Quando eu e a minha prima-amiga-irmã Heloisa assistimos ao filme Hair num cinema em Campinas no inicio da década de 80, ficamos boladas. Choramos muito no final quando o personagem herói Berger, é enviado por engano no lugar do panacão Bukowski para morrer no Vietnã e todos os amigos cantam juntos Let The Sun Shine. Na época ganhei uma gatinha, que batizei de Sheila, a ricaça que vira hiponga no final da história. Comprei a trilha sonora em bolacha de vinil. Hair foi um filme que me marcou, no auge da minha adolescência, hormônios borbulhantes, cheia de idealismos, alma hiponga despontando no horizonte.
Mas apesar de ter adorado o filme, nunca tinha tido a oportunidade de ver o musical, que deu origem a tudo. Trinta anos depois […] Vejo o cartaz da produção de Hair no campus da universidade, feita pelo mesmo grupo que apresentou MacBeth em novembro passado. A peça seria encenada ao ar livre, numa área enorme de gramados e árvores no arboretum da UC Davis.
Choveu até dizer chega no domingo, que seria o último dia de apresentação de Hair e ficamos numa sinuca, não sabendo o que fazer. Eu queria muito ir e teria que ser naquele dia ou no more. O Gabriel mandou mensagens pro diretor do grupo, que é amigo dele e o cara confirmou: vai ter apresentação, com chuva ou sem chuva.
Preparei correndo os apetrechos—cadeira dobrável daquelas que se carrega convenientemente com uma alça no ombro, roupa quentinha, manta, guarda-chuva e uma cesta de picnic. Tenho um monte de cestas para esses eventos e garrafas térmicas, pratos, utensílios, toalhas macias pra estender no chão. Picnics são um dos meus eventos favoritos, embora não tenha feito um em algum tempo. Picnic noturno, numa área verde linda, vendo um musical como Hair, não tinha como me deixar mais entusiasmada. Preparei uma garrafa térmica gigante cheia com chá de gengibre e limão*, um queijo gruyere pra cortar, um pão, umas bolachas salgadas, um queijo de cabra temperado com ceboulettes, chocolate em barra, morangos frescos e um bolo ultra rápido de liquidificador.
Chegamos com o guarda-chuvão aberto, nos ajeitamos na seção para cadeiras da platéia e logo parou de chover. Fizemos nosso picnic e quando a peça começou já estávamos alimentados e confortavelmente aquecidos pelo delicioso chá. Não choveu mais pelo resto da noite.
A apresentação de Hair durou mais de duas horas, com um pequeno intervalo, quando todos correram para usar o banheiro. Eu adorei e curti cada minuto, cada música, lembrei das letras, cantei baixinho junto, dei risada e fiquei com lágrimas nos olhos durante muitos dos números e, como na primeira vez que vi o filme, chorei quando o rapaz morre no Vietnã. Quando a apresentação terminou, meus dentes batiam de tanto frio. Mesmo super agasalhados e bebendo chá, não é bolinho ficar sentado por mais de duas horas no relento numa noite fria de primavera californiana. Fomos pra casa descongelando com o aquecedor no carro e desde então estou com uma das músicas da peça dando loop na minha jukebox mental—manchester england england across the atlantic sea and i’m a genius genius i believe in god and i believe that god believes in claude that’s me that’s me!
*chá de limão e gengibre
Corte um limão em cubinhos e coloque num bule ou garrafa térmica. Rale um pedaço de gengibre—como eu compro gengibre orgânico, não descasco—e coloque junto com o limão. Jogue bastante água fervendo sobre os pedaços de limão e gengibre. Deixe descansar por uns 5 minutos. Sirva. Nós bebemos sem açúcar. Mas quem quiser, fique à vontade para adoçar.
»no final da peça encontramos com o Gabriel, que estava indo na festa de encerramento daquela curta temporada de Hair. e guess what? ele faturou a kombi cor de rosa decorada com flores que fez parte do cenário da peça. a kombi está na garagem dele e logo aparecerá em edição especial por aqui.
»não levei minha câmera, por causa da chuva e também porque sei que às vezes não se pode fotografar em espetáculos. tirei essas fotos com o celular e levei uma carcada logo depois que fiz a última foto. eu não sabia, mas os atores estavam tirando a roupa atrás da bandeira americana. perdi, por alguns segundos, de fazer uma foto mais explícita.
eu vi ou melhor ouvi o hair na decada de 80 com ledora no instintituto benjamin constanta porque sou cego e me emocionei pela historia do filme as musicas, a guerra como e estupidae eu me perguntei por que? eu tenho o fime e me emociono todo vez que vejo, ou melhor ouço abraços! cheios de lágrimas! o ser humano não mudapor que a guerras continuam!
eu quero esse quilt ! :-))
R: é tão velhinho, Vera. nem sei onde comprei. 😉
Que delícia de programa. Também adoro pique nique e faz muito tempo que não faço um…
Quando eu for para a Califórnia TENHO que conhecer a UC Davis – espero que esteja acontecendo algo legal, como a festa hipponga, e que a gente se encontre por lá 😉
Beijos,
Elena sem H
R: com certeza, Elena! quando vier me avisa. beijo!
Não conheço o filme mas viajei nesta “reportagem” 🙂 Apesar do frio, deve ser super bom sair assim para assistir um musical, com uma cesta de picnic e chá quente. Ahhh, quem me dera!
Muito legal mesmo! Depois mostra combi Fer!
Beijos!
Ana
Eu tb amei este filme. Vi umas 10 veze, mas segundo uma prima, cortado. Uma pena, me senti roubada.
Tinha o disco e sabia de cor as letras, apesar de não entendê-las perfeitamente.
Hoje assisto as cenas do filme no You Tube. Uma alegria!
A peça nunca assiti, mas adoraria!
Bjs 🙂
R: você pode comprar o filme, sem cortes, em DVD! beijao
Nossa, que programa legal. Eu adoraria ter ido. Eu adoro um musical.