Chez Panisse Café

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As confusões acontecem por algum motivo esotérico, não por falta de planejamento, pois algumas vezes tudo falha calhordamente por nenhum motivo aparente. Desta vez eu me preparei. Escrevi pra Maryanne, que lê este blog, mora em Berkeley e conhece os bons restaurantes da cidade. Ela sugeriu três lugares, eu escolhi um, liguei e fiz reserva. Tudo certo, não iriamos dar com os burros n’água em qualquer birosca desconhecida. Chegamos em Berkeley cedo, pois eu queria antes passar no The Cheese Board Collective, que fica em frente ao Chez Panisse e faz parte da história do restaurante. O lugar estava fechado, então seguimos para o Farmers Market em downtown, onde passamos um tempo e depois seguimos para o restaurante onde eu tinha feito reserva. Chegando lá, o grande choque—o lugar estava FECHADO*! Fiquei louca da vida, gruni, chutei lata, aquilo não era possíverrrrr….
Resolvemos voltar para a rua do Chez Panisse, onde ficava um outro lugar que a Maryanne tinha recomendado. Mas quando chegamos lá e eu olhei novamente para o charmoso restaurante da Alice Waters, me deu um ziriguidum:
fruck reservations! eu vou checar se rola a gente almoçar no café do Chez Panisse!
E fui. A hostess, extremamente delicada e gentil, me disse que seria trinta minutos de espera. Topei sem piscar. Enquanto o Uriel foi estacionar o carro, eu fiquei olhando os cozinheiros trabalharem na preparação do jantar do dia, no restaurante que fica na parte de baixo da casa. Dei uma espiada através da cortina e depois fiquei embasbacada, olhando o movimento na cozinha de um dos restaurantes mais famosos do mundo. Um dos cozinheiros escolhia talos de uma verdura, outros picavam coisas, a cozinha tinha um cheiro maravilhoso de coisas deliciosas. De repente entrou o chef Jean-Pierre Moullé, que comanda a cozinha do restaurante há anos. Ele inspecionou algumas coisas e foi sentar-se em uma das mesas com outras pessoas, certamente planejando a noite.
Subimos para o café, onde tivemos o nosso almoço. Infelizmente eu sou tímida demais pra sacar a minha camerazona dentro do lugar e tirar fotos indiscriminadamente. Simplesmente não rolou. E eu estava feliz da vida, curtindo a minha primeira visita ao Chez Panisse. Durante o almoço eu fiquei contando coisas sobre a história do restaurante pro Uriel. Percebi que nessa altura do campeonato, depois de ler tanto e tanto, eu sei absolutamente TUDO sobre tudo do lugar, só faltava mesmo estar lá fisicamente.
O café é maior que o restaurante, isto é acomoda mais gente. E tem um cardápio a la carte, que o restaurante não tem—lá o menu é fixo. Eu pedi o Zinfandel da casa, que tem toda uma história, que eu contei pro Uriel, e quis provar. Eu pedi uma ricota assada com folhas de alface da horta e um frango grelhado com brócolis ao vapor, molho de tomatillos e batata frita palha, que na realidade eram lascas finérrimas da batata, como papel de seda. O Uriel pediu uma sopa de couve-flor com iogurte e menta e depois um ravioli com espinafre e cogumelos, uma das massas mais delicadas que eu já vi. De sobremesa acertamos na mosca, o Uriel com uma bavaroise de baunilha com molho de fruta silvestre e eu com um sorvete de laranja cristalizada, que devoramos entre murmuros de puro prazer.
O Chez Panisse é a epítome de absolutamente tudo que eu sempre acreditei e pratiquei na minha cozinha. Come-se tão bem quanto em outros mil lugares, mas pra mim é a filosofia que envolve o restaurante que faz a diferença. Como eles põe em pratica a sustentabilidade, como insistem na qualidade dos produtos e como apoiam os produtores locais.
*quando chegamos em casa à noite, tinha uma mensagem do restaurante furão na secretária, se desculpando pelo inconveniente de termos dado com a cara na porta. aparentemente eles decidiram não abrir por causa de um problema de família.

10 comentários em “Chez Panisse Café”

  1. Meu sonho é ir lá, desde que li uma reportagem dela numa revista Country Living antiga… de 1994! A revista foi presente de uma ex-vizinha, que sabia de meu amor por decoração e cozinha. Fico muito feliz de poder acompanhar aqui seus encontros com a Alice, antes era ela tão distante para mim. Parabéns Fer, sua mãe está certa, você é uma estrela com brilho próprio.

