotos do Chucrute com Salsicha. Eu sentia pena, mas não estava triste, nem chorando, nem desesperada. Tentava pensar numa solução que parecia não existir. Fui nadar de roupa, perdi minha sacola no vestiário e foi então que lembrei que o servidor deveria ter uma rotina de back up dos arquivos e me animei com a perspectiva de poder recuperar o blog.

Desmarcamos o regabofe natalino aqui em casa para poder fazer uma festa só, que acontecerá no Ano Novo quando meu irmão estará nos visitando. Também desistimos de passar o dia de Natal na casa da sogra do Gabe. Decidimos ficar por aqui. Não vou fazer nada de especial para a ceia, só um ranguinho simples, porque quero mesmo é descansar. Ao invés do peru, comprei um frango caipira que imergi numa marinada feita com vinho branco, limão cravo, tomilho fresco, alho em lascas finas e sal grosso. Só ainda não sei se vou rechear com quartos de limão e dentes de alho ou com a tal farofa feita com farinha de pão.

Nesta véspera do dia de Natal, uma chuva cai gelada lá fora e vou acender a lareira. Já sei que os gatos não vão nem dormir, ficarão o dia inteiro atrás de mim. O Uriel já foi trabalhar e eu preciso dar um pulo no Co-op, porque obviamente esqueci de comprar alguns ingredientes. Vou temperar as rodelas de queijo de cabra para fazer uma salada e preparar a massa para a tal sobremesa que decidi fazer no meio da noite. Gosto dos preparativos para a festa, mesmo que ela seja pequena e íntima.

Sem mais delongas, quero apenas agradecer todos os votos de boas festas e desejar a todos uma noite de Natal linda e feliz!