Minha casa ainda não está arrumada. Porque temos que trabalhar nos nossos respectivos empregos e portanto estamos fazendo o que podemos, um pouquinho de cada vez. Já dei uma arrumada geral no quintal, arranquei montes da horrorenda e invasiva hera que tomava conta de muitas partes do jardim e plantei muita lavanda e gerânio. Arrumei o gazebo com uma mesa e cadeiras de ferro, onde já tomamos um café da noite de domingo. Também organizei os armários—estranhos walk-in closets da década de 40, e tivemos o carpete cor de vinho removido das salas de estar e jantar e chão de madeira instalado. Assim finalmente posicionamos os últimos móveis que ainda faltavam irem pro seu devido lugar. Mas ainda há muitas caixas com coisaradas dentro e muitas dessas coisas eu realmente não sei onde vou guardar nem como vou rearranjar. Preciso de mais móveis! Nem digo isso em voz alta pra não espantar os gatos e o marido, que acha que já temos muitos cacarecos.
Nos ínterins da arrumação eu dirijo até Davis olhando os campos de tomate, trigo, milho e girassol ladeando a estrada. Tenho feito o meu almoço em estilo picnic, sentada num banco atrás do meu prédio, onde tenho tido a companhia constante de esquilos e passarinhos. Descobri uma piscina bem perto da minha casa e tenho ido nadar quase todos os dias depois do trabalho. Essas braçadas e pernadas dentro da água fresquinha tem me salvado, pois se não fosse isso eu já teria tido um colapso de tanto cansaço. Por isso não tem dando tempo de cozinhar nada mais do que uma receita de macarrão com legumes ou uma saladona ou qualquer sanduíche usando os ingredientes frescos da cesta orgânica, que continua chegando semanalmente. Não tenho comido mal, muito pelo contrário, só não estou conseguindo fazer nada inédito e blogável.
Nossos vizinhos estão nos recepcionando com singeleza ímpar. Outro dia um casal trouxe um vaso com orquídeas brancas. E outra vizinha me trouxe cerejas frescas. Fruta não tem faltado, pois tenho feito compras no Farmers Market da cidade. Preparei uma gelatina que ficou muito boa, usando uns morangos locais dulcíssimos, batidos com xarope de elderflowers [aquele da Ikea], creme de leite fresco e misturados com agar-agar. Comi tudo e não fotografei nada. Numa outra noite fiz, rápidamente antes de ir nadar, esse prato frio com aspargos usando uma receita da revista do Jamie Oliver. A versão dele era feita com ovo de pata, mas eu fiz com os de galinha mesmo. Foi só dar uma leve cozinhada nos aspargos, colocar num prato e regar com um fio de azeite. Daí cozinhar os ovos, picar em pedacinhos e salpicar sobre os aspargos. Colocar algumas alcaparras escorridas, uns filézinhos de aliche picadinhos, folhinhas rasgadas de manjericão fresco. Temperar tudo com sal e pimenta do reino moída e servir—se quiser, acompanhado de um pão fresquinho.
Nega, só pra te dizer que você tá se superando, escrevendo melhor a cada dia. É muito gostoso ler os seus textos, beijÃO, Lu
Acho o máximo essa recepção ao bom estilo americano. Infelizmente, não se faz muito isso por aqui. Acho que é um hábito culturalmente enraizado 🙂 E comer com companhias dessas deve ser tão engraçado… as primeiras vezes, né? Eu lembro-me do meu ano de estágio, eu e a minha colega comíamos na estação de trem, tendo por companhia as pombas que ficavam à espera que uma migalha pousasse no chão 😉
O “Mundo Maravilhoso das Caixas” demora mesmo para acabar!!!! Boa sorte! beijo
Oi Fer,
Fico imaginando como deve ser lindo esse lugar!
Que saudades da Califórnia!
Bj,
Lylia