  2. Fer,
    vc não imagina minha imensa alegria em abrir hoje o Chucrute e ver q vc finalmente foi ao Chez Panisse.
    Fico só chateada por vcs não terem conseguido ir ao Cheeseboard. Sei q eles não abrem aos domingos. Mas, não deixe de tentar numa próxima vez.
    um beijo pra vc,
    Lívia
    PS: Em 2010, iremos ao reencontro da turma. Quero muito ir ao Chez Panisse novamente. Melhor eu já reservar. hihi…

  3. o lado místico da situação que pra mim faz todo o sentido é que o teu ser todo estava atraído pelo Chez Panisse!!! nem podia rolar outra coisa, coração mente e intenção, quanto tempo a gente demora par dar créditos as intenções??
    Serendipidade, também conhecido como Serendipismo, Serendiptismo ou ainda Serendipitia, é um neologismo que se refere às descobertas afortunadas feitas, aparentemente, por acaso.
    Adorou isso!

  4. Querida Fer,
    Uma vez, conhecih um lugar que clamava (esta certo isso??sounds like clam juice or something..haha) nunca fechar. 365/24/7. Um dia fechou e todo mundo estranhou..O pai do dono tinha falecido..:((
    O bom foi que a sua cara na porta veio pro bem:)) De todos nos..hehe..
    Bjs
    Bri

  5. Eu também amo culinaria, desde pequena ficava “em roda” do antigo fogão de minha avó, e de lá saiam sempre aromas e sabores inesqueciveis.
    E de tanto “fuçar” pela cozinha, acabei tomando gosto pela culinaria e por tudo que vem por de tráz dela; o gosto em receber amigos, o carinho dedicado a cada punhado de tempero que era adcionado aos quitutes.
    Como toda boa familia mineira, minha casa tinha um quintal enorme onde plantavamos e criavamos alguns animais.
    Ovos sempre frescos, os de codorna também!
    Pàmonha sempre tinha, as espigas de milho eram enormes e amarelinhas. E no dia da colheita sempre faziamos um foguinho e comiamos algumas espigas assadas, alí mesmo no quintal…
    Tempo “bão” que não volta mais…
    Eu já era consumidora de produtos ôganicos e nem sabia o que era isso. 🙂
    Quando resolvi prestar o vestibular pensei logo em gastronomia, mas como a faculdade mais proxima ficava pra bandas do sul do páis, desisti, pois era impossivel para uma jovem de vinte e poucos anos, a pouco casada, morar sozinha em outro Estado e tão distante…
    Mas, pratico em casa, amo doces, que são o meu fraco, principalmente os bolos.
    Mas…voltando a falar da historia de seu post…
    È tão bom qdo realizamos sonhos, coisas que somente nós sabemos o seu verdadeiro valor, e que para outras pessoas pode não ser nada, pra gente é tudo.
    A alguns anos, eu e meu marido fomos conhecer a cidade de Tiradentes, eu já tinha lido e visto tudo a respeito da cidade, de seu artesanato, sua culinaria, parecia até um guia turistico.
    Qdo fui comprar doces na barraca do “seu Chico”, precisei até tirar fotos, pois me senti no céu.
    (Poxa, meu comentario vai passar por email de tão grande.)
    Justo eu que era tão timida que nem comentava, acho que já virei de casa e daqui a pouco estou abrindo a geladeira!
    Minha querida, bjos e que venha por ai mais realizações, almoços e jantares saborosos, com direito a sessão de autografos e tudo mais!
    Monica

  6. q bom q estiveream lá! afinal é cm vc salientou só faltava a visita fisica! e o encontro com alice..carimbou o ciclo nao? conhecimento teorico, presnecial e até autografo!
    é a sra. dra. Chez Panisse!
    bjos

  7. Fer, gosto de ver o teu encantamento pela gastronomia que se vale de ingredientes sazonais e frescos,e de ótima qualidade também.Não sei qual a tua profissão mas acho que darias muito certo se fizesses algo ligado ao universo da comida,tamanho o teu interesse! beijo!

  8. Oi Fer, Acho que foi destino…Afinal, eu nao tava entendendo pq vc nao queria ir no Chez Panisse. Que bom que correspondeu as suas expectativas.
    Vc tem que voltar pra ir no Cheese Board, mas como els sao uma cooperativa, els abrem e fecham qdo querem. Isso quer dizer, els emendam feriados, fecham cedo e fazem coisas fora dos padroes do comercio local.
    Ah, tb de uma outra chance pro restaurante furao, els sao bons.
    beijao

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