Me esforço muito para não me tornar uma pessoa bitolada—apesar de admitir que sou, em alguns aspectos. Gosto muito das novidades tecnológicas, mas não deixo de apreciar as tradições. Estou adorando ler no meu Kindle, mas tenho absoluta consciência de que esse leitor eletrônico e seus similares nunca substituirão totalmente os livros impressos. E a experiência de manusear um livro é única, especialmente se for um livro antigo. Eu não gosto do cheiro nem da textura do papel, que se não for de primeiríssima qualidade, me dá um treco de aflição. Vou confessar que às vezes tenho nojo de livros usados, porque a imagem daquelas pessoas que lambem o dedo antes de virar uma página durante a leitura, sempre me assombra. E realmente não sei, nem nunca vou saber de onde veio aquele volume. De um lugar moforento, cheio de pulgas, traças e cocô de ratos? Bom, cada louco com suas manias e delirios, né? Mas mesmo assim nunca deixei de comprar livros usados ou de manuseá-los na biblioteca. E de vez em quando dou um pulinho na biblioteca da UC Davis, onde há um acervo incrível de livros de culinária. Sempre que vou lá me dá uma dor de barriga e um sentimento de confusão, pois me sinto soterrada e massacrada pelas inúmeras possíbilidades de diversão, cultura e aprendizado através da leitura. Sempre acabo pegando um ou outro livro antigo, pois tenho fascinação pelos modos de vida dos nossos antepassados. Na última vez que fui lá, parei nesse livro verde. Eu nem leio em francês, mas gosto de olhar como esses livros antigos de culinária eram impressos. Capas com letras cintilantes e menus sofisticados. Em outras épocas a culinária não era para donas de casa ou apenas narigudas curiosas escrevinhadoras de blog xeretar. Também adoro achar coisas entre as folhas desses livros. Neste tinha uma página de calendário e anotações em letra de mão feita com caneta tinteiro. O que o calendário e os rabiscos em alemão [eu presumo que seja alemão] está fazendo num livro escrito em francês me faz ficar horas divagando, imaginando quem foi o dono original dele, o quão útil ele foi pra essa pessoa, quantas receitas foram colocadas em prática e como foi que esse livro verde acabou fazendo parte da biblioteca de uma universidade no norte da Califórnia.
Fer, eu nunca sequer pensei nas pessoas lambendo os dedos pra folhear os livros velhos. Eu adoro livro de qualquer jeito, mas pensando bem, você tem TODA razão! Já leu/viu “O Nome da Rosa”? Tem tudo a ver com isso que você tá falando. Hehehe. Ler livro velho pode matar! hahahaha.
Mas esse livro daí é lindo mesmo! Beijocas.
O que acho mais legal no kindle é a possibilidade de busca. Depois de viciar em computador, todo livro que leio e, de repente, há um acontecimento ou personagem referindo a uma passagem lá de trás, lamento que os livros não tenham um “Ctrl L” para localizar rapidamente. Perco muito tempo voltando diversas páginas e nem sempre consigo encontrar o que buscava.
Oi Fernanda!
Adorei quando vc disse que te dá uma dor de barriga na biblioteca com o massacre de informações… é exatamente assim que me sinto quando vou a bibliotecas, pensei que só eu sentisse isso.
Bjssssssss
R: Heloisa, bom saber que nao sou só eu! 🙂 beijo!
Ooooooooops, isso é que dá comentar sem pesquisar. Sonnabend, como disse a Monica (e a Wikipedia)é sábado mesmo, nos dialestos do norte e leste alemaes. Na antiga Alemanha Oriental esse era o nome oficial do sábado!
No papelzinho manuscrito (linda caligrafia, aliás) dá pra ler Rettich (nabo), Petersilie (salsinha), Sellerie (aipo), Blumenkohl (couve-flor).
Sonnabend parece mais um trocadilho com “Sonntag” (domingo, em alemao). Sábado é Samstag.
Olá Fer
Esse livro é lindo e um achado!Apesar de partilhar a sua relutancia por livros usados…adoraria ler!
Beijo
Eu coleciono livros antigos de culinária e tenho este que vc mostrou, um dos que mais gosto.
Eu tenho um livro português que foi de minha bisavó e tem uma receita de lebre que começa assim: Mate a lebre. Esfole a lebre… kkkk
A vida realmente era uma aventura!
Beijos
Lu
Adoro tradição… Que belo post… e belas imagens!
Babette, do Blog “A Festa de Babette”
Pois eu gosto de livros usados, antigos, em segunda mão, whatever… É bom sentir que o livro serviu o seu propósito e a quantas mais pessoas, melhor!
Agora fiquei com saudades da biblioteca que frequentava nos meus tempos de estudante… Já há algum tempo que não vou lá!
Deixo aqui link com info do Palácio das Galveias:
http://www.jf-nsfatima.pt/boletins/bol08/page09.asp
onde se encontra a Biblioteca Central do Município de Lisboa. Só é pena não haver fotos do interior.
Duvido que algum lisboeta não conheça, mas pode ser que alguém, em visita (quem sabe), possa ter o prazer de conhecer.
Beijo.
Vou confessar que não gosto nada da biblioteca da cidade onde moro. Sou sócia lá já desde os tempos de liceu mas a oferta de livros é pobre, os funcionários são antipáticos e os usuários são barulhentos. Enfim, na minha imaginação uma biblioteca é o contrário dessa que a minha cidade oferece 🙂
Mas vou voltar lá um dia destes… só para ver se têm novidades!
Nunca encontrei nada no meio dos livros que “aluguei” mas, às vezes, encontro coisas no meio dos meus livros que eu nem lembrava e que remetem para um momento da minha vida. Fico com um sorriso no rosto 🙂
R: tambem adoro encontrar coisas dentro dos meus livros–fiz até um post sobre isso anos atras aqui no Chucrute. 🙂
Que delícia, Fer! Tenho essa paixão por livros também, mas adoro quando eles são bem antigos e cheios de anotações. Comprei um de poesias do Drummond num sebo com dedicatória e um coração no título de um poema… e viajo nas supostas histórias que invento pros antigos donos. 🙂
Sabia que existem estudos de anotações da marginália (anotações feitas nas margens dos livros)? Tem gente com interesse por tudo nesse mundo!
O Kindle vai te servir pra fugir dos papéis empoeirados, então! E pra te dar acesso aos milhares de livros que já estão no domínio público (a maioria, livros super antigos… cheios de pó, e quiçá traças, folhas se partindo). 😉
R: sempre que penso em anotacoes nos cantos dos livros, lembro do O Morro dos Ventos Uivantes, onde a personagem Cathy escrevia nas margens. O Kindle vai me proporcionar um mergulho nos classicos, sem acaros e saliva seca de dedos lambidos–ufa! 🙂 beijaoo
Fer,
Sonnabend é sábado em alemão, e a listinha manuscrita atrás é uma lista de ingredientes (talvez uma lista de compras?) tb em alemão!
Beijos
R: obrigada, Monica. agora temos certeza de que é alemão! beijo
Adoro achar papeis em livros antigos, sempre fico pensando tbem de onde veio e como o papel foi parar dentro do livro! Gostei muito do post!
Ana
Fer, “sonnabend” me remete aos idiomas escandinavos, seré que alguém confirma isso? Tornaria tudo ainda mais misterioso e intrigante! beijos
R: tomara Rachel, pq eu nao consegui decifrar! bjo