Depois que abri minha geladeira para o público, fiquei pensando na dinâmica dessa nossa função de guardar/preservar alimentos. Olhei as fotos que tirei da minha ice box naquela particular segunda-feira e concluí que ela nunca teve exatamente esse conteúdo, nessa determinada combinação e composição, e nunca terá novamente. Porque o que eu coloco na minha geladeira depende de fatores variados, sendo o mais importante a estação do ano. São as estações que definem basicamente o cardápio e consequentemente os ingredientes. Uma geladeira no inverno é bem diferente da geladeira de verão, com exceção daqueles produtos que nunca saem de lá—porque são sempre úteis ou porque são esquecidos mesmo.
Outro exemplo é a marca dos produtos, que nem sempre são as mesmas. Nessa específica segunda-feira, a minha geladeira não continha algumas coisas que ela sempre contém, como o meu iogurte favorito “european style”, a caixinha de buttermilk, a lata de ameixas secas do Uriel, entre outras pequenas coisinhas. Os sucos variam, os containers com restinhos variam, até o tamanho das embalagens de leite variam, pois às vezes eu compro leite de galão.
Três coisas pra se notar nessas fotos: Um: não há frutas na geladeira, pois eu nunca coloco nenhuma fruta lá, incluindo também os tomates, que não devem ser refrigerados de maneira alguma, a não ser que você não se importe de comer tomate com sabor de nada. Dois: nós consumimos latícinios a beça. queijos e mais queijos, cremes, etc. Três: eu quase não congelo produtos como carnes, peixe e frango. compro geralmente o que vou usar na semana. por isso sobra tanto espaço no congelador magrelo pra tanto sorvete—outra coisa que consumimos muito no verão.
Uma coisa que não mostrei, portanto ninguém viu, é que essa geladeira não é filha única! Tenho outra geladeira na garagem, onde guardo bebidas—vinhos que precisam gelar, cerveja, algum refrigerante pra minha nora. Uso muito essa geladeira extra quando tem festa aqui, ou recebo convidados e visitas.
Eu tenho uma teoria meio chulé: o que fica na porta da geladeira é constante. O que está nas prateleiras superiores é variável. E o que está nas prateleiras inferiores é esquecido. 😛 Beijão.
Fer, agora toda hora que abro a geladeira eu dou uma olhada geral nela, vejo o que tenho, o que falta, como os produtos estão embalados, e antes isto passava despercebido. Legal a dica dos tomates, já vou tirá-los!
lembra daquela cronica em que um rapaz e uma moca, vizinhos de apartamento, se conhecem e se apaixonam por observar o lixo um do outro? entao… geladeiras – alem do lixo – sao altamente reveladoras. adorei a sua, combina direitinho com voce.
ah, obrigada pela dica dos tomates. eu nao sabia que guardando na geladeira o sabor vai embora (!)
beijos!
Oi Fer!!
To de molho em casa..{humpf}..Teus dois posts me deram o que pensar tb..achei muito legal..:)) Soh nao elaboro pois o remedio pra cough nao me deixa pensar com clareza..hehe
Bjs
Bri
q reflexão….pode paracer bobagem a geladeira, mas você têm total razão… vai muito além…são nossos hábitos pessoais, familiares e social…engloba várias esferas…adorei!
ah vi tua geladeira…quanta coisa mulher…a minha está raquitica perto de seus temperos, molhos e companhia…
bjos
Fernanda,
acabei de ler o livro da Nora Ephron “I Feel Bad About my Neck and Other Thoughts on Being Woman” (que aqui se chama “Meu Pescoço é um Horror e Outros Papos de Mulher”) e me lembrei taaanto de você. É que ela tem dois capítulos espetaculares só sobre a participação da comida em sua vida, s histórias, os amores culinários, sua evolução na cozinha, como é uma coisa que sempre lhe deu prazer, etc. Um se chama “Monogomia em Série: Uma Lembranaça” (“Serial Monogamy”) e o outro “O Strudel Perdido ou Le Strudel Perdu” (“The Lost Strudel”).
Não sei se você já leu, mas esses dois capítulos são muito bacanas, me lembraram muito o jeito que você escreve. O restante do livro, que é fininho, também é legal.
Se tiver a chance de pegar em uma biblioteca por aí, dê uma olhada. Acho que você vai gostar. 🙂
Bjs bjs