Pra compensar o nosso almoço meia-boca com visão panorâmica, e outros quiprocós chatos que se passaram durante o dia, sugeri que fossemos jantar no Tommaso’s em North Beach. Este é sem dúvida e nosso restaurante italiano favorito em San Francisco. Encontramos ele por acaso, num dia que procurávamos um lugar para jantar na cidade. Sei lá como fomos parar naquela quase esquina da Broadway com a Kearny Street, que é uma região meio suspeita, cheia de strip clubs e lojas de filmes x-rated. O Tommaso’s é apenas uma portinha verde, que só abre para o jantar. O que nos atraiu foi a placa dizendo que ali estava o primeiro forno a lenha da cidade, ainda funcionando. Forno a lenha – a palavra mágica! Nossa primeira experiência no restaurante foi meio bizzara, não por culpa do lugar, mas sim de um casal sem noção. O Tommaso’s tem os booths aconchegantes dos lados e uma fileira única de mesas no centro. As mesas são juntas, então não há muita privacidade. Mas quando se vai em dois, um casal, é bem raro de se sentar num booth. Já ficamos na longa mesa inúmeras vezes, mas até isso faz a atmosfera do Tommaso’s interessante.
Eu que reclamo o tempo todo da péssima qualidade da comida italiana aqui na Califórnia, calo totalmente a minha boca quando vou ao Tommaso’s, e só abro pra comer e dizer hmmmmmmmmmm! Tudo lá é bom. Tudo simples, ainda no mesmo estilo que se fazia na década de 30, quando o restaurante abriu. Eu adoro o meat antipasto, com três tipos de frios cortados finíssimo e uma cumbuca de alcachofras temperadas. O pão é bom, a pizza é ótima, as pastas são feitas lá. Amo o manicotti com molho marinara. E a berinjela a parmegiana. Vinho, água, salada caprese e de alface, nunca pedimos sobremesa, porque não cabe. Espresso com uma lasquinha de laranja e a conta!
O único problema do Tommaso’s é que está sempre lotado e tem-se sempre que esperar um tanto pra sentar. Enquanto esperamos bebemos vinho e lemos as muitas reviews pregadas nas paredes, algumas bem antigas. Com elas ficamos sabendo que o Tommaso que deu o nome ao restaurante não era um italiano, mas o cozinheiro chinês chamado Tommy. Também ficamos sabendo que na década de 70 o cineasta Francis Coppola costumava fechar o restaurante, convidar os amigos e ir pra cozinha, fazer ele mesmo as pizzas. Eu adoro o ambiente anos 30 do Tommaso’s, que pelo jeito só foi ganhando camadas de tinta, mas nunca foi reformado ou adaptado. A clientela que se adapta ao lugar pequeno, porque por aquela comida maravilhosa, se faz qualquer sacrifício!
fer,
falando em sao francisco. voce le o chocolate e zucchini? eu gosto muito dela (clotilde), e leio regularmente.
de uma olhada no http://chocolateandzucchini.com/archives/2006/06/a_roadtrip_and_a_gettogether.php.
acho que nao e muito a sua cara ir o place pigalle para encontra-la (principalmente porque acho que vai estar uma muvuca, ja que ela esta lancando um livro de culinaria por um editor americano), mas, mesmo assim, achei que valia a dica.
beijao!
Bela crônica, Fer! clap, clap, clap!
Gosto muito de restaurante assim, cheio de caracter. Aqui na Inglaterra ‘virou moda’ comer bem. Dai sao milhares de restaurantes abrindo e fechando..o que se quer é algo solido, honest food como se diz. Sao pouco os lugares assim na cidadezinha aonde vivo. Gostei muito deste artigo
Fer,
deu água na boca e uma vontade de conhecer o local.
Beijo.