o objeto da reportagem

Eu estava um pouco nervosa. Por duas razões: primeiro por não entender por que o meu – um blog escrito em outra língua, indecifrável para a maioria da população de Davis, foi convidado para ser objeto de uma reportagem; segundo porque tenho esse constrangimento que toma conta de mim, quando viro o centro das atenções, por qualquer motivo que seja. Quando Claire, a reporter do jornal local, The Davis Enterprise, me contactou para uma entrevista, eu disse sim, claro. Mas quando ela marcou o nosso encontro e disse que o fotógrafo iria também, eu desmontei. Tudo bem, catei os pedaços com o orgulho que me mantém em pé e disse – vamos lá! Que mal pode haver em ser fotografada para uma matéria sobre food blogs para o único jornal da sua cidade. Nenhum….. ahn.
Marcamos de nos encontrar no Farmers Market às onze da manhã. Logo na entrada do mercado encontrei o Brendon, que me contou do encontro com a repórter e de como ele cozinhou simples e falou pelos cotovelos. Nossa, me senti aliviada, pois li toda aquela descrição da comida do jantar que ele fez e fiquei nervosa pensando o que eu iria cozinhar. Também tem o problema de eu ser uma matraca incorrigível e falar mais que a boca mesmo e apesar do meu maravilhoso sotaque. Eu e Brendon encontramos o fotógrafo, um cara muito simpático e depois chegou a Claire, super charmosa, também extremamente simpática e fui ficando mais à vontade.
Já comecei a falação – com a repórter e com o coitado do fotógrafo, que foi me seguindo pelo mercado, tirando fotos enquanto eu comprava verduras, legumes e frutas. Tentei muito ficar o mais natural possível, mas o contrangimento de saber que tinha um fotógrafo tirando fotos minhas enquanto eu pagava pela rúcula foi um estresse terrível.
Depois da sessão pública de fotos – vergonha, vergonha – seguimos eu e a Claire para a minha casa, onde conversaríamos e eu faria a minha comfort food predileta para ela provar – macarrão alho & óleo! Falei o tempo todo, enquanto cozinhei o macarrão e descasquei os alhos. Ela anotava tudo num caderninho. Confio que ela faça bom uso de toda essa informação top secret.

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O macarrão ficou pronto, um pouco oleoso demais pro meu gosto – foi a distração do convercê. E eu não tinha queijo parmesão pra ralar fresquinho, então usei uma mistura de parmesão, pecorino pré-ralado, que eu tinha na geladeira. Mas o vinho estava simplesmente delicioso – um vinho verde português que estava guardado desde o final do ano, esperando uma ocasião especial pra ser aberto.
A conversa rolou fácil. Eu só preciso de um ouvinte dedicado para falar até a língua secar e a Claire estava ali pra isso. Gostei muito dela, do nosso papo, encontro, entrevista, e agora vou esperar na maior ansiedade pela matéria, que vai sair na próxima edição de domingo do jornal sobre os Food Bloggers da Davis – Brendon, Garrett e Sher e eu, a gringa entrona.

18 comentários em “o objeto da reportagem”

  1. Legal demais, Fer!
    Com toda essa dedicação ao blog, vc merece e muito essa divulgação. Depois quero ver a edição (se não tiver link on line, dá uma palhinha aqui das fotos e do texto, tá?).
    beijins

  2. Você já deveria estar acostumada a dar entrevistas, Fer! Eu, que só dei uma, fico *super* à vontade! (Até quando publicam uma foto minha onde estou parecida com o Shrek…) Também estou aguardando para ler a matéria, onde você vai brilhar entre os gringos! ;o) Beijinhos!

  3. Fer, parabéns, antes de tudo!!
    Ademais, até parece que fui eu quem escreveu o texto pois, na mesma situação, agiria do mesmo modo (talvez até arruinasse a comida só de “nelvoso”). Mas há de dar tudo certo, e você ainda acaba ganhando um “Food blog Pulitzer”, quem viver verá!

  4. Registei a do vinho português. Verde! Fresquinho é bom, embora deva confessar que não bebo vinho verde, embora goste. Ele produz uma estranha reacção em mim, talvez por ser um pouco gaseificado: meio copo de vinho verde provoca-me o mesmo efeito que uma garrafa inteira de outro vinho qualquer…
    beijo
    P.S. Tb gosto muito dessa massa hiper simples!

  5. Fezoca que bom que foste convidada, eu já tinha visto também esse convite num post anterior, é sempre bom passar por novas experiencias ainda mais quando nos agrada, as fotos e a entrevista ficaram óptimas de certeza, agora só falta mostrar aqui…para mim tudo o que for massa é confort food por isso essa macarrão alho & oleo deixou-me com água na boca, voÇê já postou aqui essa receita? eu gostaria de experimentá-la… 🙂
    Beijos

  6. Fer, que legal, parabens!! Eu tb tinha visto o convite antes..claro que voce se saiu bem, nas fotos e no “rango”..hehe.. Minha filhinha tb tem a mesma comfort food, mas pra ela eh com brocolis. :))
    Ah, qto ao queijo..ha muito tempo abolimos comprar o pre-ralado, que eh pra nao ter preguica mesmo -fora que no Costco, sai mais barato comprar o queijo em pedaco e ralar no braco..hehe.
    Bjs

  7. fer, eu tinha visto o comment q ela deixou em um de seus posts! que legal! estaremos esperando para conferir!
    arrasou, com certeza as lombrigas consumistas (ri muito quando li isso) estão very proud of you!!!!! beijos, miki

  8. Fer, que coincidência, macarrão ao alho e óleo é a minha “confort food” preferida também – aliás, aqui no Brasil chamamos de comida da alma – termo cunhado por Nina Horta.
    Parabés! Beijos, Lara

  9. Ai, que chic, benhê!!! Adorei ler sobre a entrevista. Tenho certeza de que você arrasou!! Adoro esse termo “comfort food”, mas não sei como traduzir…até entendo, pq via a Nigella falando sempre, mas em português não sei. Agora vou ficar esperando pra ler a entrevista, viu?
    um beijo e um queijo, de Minas, claro!

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