in the old [old] houses

Quando tomamos a decisão de mudar para Woodland, eu fiquei um pouco receosa de vir morar numa cidade mais tradicional, contrastando com a atmosfera liberal que sempre vivenciei em Davis. Eu sabia que aqui iria ser diferente—sem as hordas de estudantes jovens e moderninhos, sem a população internacional itinerante, sem o farmers market bacanão e ultra famoso, sem as festas da universidade, eteceterá, eteceterá. Na época duas pessoas me falaram coisas que na hora não fizeram tanto sentido, mas que agora estão fazendo. Primeiro foi o mocinho que fez a inspeção da venda da nossa casa em Davis que me disse—vá para Woodland com a cabeça aberta, que tenho certeza que lá você vai encontrar a sua tranquilidade. E depois foi o meu marido que me disse—você vai fazer com Woodland o que fez com Davis, vai descobrir mil coisas legais e escrever sobre elas no blog, vai até deixar gente com vontade de vir conhecer a cidade. Não sei se Woodland entraria no badalado circuito turistico internacional, mas eu com certeza encontrei aqui muita coisa que nem estava procurando.
Essas fotos logo abaixo são de um passeio que fizemos em setembro de 2011 pela nossa vizinhança. É um evento já bem estabelecido e que acontece todos os anos, chamado de Stroll Through History. Durante um dia as pessoas fazem excursões pelo centro e vizinhanças históricas da cidade. Os visitantes andam pelas ruas acompanhados de arquitetos e historiadores, que vão contando histórias sobre a cidade e sobre as casas e as diferenças de estilo e de época. Temos muitas casas vitorianas aqui em Woodland e muitas são extremamente bem preservadas. E outras tantas casas de muitos outros estilos. Uma delas é a minha, construída em 1948 em estilo inglês colonial. Mas o mais legal desse evento é que muitas casas abrem para o público pagante e podemos entrar nelas e xeretar por dentro. Elas são super bem decoradas, algumas com mistura de coisas antigas e novas, outras bem tradicionais, com a proprietária velhinha te recebendo na sala e contando histórias de família. Em muitas das casas somos recepcionados pelos donos e voluntários do evento vestidos de acordo com a moda da época. No quintal tem bandas tocando música, você pode até dançar. Visitamos todas as casas do circuito, mais as que estavam abertas para venda e duas extras, que o guia arquiteto descolou para o nosso grupo conhecer. As pessoas realmente vivem nelas, e podemos ver a cozinha com os utensílios diários, a mesa de jantar arrumada, a sala com piano onde a família se reune. Todas as casas são realmente magnificas. Passamos o dia nesse trancetê e no final da empreitada olhamos um para o outro sorrindo e tivemos a mais absoluta certeza de que nos mudamos para o lugar certo.

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»tirei umas 98765 mil fotos com o meu iphone durantre o evento, que foi das 8 am às 5 pm e tive que escolher apenas alguns pares delas. mas consegui fazer um pequeno patchwork com as que mais gostei—casas vitorianas com coleção de xícaras clássicas, outra com a cozinha toda decorada com uma coleção infindável de alcachofras, a parede coberta de utensílios culinários antigos, uma varanda com rede, a salinha de estar da casinha da década de 20 que tinha uma adega com bar no basement, o fogão vintage recondicionado, o quarto minimalista da casinha moderna de 1912, e algumas fachadas das lindas casas dessa vizinhança super arborizada.

Dione Lucas

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Pouca gente sabe, mas antes de Julia Child, a grande musa foi Dione Lucas—a primeira mulher a se graduar pela escola Le Cordon Bleu e a primeira chef a ter um programa de televisão nos EUA. Dione Lucas não era americana, mas sim inglesa. Trabalhou como chef na Europa, abriu o primeiro restaurante e escola Cordon Bleu em New York e foi estrela do primeiro cooking show norte-americano, televisionado entre 1948 e 49 pela rede CBS. Ela também escreveu vários livros sobre culinária francesa e, obviamente, foi uma grande influência e inspiração para a sua mais famosa procedente, Julia Child.

eu ♥ velharias

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Outra rotina que mudou pra mim na nova cidade foi minhas visitas à thrift stores. Na da SPCA de Davis, onde eu ia basicamente uma vez por semana, só apareci umas duas vezes nesses últimos quatro meses. E nas de Woodland, que são umas quatro espalhadas pela Main Street, não fui nenhuma vez ainda. A razão é que estou completamente obcecada por uma loja de antiguidades, onde tenho batido ponto semanalmente. É uma loja bem grande e já existe há muitos anos, quando teve diferentes donos e os mais variados dealers. O que eu gosto nela é justamente os dealers, pois a loja é toda dividida em áreas, cada uma lotada de coisaradas de dealers diferentes, o que acrescenta uma variedade enorme de itens, estilos e até de preços. E o lugar é tão abarrotado que você tem que se organizar num sistema mental, pra conseguir olhar tudo sem sentir tontura. E eu olho absolutamente tudo, do chã ao teto, começo sempre pelo lado esquerdo da loja, vou entrando e saindo dos stands com o maior cuidado pra não derrubar nada, vou até o fundo e volto pela direita. Normalmente no meio do caminho eu já estou carregando mais coisas do que minhas mãos conseguem segurar e tenho que levar tudo até o front desk. A loja é velhusquissima, com chão de madeira desnivelado, coisas penduradas em todos os cantos, o pé direito altíssimo que possibilita mais espaço para disponibilizar cacarecos. Foi lá que comprei, em 2003, o buffet branco que tenho na sala de jantar. E foi lá que comprei mil e outras coisinhas, entre pequenos móveis, utilitários, pratos, copos, quadros, bijuterias, caixinhas de música italianas e até uma vitrola antiga de manivela e discos de 78rpm pra tocar nela. Outro dia achei lá num cantinho do chão essa bandeja de marchetaria, que agarrei no mesmo segundo que vi já pensando em usá-la para colocar algumas das taças de cristal que tenho garimpado aqui e ali nos últimos anos. A bandeja com os copos ganhou lugar de destaque em cima do meu móvel favorito, que também foi comprado numa loja de antiguidades, uma especializada em anos 50 e 60 em Sacramento.

fogões dos anos 40

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Estamos procurando um fogão novo, porque finalmente vamos fazer a conexão pro gás na cozinha e trocar aquele horrorever fogão elétrico. Mas procurar por fogões vintage não fazia parte do nosso plano de ação. Acabamos nesse lugar por puro acaso, procurando por lojas de antiguidades em Berkeley. O aplicativo do Yelp sugeriu a Reliance Appliance & Antiques e quando entramos lá tivemos uma baita surpresa. Fogões e mais fogões, todos dos anos 40, um mais lindo que o outro e todos funcionando tão perfeitamente quanto um fogão novinho. A dona da loja nos contou que fogões antigos são sua paixão e por isso ela garimpa essas preciosidades de mais de sessenta anos. Os fogões são totalmente restaurados por dentro e por fora. As peças internas são trocadas por similares novos e modernos. A loja era pequena e com muitas janelas, portanto foi um pouco difícil fotografar. Vimos fogões de todos os tamanhos, uns com até quatro fornos, outros com apenas quatro bocas, a maioria brancos, alguns azuis ou verdes bem clarinho. Um dos meus favoritos tinha um telescópio no painel superior, por onde você podia ver perfeitamente dentro do forno sem precisar abrir a porta. Uma inventividade genial que deve ter sido o máximo da bossa na época.