Algumas coisas estão bem diferentes na minha vida depois da minha mudança de casa e cidade. E tudo que eu achava que iria acontecer, não aconteceu da maneira como eu previa. Eu tinha certeza absoluta de que iria fazer muita coisa em Davis, além de trabalhar no campus durante a semana. Achava que iria continuar com as aulas de pilates naquele studio hiponga modernete frequentado pelas cheer leaders, continuar visitando a thrift store do SPCA regularmente, e nadando na mesma piscina de sempre com os Masters e que não perderia nenhum Farmers Market aos sábados. Well….
Mudei e comecei a olhar tudo em volta de mim. Achei uma piscina pra nadar perto de casa, comecei a visitar a lojinha de antiguidades da Main Street, achei um outro lugar pra fazer aula de pilates e praticamente não coloco mais o nariz em Davis nos finais de semana. No primeiro sábado em Woodland fui checar o pequeno Farmers Market da cidade. Foi um grande choque, porque o FM de Woodland é uma ervilha se comparado com o de Davis. São poucas bancas, não tem o peixeiro, nem a florista, nem o japonês dos cogumelos, nem a carne grass-fed, nem o frango caipira. São praticamente pequenos fazendeiros da região fazendo um esforço fora do comum para manter o mercado funcionando. Uma vez, conversando com a administradora, ouvi ela reclamar amargamente dos habitantes de Woodland que não tem o hábito de frequentar esse tipo de feira. O que eu faço com esse povo, ela me perguntou desgostosa. Respondi que ela precisava fazer umas promoções, divulgar mais, que tudo é uma questão de informação. Mas sei que não é nada fácil.
Nos últimos meses fui freguesa assídua do FM de Woodland. Frequentei as versões das manhãs de sábado e as da terça-feira à tarde. Fiz amizade com a maioria dos produtores, com quem bati ótimos papos, fiquei sabendo onde eles plantam, o que plantam, como plantam, por que plantam. Todo sábado eu voltava pra casa com a cesta lotada de delícias fresquinhas e com um sorriso na cara, porque as conversas eram as mais bacanas e variadas. Isso me deixava imensamente feliz, pela impagável oportunidade de socializar com a pessoa que tinha plantado, colhido e agora estava me vendendo o produto que iria virar minha refeição. Me encantei!
Quando fiquei sabendo que o mercado de Woodland era sazonal e iria fechar durante o outono e inverno, me desmanchei de tristeza. Peguei cartão de endereço com todos os fazendeiros, perguntei se eles vendiam direto da fazenda, se tinham frutas durante o inverno, me preveni. No primeiro sábado depois do encerramento das atividades do FM de Woodland, eu e o Uriel fomos ao de Davis. Fiz as compras no mercado lotado, muita gente comprando, outros só aproveitando a manhã e consumindo as comidas étnicas que são vendidas lá, muita gente fotografando as lindas abóboras. O Farmers Market de Davis está em atividade há 30 anos. Tem uma estrutura apropriada, construída pela prefeitura e que permite que tudo funcione mesmo durante os dias frios e chuvosos. É um mercado bacanérrimo, cheio de variedades e novidades, tem tudo o que você precisa e um pouco mais, a localização é excelente bem ao lado de um parque enorme, é realmente tudo o que falam dele, merece a fama de ser um dos melhores Farmers Markets do país.
Mas eu agora quero um pouco mais—ou melhor, um pouco menos. Porque adorei a oportunidade de chegar mais perto dos fazendeiros e das suas fazendas, mais perto das colheitas, observar as atividades no background de todo esse sistema que termina quando estou cortando um tomate para fazer uma salada na minha cozinha. Vejo os campos, os pomares e as atividades agrícolas diárias, de acordo com a estação. Me encantei com os campos de girassóis, com a colheita dos tomates e agora estou de olho num pomar de nozes com o chão todo salpicado de frutos, que estão prontos para serem colhidos, depois que as cascas racham e se abrem.
Decidi que vou tentar o máximo continuar consumindo os produtos dos fazendeiros de Woodland, vou mandar e-mail, combinar de passar pelas fazendas quando der. Uma das fazendas, que além de tudo é certificada orgânica, fica bem no meu caminho. Todo dia eu passo em frente e vejo um galpão onde a família arruma os produtos que serão vendidos durante o dia. Nao fica ninguém lá, apenas as abóboras, os melões e os tomates, uma lista de preços rabiscados numa lousa, uma balança para pesar os produtos e uma caixinha para a gente colocar o dinheiro. E eu gosto muito disso.
[*o que é um locavore?]
Oi, Fernanda,
Entrei no seu blog pra matar as saudades de Davis. Gostei muito desse texto. Aproveitei pra ver suas fotos mais recentes.
Um beijo,
Alessandra (amiga da Bia e do Luiz. Estivemos por aí entre 2010 e 2011)
R: Alessandra, que bom te ler por aqui. beijaoo! :-*
Bracciola, qer dizer.
: )
Oi Fernanda. Adorei o texto, pude sentir suas sensações de visitar esse farmer market. Uma sugestão: já que você disse que o de Davis teve apoio da prefeitura na estrutura, tenta procurar a prefeitura de Woodland, expor a situação e conseguir alguma ajuda deles. Vai que cola, né?
Beijos.
R: Danielle, a prefeitura de Woodland apoia o FM e vai fazer umas reformas no local pra primavera, mas a cidade nao é tao rica quanto Davis e o mercado nao é tao antigo, tudo vem com o tempo, né? tem que ter paciencia e insistencia! beijo!
(O prato é bracciola.)
Fer,
Bem que eu estava sentindo falta das flores!
Voce ainda as compra em outro lugar? Ou deixou de encher as jarrinhas?
E no FM de Davis? Voce tirou fotinhos das aboboras ? Como esta o outono por ai?
Beijo
R: Nat, eu compro flores em lugares diferentes e continuo enchendo as jarrinhas e vasinhos, so nao fotografo mais tanto. tirei fotos das aboboras pelo instagram. o outono esta devagar, so engrena mesmo no final do mês. bjo!
Me lembrou minha infância. meu pai botava eu, minha irmã e mais 3 crianças inseparáveis (2 meninos e uma menina) e muitas vezes o cachorro num Fiat147 (!!!) e saía catando roça pra gente brincar e ele prosear. E a gente voltava cheia de verdura e fruta e na volta levava roupas, cobertores coisas feitas com o qe nos deram… Muito delicioso, isso. Hoje, me limito às feiras do bairro, qe acontecem às qartas e sábados, mas ñ é reclamação. feira é tudo de bão!
(E em B. Horizonte tem uma feira pertinho da casa da minha irmã onde sempre almoçamos aos sábados. me esbaldo com o casal indiano qe tem lá, com o melhor qibe do mundo (conversando, descobri qe ele foi colega de faculdade do papai),com o italiano qe me apresentou um prato qe é tipiqérrimo e eu ñ conhecia. esqeci o nome; depois volto e te conto.)
Qe livro!
Beijos!
R: super bacana, Gabi!! beijos