Apesar de eu ser descendente de italianos, na minha casa nunca se fez muita polenta. O macarrão sempre foi o elemento forte e dominante da nossa cultura carcamana. Li ou ouvi que a polenta é mais comum no norte da Itália e minha família veio do sul – Potenza. Além da falta de familiaridade com esse prato, eu ainda tinha um certo preconceito com relação à sua preparação, pois eu sempre achei que dava uma trabalheira sem fim. Imaginava o feitio da polenta envolvendo horas de trabalho intenso, mexendo o fubá sem parar num tacho de ferro com uma colherona de pau. Aquela coisa de criar músculo e suar bicas. Lembro de ter ido uma vez à uma festa típica de uma comunidade tirolesa perto de Piracicaba e como chegamos tarde, ficamos a ver navios, sem comer, pois a venda da polenta tinha se esgotado. Ficamos parados lá no meio da muvuca sentindo o cheirinho e vendo bandejas cheias de pratos com o creme amarelo acompanhadas de frango passarem pra lá e pra cá, sobre as nossas cabeça. Prometemos voltar no próximo ano e comprar os ingressos para a comida antecipadamente, mas nunca fizemos. Embora eu adorasse comer os quadradinhos fritos nas churrascarias, a polenta pra mim sempre foi um prato meio desconhecido, que nunca tive a chance de realmente apreciar.
De vez em quando eu comprava no supermercado uns rolos de polenta pronta, que eu tentava fritar e matar um pouco da vontade de comer aquelas deliciazinhas fritas dos restaurantes brasileiros. Mas nunca consegui replicar a guloseima. Outro dia, olhando a seção das farinhas no Co-op, vi a farinha própria para polenta e decidi que deveria largar mão de ser frescona e arriscar um pouquinho mais nas minhas receitas. Pelas instruções da embalagem, aquilo não parecia ser um bicho-de-sete-cabeças. Comprei um pacote, apertei a ponta do nariz prendendo a respiração e tchiiguuun, mergulhei nas águas desconhecidas da preparação desse tradicional prato italiano.
Nas fotos a polenta já é quase finita! Quando o Uriel falou brincando – essa é a piada da hora aqui em casa agora – você não vai tirar uma foto, já estávamos quase acabando de almoçar. Mas resolvi registrar o evento mesmo assim!
Polenta da Italiana do Sul
Ponha 3 xícaras de água com sal para ferver numa panela de ferro. Quando ferver, adicione 1 xícara da polenta e vai mexendo até engrossar com um batedor de arame – uns 5 minutos, nem chega a cansar! Quando já estava bem grossinha, juntei umas mini-linguiças cortadinhas em rodelas e uma colher de sopa de cebolinha picada, que era o que eu tinha na geladeira. Eu fiz tudo numa panela só, pois sou assim, sempre me arranjo pra ter menos coisas pra lavar. Usei uma panela que vai ao forno. Então por cima da polenta coloquei uma camada de molho de tomate bem grosso – usei um que fiz dos meus tomates da horta e congelei. Penerei o molho pra não ficar nenhum pedacinho de tempero. Por cima do molho coloquei fatias de dois tipos de queijo – Panela e Provolone, que era o que eu tinha na geladeira. Coloquei no forno por uns 30 minutos. Ah, ficou tão boa que nem acreditei! Eu fiz polenta! Eu fiz polenta!
Que blog liiinnnndo !!!!
Minha amiga Marílinha me passou a dica e adorei. Td é muito bonito. Vou para o sul da Italia em julho e gostaria de dicas de restaurantes. Vou procurar aqui. E se alguém souber….
bjks,
Bia
Olá, vi a sua receita de polenta e me deu vontade de fazer. Sou neta de italiana e minha mãe sempre preparava e colocava em uma tábua para cortar com um fio de linha.Agora, você pode informar que tipo é esse queijo “Panela”? Pode ser substituído e por qual? Agradeço desde já. Um abraço, Zélia
Fe, com esta empolgação toda até eu fiquei com vontade de comer polenta.Nunca faço. Acho que na última vez que comi foi num barzinho em sao paulo – frita com parmesao ralado por cima. Como tira gosto.Deliciosíssima.
Humm, essa receita que você fez é a forma que mais adoro preparar polenta: mole, com molho de tomate, linguiça e um tico de queijo. Suas louças são lindas!
polenta pra mim é angu. mole ou dura: angu. e eu adoro tanto comer quanto fazer. com abobrinha, com couve, com carne moída.. mas o prato que eu mais amo, e que comi ontem inclusive, é polenta com feijão. dilícia!
ops, cheguei aqui ontem não sei de onde, mas adorei o blog. bjos!
Fer, vou fazer essa polenta que tá tudo de bom e me deu água na boca. Adorei a dica.
Beijo
Hummm, polenta! Lá em casa ela é preparada sempre no inverno, acompanhada de frango, carne assada com molho ou até mesmo de carne moída refogada. Minha mãe deixa a polenta “apurar” assim ela não fica mole que nem angu. Para incrementar o sabor, ela mistura escarola refogada ou linguiça cortadinha ou até mesmo meio tablete de caldo de galinha. Fica uma delícia!!!! Lembranças carcamanas, as de lá de casa vieram de Brucello, sul da Itália, por ocasião da abolição da escravidão no Brasil, meus antepassados vieram trabalhar nas lavouras de café :o)
Eba! Eu tambem nunca me atrevi a fazer. Quem sabe agora me animo.
Fer, parece que vc adivinhou, pois estava mesmo procurando uma receita de polenta! E esta aqui tá divina!!!!
Ih, Fer, eu tenho tanto preconceito com polenta. Associo com angu, argh! Não como nenhum dos dois, nem amarrada! Cada um com as suas frescuras.
Fer, meu avô era de Treviso e minha avó conta que ele comia polenta TODO SANTO DIA. Um pratão antes da comida do dia.
Meu pai tb ama, então quando eu era solteira e morava com ele fazia sempre – especialmente no frio. Comíamos quente e dava aquele calorão, que delícia!
Olá Sra. Fernanda,
Eu cresci comendo polenta com costela de porco…
Minha mãe é italiana pura e as comidas que ela fazia eram fantásticas…
Polentas, carnes de porco, alguns tipos de massas caseiras, etc…
bye
Polenta eh uma deliiiicia, eu adoro!!!
Ana