O Projeto Gutenberg oferece acesso gratuíto à muitos livros de culinária antigos, alguns verdadeiras pérolas, como esse—Foods that will win the war and how to cook them. Eu tenho uma fascinação por este tema, especialmente em como se faziam adaptações ao racionamento de produtos durante a guerra. Esse livro foi publicado em 1918, portanto encara as mazelas da Primeira Grande Guerra e ensina muitas coisas bacanas que poderiam ser adaptadas ao nosso tempo sem problemas. Os autores se concentram na falta de farinha de trigo, açúcar, carnes e gorduras. Logo no inicio, duas ilustrações dão uma aula de economia doméstica que poderia muito bem fazer parte da nossa rotina de hoje.
COMIDA
1.Compre com consciência
2.Cozinhe com cuidado
3.Sirva apenas o suficiente
4.Guarde o que não vai estragar
5.Coma o que vai estragar
6.Colhido da sua horta é o melhor
NÃO DESPERDICE!
Adorei as receitas, com substituições e dicas. Escolhi para testar, a receita de um tipo de arroz doce, sem açúcar, usando o xarope de maple e as uvas passas como adoçante. Fiz uma pequena burrada inicial, pois a receita pede cozimento no vapor, usando um double boiler, onde uma panela com água fica embaixo e outra em cima com o arroz. Usei uma vasilha de vidro, que achei que era refratária, mas nos primeiros minutos ouvi um sonoro CRACK e a vasilha tinha rachado de cabo a rabo. Tristemente e contrariando todo o propósito desse livro, tive que jogar tudo fora e começar de novo. Da segunda vez fiz algo mais seguro e usei duas panelas. O pudim demorou muito mais que 35 minutos pra ficar cozido e ficou muito doce pro meu gosto. Talvez, naqueles tempos duros de guerra, os desejos de comida doce eram mais acentuados, porque comia-se muito menos açúcar.
maple rice pudding—arroz doce dos tempos de guerra
1/2 xícara de arroz
1 1/2 xícara de leite
1/4 colher de chá de canela
1/8 colher de chá de sal
1/3 de xarope de maple—maple syrup
1/2 xícara de passas
1 ovo
Bata bem o ovo com um batedor de arame, acrescente o leite, o sal, canela, bata bem para não ficar pedacinhos de gema [eca!] e para a canela se incorporar. Acrescente o arroz e as passas e coloque para cozinhar num double boiler por 35 minutos.
Adoro arroz doce, o que faço, uso rapadura pra adoçar.
Aprendi a utiliza-la pra fazer doces, minha avó tinha um livro antigo de culinaria que ensinava a fazer varias receitas utilizando. Hoje em dia usa-se açucar mascavo, mas eu sou tão fã da velha e boa rapadura…um meu deu vontade de comer um pedacinho!
Bjos,
Monica
OBS.: o que posso usar no lugar deste charope?
Eu sou uma gulosa inveterada, e esse arroz com maple syrup já me conquistou só de ler!
Beijocas
nossa, isso parece muito bom
que lindas as flores de nectarina, por aqui só as cerejeiras floriram, mas o inverno voltou brrrrrr
Fer, que boa dica a de procurar receitas antigas no Projeto Guttenberg!
A intenção do “double boiler” é de um cozimento o quanto mais lento. A ciência de hoje é capaz de explicar a sabedoria ancestral: o cozimento lento ajuda a pré-digerir os alimentos.
A pré-digestão é útil porque economiza recursos do nosso organismo, e também disponibiliza mais nutrientes. Se o cozimento for longo o sucifiente, ajudará também a neutralizar substâncias chamadas “antinutrientes”, que se encontram naturalmente não apenasno arroz integral, mas em todas as sementes, grãos, cereais e castanhas, e quando não neutralizados, interferem negativamente com a absorção de uma série de minerais importantes.
Um cozimento no “double boiler” significa que a temperatura de cozimento será a de ebulição da água (100 graus Celsius), portanto bem mais baixa que a do contato direto da panela com o fogo. Na falta de um “double boiler”, uma dica prática seria a utilização de um difusor de chama (equipamento que fica entre o fogo e a panela, para…isso mesmo, difundir a chama e diminuir a temperatura de cozimento.
Ou então, se a panela permitir, é possível colocá-la no forno na temperatura mínima com a porta entreaberta por várias horas (no meu forno, a temperatura nessas condições fica em mero 85 graus Celsius).
Esta veio a calhar. Minha filha me trouxe um Maple Syrup e acabei de abrí-lo pra fazer um vinagrete de mel ( obviamente não tinha o mel mas coloquei o maple e ficou muito bom!).
E que fotos das futuras nectarinas !! Imagine como estão ao vivo e em cores !
Mariângela, esse eh um dos meus favoritos da M.F.K. Fisher. Eu adoro essa mulher e a prosa dela. Tenho uma compilacao de varios livros dela, entitulado The Art of Eating, que fica permanentemente na minha cabeceira. Ela eh inspiracao ad infinitum pra mim… 🙂 beijo,
coincidentemente meu livro de cabeceira atual é o Como cozinhar um lobo,da MFK Fisher,que também aborda esta temática da alimentação em tempos de guerra e recessão,tem receitas muito interessantes,como as de sopas,por ex.,outras completamente nojentas(para mim,claro),como “Coelho no Pote”(corte o coelho,ponha num pote,cubra com água e vinho,temperos,etc..deixe de molho por dois dias,virando o coelho.Não é para ter um troço só de pensar? No livro ela ensina a fazer sabão ,anti-séptico bucal,é um apanhado sobre economia doméstica em tempos difíceis,estou encantada pelo livro,ainda não havia lido nada dela ,beijo!
aii adorei esse pudim! deve ser delicioso…
qto aos livros de alimentação durante a guerra, são sempre proveitosos, tenho uns 3-4 que tem a guerra como contexto e saõ smepre mto uteis! bjs