Não canso de bradar a minha admiração pelas pessoas que cozinham bem, aquelas que jogam uns ingredientes quaisquer na wok e transformam tudo numa refeição digna de restaurante. Aquelas que fazem num instantinho um bolinho de três camadas com cobertura. Aquelas que conseguem impressionar sem esforço. Pois eu, mis amis, eu sou daquelas que tem que se concentrar muito antes de entrar na cozinha, esvaziar a mente, meditar, cantar mantras, let go. E não pode fazer nada muito complicado, nada que tenha mais que dois passos ou mais que quatro ingredientes, nada que implique no uso abusivo do elemento fogo ou dos utensílios cortantes. Tudo tem que ser feito com um cuidado extremo, para o resultado final ficar apenas razoável.
Pois lá fui eu usar a gadget nova de despolpar abobrinha, toda pimpona, me achando a bacana, porque iria INVENTAR uma receita, take that Heidi Swanson! Comecei muito bem, despolpando excelentemente o legume. Piquei a polpa e misturei com grãos de milho que raspei da espiga com a faca afiada. Piquei um quarto de cebola, refoguei na manteiga, joguei a abobrinha e o milho, uma pitada de sal, um pingo de leite, deixei amolecer. Enquanto isso moí um punhado de amêndoas e piquei um outro punhado de ciboulettes. Quando os legumes ficaram molinhos, desliguei o fogo e resolvi acrescentar uma pitada de pimenta cayenne.
Nisso o Uriel chegou e me distraiu perguntando do dia. Eu estava começando a contar as estrepolias do Roux, que está tendo uma certa dificuldade para se adaptar ao banheiro-robô, e falando e olhando pra ele abri o vidro da cayenne pelo lado errado jogando de uma virada só metade do pote dentro do refogado!
Meu prático marido sugeriu rapidíssimo—vamos comer fora! Eu me recusei a desistir daquilo. Retirei com cuidado a parte grossa da pimenta, acrescentei a amêndoa moída e as ciboulettes e joguei um potinho de sour cream na mistura, pra ver se refrescava a quentura. Recheei as abobrinhas e pus no forno. Foi daí que me deu um cansaço, um desânimo, um desalento e acabei jogando a toalha—tá, pega um macarrão lá no Fuzio. Em dez minutos estávamos jantando o macarrãozinho do restaurante. A abobrinha recheada assou, mas eu ainda não tive as caras de provar. Talvez amanhã…
Fer, sorte sua que eu não estava por aí, porque eu ia comer essas abobrinhas de qualquer jeito. Estão lindas!
E a impressão que eu tenho de ti é exatamente a daquele perfil que vc sitou no começo do post, que faz tudo fácil e em minutos numa wok faz maravilhas.
Pelo menos é o que as fotos me dizem…
ai Fer, você é muito modesta…faz coisas hiper lindas e saborosas, como essa abobrinha…e posso as vezes acabo me empolgando na pimenta, sabe oq faço? coloco uma pisquinha de açúcar, quase nada de sal, e um pouco de lite, ou como você o sour cream..resolve tudo! eu encararia essa abobrinha!
No comments about it! >.
Puxa vida, o prato estava perfeito. Seria uma delícia, não fosse a pimenta, coisa que detesto. Mas, diante de receita tão saborosa, vale a pena fazer novamente. Esqueça o começo torto! Bjs. ;o)
Pela foto parece que ficou uma delícia! Depois conta pra gente.
Fer, vc cozinha e escreve muito bem … não seja muito dura com você! Beijos =)
Ah Fer, meu marido teria te pedido pra mandar essa abobrinha pelo Fedex pra ele. Nunca vi gostar de sofrer tanto com pimenta.
Mas experimenta, vai. Depois conta pra gente, eu acho que deve estar uma delicia.
Deve ter ficado bem spice…mas quem sabe vc não criou algo de sabor interessante?
bjo,
Nina.
Fer , realmente eu também admiro quem consegue cozinhar ultra – super – mega rapido … Eu também tenho que ter uma preparação previa , tipo pensar o que fazer , organizar , para depois por a mão na massa . Também já fiz inumeras trapalahas na cozinha , por exemplo gnocchi na minha cozinha somente prontos , infelizmente já joguei muita massa por ser praticamente impossivel comer ….Mas no final sempre acabo rindo das minhas proprias trapalhadas .Mas de qualquer foram sua foto está deliciosa ..
beijo
Fer, eu comeria sorrindo!! 🙂 Mas tenho que concordar com as meninas que seu senso de humor no texto foi tudo. 🙂
Pois pra mim tá com uma cara ótima…e ainda mais que gosto de pimenta. É só pegar um pãozinho italiano e mandar brasa…hehehe
bjo
Vera
Fer, manda a abobrinha aqui prá Coréia! Os coreanos vão achar fraquinho de pimenta…
Adorei o post! Mas o povo quer saber: você vai ou não vai comer a abobrinha????
Menina, que revoltante esse acidente com a pimenta. Você tornou a sua mazela numa peça humorística. Amei o texto. Beijo.
Fer, o que vc chama de apenas razoável, para mim, é fantasticamente belo! Estou apenas iniciando na cozinha, e suas apresentações obviamente me inspiram deveras.
Agora, não resisti e morri de rir com a pimentarada caindo de vez no prato, imagino a desolação…
quem sabe esse toque caliente não faz a diferença pra melhor, hum???
Bjos!
Fer, amei seu gadget. Eu também tenho que me concentrar para cozinhar, ainda mais com três pimpolhos correndo pela casa. E fiquei com mais vontade ainda de comer abobrinha amarela que não encontro aqui! Bjs!
Vai ver está uma delícia renegada na sua cozinha e você nem sabe… Mas olha, se não estiver, pelo menos deu um relato divertido! 🙂
Fezoca, não fiques triste…há dias assim, mas tens que concordar que apesar de tudo o que aconteceu, tem uma certa graça, ainda mais da maneira como contas o sucedido!!! és demais!!!
Beijos
Menina, eu não sou de rir dos dissabores e mazelas alheias, mas devo confessar que com essa não me contive. Principalmente, quando chegou no nome do restaurante, aí eu já estava embolando no chão.