Comprei esse livro há muitos anos, numa book sale em Sacramento. Uma pequena pérola da culinária natureba, publicado em 1972 por uma editora que não existe mais, a Nitty Gritty de Concord, em papel rústico, com receitas simples. Foi amor a primeira vista! O que mais gosto nos livros usados é tentar recriar a sua história. Esse particularmente me fascina, por causa da dedicatória.
“Happy ‘16th’, Susan! From Mom, 1975”
Fico então viajando: a Susan teria hoje 48 anos, será que ela não gostou do livro, por isso ele acabou na booksale? Será que contrária à mãe, que devia ser uma natureba pra dar um livro desses no aniversário de 16 anos da filha – uma data memorável por aqui, a Susan gostava de comida congelada e nunca nem abriu o livro? Será que a Susan fez alguma receita? O que será que ela sentiu quando abriu o presente e viu o livro de receitas naturais? Será que a Susan deu o livro pra amiga hiponga? Ou deixou na casa da mãe quando foi pra universidade e nunca mais se lembrou dele? Tenho certeza absoluta que a mãe da Susan era natureba, mas ela não era! Quantas pessoas tiveram esse livro antes de mim? Quantas receitas foram feitas? Por onde andará Susan e sua adorável mãe?
Meninas, o livro tem receitas bem legais, sim! Vou ver se faço uma [ou duas!] no finde. beijaooo e viva a Susan! :-))
Oi Fezoca.
Obrigado pela visita e pelo link do Destemperados também. Estamos começando agora com esse vício de blog e estamos adorando. Como a gente não cozinha muito bem, o nosso foco está nos restaurantes que vamos pelo mundo todo.
O Chucrute com Salsicha não podia faltar porque foi um dos primeiros blogs gastronômicos que eu vi. Vi e gostei muito. Adoro as fotos e o estilo de texto. Parabéns!
Bjs
Diego
Fernanda,
ninguém passou pela década de 80 sem o mullet! É unm fardo que todos carregaremos. 🙂
Acho que ela está divorcida sim, mas naturba e feliz com os filhos, os discos de rock e folk (olha o Dylan lá na estante dela), cozinhando em suas wok e comendo bem e feliz.
Sou otimista. 🙂
Bjs bjs
Meu marido também tem essa mania de colocar folhas pra secar dentro dos livros..
Meu marido também tem essa mania de colocar folhas pra secar dentro dos livros..
uma dedicatória e tantas hipóteses,né? interessante….
beijo Fer
Que delícia!! Eu tenho um livro que foi de Belmirinha Teixeira que deve estar beirando os seus 115 aninhos!!!
Beijoca
Raquel, Ha Ha Ha Ha Ha! Otima historia[s] para a Susan! Mas eh claro que ela teve um mullet nos anos oitenta – ate eu tive. E deve estar divorciada hoje, tentando resgatar o passado!! Adorei, adorei! Obrigada! :-)) beijoos,
fer, aproveitando o assunto “sebo”.
vale a pena dar uma olhada: http://www.bookcrossing.com
beijos!
Procura-se Susan desesperadamente! 🙂 Ah, que delícia de história, é gostoso mesmo viajar assim, tem uma dedicatória de uma amiga num livro de culinária (Cooking light) e ela já se foi… eu fico olhando a letra dela, o quanto ela era importante para mim… buáaaaaaa
hehe, faco a mesma coisa que voce!
Em 1975, Susan era uma adolescente natureba, meio hippie, que sonhava ter vivido Woodstock. Tinha cabelos longos, cheios de ondas, que achava o máximo. Dois anos depois, Susan foi para a universidade, sua idéia era English Literature, Writing, talvez Science Politics.
Mas aí Susan conheceu Ted, um garoto da Costa Leste que sonhava ser advogado em Wall Street e embarcou na onda dele. Nos anos 80 ela era uma yuppie de cabelos repicados, até o mullet ela teve, devidamente acompanhado por blazers de ombreiras enormes. Freqüentava restaurantes japoneses, que eram a onda, sempre muito perfumada e maquiada.
Nos anos 90 Susan conheceu a chapinha e os cachos foram domados de vez. Já tinha passado pela nouvelle cousine, pelos restaurantes de pratos caros e porções minúsculas e por todas as modas gastronômicas. Comeu muito e bem, pagou demais, também, mas, afinal, é para isso que ela é uma mulher independente e dona do próprio nariz.
2007 pegou Susan com um colesterol alto, apesar dela ter malhado loucamente a vida inteira para manter o size 2. Os filhos também precisam se alimentar melhor e é mais fácil arrumar um novo marido se estiver por dentro de assuntos du jour como alimentação natural ou aquecimento global.
Aí ela pára e lembra do livro que mommy lhe deu em 1975 e descobre, desolada, que não sabe que fim levou o livro, nem o que aconteceu com aquela menina natureba de cabelos cacheados que sonhava ter vivido Woodstock.
Mas eu prefiro a versão na qual Susan foi estudar biologia, continuou natureba, viajou o mundo, comeu de tudo um pouco, deixou muita torta queimar enquanto se distraia ouvindo “Suite: Judy Blue Eyes” de Crosby, Stills e Nash e já teve três panelas wok na qual ensinou os filhos a fazer receitas tailandesas. Susan sempre lembra do livro que a mãe lhe deu quando fez 16 anos e que emprestou para uma amiga e nunca mais viu, mas tem certeza que todas as coisas seguem um caminho e seu presente foi parar nas mãos certas.
Bjs
Nossa Fer, não posso deixar de comentar!
Vez ou outra comento, mas sempre tô por aqui de olho no seu blog e me aventurando.
Minha mãe tb é assim. Adora comprar coisas antigas e viajar na história e dedicatória!!! Ela é exatamente igual!!!! Nem precisa dizer que adora sebos e similares ne?!
Vou ter que falar pra ela ler esse post. rsrs
Beijocas
Fer, realmente é uma delícia ficar elocubrando sobre a história do livro e do seu antigo dono… eu particularmente adoro um sebo, principalmente se a parte de gastronomia está recheada…hummmm!
Consegui um livro da Patricia Wells, aquele das Receitas da Provence por uma micharia! Estava NOVINHO, acredita???? Sei lá o que houve com a pessoa para vender assim… acho que nem abriu. Well, melhor para mim!
Beijos!
E as receitas são boas?
Vai ver Susan era a natureba (a mãe deu o livro para agradar) e ela – de tanto usá-lo, acabou decorando as receitas. Na última mudança que fez o livro acabou ficando…
(tá, viajei, eu sei….)
As receitas são boas? Fiquei curiosa….
Fer, viajei com você no livro da Susan… fico aqui a formular hipóteses, adoro isso!
Ah, Fer, eu gosto de livros usados exatamente por causa disso. Quando eles têm anotações nas páginas internas então…
Um beijão.
Isabella