dog days of summer

São os melhores e os piores dias. Os melhores por causa da abundância de frutas e legumes, os dias longos, o cheiro de feno seco pelas estradas, o entusiasmo pela colheita do tomate, as braçadas refrescantes na piscina [quando ela abre] sob um céu impecavelmente azul, a brisa da noite, os picnics, os almoços e jantares no quintal. Os piores porque estamos tendo um verão bem tórrido e nos dias em que o bafão se instala não acho possível cozinhar. A fome é quase que a mesma, mas o entusiasmo por fazer comida no fogão anda bem pequeno. Por isso cozinhando pouco estou.

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Mas estou feliz com o inicio de agosto, pois julho foi um mês meio amargado de chatices, começando pelo gato que caiu doente logo nos primeiros dias. Fui surpreendida pela informação de que gatos e cachorros são mestres em fingir que está tudo bem e não mostrar que estão doentes. Os cachorros, porque não querem chatear, incomodar e entristecer os donos e os gatos porque são assim mesmo, orgulhosos. Pois foi então que o meu gato desmoronou de repente. Num dia estava normal—dentro do que se pode esperar de um animal com 17 anos, e no outro não conseguia se sustentar nas próprias pernas. Desde então estamos cuidando dele com o máximo de carinho e atenção. São remédios duas vezes por dia, soro um dia sim outro não, comida especial e um limpa limpa que não acaba mais, porque ele tem muitos acidentes de banheiro. Não tenho a ilusão de que ele vai voltar a ser o que era, mas pelo menos não está sofrendo. Descobrimos nesse interim que ele adora abóbora, depois que fomos aconselhados a misturar o purê do legume na comida normal para ajudá-lo com uma desagradável prisão de ventre. Quando chego em casa ele é o primeiro a aparecer, correndo todo capengueta atrás de mim, porque sabe que vou dar comida. O velho Misty Gray de sempre, o nosso gato Highlander.

Tive que parar de frequentar as classes de zumba que eu estava fazendo no YMCA da cidade por causa de uma incompatibilidade de horários e por recomendação de uma moça chamada Dolores fui experimentar uma aula com um outro grupo, que se encontra toda terça e quinta no ginásio de uma escola primária na minha vizinhança. Fiquei absolutamente chocada com a vigorosidade da coisa. Eu suo de pingar água da sobrancelha e empapar a toda a camiseta. A versão do YMCA devia ser para idosos. Já completei o meu segundo mês nessa zumba pra cabra macho e apesar de me esbaforir completamente e ainda ficar totalmente perdida nos movimentos rápidos, estou achando essa experiência super legal. Calculo que mais da metade das mulheres do grupo são hispânicas e então o ti-ti-ti é intenso. Invejo muito as moças que fazem os passos das danças com aquela graciosidade latina, sem ficar parecendo uma barata tonta no meio do salão.

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Tentando estabelecer um esquema para a nossa rotina durante os dias de semana, com o Uriel em Sunnyvale, eu almoçando diáriamente no trabalho, as aulas extenuantes de zumba, a doença do gato, as restrições de um procedimento periodontal, as minhas tentativas de ver mais filmes e ler mais livros, a manutenção da casa, e os passeios e a vida social dos finais de semana—ajustei minhas investidas na cozinha para um modo mais quantitativo. Isto é, as comidas preparadas precisam gerar muitas sobras, para encherem marmitas ou virarem jantares rápidos e improvisados. Com um quilo de tomates ultra maduros fiz um molho que usei na preparação de uma lasanha gigante com camadas de abobrinha. Grelhei vários tipos de legumes e deixei na geladeira prontos para virarem uma salada ou recheio de sanduíche. Nos dias mais frescos cozinhei duas xícaras de quinoa, duas xícaras de arroz integral, uma de feijão, outra de lentilha. Minha desenvoltura fazendo comida crua ou usando a churrasqueira também está ficando notável. Os repetecos de receitas de sopa fria abundam. Bolos não tem acontecido, muito menos tortas ou pizza. E tem dias que a vontade realmente é de só de consumir um copão de sorvete, devidamente afogado em suco de laranja ou refrigerante de limão.

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Preciso deixar registrado aqui meu imenso agradecimento aos criadores do iphone e do instagram que de certa maneira salvaram esse blog da indolência. Porque infelizmente eu não tenho mais tempo nem paciência para tirar fotos com câmera. Um dia começei a achar muito chato carregar um monte de equipamento pra lá e prá cá. E parei de fazer. Com o iphone é tudo muito mais prático e rápido, posso tirar muito mais fotos, nem sempre super perfeitas, mas o registro fica feito. O que anda acontecendo é que às vezes eu tiro fotos das mesmas coisas usando primeiro a dupla iphone/instagram e depois a câmera e acabo gostando mais do resultado dos cliques do celular. É um fenômeno ainda sem explicação e que pode não ser completamente compreeendido por todos, mas conquistou a minha simpatia. A verdade é que essas fotinhas mixurucas de celular deixaram o Chucrute com Salsicha mais colorido. E o mais incrível é que estou muito satisfeita com isso!